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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ISCED- HUÍLA

MESTRADO EM ENSINO DA HISTÓRIA DE ÁFRICA

MÓDULO 12: HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS AFRICANAS

O PAPEL DE ANGOLA NA PREVENÇÃO, GESTÃO E RESOLUÇÃO DE


CONFLITOS NA REGIÃO DOS GRANDES LAGOS: O CASO DA RDC E
RUANDA

Orientador: Prof. Ricardo Real Pedrosa de Sousa, Ph.D

Estudante: Felisberto Victor Chiumba Luciano

Lubango, Agosto de 2022


O Papel de Angola na Prevenção, Gestão e Resolução de Conflitos na
Região dos Grandes Lagos: O Caso da RDC e Ruanda1

Por: Felisberto Victor Chiumba Luciano 2

Resumo: O presente ensaio tem como mote analisar o papel do Estado


angolano na prevenção, gestão e resolução de conflitos político-diplomáticos
entre as congenéres República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda. Como
é sabido, as relações entre os dois países deterioraram-se desde 1994, quando
o governo da RDC recebeu na parte leste do seu território alguns refugiados
hutus ruandeses acusados de participar do trágico genocídio de 1994. Estes,
criaram um grupo rebelde designado Forças Democráticas para Libertação do
Ruanda (FDLR), que segundo acusações do governo ruandês, têm sido
apoiados militarmente pelo exército congolês, visando subverter a ordem
constitucional e derrubar o actual regime de Kigali, encabeçado por Paul Kagame.

Por seu turno, o governo da RDC nega tais afirmações e acusa o Ruanda de
apoiar a milícia armada M23 (Movimento 23 de Março) nas suas incursões em
território congolês com vista a desistabilização política daquele país. A actual
escalada da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23, que em 2012 fez
oposição ao Governo congolês e gerou um violento conflito que forçou o
deslocamento de milhares de pessoas na província do Kivu Norte.

Palavras-chave: Papel; Angola; prevenção; gestão; resolução; conflitos; Grandes


Lagos.

Palavras: 6.062

1
Este ensaio foi elaborado sob orientação do Professor Ricardo Real Pedrosa de Sousa, no âmbito do
Módulo 12: História das Relações Internacionais Africanas, do curso de mestrado em Ensino da História de
África, do Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla (ISCED-Huíla), edição 2021-2022.
2
Mestrando em Ensino da História de África pelo Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla
(ISCED-Huíla). Frequentou o Curso de Formação Avançada “Desarmar as opressões actuais a partir das
epistemologias do Sul: o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado”, que resulta de uma colaboração
estreita da Universidade de Sevilha, do Programa em Epistemologias do Sul, do Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra, do Grupo de Trabalho em Epistemologias do Sul e do Programa Sur-Sur do
Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), no âmbito das suas actividades de extensão e
disseminação em torno às epistemologias do Sul. É Professor de História do II Ciclo do Ensino Secundário
desde 2006. Email: felisbertoluciano9@gmail.com.

1
ÍNDICE

0. Introdução …………………………………………………………………….…. 3
1. As Dinâmicas da Política Externa de Angola ……………………………..… 4
2. Paz e Conflito em África ………………………………………………….……. 8
2.1. O Mecanismo da União Africana para a Prevenção, Gestão e
Resolução de Conflitos ………………………………………..……… 12
2.2. O Papel de Angola na Prevenção, Gestão e Resolução do Conflito
entre a RDC e o Ruanda ……………………………………...……… 14
3. Conclusão ………………………………………………………………...……. 18
4. Referências Bibliográficas ……………………………………………….…… 19

- Anexos ………………………………………………………………………….…. 21

2
0. Introdução

Nos últimos dez anos, Angola vem se firmando como um importante player no
xadrez geopolítico, económico e militar da África Austral e Central,
fundamentalmente desde a assumpção da presidência rotativa da Conferência
Internacional para Região dos Grandes Lagos (CIRGL), onde tem levado à cabo
uma série de acções diplomáticas com o fito de ajudar na prevenção, gestão e
resolução de conflitos entre alguns e nalguns países, desde logo, o conflito
diplomático entre o Ruanda e Uganda, a instabilidade política na República
Centro-Africana e a crise política prevalecente entre a RDC e o Ruanda.

A recente distinção do presidente João Lourenço, como campeão para a paz e


reconciliação em África, durante a cimeira da União Africana, em Malabo, na
Guiné Equatorial, realizada de 25 a 28 de Maio de 2022, sobre Terrorismo e as
Mudanças Inconstitucionais de Governo em África, revela o reconhecimento
inequívoco do papel que Angola tem desempenhado para a estabilização política
e militar em África. Convirá desde já precisar que, o facto de Angola partilhar uma
extensa fronteira com a RDC, e tendo em conta a sua extrema porosidade, as
acções de mediação angolana no contexto do contencioso político-diplomático em
destaque, justificam-se perfeitamente, pois qualquer instabilidade na RDC,
constitui-se, por arrasto, num perigo eminente para a estabilidade política,
económica e social de Angola.

Destarte, o presente ensaio tem como objectivo descrever o papel do governo de


Angola na prevenção, gestão e resolução do diferendo político-diplomático entre
os governos do Ruanda e da RDC. Para tal, far-se-á recurso ao método
descritivo, bem como à pesquisa bibliográfica, associada à análise documental.

3
1. As Dinâmicas da Política Externa de Angola

Ao tecer às linhas que compaginam a política externa de Angola, importa esboçar


um rápido considerando sobre o contexto histórico internacional que serviu de
terreno para a emergência de Angola, enquanto Estado independente, mormente
a quarentena ideológica à que foram submetidos os países africanos no quadro
da Guerra Fria. Assim, na perspectiva de Pereira & Quadro (2000), da
Antiguidade Clássica, e através da Bíblia, dos filósofos, historiadores e poetas,
fundamentalmente, chega-nos o conhecimento da existência de regras políticas e
morais aplicáveis às relações entre os Estados.

Já Roque (2005) avança que, até à primeira Guerra Mundial, a Comunidade


Internacional3 (CI) não passava de um conjunto relacional de actores de Direito
interno e público, sendo que os seus entes constituintes, os Estados, mantinham
entre si relações reguladas por um direito também meramente relacional,
marcado essencialmente pelo desenvolvimento de Tratados, em oposição aos
costumes, que tendo remontado ao século XVIII, destinavam-se a afastar ou
acabar com os conflitos armados, através da consolidação da representação
diplomática.

No mesmo diapasão, Roque prossegue dizendo que, depois da Primeira Grande


Guerra, o Direito Internacional sofreu significativas mutações, passando
paulatinamente a um Direito integrador, de tipo mundial, transformando a CI, dum
conjunto simplesmente relacional, numa Comunidade institucional, e marcada
pela interdependência entre os povos. Desse modo, a dinâmica da CI dos últimos
sessenta anos gerou, entre os Estados africanos, uma dependência tão grande
que a divisão dos espaços territoriais, em unidades políticas independentes
parece, actualmente, irrisória, face à existência e vigência de processos que
transcendem as lines in the sand que configuram os limites fronteiriços entre os
diferentes países.

3
Além de ter posto fim a guerra dos trinta anos, os acordos de Vestefália em 1648 criaram o sistema
internacional. A partir desta data as relações entre os Estados começaram a ser classificadas de nacionais,
quando ocorriam dentro do território sob jurisdição do Estado, e internacionais, quando ultrapassavam as
fronteiras nacionais (Gamba, 2012, pp. 19-20).

4
Diante desta realidade, foi institucionalizada a cooperação-coordenação entre os
diferentes Estados e demais sujeitos das relações internacionais, como são os
casos das organizações internacionais ou intergovernamentais, enquanto
expressão da vontade dos povos em estabelecer relações de cooperação regular
nos domínios económicos, militar, diplomático, técnico e outros, visando a defesa
contra perigos externos ou internos, bem como o desenvolvimento económico e
social dos países membros. Ao nível de África destacamos as seguintes
Organizações sub-regionais: a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral), CEEAC (Comunidade Económica dos Estados da África Central),
CEDEAO (Comunidade Económica da África do Oeste), CAE (Comunidade da
África Oriental), UMA (União do Magreb Árabe) e CEN-SAD (Comunidade dos
Estados Sahelo-Saharianos).

Esta necessidade de cooperação torna-se mais evidente quando associada à


países localizados em regiões de grande instabilidade como o-é a dos Grandes
Lagos. E de acordo com Van-Dúnem (2014), o potencial de conflitualidade nessa
região deve-se à distintos factores, sendo alguns deles mais recentes e outros
remontando ao período pré-colonial ou antes deste. Entre estes factores
destacamos a elevada diversidade étnica e linguística, extrema porosidade das
fronteiras e as imensas potencialidades minerais (ou maldição dos recursos
naturais) dos países da região, que têm atraído o apetite voraz das grandes
corporações que mediante a exploração das principais commodities da região
produzem riquezas que pouco ou em nada têm beneficiado as populações locais,
que paradoxalmente vivem relegadas à extrema pobreza, apesar de possuírem
imensa riqueza no subsolo dos seus territórios.

Ainda segundo Van-Dúnem (2014), para melhor compreensão da caracterização


demográfica da região, enquanto factor de instabilidade, devido a manipulação e
aproveitamento político das diferenças étnicas pelas elites locais (no período
colonial e pós-colonial), cumpre frisar que, os Grandes Lagos, é a região mais
populosa do continente africano e tem um enorme potencial tanto no que diz
respeito aos recursos naturais como do ponto de vista da agricultura. Ao contrário
do que sucede noutras geografias do continente, nesta porção de África, a
estrutura de pequenas monarquias locais pré-coloniais foi mantida pelas

5
autoridades coloniais, e por esta razão, a região é constituída por um grande
número de pequenos países que tentam desestabilizar os Estados com alguma
viabilidade, entre os quais este Van-Dúnem destaca o Ruanda, Burundi e
Uganda.

A região dos Grandes Lagos, prossegue Van-Dúnem, geograficamente é formada


pelos seguintes países: Burundi, Maláui, Moçambique, Quénia, RDC, Ruanda,
Tanzânia Uganda e a Zâmbia. Mas se o critério de caracterização da região for
essencialmente político, então o número de países reduz significativamente.

Assim, tendo em conta que, a nossa abordagem se situa no campo da análise


sobre o papel que Angola tem vindo a desempenhar para a pacificação e
estabilização política na região dos Grandes Lagos, mormente na RDC, no
quadro da sua presidência rotativa da CIRGL, julgamos que seria desastrado e
intelectualmente estéril, ou se quisermos, academicamente pouco produtivo, se
procurássemos seguir uma lógica reflexiva incrustada de aspectos geográficos,
ignorando a dimensão histórica e geoestratégica da política externa de Angola, no
contexto daquela região.

Sem qualquer intenção de perfilar uma espécie de patriotismo ingénuo, podemos


com alguma sobriedade asseverar que, a afirmação da diplomacia pela paz, no
espaço que transcende o território nacional, enquanto expressão visível da
política externa angolana, confunde-se com o nascimento de Angola enquanto
entidade autónoma. E uma prova irrefutável do que acabamos de afirmar, é a
frase lapidar de Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, que fazendo jus à
sua visão pan-africanista, bradou aos quatro ventos que sopravam na alvorada da
independência de Angola que, “no Zimbabué, na Namíbia e na África do Sul, está
a continuação da nossa luta”.

Destarte, podemos acrescentar que, desde os primórdios da sua independência,


o Estado angolano, fez da solidariedade para com os povos vizinhos, o
mainstream da sua política externa. E ao contrário dalguns analistas políticos
angolanos, que tendem, actualmente, assumir uma espécie de “amnésia histórica”
voluntária, buscam por via do discurso falacioso (flatus vocis) apagar o legado de
José Eduardo dos Santos, procurando incutir na mente dos mais distraídos a ideia

6
segundo a qual é com João Lourenço que Angola passa a assumir um papel
activo na pacificação da região dos Grandes Lagos, e não só. Neste sentido, Van-
Dúnem (2014), assevera que:

O Camarada Presidente José Eduardo dos Santos foi e é o legítimo


substituto do Presidente Neto. Na qualidade de diplomata nato, soube dar
continuidade à diplomacia angolana, fazendo de Angola um país
respeitado no palco das nações. A consolidação da diplomacia angolana
sob direcção do Presidente dos Santos fez de Angola um parceiro
indispensável para paz e estabilidade no continente, assim como para a
mediação e defesa dos interesses de África no mundo. A acção da
política externa de Angola consolidou-se quer do ponto de vista bilateral
quer ao nível multilateral (p.15).

Aliás, vale lembrar que José Eduardo dos Santos foi o primeiro Ministro das
Relações Exteriores de Angola, após a independência, e foi através dele que o
Estado angolano ingressou, em Dezembro de 1976, na maior tribuna política
mundial, tendo sido o primeiro angolano, em nome do Estado, a discursar na
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). E foi durante o seu
longevo consulado que Angola aderiu e participou, da criação de várias
organizações sub-regionais, ao nível de África, criando assim bases efectivas
para a sua afirmação no concerto das nações. Pelas razões já evocadas, não é,
exagero algum afirmar que, o antigo presidente angolano, José Eduardo dos
Santos foi um pivot incontornável da política externa angolana, cujo percurso é
quase impossível de obliterar.

Desde 2017, e numa lógica de continuidade, já que a política externa de Angola é


definida com base na Constituição angolana, nas Cartas das NU e da UA, o
actual presidente angolano, no que tange ao estabelecimento de relações de
amizade com todos os Povos e Estados, tem sabido dar continuidade ao percurso
diplomático dos seus antecessores, seguindo os principais eixos 4 da política
externa de Angola, nomeadamente, o respeito pela soberania e independência
nacional; a igualdade entre Estados; direito dos povos à autodeterminação e à

4
https://mirex.gov.ao/PortalMIREX/#!/politica-externa/politica-externa

7
independência; a solução pacífica dos conflitos; não ingerência nos assuntos
internos dos outros Estados, etc.

Vale destacar que, não foi por acaso que na última Cimeira de Chefes de Estados
e de Governos da UA, realizada em Malabo, João Lourenço foi distinguido pelos
seus pares como “Campeão para paz em África”, num claro reconhecimento do
papel que o Estado angolano tem jogado na pacificação de África,
fundamentalmente na região dos Grandes Lagos, com particular realce, no
diferendo entre o Ruanda e a RDC. E sobre este último assunto voltaremos a falar
mais a frente.

2. Paz e Conflito em África

Desde os primórdios do período pós-independências políticas, paz e conflito


constituem-se nos dois ingredientes mais presentes no intragável e indigesto
“caldo histórico” de África. E visto que na análise de questões ligadas aos
conflitos africanos, utiliza-se, geralmente, com graves prejuízos, uma perspectiva
demasiado simplista, a despeito da complexidade das causas à estes associados,
criando-se assim quadros analíticos dominados por concepções rasas, algumas
das quais eivadas de preconceitos baseados na raça e etnia, como corolário da
gritante ignorância (voluntária) dalguns pseudo-estudiosos da realidade política,
histórica, cultural e social africana (actual e passada), a classificação dos conflitos
africanos tem sido, algumas vezes, rotulada como “guerras comunitárias, tribais
ou étnicas”, como se as causas dos problemas de África emanassem
essencialmente da grande diversidade étnica que encerra as populações dos
Estados africanos.

No entanto, julgamos pertinente que, aduzir fundamentos empíricos e explicitar


motivos teórico-metodológicos tornará, sem sombras de dúvidas, mais inteligível
algumas das razões de pormenor para melhor informar a opção que fizemos, no
contexto da abordagem do tema deste ensaio. Assim sendo, começamos por
dizer que, em vez de guerra, optamos pelo conceito de conflito para designar a
situação de instabilidade político-diplomática e militar, prevalecente em África,
mormente, na região dos Grandes Lagos, pois, no domínio antropológico, como

8
referem Augé & Colleyn (2008, p. 49), “a guerra surge como um termo demasiado
amplo, não permitindo a percepção da diversidade de situações”.

Tal como veremos adiante, os conflitos em África, fundamentalmente na região


dos Grandes Lagos têm na sua génese variadíssimas causas, sendo algumas
mais recentes e outras remotas. Destarte, podemos efectivamente afirmar en
passant que, a violência colonial que os africanos foram vítimas durante longos
anos, teve reflexos negativos no percurso que o continente berço trilhou no
período pós-independência, tendo conspurcado todas as expectativas, quase
idílicas (ou utópicas?), que os africanos alimentaram em relação àquele período.
E tal como defende Sen (2007):

Talvez o continente mais conturbado no último século, sobretudo na


segunda metade, tenha sido África. A partir de meados do século XX, o
fim oficial dos impérios britânico, francês, português e belga, surgiu com
uma forte promessa de desenvolvimento democrático naquele continente.
Em vez disso, a maior parte das regiões tornou-se à breve trecho, vítima
do autoritarismo e militarismo, do desabar da ordem pública (…) e de uma
verdadeira explosão de conflitos locais, lutas intercomunitárias e guerras
civis (133-134).

Como se não bastasse, a situação veio agudizar-se no período consecutivo à


Segunda Guerra Mundial, fundamentalmente, nas décadas de 60 a 80, quando no
contexto da Guerra Fria, todas as possibilidades de um percurso de paz e
prosperidade para os africanos foram asfixiadas pela axiologia do conflito Este-
Oeste, que estendeu-se até aos anos 1990, resultando em vários conflitos
internos que terminaram nos primeiros anos do século XXI (Carneiro & Ferreira,
2011).

Reconhecendo as implicações negativas destes conflitos no desenvolvimento de


África, hoje, reina plena unanimidade entre os teóricos das políticas
desenvolvimentistas que, há uma relação muito íntima entre a paz, ou
estabilidade política e social e o desenvolvimento de um país ou região. É por
esta razão que, de acordo com Gamba (2012, p. 19) “a análise dos conflitos e a

9
respectiva prevenção tem consumido o tempo de várias instituições a nível
mundial, tendo em conta as consequências” que estes podem trazer ao
desenvolvimento económico e social de África e não só.

E sendo o continente africano, particularmente a região dos Grandes Lagos, muito


fértil na erupção de conflitos militares que muito têm contribuído para o atraso
económico de África em relação ao resto do mundo, fazendo com que grande
parte dos países africanos apresentem hoje os piores índices de desenvolvimento
humano, e longe de atingirem as metas de desenvolvimento preconizadas no
quadro da Agenda 2030 das Nações Unidas e da Agenda 2063 da União
Africana, afigura-se imperioso acabar com todos os focos de conflitos africanos,
quer ao nível intra-estatal, ou inter-estatal, como é o caso da RDC e o Ruanda.

Assim, empenhados na visão comum de uma África unida e forte, que tem como
substrato fundante o escrupuloso respeito pelos princípios constantes da Carta da
UA, os países membros criaram em 2002, a Arquitectura de Paz e Segurança
Africana (APSA), enquanto resposta estrutural a longo prazo, no que aos desafios
para a paz e segurança no continente africano diz respeito. E para reforçar o
quadro normativo existente, a Conferência da UA, na sua Quarta Sessão
Ordinária, realizada em Abuja, Nigéria, no dia 31 de Janeiro de 2005, adoptou o
Pacto de Não-Agressão e de Defesa Comum da União Africana.

Malgrado, segundo Van-Dúnem (2007, p. 136) “a nível da prevenção de conflitos,


a SADC e a CEDEAO serem as organizações económicas regionais pioneiras na
intervenção de conflitos e as mais activas do continente”, sendo que as outras
apresentam-se mais como meros elementos decorativos da existência de várias
organizações de cooperação sub-regional, porém, através daquela estrutura, a
APSA, a UA e as organizações sub-regionais que disponham de um mandato,
têm acesso a instrumentos que as ajudam a prevenir, gerir e resolver conflitos.

E visto que, a implantação de projectos estratégicos de desenvolvimento e a


mobilização de investimentos directos estrangeiros, só terão viabilidade se existir
um clima de paz, segurança e estabilidade regional e continental, daí, resulta
evidente que, a APSA afigura-se num imprescindível mecanismo de gestão e

10
resolução de conflitos violentos, porque só com paz intra-africana tais projectos
poderão vingar.

Convictos desta realidade, os Chefes de Estado e de Governo africanos,


assumiram o compromisso de cerzirem esforços para manter a paz e estabilidade
nacional, regional e continental, colocando a resolução de conflitos como o main
objective da UA. Esta, ao arrepio do seu Acto Constitutivo, possui os seguintes
Órgãos constituintes: a Conferência; o Conselho Executivo; a Comissão; o
Conselho de Paz e Segurança (CPS); o Parlamento Pan-Africano; o Conselho
Económico, Social e Cultural (ECOSOCC); o Tribunal de Justiça; os Comités
Técnicos Especializados e as Instituições Financeiras. Vale acrescentar que, é ao
CPS que foi alocada a competência de prevenção, gestão e resolução de conflitos
em África.

Naturalmente, as intervenções militares realizadas no âmbito das missões de paz,


pelas Forças de Paz da UA, sob mandato do CPS, no quadro da resolução de
conflitos nos países membros, apesar de serem feitas à luz dos protocolos de
cooperação que vinculam todos os países da UA, têm sido algumas vezes vistas
como violações flagrantes aos princípios da autonomia e independência, bem
como da não-ingerência aos assuntos internos dos países. De acordo com
Guedes (2004, p. 92), “o que é porventura a versão mais soft destas teorizações,
as formulações pragmáticas limitam-se a constatar que é imprescindível assumir
plenamente a evidência de que os Estados são sempre entidades dotadas de
alguma autonomia”.

No entanto, para um melhor entendimento sobre os diferentes tipos ou


intervenções das Forças de Paz da UA, no quadro da prevenção de conflitos,
segundo Van-Dúnem (2007):

O conceito de prevenção de conflitos fica, em muitos casos, subentendido


nos conceitos de resolução de conflitos (conflict resolution), pacificação
(peacemaking), manutenção da paz (peacekeeping), imposição da paz
(peace-enforcement) e, a partir dos meados da década de 90, no conceito
de construção da paz após o conflito (post-conflict peacebuilding). Estes

11
conceitos tornaram-se os guias centrais de intervenção internacional para
a resolução de conflitos inter-estatais ou intra-estatais” (p. 10).

Na secção que segue, procuraremos discorrer com maior pormenor sobre os


mecanismos que a UA dispõe para prevenção, gestão e resolução de conflitos.

2.1. O Mecanismo da União Africana para a Prevenção, Gestão e


Resolução de Conflitos

Inicialmente, cumpre referir que, a adopção do Protocolo de Criação do Conselho


de Paz e Segurança da UA, a 10 de Julho de 2022, em Durban, na África do Sul,
particularmente a alínea h, do seu artigo 7º, sobre implementação da política de
defesa comum da UA, assim como a Declaração Solene sobre a Política Africana
Comum de Defesa e Segurança, adoptada em Sirte, no Grande Jamahiriya
Árabe, na Líbia, pela Segunda Sessão Extraordinária da Conferência da UA, que
decorreu de 27 a 28 de Fevereiro de 2004, os Chefes de Estados e de Governos
da UA, decidiram adoptar um Pacto Africano de Não-Agressão e de Defesa
Comum para responder às ameaças à paz, segurança e estabilidade do
continente, visando assegurar o bem-estar dos povos africanos.

No entanto, tal como já deixou-se dito, apesar de a UA integrar na sua estrutura,


além das Comunidades Económicas Regionais, um CPS, bem como as Forças
Africanas em Standby (ou em Estado de Alerta), e pelo facto de existirem vários
dispositivos normativos que estabelecem os parâmetros e as condições de
actuação ou intervenção das mesmas forças, o grande “calcanhar de Aquiles” das
missões de paz em África reside no seu fraco financiamento, decorrente do não
pagamento das quotas ou contribuições dos países membros, relegando as
resoluções do Conselho de Segurança da UA, em matéria de intervenção em
conflitos, à condição de simples enunciado de boas intenções.

Uma das versões mais hard sobre a incapacidade da União Africana no contexto
da prevenção, gestão e resolução de conflitos em África, é defendida por Van-
Dúnem (2007, p. 4), que sugere que, “todas as resoluções da UA para envio de
uma força de manutenção de paz tem pouca adesão dos Estados-membros e os
efectivos disponibilizados estão mal equipados e sub-financiados”. Van-Dúnem
assevera que os fiascos das missões da UA em Darfur, no Sudão, e na Somália

12
são os exemplos mais acabados dos insucessos da Organização no que tange à
resolução de conflitos. Portanto, as missões de paz em África ainda hoje
dependem muito dos financiamentos externos.

Por exemplo, à data de Dezembro de 2016, apenas 25 dos 54 países membros


da AU tinham pago as suas contribuições de 2016 na íntegra. E neste contexto,
de acordo o Relatório Especial do Tribunal de Contas Europeu5 de 2018, no
período de 2014-2020, foi atribuído à execução da APSA cerca de 14% do
financiamento global destinado à paz e segurança no quadro do Mecanismo de
Apoio à Paz em África e dos Pogramas Indicativos Regionais (PIR), numa média
de 50 milhões de euros por ano. Este montante, prossegue o Relatório,
representou um aumento de 150% em comparação com o período de
programação anterior. A União Europeia, no entanto, considera que o apoio à
APSA, designadamente através do reforço das capacidades da UA e das
organizações sub-regionais em matéria de prevenção e resolução de conflitos no
continente, pode reduzir as necessidades de financiamento das onerosas
operações de apoio à paz, cujos custos podem chegar aos 720 milhões de euros
por ano.

O mesmo documento assinala ainda que, apesar de várias decisões da


Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da UA e das disposições tomadas
aquando da criação do Conselho de Paz e Segurança, os montantes em falta nas
contribuições dos países membros da UA para o orçamento da organização e
para o Fundo para a Paz, além de terem resultado no subfinanciamento da APSA,
agudizaram a elevada dependência da UA face aos doadores. Além disso, os
peritos salientaram que não era expectável que África assumisse a
responsabilidade pelo programa para a paz e segurança no continente até que
esse programa se torne financeiramente autónomo.

Entendemos que, hoje é constatável, a emergência duma casta de pensadores no


panorama académico africano, e angolano em particular, que imbuídos duma
perspectiva afrocrática (ingénua) sobre os processos que permeiam a realidade

5
https://www.eca.europa.eu/Lists/ECADocuments/SR18_20/SR_APSA_PT.pdf

13
política, económica e social de África, defendem que os problemas africanos
carecem duma resposta endógena, ou seja, para estes, os problemas africanos
só terão soluções efectivas, quando estas forem elaboradas e executadas em
África e pelos africanos. Porém, ao contrário destes, Van-Dúnem (2007), defende
que:

A onda de pan-africanismo que invade o Continente, tentando passar a


ideia de que os africanos têm de resolver os próprios problemas, não tem
qualquer sustentabilidade. Os africanos continuam dependentes das
ajudas provenientes dos parceiros para o desenvolvimento, sobretudo
quando se trata de questões ligadas a prevenção de conflitos,
pacificação, resolução e manutenção da paz” (p. 7).

2.2. O Papel de Angola na Prevenção, Gestão e Resolução do


Conflito entre a RDC e o Ruanda

Assim sendo, odoptando uma perspectiva histórica sobre a situação de


conflitualidade prevalecente nas relações entre os dois países vizinhos, importa
salientar que esta complicou-se desde que a RDC recebeu, na parte leste do seu
território, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis em 1994.
Em Março deste ano, a RDC acusou o Governo do Ruanda de enviar militares
das forças especiais para o território congolês. Por seu turno, o Ruanda nega
qualquer prestação de apoio aos rebeldes, acusa o exército congolês de disparar
contra o seu território e de lutar ao lado das FDLR (Forças Democráticas para
Libertação do Ruanda), um grupo armado dirigido por indivíduos hutus que
fugiram do Ruanda depois de participar do genocídio de 1994. A actual escalada
da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23 de Março),
milícia armada que em 2012 fez oposição ao Governo congolês e gerou um
violento conflito que forçou o deslocamento de milhares de pessoas na
martirizada província do Kivu Norte6.

Importa lembrar que, o M23 era inicialmente uma milícia formada por tutsis da
RDC que, supostamente, segundo acusações do governo de Kinshasa tem sido

6
Vide. https://www.voaportugues.com/a/luanda-presidentes-da-rdc-e-do-ruanda-chegam-a-acordo-que-pode-
acabar-com-tens%C3%A3o-entre-os-dois-pa%C3%ADses/6647504.html

14
apoiada pelos governos de Ruanda e do Uganda. A 23 de Março de 2009, a
milícia assinou um acordo de paz com a RDC que culminou com a incorporação
dos seus membros no exército daquele país. Entretanto, em 2012, os rebeldes se
levantaram contra o Governo da RDC, acusando-o de incumprimento da sua
parte no acordo assinado três anos antes. Nasceu, assim, o M23, em referência à
data em que foi firmado o controverso pacto7.

Portanto, sendo a região dos Grandes Lagos estratégica, tendo presente o facto
de Angola e a RDC partilharem uma extensa fronteira terrestre, e porque mesmo
localizado num Estado, um conflito pode afectar sempre os seus vizinhos e
constituir-se numa séria ameaça à sua estabilidade, dado o carácter
transfronteiriço das deslocações dos refugiados, das redes de tráfico de armas e
das incursões de grupos armados, como sucede na região dos Grandes Lagos,
essa situação tem estimulado a procura à escala regional e continental de
soluções colectivas para os conflitos (M'Bokolo, 2011).

Foi assim que os Chefes de Estado e de Governo da UA decidiram criar uma


Conferência Internacional onde os Estados membros pudessem coordenar a
cooperação multilateral para paz, segurança, democracia e desenvolvimento na
região, tendo adoptado em Dezembro de 2006, em Nairobi, capital do Quénia, um
Pacto de Segurança e Estabilidade da Região dos Grandes Lagos, que entrou em
vigor em 2008 (Van-Dúnem, 2014).

Tendo consciência das consequências que os conflitos entre a RDC e o Ruanda,


representam para a Angola e demais países da sub-região, o presidente João
Lourenço, tal como sucedeu com o seu antecessor, o presidente José Eduardo
dos Santos, no quadro da presidência rotativa de Angola na CIRGL, tem levado a
cabo uma série de acções e empreendido esforços e iniciativas pessoais,
desenvolvendo uma espécie de relações diplomáticas ad hoc, na tentativa de ver
solucionado o diferendo entre os governos da RDC e do Ruanda, mantendo
contactos regulares com os seus homólogos, na busca de consenso e tentativa de evitar
a deflagração dum conflito armado de maiores proporções na região.

7
Ibidem

15
Nas variadíssimas rondas negociais, Luanda tem sido a placa-giratória das
políticas de gestão e resolução dos conflitos da região, tendo albergado várias
cimeiras que têm contado com as participações dos chefes de Estados e de
governos dos países beligerantes, bem como as respectivas chefias militares e
diplomáticas. Um exemplo suis generis do que acabamos de afirmar é a decisão
recentemente tomada na reunião da Comissão Mista Permanente dos dois
países, que decorreu de 20 a 21 de Julho sob mediação de Angola, no âmbito da
recomendação do Roteiro adoptado na Cimeira
Tripartida entre os Chefes de Estado de Angola, RDC e Ruanda8.

As delegações foram chefiadas por Christophe Lutundula Apala Pen'Apala, Vice-


primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação
Internacional da RDC, e Vincent Biruta, Ministro dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação Internacional do Ruanda, sob mediação do Ministro angolano das
Relações Exteriores, Téte António. Em sede daquele meeting, as partes
acordaram em discutir o Roteiro, incluíndo a restauração de um clima de
confiança mútua e a criação de condições para o diálogo e consultas políticas
entre os dois países diplomaticamente beligerantes, com o fito de encontrar a
melhor via para resolver a crise de segurança prevalecente.

Seria ingênuo pretender que, Angola, com todas as acçoes que tem vindo a
realizar no quadro da sua política externa, tem procurado apenas jogar um papel
de “Bom Samaritano” no contexto da sub-região, sem qualquer intenção de
projectar a sua imagem como uma potência emergente. Apesar de não
subscrevermos integralmente a perspectiva de Bembe (2016), quando este diz
que:

A posição de Angola como estado-director na África Austral, a sua


inserção na SADC, CEEAC, CGG (Comissão do Golfo da Guiné), CIRGL,
CPLP e PALOP, a par da sua capacidade de influência na UA valorizam a
condução de uma política externa multivectorial, isto é, uma leitura

8
https://www.angop.ao/noticias/politica/rdc-e-ruanda-criam-mecanismos-para-normalizacao-das-relacoes/

16
pragmática do equilíbrio dos poderes em África e nas relações Sul-Norte,
a que se aditam os reajustamentos geoestratégicos ditados pela
conjuntura e uma necessária aposta na diversificação de parcerias
estratégicas em todos os continentes, através da diplomacia económica e
da diplomacia de defesa (pp. 48-49).

Reconhecemos igualmente algum excesso de optimismo em Rocha (2013)


quando este diz que, de acordo com a análise do Economist Intellgence Unit (EIU)
de 2009, Angola reúne todas as condições para se tornar-se numa potência
regional em África, pelo facto de estar na região central do continente e ser da
Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), onde estão
também outros produtores africanos de petróleo. Rocha, prossegue afirmando
que, em termos militares, o EIU entende que Angola já é uma potência regional,
graças aos efectivos militares disponíveis (cerca de 100 mil), à natureza moderna
de determinados equipamentos da sua Força Aérea, à experiência acumulada
dos 27 anos de guerra civil e à participação em alguns conflitos militares nos
países vizinhos, o que lhe dá alguma vantagem em relação à muitos países das
regiões Austral e Central de África.

Finalmente, e no mesmo diapasão, em termos comparativos e de forma mais


pormenorizada, visando destacar a superioridade de Angola em relação aos
outros países da CIRGL e não só, no que tange ao efectivo militar, Bernardino
(2013), advoga que:

Os efectivos militares no exército angolano valem os do Burundi,


Camarões, Chade, Congo, Gabão, Guiné Equatorial e RCA,
conjuntamente, sendo que, no contexto da CEEAC, só é suplantada pela
RDC, que conta com 120 mil efectivos. Já na sub-região da SADC, a
posição militar de Angola só encontra contraponto na da África do Sul,
que é indiscutivelmente, em termos militares e económicos, a grande
potência regional e não só (pp. 565-567).

17
3. Conclusão

À guisa de conclusão, vale dar nota que, este ensaio teve como escopo analisar o
papel do Estado angolano na prevenção, gestão e resolução do diferendo que
tem colocado de costas viradas os governos da RDC e Ruanda. Tal como
deixamos claro ao longo desta reflexão, na análise destas questões, recusa-se,
desde logo, a adopção duma perspectiva subjectiva e voluntariamente
apaixonada, sendo que a prudência e a razão sugerem-nos um viés ou linha de
pensamento mais objectivo e coincidente com a realidade dos factos, no terreno
diplomático e militar da região dos Grandes Lagos.

Assim, salvo honrosas excepções, como são os casos do Egipto no


mediterrâneo africano, ou a Nigéria, na África Ocidental, ao nível do continente,
apenas a África do Sul tem legitimidade para reivindicar a sua posição de
Estado-director, pois a sua capacidade económica e militar dá-lhe vantagem em
relação aos restantes países africanos, quer do ponto de vista do seu soft
power (poder político-diplomático) ou hard power (poder económico e militar),
sendo indiscutivelmente o país que apresenta-se em melhores condições de
realizar missões de peacemaking ou peace-enforcement, no quadro das
políticas de defesa e segurança comum da UA.

E, last but not least, gostavamos de reforçar que, sem desprimor às posições
defendidas por Rocha (2013), Bernardino (2013) e Bembe (2016), que advogam
para Angola uma posição de potência regional e Estado-director em África, e
malgrado reconhecermos este país como destacado player do xadres
geopolítico da África Subsaariana e Central, desde logo o seu contributo e
voluntarismo na busca de soluções pacíficas para os conflitos entre Ruanda e
Uganda, RDC e Ruanda, na RCA, no Tchad, Sudão do Sul, etc, ainda assim,
julgamos ser mais realista situar Angola na categoria de potência emergente e
não um Estado-director em pleno. E quanto ao sucesso que espera-se da sua
mediação no diferendo entre a RDC e o Ruanda, julgamos que este dependerá
muito mais da vontade dos dois Estados em ultrapassar a situação, do que de
qualquer Agenda ou Roteiro imposto por Angola.

18
4. Referências Bibliográficas

Augé, M., & Colleyn, J. (2008). A Antropologia. 2.ª ed., Edições 70, p. 49.

Bembe, M.D. (2016). A Política Externa Angolana: Doutrina e prática, Mulemba, 6


(11), 48-49. https://journals.openedition.org/mulemba/1281

Bernardino, L. (2013). A Posição de Angola na Arquitectura de Paz e Segurança


Africana: Análise da função estratégica das Forças Armadas Angolanas,
Almedina, pp. 565-567.

Carneiro, E.M., & Ferreira, M.E. (2011). África Sub-Sahariana, Meio Século
Depois. Edições Colibri, pp. 29-30.

Gamba, A.P. (2012). Bósnia, Kosovo e Ruanda: O Conselho de Segurança das


Nações Unidas nos três conflitos. 1.ª ed., Mayamba editora, pp. 19-20.

Guedes, A.M. (2004). O Estudo dos Sistemas Jurídicos Africanos: Estado,


sociedade, direito e poder. Almedina, p. 92.

M'Bokolo, E. (2011). África Negra: História e civilização. 2.ª ed., Edições Colibri, p.
611.

Pereira, A.G., & Quadros, F. (2000). Manual de Direito Internacional Público, 3.ª
ed., Revista e Aumentada, Almedina, pp. 19-25

RDC e Rwanda apostam na normalização das relações. (2022, 22 de Julho).


Angop. https://www.angop.ao/noticias/politica/rdc-e-ruanda-criam-mecanismos-
para-normalizacao-das-relacoes/

Rocha, M.J.A. (2013). As Transformações Económicas Estruturais na África


Subsariana 2000-2010, 1.ª ed., Mayamba, pp. 179-180.

Roque, F. M. (Coord.). (2005). O Desenvolvimento do Continente Africano na Era


da Mundialização., Almedina, pp. 26;130.

Sen, A. (2007). Identidade e Violência: A ilusão do destino, 1.ª ed., Tinta-da-china,


pp. 133-134.

19
Tribunal de Contas Europeu. (2018). Relatório Especial. Arquitetura de Paz e
Segurança Africana: É necessário reorientar o apoio da EU, Nº 20.
https://www.eca.europa.eu/Lists/ECADocuments/SR18_20/SR_APSA_PT.pdf

União Africana. (2002, 9 de Julho). Protocolo Sobre o Estabelecimento do


Conselho de Paz e Segurança da União Africana. Conferência da União Africana,
1ª Sessão ordinária, Durban, África do Sul.
https://au.int/sites/default/files/treaties/37293treaty_0024_protocol_relating_to_the
_establishment_of_the_peace_and_security_council_of_the_african_union_p.pdf

Van-Dúnem, B. (2007). Prevenção de Conflitos em África: Da Organização da


Unidade Africana à União Africana, 1.ª ed., Periploi, pp. 7;10;136.

Van-Dúnem, B. (2014). Política Externa dos Estados e Diplomacia do Presidente


José Eduardo dos Santos, 1.ª ed., Universidade Lusíada de Angola, pp.
15;330;359.

20
- ANEXO 1

Da esquerda para direita, Paul Kagame, presidente do Ruanda; João Lourenço, presidente de
Angola e Félix Tshisekedi, presidente da RDC.

Foto: Pedro Parente, Angop, 10 de Agosto de 2022

Fonte: www.angop.ao/noticias/politica/antony-blinken-destaca-mediacao-de-angola-na-rdc/

21
- ANEXO 2

Comissão Conjunta Permanente, Angola, RDC e Ruanda, reunida em Luanda.

Foto: Domingos Cardoso- Angop, 22 de Julho de 2022

Fonte: https://www.angop.ao/noticias/politica/rdc-e-ruanda-criam-mecanismos-para-normalizacao-
das-relacoes/

22
- ANEXO 3

À esquerda, Vincent Biruta, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional do


Ruanda, no centro, Teté António, Ministro angolano das Relações Exteriores e à direita,
Christophe Lutundula Apala Pen'Apala, Vice-primeiro Ministro e Ministro dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação Internacional da RDC.

Foto: Domingos Cardoso- Angop, 22 de Julho de 2022

Fonte: https://www.angop.ao/noticias/politica/rdc-e-ruanda-criam-mecanismos-para-normalizacao-
das-relacoes/

23

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