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Curso

Básico

de

Rapel

1º COcer 08
Curso Básico de Rapel

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – Introdução

CAPÍTULO 2 – Procedimentos Básicos de Segurança em Altura

CAPÍTULO 3 – Reconhecimento de Materiais e Equipamentos

CAPÍTULO 4 – Nós e Amarrações

CAPÍTULO 5 – Ancoragens e seus Sistemas

CAPÍTULO 6 – Técnica de Descida Utilizando Descensores

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Rapel - Origem
O Rapel é um termo que vem do francês "rappel", para desiguinar uma
técnica do montanhismo, onde é realizado descidas de forma controlada através
de cordas, com o uso de uma cadeirinha especial e alguns acessórios como
mosquetões, descensores (freio oito, STOP, entre outros), vencendo obstáculos
naturais e artificiais.

Técnicas verticais
São técnicas desenvolvidas com o uso de cordas e equipamentos
apropriados para movimentar-se tanto na vertical como na horizontal. Os
movimentos verticais utilizam o Rapel como meio de descensão e a subida
através de corda, como meio de ascensão.

Principais esportes que utilizam técnicas verticais

Canyoning: É a exploração de um leito de rio onde se utiliza o


trekking, natação e ou rapel. Uma simples caminhada dentro de um
rio é um canyoning, e muitas vezes são necessárias usar o rapel
para transpor um obstáculo, como uma cachoeira.

Escalada: É a ascensão geralmente realizada sob superfícies


rochosas, quase sempre verticais ou negativas, onde o praticante
utiliza somente a força corporal sobre tudo das mãos e dos pés.
Após a subida é necessário descer e normalmente se utiliza o
rapel.

Resgates: É o ato de salvar alguém. Muitas vezes em locais


de difícil acesso, faz-se o uso do rapel para se realizar um
resgate.

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Espeleologia: É a exploração de cavernas. Existem nas


cavernas muitos obstáculos a serem transpostos e um deles
são os abismos que necessitam de técnicas verticais e por
conseqüência o rapel.

Arvorismo: É o passeio entre as copas das árvores, onde


muitas vezes o rapel é utilizado como uma forma de se descer
das arvores.

Pesquisas: Normalmente o rapel é utilizado em pesquisas de


animais, vegetais e geologia que se encontra em paredões,
rochedos, cavernas, árvores, etc.

Trabalhos em altura: São trabalhos realizados para a


manutenção de equipamentos, limpeza, pintura, decoração etc.,

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No rapel, existem dois estilos: Positivo e o Negativo. Dentro dos dois estilos
podem ser realizadas algumas manobras, como pendular, virar de ponta cabeça,
girar, realizar saltos, e descer de frente (conhecida como “Homem-aranha”).
Positivo - o praticante tem o contato dos pés com a parede (rocha, prédio).
Negativo - onde o praticante desce em um vão livre, ou seja, sem contato com
superfície alguma, ficando suspenso somente pela corda.

CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA EM ALTURA

2.1 Conceitos básicos de segurança

Segurança individual: É qualquer ação ou procedimento utilizado pelo esportista,


com a finalidade de minimizar, prevenir ou isolar possibilidades de acidentes
pessoais (risco) em uma atividade. Tem como objetivo executar a atividade sem
colocar em perigo a própria vida.

Segurança coletiva: É todo o conjunto de procedimentos realizados com o intuito


de assegurar a integridade física de determinado grupo. A segurança coletiva é
determinada a partir da avaliação prévia do local onde serão realizadas as
atividades. Ninguém deve executar qualquer atividade, sem que seus
companheiros tenham ciência dos atos a serem praticados, visando preservar a
sua integridade física dentro da atividade.

Existem várias maneiras de se garantir a segurança nas atividades em


altura, as mais usadas são:
o Os equipamentos devem ser checados e avaliados antes e depois de
qualquer tipo de trabalho;
o Após a colocação ou vestimenta de qualquer tipo equipamento, deve-se
fazer uma checagem dos equipamentos, utilizando a técnica dos seis
olhos;
o Sempre que se estiver trabalhando em locais elevados, como por exemplo,
peitoril de janelas e parapeitos de edifícios, o praticante deve estar preso a
um ponto fixo, por meio de um cabo da vida ou fita tubular – nó da vida;
o Todas as amarrações e fixações de equipamentos devem ser muito bem
checadas e vigiadas;
o Ao se aproximar de abismos, adotar as técnicas de aproximação, nas quais
podemos destacar duas: Deitado – na qual a pessoa se aproxima do
abismo deitando-se; Quatro pontos e três apoios - na qual a pessoa se
aproxima do abismo com quatro pontos de apoio e três pontos fixos que
não saem do chão.

Dicas de segurança

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Em qualquer esporte ou atividade o praticante deve:


 Estar em boas condições físicas e mentais;
 Ser capacitado;
 Possuir o equipamento adequado;
 Saber como utilizar o equipamento;
 Nunca praticar sozinho (no mínimo quatro);
 Observar as condições meteorológicas;
 Respeitar seus próprios limites e dos companheiros;
 Estudar antes a região que irá praticar o esporte ou a atividade;
 Estar sempre acompanhado de alguém que tenha algum tipo de experiência no
esporte ou na atividade a ser realizada;
 Estar bem alimentado;
 Informar a algum familiar ou amigo para onde vai e a hora estimada que irá
voltar, bem como, telefone de contato e pontos de referências do local.

CAPÍTULO 3 - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Cadeirinha: É confeccionada com fitas, geralmente nylon, que


são unidas de forma a equilibrar o peso do corpo no quadril do
esportista, distribuindo a tensão na cintura e virilha, possuem
suportes laterais para carregar equipamentos. Alguns modelos
são acolchoados aumentando o conforto. Nos vários estilos,
existentes no mercado as diferenças estão nos tipos de ajustes, tamanhos e
funcionalidade.

Mosquetão (ou mola): Normalmente são constituídos de um


anel metálico de alta resistência com uma parte móvel (portão) que se abre para o
interior por pressão. Quando fechados apresentam continuidade como se fosse
uma peça única. São feitos de aço inox, muito resistentes, usados em ancoragens
e operações de resgate. Também existem mosquetões de duro-aluminium, leve e
muito resistente. Eles podem possuir trava ou não, com grande diversidade de
tamanho e design.

Mosquetão de aço Mosquetão simétrico


Assimétrico
ou em “D”

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Mosquetão com trava automática Mosquetão sem trava

Freio oito: Funciona através do atrito, que é o responsável pela


redução de velocidade durante a descida. Eles são fabricados em
duro-aluminium ou aço inox. Existem diversos tamanhos com
pequenas alterações no diâmetro, na geometria e na resistência.
São utilizados para prover segurança e frenagem do rapel.

Capacetes: Normalmente feito de polímero ou policarbonato,


material bastante resistente. Possui um formato mais profundo
protegendo principalmente a parte traseira da cabeça.

Luvas: As luvas são indispensáveis durante a pratica do rapel,


diminui o atrito da mão com a corda que pode gerar lesões
serias.

Fitas tubulares: São fitas de nylon em formato tubular com


diferentes diâmetros. Podem alcançar cargas de ruptura
superiores a 3.000 Kg. São resistentes as abrasões e por isso
bastante utilizada em ancoragem.

Corda: Conforme a sua capacidade de elasticidade é classificada


como: dinâmica e estática. São produzidas por fibras sintéticas,
tendo como alma a fibra de perlón e a capa com fibra de nylon,
geralmente.

Classificação das cordas quanto à sua elasticidade

Corda dinâmica: São cordas com elasticidade superior a 5%, as


quais se alongam muito quando sob tensão, sendo, normalmente,
utilizadas para as atividades de escalada e de segurança, devido
à sua característica de absorver choques em caso de quedas

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(evitando prejuízos ao escalador). Elas apresentam o chamado efeito “iôiô”, por


causa de sua capacidade de alongar-se e encolher no caso de uma queda.

Corda estática: São as cordas que normalmente possuem elasticidade


inferior a 3%. Absorvem pouco choque ( impacto brusco) em caso de uma queda.
Quando são confeccionadas, especificamente, para as atividades em altura,
possuem boa resistência à abrasão e podem ser utilizadas na prática do rapel.

Fibras utilizadas na confecção das cordas


Os materiais que compõem as cordas são de diversas origens. Essa
informação é importante, pois a resistência da corda, bem como o seu emprego
serão também definidos por esse dado.

Vegetais: As cordas de fibra vegetal foram quase que totalmente substituídas por
cordas com maior resistência ao desgaste. Possuem a desvantagem de serem
pesadas (principalmente quando molhadas); não são muito elásticas; apodrecem
com muita facilidade e devem ser armazenadas cuidadosamente. Essas cordas,
atualmente, são empregadas nos treinamentos físicos, nos serviços de elevação
de cargas e nas atividades de pouco risco. São ainda utilizados na sua confecção
os seguintes materiais: algodão, sisal e cânhamo.

Características das cordas de origem vegetal:


 Normalmente são cordas menos flexíveis:
 Possuem um determinado padrão de manuseio devido ao seu formato
externo (ondulado);
 Possuem excelente resistência ao atrito e à tração;
 Todas as partes da corda são visíveis, facilitando sua visualização dos
danos existentes em suas fibras;
 Reduzem, gradualmente, sua resistência em função do desgaste;
 É um tipo de corda que não tem alma;

Animal: São cordas trabalhadas feitas de fibras extraídas de animais, tais como:
seda, crina e couro.
Essas cordas têm o seu comprimento diretamente relacionado com o
tamanho da fibra encontrada, sendo que o fio de seda é, normalmente, o mais
longo. São cordas raras, caras e quase não são utilizadas em trabalhos em altura.
As de couro são comumente utilizadas na confecção de laços para a captura de
animais.

Minerais: São cordas constituídas de substâncias derivadas do petróleo e do


carvão, sendo divididas em fibras sintéticas, aço e carbono.

Aço ou arame: normalmente, são cabos altamente resistentes (em qualquer tipo
de operação) e fornecem grande confiabilidade aos que os empregam.

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São feitos com seguimentos de fios metálicos (aço ou arame), normalmente


torcidos ou enrolados em feixe e sua resistência varia de acordo com o diâmetro
(bitola), possuem ainda o objetivo de ser empregado em trações e içamentos de
objetos de peso elevado.

Sintéticos: São cabos constituídos de substâncias derivadas do petróleo ou


carvão. Possuem fibras longas, podendo chegar ao comprimento total da corda,
sendo que as mais comuns são polipropileno, poliamida, poliéster, polietileno ou
aramida. São cordas utilizadas nas atividades desportivas, devido ao fato de terem
boa resistência à tração e ao atrito, impermeabilidade, e, consequentemente
grande durabilidade.

A manutenção e vida útil de uma corda dependem:


 Da freqüência da utilização;
 Da forma de emprego (rapel, escaladas, espéleo, sob tensão, etc.)
 Da sua manutenção adequada;
 Dos processos de abrasão sofridos por ela; e
 Da quantidade de raios ultravioletas e umidade que ela absorve, tendo em
vista que eles degradam, pouco a pouco, as propriedades da corda.

Durante a utilização, manutenção e cuidados evitam-se:

 A fricção da corda com quinas (cantos com ângulos) vivas e com outras
cordas.
 Pisar nas cordas ou arrasta-las.
 O contato da corda com areia, terra, óleo, graxa, água suja, etc.
 Que a corda fique sob tensão por muito tempo ou desnecessariamente.
 Que a corda fique exposta às intempéries por muito tempo
 Enrolar e guarda-las molhadas
 Que as cordas sofram fortes impactos contra o solo (alturas elevadas
danificam as suas fibras)
 Choques violentos como atrito, sobrecarga, etc.

Manutenção e cuidados com a corda

 Enrolar e acomodar as cordas corretamente em local adequado


 Sempre falcacear os chicotes
 Secar sempre à sombra e sem tração
 Respeitar a carga de trabalho da corda

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 Sempre que for utilizar a corda, verificar se há coças


 Guardar as cordas em local fresco e ventilado, longe de lugares úmidos e
livres da ação de roedores.
 Cortar a corda quando apresentar avaria (retirando a parte danificada)
remarcando o seu comprimento
 Utilizar nós adequados à atividade.

Métodos mais comuns de enrolar cordas

Os métodos apresentados são os mais conhecidos e aplicados nas ações de


enrolar cordas.

Oito: método empregado para as cordas mais rígidas


Anel ou coroa: método usado em cordas mais flexíveis.

CAPÍTULO 4 – NÓS E AMARRAÇÕES


Os nós são a base de todo o trabalho vertical. Sem eles não é possível
executar qualquer manobra, já que a primeira atitude a ser tomada ao se iniciar
um trabalho é confeccionar um nó seguro e ideal para cada situação.
Para uma melhor compreensão os nós foram separados de forma a se
entender melhor e de forma didática segundo a sua finalidade em:
 Nós na extremidade da corda;
 Nós para emendar cordas;
 Nós para fixar cordas;
 Nós para encurtar ou reforçar cordas;
 Nós para formação de alças, cintos e assentos.

Nós na extremidade de uma corda

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Nó botão simples (meia volta): Normalmente utilizado para a


confecção de outros nós e em escaladas. Com distância entre um
e outro em torno de 40 centímetros.

Nó botão duplo: Normalmente utilizado para a


confecção de outros nós e em escaladas. Com
distância entre um e outro em torno de 40 centímetros
e com duas voltas.

Nó de ramo: seqüência de meias voltas


intercaladas. Utilizado para auxiliar a subida ou
descida de cabos finos.

Nó para emendar cordas

Nó direito: usado para unir cabos de mesma bitola, tem a


qualidade de não correr.

Nó esquerdo: usado para unir cabos de bitolas diferentes.

Nó de correr (nó pescador): usado para unir cabos


de bitolas iguais, realizando em cada chicote uma
meia-volta em torno do outro, apropriado para unir
cabos de nylon.

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Nó escota singelo: usado para unir cabos de bitolas


diferentes.

Nó d’água ou nó de fita: Empregado para unir


cabos de pequenas bitolas, feito pelas
extremidades dos cabos, como se estivesse
fazendo um botão (nó simples) dentro do outro,
observando que suas extremidades ficam para
lados opostos.

Nós para fixar cordas

Volta do fiel: usado para fixar um cabo em um


ponto de amarração.

Boca de lobo: usado para fixar um cabo pelo seio, em um ponto de


amarração. Este recorre.

Nó prussik: usado para fixação de um cabo a


outro e para amarrar peças cilíndricas. Só recorre
se for folgado.

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Nós para encurtar ou reforçar uma corda

Catau: Dobra em um cabo. Utilizado para esconder


um ponto fraco ou para encurtá-lo.

Nó de corrente: usado para encurtar um cabo ou


reforçá-lo.

Nós para formação de alças, cintos e assentos

Lais de guia: alça básica, usada na segurança. Nunca


recorre.

Nó azelha simples: Nó para a formação de uma alça. Usado nas


trações exercidas nos cabos de sustentação inclinados e
horizontais. Tem que ser observado a colocação das travas de
madeira (rachi) no meio do nó (na volta da alça) para facilitar
desfazer o mesmo. Com a colocação dessas travas evita o aperto
e a vida útil dos cabos se prolonga.

Oito em alça: Uma alça forte e segura que pode ser usada com
o emprego de tensão para sustentar peso (carga) nas suas

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extremidades. Para executar essa laçada, usa-se o seio do cabo, formando uma
alça, usando essa mesma alça para dar uma volta maior. Utilizado como base nos
pontos de ancoragem servindo de pontos fixos e de segurança no decorrer das
atividades.

Amarração para segurança individual: usado como método de


segurança básico para operações em altura. É constituído de um
balso do calafate na cintura e de um lais de guia no chicote. Utiliza-
se um mosquetão neste lais de guia. Primeiro faz-se um lais de
guia e mede-se a distancia do pé à cintura. Depois, faz-se o balso
do calafate na cintura.

Cadeira japonesa: utilizado para confecção


de assentos com um cabo da vida. Durante o
processo de confecção, utiliza-se o nó direito.

CAPÍTULO 5 – ANCORAGENS E SEUS SISTEMAS

Técnica de ancoragem
1. A ancoragem é definida pela fixação dos equipamentos em uma estrutura a
fim de serem empregados em uma atividade de altura.

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2. Uma ancoragem confiável é absolutamente essencial ao desempenho das


atividades.
3. Uma ancoragem deve ser realizada sempre que possível, em estruturas
resistentes, tais como vigas e colunas.
4. Cada ponto de ancoragem, preferencialmente, deve ser independente. As
ancoragens devem sempre possuir um ponto reserva, isto é, realizar a
ancoragem em um ponto e reforçar a mesma em outro, evitando-se no caso
de falha de um deles, que ocorra o colapso do sistema.

Ancoragens naturais
São pontos de ancoragens encontrados normalmente na natureza (árvores,
blocos de rocha, etc.). O mais importante é saber julgar se são pontos confiáveis
ou não, lembrando que no caso de dúvida é melhor não confiar e ir em busca de
outra ancoragem.

Ancoragens artificiais
São artifícios usados quando não se encontram ancoragens naturais
adequadas no local. O uso destes artifícios requer um conhecimento prático
razoável, podendo se muito perigoso se usados de maneira incorreta.

Procedimentos de ancoragens

Ancoragem padrão
A ancoragem padrão deve cumprir rigorosamente alguns procedimentos
que a tornarão extremamente segura e confiável:
 Toda ancoragem deve ser um sistema duplo (ancoragem principal e
reserva);
 Toda ancoragem reserva deve ser tão ou mais confiável que a principal;
 Entre as duas ancoragens deve existir um nó amortecedor, o azelha é um
dos mais utilizado, amortece o choque na ancoragem reserva;
 A ancoragem reserva deve estar em linha com a principal e na mesma
altura sempre que possível. Jamais utilize ancoragens, seja ela principal
ou reserva uma mais alta que a outra sempre na mesma altura;
 Deve-se evitar laçar o ponto de ancoragem com a própria corda; para isso
usa-se uma fita tubular ou um cabo da vida.

Ancoragem superposta (artificial)


Quando a ancoragem reserva fica acima da ancoragem principal o sistema
é conhecido como superposto. Além de obedecer às regras da ancoragem padrão,
deve-se também seguir estes procedimentos:
 Deixar sempre uma distância pequena entre as duas ancoragens;
 Deixar uma sobra de corda pequena entre uma ancoragem e outra;
 Evitar colocar a principal acima da reserva;
 Caso a reserva esteja bem próxima à principal pode-se dispensar o nó
amortecedor.

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CAPÍTULO 6 – TÉCNICA DE DESCIDA UTILIZANDO DESCENSORES

Rapel com emprego da peça oito


Materiais básicos:
 Um cabo para a sustentação vertical, de tamanho não definido;
 Um cabo da vida ou cadeira;
 Um par de luvas;
 Um mosquetão;
 Um capacete;
 Um aparelho oito.

1º passo: Uso da cadeirinha pronta ou da cadeirinha feita com um cabo da vida,


sendo que a peça oito deve ser colocada na corda que serve de sustentação
vertical e, em seguida, fixada à cadeirinha, por intermédio de um mosquetão.

2º passo: Dê o aviso de ‘pronto a segurança’, se houver uma pessoa com a


função de segurança da descida; ajuste a corda de forma que não exista mais
folga entre o ponto de amarração e o aparelho oito; apóie-se na corda,
tencionando-a com segurança; e saia para o lado externo da edificação e comece
a descer.

3º passo: Durante a descida, assuma a posição sentada, com os pés afastados


(mantendo-os na largura dos ombros), com a planta dos pés tocando a parede e
os joelhos semi-flexionados. Mantenha o tronco afastado da corda, com uma das
mãos empunhando a corda, mais ou menos na altura da face (rosto) enquanto a
outra deve ficar no freio, mantendo-se atrás da coxa, sem deslocar-se.

4º passo: Observe o percurso de descida, durante toda a atividade, para evitar


pancadas contra saliências ou obstáculos, que, por ventura, encontre durante o
deslocamento.

5º passo: Execute a descida de forma lenta e constante, aplicando impulsos


suaves.

Precauções:
 Nunca solte a corda deixando o freio livre.
 Mantenha-se sempre próximo à parede e na posição correta.
 Livre a corda de tudo que possa correr para dentro do aparelho oito (gola
de camisa, parte da roupa que fica na altura da região torácica, cabelo,
luva, etc.), prejudicando o processo de descida.
 Use o freio constantemente e sempre curvando a corda para trás da coxa.

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 Nunca se posicione na vertical (corpo em pé), procure manter sempre o


corpo formando um ângulo de, aproximadamente, 20º em relação à parede
de descida.
 Evite fazer movimentos excessivos (balanços, giros, impulsões violentos) e
nem se afaste, desnecessariamente da parede.

Comandos para o rapel

Significado dos comandos


Na pratica do rapel, adotam-se diversos comandos que
visam possibilitar a realização de um rapel eficiente e
seguro. A assimilação dos comandos permite ao praticante
adotar uma conduta mais correta. São os seguintes
comandos normalmente utilizados nas descidas e adotados
pela Geoaventura:
- Mola engatada/Mola travada: Ocorre quando o
praticante aproxima-se do ponto de descida e coloca o
aparelho na corda e em seguida na mola da cadeirinha.
- Atenção segurança: Comando efetuado antes de se realizar a descida,
chamando a atenção do companheiro que estiver no solo. Juntamente com um
aceno do braço esquerdo (direito para canhoto), que deverá ser respondido pelo
mesmo.
- Segurança pronta: Realizado por quem for fazer a segurança do praticante.
- Corda livre – Comando efetuado ao término de uma descida, informando que o
cabo se encontra liberado para a próxima descida, devendo ser efetuado
juntamente com um aceno do braço esquerdo.

Técnica de evasão com emprego de mosquetão (técnica japonesa e


alpinista)

CAPÍTULO 7 – TÉCNICA DE BLOCAGEM

Parando no meio de um rapel (Técnica de blocagem)


Caso seja necessário parar no meio do da execução de um rapel, dê uma
volta com a ponta do cabo passando na frente do freio oito, de forma que o
mesmo venha a travar no equipamento, em seguida, passe uma alça do cabo

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dentro do mosquetão, com essa alça repita o processo, de forma que esta alça
também venha a travar no freio oito.

Glossário

Abrasão - O contato da corda com superfícies cortantes, quinas de paredes,


pedras, etc.
Alça - É uma volta ou curva em forma de “O” feita com o cabo.
Almas - São os filamentos internos que existem no meio da corda.
Ancorado - Manter-se preso por um cabo. É utilizado fitas e cordas para fixar a
sua cadeirinha a ponto de ancoragem.
Ancoragem de Abandono - Deixa-se para trás grampos, plaquetas, fita ou
cordas que podem ser reutilizados em futuras investidas.
Arvorismo - Esporte de aventura trazido da Nova Zelândia praticado em árvores
de grande porte.
Back-up - Ancoragem reserva (de segurança) pois se a ancoragem principal
falhar, todo o sistema é sustentado pelo BACK-UP.
Bitola - É o diâmetro do cabo, pode ser expresso em polegadas ou milímetros.
Blocar - Uma seqüência de entrelaçamento do cabo com o "freio oito", permitindo
que o praticante libere as mãos.
Cabo da vida - Corda de nylon, 12 mm de diâmetro, de 3,5 a 4,5m de
comprimento, em média, com a finalidade de servir de amarrações e outros fins.
Corda de sustentação (base) - Corda principal onde se realiza algum trabalho.
Corda guia - Corda utilizada para guiar o içamento ou descida de objetos e
pessoas.
Chicote - Extremidade livre de uma corda.
Cocas - São voltas ocasionais em um cabo não tesado, são prejudiciais aos
trabalhos.
Coçado - Corda puída.
Espeleologia - Exploração de grutas e cavernas.
Fissura - Rachadura, trincado, ponto que esta preste a romper.
Instrutor - Pessoa com conhecimentos técnicos do esporte, responsável pela
dinâmica e segurança do grupo.
Praticante - Pessoa que se encontra no ato da prática do rapel.
Proteção - Material utilizado para proteger a corda de superfícies cortantes. São
utilizados tapetes, mangueiras, lonas, mochilas, etc.
Recorrer - Folgar uma corda.
Safar - Manobra de liberar uma corda enrolada.
Segurança - Pessoa responsável por vigiar o praticante no momento da decida,
resguardando a sua integridade física.
Seio - Parte central de uma corda.
Tesar - Ato de dar tensão a uma corda.
Vertical - Ângulo de 90º Graus com o solo.

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