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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

HELENA GUIZO AMBIEL


RAUL RODRIGUES MARIANO

FRANÇAFRIQUE NO SÉCULO XXI: COOPERAÇÃO OU NEOCOLONIALISMO?

CAMPINAS
2019
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

HELENA GUIZO AMBIEL


RAUL RODRIGUES MARIANO

FRANÇAFRIQUE NO SÉCULO XXI: COOPERAÇÃO OU NEOCOLONIALISMO?

Artigo apresentado ao curso de Relações


Internacionais da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas para a discussão e
resultado das análises realizadas durante a
pesquisa do Grupo de Estudos em Relações
Internacionais.
Orientadora: Profª Drª Ana Paula Lage de
Oliveira.

CAMPINAS
2019
RESUMO

O presente trabalho visa contribuir com as discussões existentes acerca do cenário das
relações exteriores africanas e francesas no século XXI. Por meio de pesquisas em artigos
acadêmicos e livros, tem-se uma abordagem e análise de conceitos de cooperação e
neocolonialismo entre o continente e o país europeu, assim como a questão da política de
influência exercida pela França. Outro ponto analisado diz respeito às consequências geradas
pelos eventos ocorridos em território africano. Portanto, este artigo mostra a atual conjuntura
das relações entre os países em questão e como o sistema internacional se comporta diante
desse quadro.

Palavras-chave: África; França; Françafrique.


ABSTRACT

This paper aims to contribute to the existing discussions about the scenario of African and
French foreign relations in the 21st century. Through research in academic articles and books,
we have an approach and analysis of concepts of cooperation and neo-colonialism between
the continent and the European country, as well as the issue of the policy of influence
practiced by France. Another point analyzed concerns the consequences caused by events
occurred in African territory. Therefore, this article shows the current conjuncture of relations
between the countries concerned and how the international system behaves in this context.

Keywords: Africa; France; Françafrique.


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 5

2.METODOLOGIA 6

3.INTERVENCIONISMO FRANCÊS 6
3.1 Costa do Marfim 6
3.1.1 Tentativa de restabelecimento da paz 7
3.2 Djibouti 8
3.2.1 Forças Francesas e a importância geopolítica 8
3.3 Mali, Operação Serval e Política de Contra-insurgência 9
3.3.1 Soberania e legitimidade da intervenção 10
3.3.2 Interpretações francesas e malianas sobre a intervenção 11

4.FRANCO CFA E DEPENDÊNCIA MONETÁRIA 13

5. GOVERNO MACRON 14
5.1 Operação Barkhane 16

6. CONCLUSÃO 17

REFERÊNCIAS 19
5

1. INTRODUÇÃO

Durante todo o período entre os séculos XVI e XX, a França manteve domínio de
territórios na América, Ásia e África, exercendo controle e colonizando essas regiões, uma
prática característica dos Estados europeus da época para suprir suas necessidades comerciais
por meio da busca por recursos, especiarias para comercializar, estabelecimento de portos
estratégicos. Vale ressaltar que essa prática foi concretizada com a criação da Companhia
Francesa das Índias Orientais, fundada no século XVII com o objetivo central de negociação
na região do Cabo da Boa Esperança, localizado no sul da África, além dos mares orientais e
toda a Índia.

Embora os franceses já tivessem conhecimento da África, a colonização foi de fato


realizada nos séculos XIX e XX, por meio da missão civilizatória (mission civilisatrice) de
levar a civilização aos povos considerados ignorantes, tiranos, assim como a Partilha da
África entre as potências europeias realizada na Conferência de Berlim (1884-1885). Porém, a
verdadeira motivação foi a exploração de recursos no continente africano em prol dos
benefícios concedidos aos franceses.

Mesmo com a independência de vários países africanos em relação a França, um


processo um tanto tardio, sendo concretizado apenas após a Segunda Guerra Mundial, a
França ainda manteve sua influência e um certo grau de controle sobre suas ex-colônias. Sem
ter superado seu passado colonialista, ela é a maior intervencionista em assuntos africanos do
século XXI.

Portanto, diante desse quadro, tem-se a palavra Françafrique para ilustrar a situação
entre o Estado francês e o continente africano, referindo-se às relações entre ambos,
principalmente a respeito da esfera de influência francesa nesse território, seja de forma
negativa ou positiva.
6

2. METODOLOGIA

Os processos de independência das nações africanas remetem a representações


históricas de liberdade, autonomia e progresso. No entanto, o passado colonial do continente
exerce um peso imenso sobre seu presente e principalmente sobre as características de seus
Estados. A colonização definiu as estruturas organizacionais dos países africanos, e neste fato
é que se manifestam os principais resquícios de dominação de seus ex-colonizadores, tendo a
França como destaque no trabalho exposto. Desta forma, as políticas externas de nações
compostas por ex-colonizadores podem carregar a perpetuação de possíveis práticas de
subordinação internacional, que podem se manifestar no contexto africano atual, logo, essas
políticas devem ser analisadas em prol do entendimento concreto das relações do continente
com o resto do mundo. O artigo aqui presente, de natureza exploratória e descritiva, se utiliza
de textos acadêmicos e sites e tem como objetivo compreender analiticamente as relações
França-África, em prol de buscar entendê-las como um exemplo de cooperação
contemporâneo ou como uma expressão da política neocolonial atual.

3. INTERVENCIONISMO FRANCÊS

3.1 Costa do Marfim

Logo no começo do século XXI, a França realizou sua primeira intervenção


pós-Guerra Fria no continente africano, quando um grupo rebelde de Burkina Faso invadiu o
território da Costa do Marfim em 2002 e tentou realizar um golpe de Estado. Embora esse
grupo tenha fracassado, iniciou-se um conflito entre os rebeldes e aqueles que aceitavam as
instituições do Estado. Diante disso, o exército francês propôs um cessar-fogo como medida
de proteção aos cidadãos franceses no confronto. Contudo, essa atitude serviu para o início de
uma interposição entre ambas forças no conflito.

Vários acordos de defesa foram propostos por parte da Costa do Marfim, embora a
França não tenha acatado, já que o país europeu declarou a não interferência em assuntos
internos, reconhecendo, portanto, a soberania do Estado, embora as intervenções militares
pudessem ocorrer em situações específicas que reconhecessem a legitimidade dessa medida.
7

Nesse sentido, o quadro político da Costa do Marfim estava caracterizado pela


presença das Forces Nouvelles, ou seja, os grupos rebeldes, e alguns partidos políticos, dentre
eles, o Rassemblement Démocratique des Républicains (RDR) e o Parti Démocratique de la
Côte d'Ivoire (PDCI), além da presença das forças do presidente e aqueles que rejeitavam os
acordos mencionados.

3.1.1 Tentativa de restabelecimento da paz

Diante do contexto complexo e confuso de não concordância entre as partes,


concomitantemente com o surgimento de mais grupos rebeldes, as forças francesas
intervieram no conflito, levando o assunto para o Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas (CSNU), o que causou a sua intervenção em 2003.

Assim, iniciou-se um processo de paz com os acordos de Linas-Marcoussis1, além de


outras negociações nas diversas cidades do país para restabelecer a estabilidade política no
território marfinense. O principal objetivo desses tratados era de partilhar o poder entre os
grupos presentes no país.

Vale ressaltar que a França interveio, mais uma vez, em 2004, quando as Forças
Armadas Marfinenses estabeleceram a Opération Dignité contra rebeldes das Forces
Nouvelles e contra franceses participantes da Force Licorne, operação de paz em apoio à
ONU. Dessa maneira, os franceses realizaram um ataque aéreo em Yamoussoukro e Abidjan,
que resultou na morte de marfinenses, o que levou a uma série de protestos pelo país em
repudiação a essa medida francesa. Como resultado, a França, mediadora no conflito, acabou
sendo interpretada como antagonista.
“(...) o exército francês tenta preservar a possibilidade de uma solução.
Mas a crise é duradoura: os acordos de Marcoussis (24 de janeiro de
2003) não são respeitados, os confrontos continuam apesar do envio
de tropas pela ONU (Onug), em fevereiro de 2004, e a tensão
franco-marfinense atinge seu ápice em novembro.” (VAÏSSE,
Maurice, 2013, p. 311).

1
Acordo assinado em janeiro de 2003 na França durante o governo de Jacques Chirac com o objetivo de colocar
um fim na Primeira Guerra Civil da Costa do Marfim.
8

Após um relativo período de paz, outro conflito ocorreu em 2011, conhecido como a
Segunda Guerra Civil da Costa do Marfim, que despertou, mais uma vez, todo o quadro
caótico e conflituoso dos anos anteriores. Causado, principalmente, pela vitória de Alassane
Ouattara nas eleições de 2010, vitória reconhecida pela ONU e por organizações africanas, e
pela rejeição do resultado pelo antigo presidente, Laurent Gbagbo, e das forças armadas, que
conseguiram manter Gbagbo no poder. Assim, as forças de Ouattara tomaram o norte do país,
deixando Gbagbo se entrincheirado na maior cidade do país, Abidjan. O conflito foi
estabilizado somente quando as forças de Ouattara entraram em Abidjan, por meio do apoio
das tropas da ONU e da França – partindo do princípio da legalidade do processo eleitoral que
o elegera, e Gbagbo foi capturado em sua residência. (FAKHOURY, 2017).

Logo, levando em consideração a análise da intervenção francesa, esta foi determinada


legítima, já que a França alegou ter seus fins calcados na luta contra a opressão das forças do
ex-presidente, Laurent Gbagbo, aos civis. Dessa forma, foi aprovada a Resolução 1975 do
Conselho de Segurança da ONU, que determinou uma série de sanções a Gbagbo e outros
participantes do conflito.

3.2 Djibouti

Atualmente, como já mencionado anteriormente sobre a dificuldade da desvinculação


colonial da França, o país europeu em questão possui bases aéreas e navais localizadas no
litoral do Djibouti, além da presença de bases aéreas no interior do país. Mas a presença
militar francesa já é recorrente desde o século XIX, onde o Djibuti, conhecido nessa época
como Costa Francesa dos Somalis, fazia parte do grande número de colônias francesas na
África. Já no século XX, ele passou a ser considerado território ultramarino da França, tendo
conquistado sua independência somente no final desse século.

3.2.1 Forças Francesas e a importância geopolítica

É importante ressaltar que as Forças Francesas no Djibouti (FFDJ), responsáveis pela


defesa do território e do espaço aéreo, são as maiores forças permanentes na África. Esse
cenário se intensificou com a assinatura do Tratado de Cooperação e Defesa entre os dois em
9

2011, que tem como um dos objetivos a contribuição para a defesa territorial. Além disso,
suas bases navais no Djibouti têm importância estratégica, pois, dessa forma, a França pode
realizar um ataque nuclear submarino na região do Oceano Índico em caso de necessidade.
Em 2014, foram instaladas as denominadas Forças Especiais Francesas no Djibouti no caso da
probabilidade de crise nessa região africana ou no Oriente Médio.
No ano de 2018, o governo francês cogitou enviar mais tropas devido ao aumento da
presença chinesa na região e devido ao aumento da importância geopolítica do estreito de
Bab-el-Mandeb que separa a África do continente asiático, pois além da localização
estratégica, as exportações de petróleo do Golfo Pérsico e dos países asiáticos destinadas aos
países ocidentais devem passar por ele antes de chegar ao Canal de Suez.

3.3 Mali, Operação Serval e Política de Contra-insurgência

Em janeiro 2012, o grupo rebelde separatista denominado Movimento Nacional de


Libertação do Azauade (MNLA), cujos membros pertenciam ao grupo étnico dos Tuareg,
localizados no norte do Mali, realizaram ataques ao governo do então presidente Amadou
Toumani Touré, que não conseguiu conter o avanço dos rebeldes e acabou perdendo o
controle territorial do norte do país. A instabilidade da nação se intensifica quando o capitão
do exército nacional, Ahmadou Sanogo realiza um golpe de Estado em março de 2012. Essa
mudança de regime é sucedida por uma eleição em abril do mesmo ano que leva Dioncounda
Traoré ao cargo de presidente interino.
A fragilidade do Mali neste momento, possibilitou não somente o fortalecimento do
MNLA, mas também de outros grupos mais extremistas como, o Movimento para a Unidade e
a Jihad na África Ocidental (MUJAO) e o Ansar al-Dine (JESSE, 2019 apud MARCHAL,
2013). As ações regionais se focaram majoritariamente nas negociações de paz realizadas pela
Argélia e em tentativas de contenção do conflito realizadas pela Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO). Em janeiro de 2013, com autorização da ONU, a
França lidera a Operação Serval, uma missão de contra-insurgência no norte do Mali com
apoio logístico de nações ocidentais e totalizando o envio de 5200 tropas francesas. O então
presidente francês François Hollande, inicialmente, não tinha o objetivo de se envolver
militarmente na questão do Mali, sendo ele favorável a uma tentativa de solução mais
diplomática. Além disso, Hollande temia uma abordagem militar, pois não queria ter sua
10

imagem vinculada à possíveis práticas neocoloniais (YATES, 2018). O governo de Hollande


preferiu aderir por uma abordagem multilateral, visando a aprovação tanto do governo do
Mali, quanto da ONU e dos países da região, como forma de se distanciar dos padrões
colonialistas, caracterizado pelo unilateralismo.
Em um período de 7 meses, a força expedicionária francesa já havia atingido um nível
satisfatório de estabilidade e segurança no norte do país (ALI, 2018). As operações
prosseguiram até agosto de 2014, porém, a França ainda mantém suas bases militares no Mali.
O sentimento de vitória adquirido pela França na intervenção foi catalisado na forma de um
discurso político que pretendia enaltecer as ações militares francesas e colocar o país europeu
na posição de defensores de suas ex-colônias, realizando uma política de prestígio
(BURGESS, 2019).

3.3.1 Soberania e legitimidade da intervenção

A autonomia no uso do poder dentro de um território político define a noção de


soberania de um Estado, conceito primordial e fundamental para a ordem e segurança. Após o
11 de Setembro, a concepção de soberania passa por uma considerável modificação, aderindo
à novas demandas globais na questão da segurança internacional. A pressão norte americana
pelo combate ao terrorismo mundial, sintetizada pela chamada “Guerra ao Terror”, fez com
que a soberania de um Estado fosse intrinsecamente ligado à sua capacidade de conter
insurgências terroristas, ou seja, o Estado seria legitimado como soberano se atendesse à
certas exigências de segurança internacional (JESSE, 2019 apud RAMOS, 2013). A força do
combate ao terrorismo aparece no século XXI como justificativa legitimadora de ações
intervencionistas, e esta abordagem será utilizada no discurso do governo francês para
defender suas operações no Mali, com o França se posicionando como combatente ao
terrorismo internacional ao realizar a intervenção em 2013.
Outros fatores relacionados a tentativa de validade do processo de intervenção no Mali
se encontram nas duas principais justificativas usadas pelo governo francês. A primeira seria
de que o pedido de intervenção veio do próprio governo maliano, logo, houve consenso. A
segunda seria o fato de que a intervenção foi aprovada pelo Conselho de Segurança. No caso
11

da primeira justificativa, a intervenção por convite2 pode soar como um argumento sólido para
a operação estrangeira, porém, o pedido foi feito sob o governo de Dioncounda Traoré, cujas
eleições de abril de 2012, que o elegeram, são alvos de críticas relacionadas à transparência e
representatividade do processo eleitoral3, ademais, os líderes regionais da África Ocidental
não consentiram no reconhecimento do presidente Traoré (JESSE, 2019 apud BLYTH et al.,
2013). Dito isto, o pedido de intervenção foi feito por um governo com legitimidade
democrática questionável, o que torna a justificativa de intervention by invitation igualmente
questionável.
Em relação ao argumento voltado para a legitimação da intervenção baseada na
autorização da ONU, por uma ótica analítica realista proposta por Yates (2018), a França
poderia estar se utilizando de um contexto de operações de manutenção de paz para impor sua
agenda política no continente, se aproveitando da estrutura de segurança internacional
estabelecida para aumentar sua influência e poder. Seguindo a mesma abordagem teórica,
enfatizada na afirmação de que "as estratégias de intervenção têm maior probabilidade de
serem guiadas por cálculos de interesse nacional" (PITTS, 2013 apud BELLAMY &
WHEELER et al., 2011), o consentimento das Nações Unidas não extingue a presença de
elementos de interesses vantajosos ao Estado francês na Operação Serval, logo, do ponto de
vista objetivo e pragmático, o apoio da ONU não pode ser usado como fator legitimador da
intervenção.

3.3.2 Interpretações francesas e malianas sobre a intervenção

Após uma melhor reestruturação da estabilidade no país, ocorreram novas eleições no


Mali em julho de 2013, colocando Ibrahim Keita, um político maliano pró-França, no cargo
de presidente. A partir de então, o diálogo político regional para atingir a paz foi
intensificado, ocasionando em acordos de reconciliação4 entre o governo do Mali e os grupos
tuaregues do norte em junho de 2014. No mesmo mês, foi assinado um acordo de cooperação

2
A chamada “intervention by invitation” consiste em atender um pedido de intervenção feito pelo governo
vigente do Estado em questão. Este conceito não é integralmente aceito em termos de Direito Internacional pelo
fato de que o governo que realizou o pedido, pode não ser legítimo em termos democráticos.
3
Cidadãos deslocados pelo conflito não foram capazes de votar nas eleições de 2012.
4
“Esta resolução focava em fornecer segurança, estabilização e proteção de civis; apoiando políticas nacionais
diálogo e reconciliação; assegurando o restabelecimento do estado autoridade, a reconstrução do setor de
segurança e a promoção de direitos humanos no Mali.” (ALI, 2018).
12

bilateral de cinco anos entre Mali e França, com o objetivo de fortalecer as relações militares
entre ambos, envolvendo treinamento e compartilhamento de informações para uma condução
eficiente das operações de segurança na região. A Operação Serval encerrou oficialmente em
14 de julho de 2014, no entanto, as tropas francesas permaneceram em parte no território
maliano, de modo que as operações francesas na região se reestruturaram através da Operação
Barkhane, iniciada em agosto de 2014, desta forma, dando continuidade à base de influência
militar francesa no continente.
O governo francês, durante as operações, continuamente disseminava o discurso de
que a intervenção tinha objetivos de ajuda humanitária e restabelecimento da paz. Focando
agora nas opiniões e discursos da França sobre a intervenção, François Hollande, no início da
Operação Serval, tinha a tendência de “homogeneizar” os grupos rebeldes do Mali, no sentido
de que não fazia qualquer distinção entre os movimentos insurgentes da região, de forma que
grupos não extremistas como o MNLA eram igualados à jihadistas islâmicos como o
MUJAO5. O fato do Estado francês não reconhecer as peculiaridades destes grupos e
generalizá-los como parte de uma grande ameaça terrorista na região, se apresenta como um
discurso que pretende facilitar o entendimento e a justificativa da intervenção, na tentativa de
moldar a opinião pública sobre o assunto (JESSE, 2019). Hollande sempre considerou que o
contra-terrorismo seria a principal motivação dos movimentos militares franceses no Mali
(YATES, 2019).
Aderindo ao ponto de vista de autoras e autores malianos, como Aminata Traoré
(2013) e Boucabar Boris Diop (2013) , a intervenção francesa demonstra atitudes que podem
ser vinculadas como neocoloniais, evidenciando a persistência da imposição histórica da
potência europeia sob suas ex-colônias, que se utiliza de pretextos de proteção à segurança
regional como oportunidade de atender à seus interesses (JESSE, 2019 apud TRAORÉ,
2013). De acordo com Diop (2013), de todas as nações européias, a França possivelmente é a
que mais se agarra ao seu passado colonial, não conseguindo se desvincular dos privilégios
políticos que o continente lhe oferece. A Operação Serval evidenciaria essa conexão colonial,
expressando uma “teimosia reacionária” na política externa francesa. (JESSE, 2019 apud
DIOP, 2013).

5
O MNLA se diferenciava de outros grupos insurgentes, principalmente pelo fato de não defenderem a Sharia e
não terem reivindicações expansionistas, em contraste com outras organizações, que almejavam a disseminação
da jihad e a criação de um estado islâmico em uma grande porção da África Ocidental.
13

4. FRANCO CFA E DEPENDÊNCIA MONETÁRIA

Criado após a Segunda Guerra Mundial e aprimorado nas décadas seguintes, o Franco
CFA é uma moeda que tinha como objetivo, em sua origem, atrelar uma conexão monetária
direta entre França e os países da zona francófona, com o intuito de criar vantagens no
comércio exterior, manutenção de taxas cambiais favoráveis e principalmente, construir uma
base de influência que poderia ser utilizada em um período pós-colonial (TAYLOR, 2019).
A moeda é utilizada atualmente pelos seguintes países pertencentes as ex-colônias
francesas; Togo, Senegal, Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim, Níger, Benim, Camarões,
Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, República Centro-Africana e Gabão. As
restrições que o estabelecimento desta moeda gera a estes países africanos podem ser
observadas em diversos níveis, como por exemplo, a obrigação estabelecida por um acordo
que diz que 50% das reservas internacionais do Franco CFA devem ser depositadas no
Tesouro Francês, como forma de controle da convertibilidade, fazendo com que uma quantia
considerável do dinheiro não esteja sob total controle das nações africanas. Outro fator é a
limitação de concessão de crédito existente entre os países do CFA, não podendo eles
conceder ou receber uma quantia em crédito que ultrapasse mais de 20% de sua receita
pública6, criando assim uma demanda de financiamento externo por parte destes países,
ocasionando necessidade constante de empréstimos internacionais, prática esta que gera
problemas a produção interna e corrobora com o subdesenvolvimento. A vantagem
comparativa também colabora para este cenário, visto que os produtos internos são menos
competitivos do que aqueles importados da França.
A fixação da taxa de câmbio entre euro e franco CFA também possibilita uma posição
vantajosa das empresas francesas, que se beneficiam da relação de convertibilidade da moeda,
fazendo com que a França possa comprar matérias-primas essenciais a preços muito baixos
para financiar sua indústria aeronáutica e de armamentos, produtos como cromo, manganês e
fosfato. Além disso, as informações sobre onde e como as reservas estrangeiras de Franco
CFA armazenadas no Tesouro Francês são investidas, não são divulgadas pelo governo

6
TAYLOR, Ian. France à fric: the CFA zone in Africa and neocolonialism, 2019.
14

francês, fazendo com que a França tenha uma autonomia abusiva do dinheiro depositado
pelos países africanos em seus cofres (SYLLA & KODDENBROCK, 2019).
Dito isso, a política monetária dos países africanos francófonos está altamente
subordinada ao controle econômico francês, fato este que remonta às práticas coloniais de
dominação e subordinação exercidas pela França e que se mantêm ativas como materialização
da política externa no continente, focada em conservar a ligação com a África através de
atitudes neocoloniais. Com isso, as barreiras à integridade monetária destes países também se
refletem em barreiras ao desenvolvimento dos mesmos, promovendo a continuação de um
cenário de submissão econômica estrutural, que está presente não somente no continente
africano, mas em em diferentes níveis em todo o Sul Global (SYLLA & KODDENBROCK,
2019).
O poder exercido pelo Estado francês na África Ocidental e Central através do franco
CFA se traduz não somente em uma estratégia econômica, mas principalmente, em uma
ferramenta política (TAYLOR, 2019) do qual a França utiliza para perpetuar a relação
hierárquica que tinha com o continente séculos atrás.

5. GOVERNO MACRON

O cenário da política externa de Emmanuel Macron visa concentrar seu corpo


diplomático em áreas que possam trazer retornos concretos à França, o que incide
especialmente no continente africano, por ter pouco valor agregado aos interesses
norte-americano e, por isso, ser caracterizado como um ambiente propício a manobras para a
diplomacia francesa, que vê na estabilidade na região do Sahel uma das suas prioridades.
(RONCHI; BORTOLI, 2017). Isso pode ser visto a partir das intervenções que ainda ocorrem
em países da África, como o Djibouti, já apresentado anteriormente, além do fato de que a
França possui tropas na região do Sahel. Assim, nota-se a continuidade do intervencionismo
militar francês no continente, como já vem ocorrendo há séculos.Vale ressaltar que as relações
entre ambos são enraizadas historicamente com o contexto da colonização, o que caracteriza
aquilo que o próprio site oficial do governo francês chama de “identidade através de uma
história comum”7 (MARÉCHAUX, 2019).

7
“Les enjeux de la diplomatie française en Afrique”, matéria disponível no site do governo francês (Ministère de
l’Europe et des Affaires Étrangères).
15

É válido apontar que a França apoia o G5 do Sahel e contribui para a manutenção do


grupo. Porém, o estabelecimento da "Força Conjunta G5-Sahel" não é uma iniciativa francesa,
mas uma iniciativa dos próprios países do Sahel. Além da participação de programas que
lutam pelo fim do terrorismo, tráfico de drogas e pela resolução da situação dos migrantes, é
certamente uma experiência para o desenvolvimento da "política comum no Mediterrâneo e
na África" desejada por Macron.
Outro ponto importante que é utilizado como instrumento diplomático diz respeito ao
idioma, ou seja, a questão da francofonia. Em termos de política multilateral, a francofonia
visa reunir os países de língua francesa em uma comunidade política. A França apoiou a
criação da Agência Internacional da Francofonia nos anos de 1970. Em 2018, a Organização
Internacional da Francofonia (OIF) reúne 88 Estados-Membros e observadores, sendo o
francês o idioma de referência. Essa forma de união através do idioma tem como objetivo a
contribuição para a paz, a democracia, os direitos humanos, a promoção da diversidade
cultural e francesa e o desenvolvimento de uma prosperidade compartilhada e sustentável.
(Ministère de l’Europe et des Affaires Étrangères, 2019).
Em relação à própria prática de Françafrique, se é que podemos denominar dessa
forma, Macron discursou em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, no ano de 2017, e
afirmou participar de uma geração em busca de alterar o quadro de Françafrique. Em relação
ao ocorrido, Antoine Glaser, jornalista e escritor, especialista no portmanteau mencionado,
afirma que Macron está fazendo "política real", ao perceber que a África se encontra
globalizada e esse é o seu caminho para sair da tradicional, ou seja, o que lhe interessa é o que
a África pode trazer para a França e não como a França lida com os assuntos da África, é o
que diz Glaser sobre a política externa de Macron.
Entretanto, diante dos discursos de Macron realizados em países africanos, por
exemplo em Burkina Faso, alguns estudantes universitários de países africanos que eram
colônias francesas não acreditam nessa alteração que o presidente francês promete. Outra
crítica realizada a Macron nesse contexto de Françafrique ocorreu no ano de 2017, em Accra,
capital de Gana. Em uma entrevista coletiva com Macron, o presidente ganense, Nana
Akufo-Addo, colocou Macron em uma situação constrangedora ao defender a ideia de uma
África autônoma e não em busca de caridade e sujeita à ajuda ocidental.
É importante destacar que a grande questão em torno da permanência e aumento da
influência francesa em países africanos também pode ser identificada na ameaça de influência
16

chinesa no continente. Além das relações econômicas entre China e África, Pequim possui
bases navais no Djibouti, o que remete à disputa estratégica do estreito de Bab-el-Mandeb.

5.1 Operação Barkhane

A Operação Barkhane teve início em 2014, durante o governo de François Hollande,


visando, principalmente, a contenção do terrorismo na região do Sahel, e conta com a ação do
Grupo Antiterrorista (GAT). Vale destacar que essa operação é considerada sucessora da
Operação Serval ocorrida no Mali. Ela favorece a população local nos quesitos de
restabelecimento da segurança, infraestrutura, educação. Durante o ano de 2018, já no
governo de Macron, esses projetos cívico-militares foram intensificados. A operação conta
com um grande apoio da tecnologia por envolver missões com drones para vigiar, capturar
imagens e para reconhecer a área.8 Em junho de 2019, a França inaugurou uma base avançada
dessa operação localizada em Gossi, Mali.
As operações expedicionárias possibilitaram não somente na demonstração de
prestígio por parte do Estado francês, mas também foram determinantes para a política de
segurança interna da França. O Sahel é uma região vantajosa para a França principalmente por
conta de seus interesses energéticos, visto que boa parte da demanda francesa por recursos
minerais que alimentem sua indústria de energia nuclear é proveniente da África Ocidental9,
logo, é estratégico para a França estar presente militarmente na região para proteger sua oferta
de matéria-prima. Além da questão de segurança energética, a França também teme que as
células terroristas e grupos rebeldes do continente se organizem e possam se expandir pela
África, podendo estas chegar até o norte do continente e se inserirem na Europa (MARQUES,
2017). Pelo fato da França desejar conter ataques terroristas em seu solo, a contenção destes
grupos em prol da segurança nacional francesa também se apresenta como motivação às
intervenções, motivação essa que não aparece comumente como o incentivo central das
operações, estas, segundo o discurso do governo francês, sendo motivadas estritamente por
questões humanitárias e de “Responsabilidade de Proteger”.

8
Registro da Imprensa publicado no site do Ministério das Forças Armadas da França.
9
Arlit e Akokan, duas minas de urânio localizadas no Níger, oferecem 75% dos recursos energéticos que as 19
usinas nucleares francesas consomem em um ano. (MARQUES, 2017 apud CAÑAS, 2017.)
17

6. CONCLUSÃO

As relações França-África representam pilares extremamente relevantes na história da


política internacional. Todo o histórico colonial modelou não somente as estruturas políticas
da África, mas também o direcionamento e foco da política externa da França. As relações
entre os dois ainda permanecem fortes e multifacetadas, compondo partes determinantes das
relações exteriores de ambos, ao mesmo tempo que suas interações são imersas em problemas
e contradições.
A medida em que a França disseminar um discurso anti-colonial, negando qualquer
vínculo atual com suas ações passadas, a mesma também conduz e mantém atividades de
influência e dominação, como no caso do Franco CFA. Assim como a França, a África
também possui suas inconsistências, visto que por um lado, sua sociedade civil em conjunto
com a classe intelectual, reivindica por relações mais livres, igualitárias e insubordinadas,
almejando por um cenário africano emancipatório e genuinamente independente. Por outro
lado, é persistente, no continente africano, uma mentalidade advinda de uma elite que deseja
sustentar as práticas do Françafrique como forma de garantir bases de sustentação de seus
regimes e privilégios. Esta mentalidade é expressa na frase do ex-presidente do Gabão, Omar
Bongo, em 1996; "O Gabão sem a França é um carro sem motorista, a França sem o Gabão é
um carro sem combustível"10.
É inegável a existência de uma cooperação entre França e África, porém, esta
cooperação está imbuída em um contexto de interações extremamente paternalistas por parte
do país europeu, resultando em relações hierárquicas, não-harmônicas e com caráter
assimétrico, apesar dos elemento de interdependências que cercam o Françafrique.
Diante de todo o exposto acima, é possível traçar um paralelo com a abordagem
realista das Relações Internacionais, no sentido de que a França busca maximizar seu poder
(talvez até manter seu status quo de forte representante europeu), seja ele transmitido como
influência ou até mesmo de forma militar e econômica ao posicionar tropas francesas em
territórios geoestratégicos e adotar as medidas monetárias do Franco CFA. Além disso, se
levarmos em consideração a corrente teórica do pós-colonialismo, nota-se a assimetria de

10
‘Le Gabon sans la France, c’est une voiture sans chauffeur, la France sans le Gabon, c’est une voiture sans
carburant’. Omar Bongo et la France. Jornal Libération. 1996.
18

poder existente e, de certa forma, perpetuada por essa relação de subordinação da África em
relação a França, de forma que a ex-metrópole europeia ainda desempenha um papel crucial
nas relações sociais, políticas, culturais e econômicas para suas ex-colônias. Outra forma de
análise se insere no contexto de teoria da dependência dentro da abordagem marxista das
Relações Internacionais. Nela, vemos que as assimetrias de poder existente entre os países
africanos e a França são extremamente discrepantes, e enquanto a França, já desenvolvida,
alcança cada vez mais sucesso em termos de poder econômico, os países em desenvolvimento
e subdesenvolvidos da África avançam em menor grau. Assim, cria-se um certo “ciclo” de
dependência entre os últimos em relação ao Estado francês.
Dito isto, em uma perspectiva analítica objetiva, apesar da cooperação, as relações
França-África possuem um certo grau acentuado de neocolonialismo, que se manifesta tanto
por dimensões militares, quanto políticas e econômicas. A falta de integração regional no
continente africano poderia ser uma das explicações para a presença demasiada da figura da
França como autoridade na África, tendo em vista que os países do Sahel possuem uma
cooperação ativa, porém fragmentada e consideravelmente ineficiente em termos de condução
de políticas de interesse compartilhado. Além disso, a França tenta se colocar como principal
tomadora de decisões no Sahel, compondo isso como parte de sua política no continente. O
país europeu, além de ter na África uma base de captação de recursos econômicos, também a
utiliza para ganhar reconhecimento internacional e prestígio diplomático, visto que lidera as
discussões na ONU sobre África e é exatamente no continente que se localizam suas
principais conquistas militares, fazendo com que a África represente uma das bases de
sustentação não só da política francesa, mas também da própria composição da reputação do
Estado francês.
A França vê na África, não somente uma fonte de vantagens políticas, diplomáticas e
econômicas, mas também como a grande oportunidade de se alavancar como potência
mundial.
19

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