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Objetivos da aula

∙ Ler e compreender o fragmento de um romance;


∙ Localizar informações explícitas;
∙ Inferir informações implícitas;
∙ Inferir o sentido de palavras e expressões.
PARA REFLETIR

∙ Você conhece o ditado popular “Quem conta um


conto aumenta um ponto”?
∙ O que ele sugere?
PARA REFLETIR

· Você conhece o ditado popular “Quem conta um


conto aumenta um ponto”?
· O que ele sugere?
O ditado sugere que há várias maneiras de contar
uma história, pois essa ação admite a habilidade
criativa do contador, que utiliza meios
para prender a atenção dos ouvintes.
A DESCOBERTA DA ESCRITA

Tentava escrever e eles surgiam, levando todo o material.


Confiscavam e sumiam. Sem satisfações, mas também sem
recriminações. Não diziam nada, olhavam e recolham o que
estava sobre a mesa.
Tentou mudar de casa, não adiantou. Eles chegaram, apenas
a caneta tocava o papel. Como se aquele toque tivesse a
capacidade de emitir um sinal, perceptível
somente por eles, como o infrassom para
um cachorro.
Levaram todos os papéis. E, quando ele tentou comprar, as
papelarias não venderam sema a requisição oficial. Nenhum
tipo de papel, nada. Caderno, cada criança tinha direito a
cotas estabelecidas. Desvio de cadernos era punido com
degredo perpétuo. Rondou as padarias e descobriu que o
pão era embrulhado em plásticos finos, transparentes.
E, quando quis comprar um jornal, viu que as margens não
eram brancas, vazias. Agora, havia nelas um chapado preto,
para impedir que se escrevesse ali. Uma noite, altas horas,
escreveu nas paredes. E pela manhã descobriu que eles
tinham vindo e caiado sobre os escrito. Escreveu
novamente. Caiaram, outra vez. Na terceira, derrubaram as
paredes.
Ele procurava desmontar caixas, aproveitar as áreas
internas. Eles tinham pensado nisso, antes. As partes
internas eram cheias de desenhos, ou com tintas escuras
sobre as quais era impossível gravar alguma coisa.
Experimentou panos brancos, algodão cru, cores leves como
o amarelo, o azul claro. Eles também tinham pensado. As
tintas manchavam o pano, borravam, as letras se
confundiam.
Eles não proibiam, prendiam ou censuravam.
Pacientemente, vigiavam. Controlavam. Dia a dia, minuto,
segundos. Impediam que ele escrevesse. Sem dizer nada,
simplesmente tomando: objetos, lápis, canetas, cotos de
carvão, pincéis, estiletes de madeira, o que ele inventasse.
Dois, cinco, doze anos se passaram. Ele experimentou
fabricar papel, clandestinamente, em porões e
barracos escondidos no campo. Eles
descobriram, arrebentavam as máquinas,
destruíam as matérias-primas.
Ele tentou tudo: vidros, madeira, borracha, metais. Percebia,
com o passar do tempo, que eles não eram os mesmos. Iam
mudando, se revezando. Constantes, sempre incansáveis,
silenciosos.
Deixou o tempo correr. Fez que tinha desistido. Só pensava,
escrevia dentro da própria cabeça tudo o que tinha. Esperou
dois anos, cinco, doze. Quando achou que tinha
sido esquecido, colocou o material num
carro.
Tomou estradas para o norte, regiões menos povoadas.
Cruzou pantanais, sertões, desertos, montanhas. Calor, frio,
umidade. Encontrou uma planície imensa, a perder de vista.
Onde só havia pedras. Ficou ali. Com martelo e cinzel,
começou a escrever. Gravando bem fundo nas pedras
imensas os sinais. Ali podia trabalhar, sem parar.
E o cinzel formava, lentamente, as, bês, cês,
dês, pês. Traços. Palavras, desenhos.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O homem do furo na mão E outras histórias. São Paulo:
Ática, 1987. p. 29-30.
EXERCÍCIO 1

Tentava escrever e eles surgiam, levando todo o material.


Confiscavam e sumiam. Sem satisfações, mas também sem
recriminações. Não diziam nada, olhavam e recolham o que
estava sobre a mesa.
a) Quem são os personagens? Explique.
b) Eles não têm nome. Que efeito isso causa?
CORREÇÃO 1

a) O protagonista é alguém que tenta escrever e o


antagonista é um grupo de pessoas que impedem
o personagem principal de escrever.
b) O efeito cria um clima de indefinição e
suspense.
EXERCÍCIO 2
Tentou mudar de casa, não adiantou. Eles chegaram, apenas a
caneta tocava o papel. Como se aquele toque tivesse a
capacidade de emitir um sinal, perceptível somente por eles,
como o infrassom para um cachorro.

Em um conto, o conflito desencadeia uma série de


acontecimentos.
a) No conto lido, como o conflito ajuda a
produzir o suspense e a tensão?
b) Qual é o momento de maior tensão?
CORREÇÃO 2

a) A sequência de tentativas fracassadas do


protagonista cria um clima de aflição e desejo
sobre como será o término do conflito.
b) O momento de maior tensão está na tentativa
de fabricar papel de modo clandestino, quando
arrebentam as máquinas.
EXERCÍCIO 3
Tomou estradas para o norte, regiões menos povoadas.
Cruzou pantanais, sertões, desertos, montanhas. Calor, frio,
umidade. Encontrou uma planície imensa, a perder de vista.
Onde só havia pedras.

Uma característica desse conto é transpor como as coisas


normalmente acontecem, aproximando-se do
imaginário.
a) Como isso é inserido no texto?
CORREÇÃO 3

a) Esse cenário que se aproxima do imaginário é


inserido por meio das várias tentativas de tentar
escrever com diversos materiais e em diversos
suportes e, também, pelos diversos lugares e
temperaturas.
EXERCÍCIO 4
Você já teve a experiência de se entreter com histórias
encantadoras, engraçadas ou horripilantes, contadas por
alguém que vai envolvendo os acontecimentos e os leitores,
utilizando o suspense, a emoção e a curiosidade. Então,
escreva um parágrafo sobre uma dessas histórias.
O que vimos nesta aula...

Nesta aula compreendemos algumas características do


conto lido; identificamos os personagens da história;
compreendemos como o conflito contribui para o
suspense e a tensão da história.
Referências

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. Ed. São Paulo. IBEP,
2009.
DELMANTO, D.; CARVALHO, L. B. Português: conexão e uso. São Paulo. Saraiva, 2018.
OLIVEIRA, Tania Amaral, ARAÚJO, Lucy Aparecida Melo. Tecendo Linguagens língua portuguesa 9º ano.
Barueri, São Paulo. IBEP, 2018.

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