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Julho 2018
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
Julho 2018
RESUMO
To know the particle size distribution by rock blasting is essential to adjust the material to
next stages of the mineral processing. Therefore, fragmentation models are used in mining to
describe the particle size distribution of a blasted rock mass. The degree of rock fragmentation
is related to the geomechanical properties of the rock mass, design blast layout, and the
explosive properties. The particle size distribution of the fragments generated by rock blasting
is in accordance with above-referred characteristics using empirical models such as the Kuz-
Ram model and Two Components Model - TCM. Kuz-Ram model is the more used because
is easy get the data to its implementation and because it is considered simple. However, its
predictability for the fine particles (< 10 mm) is not considered adequate. The TCM model
considers the rock fragmentation by explosives in two processes: the compressive and shear
stress, with a predominance of the explosive charge and the tensile stress that prevails in the
regions further away from the hole. Whereby, in this model, the prediction of fines is better
represented. These models have the purpose of guiding a more efficient blasting rock, in order
to reduce costs in the following operations, as in reduction energy necessary to fragment the
ore in other operations of comminution, to avoid problems with big boulders and,
consequently, interruption in production. Therefore, the present study aims to analyze the
behavior of two different models that predict the material particle size distribution from
blasting, verifying how they behave for different types of rocks and with different blast design
layout.
Figura 7 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha aberta para os
modelos Kuz-Ram e TCM. .................................................................................................. 29
Figura 8 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha intermediária para
os modelos Kuz-Ram e TCM. .............................................................................................. 30
Figura 9 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha fechada para os
modelos Kuz-Ram e TCM. Fonte: Autor, 2018 .................................................................... 31
Figura 10 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha aberta, nos diferentes
cenários estudados. .............................................................................................................. 32
Figura 12 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha fechada, nos
diferentes cenários propostos. .............................................................................................. 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 4: Relação entre volume desmontado por furo e respectivas toneladas de rochas
fragmentadas: ...................................................................................................................... 28
Tabela 7: Características dos cenários para plano de fogo com a malha fechada ................... 31
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7
2.3. Relevância................................................................................................................ 8
3. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 9
4. METODOLOGIA ......................................................................................................... 25
5. RESULTADOS ............................................................................................................. 27
6. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 37
1. INTRODUÇÃO
No entanto, é possível observar que essa mudança traz significativa melhora na qualidade da
fragmentação e pode reduzir a taxa de material transferido para o britador e moinhos.
Consequentemente, os custos associados ao desmonte são superados pela redução da energia
empregada na usina para cominuir o material. Além disso, há ganho na produtividade geral,
que pode apresentar um aumento de até 30% no rendimento (DANCE, 2013).
A fim de caracterizar o material fragmentado pelo desmonte de rocha, surgiram modelos que
buscam oferecer a previsão da distribuição de tamanho dos fragmentos. Esses modelos de
fragmentação têm por objetivo nortear o engenheiro no planejamento do desmonte, pois
permite avaliar o efeito das alterações dos parâmetros do plano de fogo e características
geotécnicas segundo a discretização do bloco a ser desmontado. Busca-se assim, avaliar os
efeitos das mudanças a montante do desmonte e melhor custo benefício na integração mina e
usina de beneficiamento.
8
2. OBJETIVOS E RELEVÂNCIA
2.3. Relevância
Desmonte mais eficiente pode reduzir custos nas operações seguintes. Por exemplo, reduz a
energia necessária para fragmentar o minério nas demais operações de cominuição. Pode
também evitar problemas de bloqueio da britagem devido à geração de matacões e,
consequentemente, interrupção no processamento mineral, fato que eleva o custo de produção
3. DESENVOLVIMENTO
Os modelos de fragmentação tem por finalidade prever com razoável precisão a distribuição
de tamanho das rochas desmontadas por explosivos e oferecer maior controle sobre a
fragmentação. Além disso, a modelagem permite estimar a distribuição dos fragmentos para
diferentes geometria de plano de fogo e características dos explosivos.
Levantar dados:
Novo modelo de
Geologicos; do
fragmentação
desmonte; dos
para a mina
resultados práticos
Verificar a
previsão da
fragmentação em
um modelo
clássico
Figura 1 - Processo de atualização contínua de modelos de fragmentação. Modificado pelo autor.
Fonte: ROCHA et al, 2015
𝑆 𝐶𝐸
𝐾50 = 𝑠 𝑒 (0,28 ln 𝐵−0,145ln(𝐵)−1,18 ln( 𝑐 )−0,82) (3.1)
Onde:
s: constante de fragmentabilidade. É um fator que considera a heterogeneidade e
descontinuidade do maciço rochoso. Para rochas altamente fissuradas s = 0,60, na
outra extremidade, para rochas homogenias s = 0,40.
B: afastamento (m);
S/B: relação espaçamento/afastamento;
CE: carga específica (kg/m3);
c: equivalente ao consumo específico de explosivo gelatinoso necessário para
fragmentar a rocha, normalmente varia de 0,3 e 0,5 kg/m3.
𝐶𝐸 −0,82
′
𝑇 2,5 (0,29𝑙𝑛𝐵2 √1,25
𝑠
− 1,18𝑙𝑛(
𝑐
) )
𝐾50 = 𝑠 [1 + 4,67 ( ) ] 𝑒 (3.2)
𝐿
Onde:
B: afastamento (m);
S: espaçamento (m);
CE: carga específica (kg/m3);
c: constante da rocha;
s’: constante de fragmentabilidade;
T: comprimento do tamponamento (m);
L: comprimento do furo (m).
𝑥 𝑛
[−( ) ] (3.3)
𝑃0 (𝑥) = 𝑒 𝑥0
Onde:
P0(x): Material retido na abertura da peneira igual a x. Pode ser interpretado como a
probabilidade de um fragmento ter uma dimensão maior que x;
x0: Dimensão característica dos fragmentos, pois assume-se que após a detonação os
fragmentos são geometricamente semelhantes;
n: Determina a uniformidade da pulverização.
Koshelev et al (1971), afirma que para n = 1, não desejado, corresponde a situação em que a
superfície total de todas as partículas e, consequentemente, a energia gasta para sua geração se
aproximam do infinito. Para n > 1, como n = 1,5, esses valores de superfície e energia
diminuem rapidamente.
𝜑𝑥 = 1 − 𝑃0 (𝑥) (3.4)
4⁄
1⁄ 𝑉0 5 (3.5)
𝑥0 ≈ 10𝑄 ( )
6
𝑄
xo: Tamanho médio dos fragmentos [cm];
Vo: Volume da rocha desmontada [m3];
Q: Peso do explosivo [kg].
O coeficiente 10 é relativo à competência da rocha, que é melhor abordado nos
estudos desenvolvido por Kuznetsov (1973).
O erro apresentado nos estudos desenvolvidos na época foi em torno de 15%, entre os
resultados obtidos pelo modelo e os resultados práticos (KOSHELEV et al, 1971)
Dando continuidade nos estudos, Kuznetsov (1973) propõe uma equação que descreve a
quantidade de quebra que ocorre com uma quantidade conhecida de energia do explosivo, que
pode ser estimada usando a equação 3.6:
13
1⁄
𝑋50 = 𝐴𝐾 −0,80 𝑄𝑜 6 (3.6)
Outros modelos foram apresentados ao longo dos anos tentando prever a distribuição de
tamanho resultante da detonação de rochas por explosivos. Atualmente, os modelos podem ser
abordados de duas formas:
Modelagem empírica: é o modelo empregado na prática de desmonte de rochas na
mineração, onde infere-se a fragmentação mais fina a partir de maior consumo de
energia;
Modelagem mecanicista: acompanha a física de detonação e o processo de
transferência de energia na rocha, segundo o plano de fogo. Essa abordagem é capaz
de ilustrar o efeito de parâmetros individuais. No entanto, é mais difícil de aplicar pois
há limite de escala, requer um período de tempos maior e sofre com a dificuldade de
aquisição de dados sobre a detonação, a rocha e os resultados finais. Também requer
maior ou menor grau de empirismo, portanto não é necessariamente mais preciso
(CUNNINGHAM, 2005).
19⁄
1⁄ 115 30
𝑋50 = 𝐴𝐾 −0,80 𝑄𝑜 6( ) (3.7)
𝐸𝑟
𝑛
(−0,693(
𝑋
) ) (3.8)
𝑅=𝑒 𝑋50
Sendo o percentual passante para uma determinada abertura da malha da peneira, igual a:
𝑃 = 100(1 − 𝑅) (3.9)
Onde:
B: Afastamento [m]
S: Espaçamento [m]
H: Altura da bancada [m]
D: Diâmetro do furo [mm]
W: Desvio do furo [m]
L: Comprimento da carga [m];
Os resultados obtidos nesse modelo de fragmentação permitem uma visão genérica do que se
espera de um determinado plano de fogo. Serve como base para avaliar os diferentes
parâmetros e para avaliar os efeitos quando se altera certas variáveis, além de prever a
distribuição de tamanho dos fragmentos (CUNNINGHAM, 2005).
16
Segundo Teixeira (2010), o modelo Kuz‐Ram é simplista, uma vez que tenta calcular um
conjunto de parâmetros por meio de fatores empíricos. Tal modelo não considera a
fragmentação derivada dos desmontes anteriores, que podem provocar impacto no corte do
desmonte, originando fissuras na nova frente criada. Assim, parte do pressuposto que a
maioria da rocha entre furos partirá pelas descontinuidades o que pode resultar num erro na
estimativa da curva granulométrica.
Fase I: representada pela presença de uma onda de detonação que se propaga através
da rocha circundante. Ocorre em um curto intervalo de tempo e está vinculada a
energia de tensão;
Segundo Lopez Jimeno (1995), a fragmentação da rocha detonada por explosivo envolve os
seguintes mecanismos de rotura:
Reflexão da onda de choque: quando a onda de choque alcança a face livre elas são
refletidas gerando ondas de tração e cisalhamento. Este mecanismo contribui
relativamente pouco para o processo global de fragmentação.
Extensão e abertura das gretas radiais: devido à expansão e penetração dos gases nas
fraturas.
18
Rotura por flexão: devido à pressão dos gases da explosão a rocha comporta como
uma viga quando se flexiona;
Rotura por colisão: ocorre quando fragmentos se chocam contra outros fragmentos.
A teoria da reflexão das ondas de choque se baseia no fato de que a rocha é menos resistente à
tração do que à compressão (resistência à tração é cerca de 10 a 15 vezes menor que a
19
resistência à compressão) e mostra que o pulso da tensão compressiva, gerado pela detonação
de uma carga explosiva, move-se através da rocha em todas as direções com uma amplitude
decrescente. Este pulso é refletido na face livre e é convertido em uma tensão de tração, que
retorna ao ponto de origem, criando fraturas de tração no maciço rochoso. Esse processo pode
ser observado nas figuras 4 e 5 (MORAIS, 2004):
Em 1999, Djordjevic propôs ajuste no modelo Kuz-Ram, baseando se no fato de ter duas
regiões distintas no processo de detonação e, consequentemente, dois mecanismos de
fragmentação da rocha, a saber:
A primeira região corresponde àquela que está em contato direto com a carga
explosiva. Nessa região a fragmentação ocorre devido aos esforços de compressão e
cisalhamento;
Cabe rassaltar que existe outros importantes mecanismos de rotura e outros diferentes
mecanismos de dispersão de energia, como o calor, discutido anteriormente e que não são
considerados nesse modelo de fragmentação.
Segundo a concepção desse modelo, para modelar a distribuição de tamanhos dos fragmentos
gerados por dois mecanismos diferentes é necessário empregar uma função com duas
21
𝑀0 𝜋𝑟 2
𝐹𝑐 =
= (3.13)
𝑀 𝐵𝑆
Fc: Fração da massa total que é desmontada devido a tensões de compressão e
cisalhamento, corresponde à parte do material que sofreu pulverização;
M0: Massa da rocha fragmentada por compressão/cisalhamento
M: Massa total da rocha fragmentada por furo detonado;
r: Raio de abrangência da tensão de compressão e cisalhante [m];
B e S: Afastamento e espaçamento respectivamente [m];
(3.14)
𝐹𝑡 = 1 − 𝐹𝑐
O raio de abrangência das tensões compressivas e cisalhantes, ou seja, da zona que sofre
pulverização é:
𝑟
𝑥= (3.15)
24𝑇0 0,5
( )
𝑃𝑏
r: Raio do furo [m];
T0: Resistência à tração da rocha;
Pb: Pico de tensão na detonação no furo (HUSTRULID & JOHNSON, 2008):
𝜌𝑉𝑂𝐷𝑒 2 (3.16)
𝑃𝑏 =
8
Cada região prevista pelo modelo TCM apresenta sua função distribuição:
𝑥⁄ )𝑑 )
𝑃1 = 100 (1 − 𝑒 (−0639( 𝑐 ) (3.17)
d:Coeficiente de uniformidade:
1
𝑙𝑛 (𝑙𝑛 ((1−%𝑓𝑖𝑛𝑜𝑠)0,693 ))
𝑑= (3.18)
𝑙𝑛(1⁄𝑥50 )
𝑥⁄ )𝑏 )
𝑃2 = 100 (1 − 𝑒 (−0639( 𝑎 ) (3.19)
A soma das duas funções distribuição multiplicada pela suas respectivas frações de massas é
dada pela equação 3.21:
𝑥⁄ )𝑏 ) 𝑥⁄ )𝑑 ) (3.21)
𝑃 = 1 − (1 − 𝐹𝑐 )𝑒 (−0639( 𝑎 − 𝐹𝑐 𝑒 (−0639( 𝑐
O índice de blastabilidade desenvolvido por Lilly, expresso pela equação 3.22, consiste em
uma classificação geomecânica que leva em consideração características como o espaçamento
23
Fator da rocha
Cunningham (1987) modificou o índice de blastabilidade proposto por Lilly, dando origem ao
fator de rocha A que busca melhor quantificar a classificação geomecânica do maciço
rochoso:
Lopez Jimeno et al (1995), afirma que o fator de rocha pode apresentar valores menores
quando se trata de rochas brandas.
3 – Rocha muito branda, 3 < f < 5;
A = 5 – Rocha branda, 5 < f < 8;
f: fator de Protodyakonov.
24
4. METODOLOGIA
Os dados necessários para gerar esses diferentes cenários foram baseados nos trabalhos
realizados por Morais (2004) e Nogueira (2000).
Quanto às características do plano de fogo, foi verificado como cada modelo responde a
diferentes configurações, variando entre plano de fogo aberto, intermediário e fechado. Para
tal, alterou-se a relação espaçamento/afastamento e diâmetro de perfuração.
A altura da bancada foi mantida constante nos três casos estudados, com comprimento de 16
metros. Buscou-se manter a relação espaçamento/afastamento ~ 1,3 e de forma a não produzir
fragmentos com dimensão acima de 1 metro de diâmetro.
Tipo de malha
Aberta Intermediária Fechada
Afastamento [m] 6,5 5 3
Espaçamento [m] 8,5 6,5 4
Diâmetro do furo [pol] 12,5 10 6
3
Razão de carga [kg/m ] 1,08 1,34 1,53
Para análise econômica, verificou-se como o preço por volume desmontado é influenciado
pelo tipo de malha e segundo os cenários estudados. Foram feitas as seguintes considerações:
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Os valores crescentes entre os cenários estudados por metros perfurado se justifica pelo fato
de que quanto mais competente é a rocha, maior energia é requerida para sua perfuração, logo
maiores serão os gastos associados.
Para análise econômica dos diferentes planos de fogo propostos considerou os custos totais
equivalentes à soma dos custos com explosivos, acessórios e custos de perfuração.
27
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2 permite verificar a relação existente entre os parâmetros do plano de fogo quando
aplicados em diferentes configurações. Por exemplo, quando se emprega malha mais aberta
com maiores comprimentos de afastamento e espaçamento é necessário maior diâmetro de
perfuração. Mas como a malha é muito espaçada a razão de carga é menor, no caso em
questão é de 1,08 kg/m3.
Na tabela 3 é mostrado os diferentes cenários propostos como base para comparação dos
modelos de fragmentação.
Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
3
Densidade da rocha [g/cm ] 3,2 Densidade da rocha [g/cm3] 3,8
Módulo Young [GPa] 6,5 Módulo Young [GPa] 30
UCS [MPa] 30 UCS [MPa] 78
Resistência a tração [Mpa] 4,3 Resistência a tração [Mpa] 9
Analisando a tabela 3 é possível constatar que há uma relação entre o fator de rocha e as
características geomecânica do maciço rochoso. Quanto mais friável e fraturado é o material,
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menor será seu fator de rocha. Por outro lado, elevado fator de rocha representam materiais
mais competentes, como representado pelos cenários 3 e 4.
Tabela 4: Relação entre volume desmontado por furo e respectivas toneladas de rochas
fragmentadas:
Malha aberta
Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,3 n: Índice de uniformidade 1,3
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 91,7 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 163,0
Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,3 n: Índice de uniformidade 1,3
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 357,5 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 437,9
29
Figura 7 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha aberta para os modelos Kuz-Ram e
TCM.
Fonte: Autor, 2018
Analisando os gráficos da figura 7, vê-se que as rochas mais friáveis e brandas sofrem maior
grau de fragmentação e as rochas mais competentes, estando ou não fraturadas, apresentam
maior resistência a fragmentação. É o que pode ser constado também através do tamanho
médio dos fragmentos (D50 do modelo Kuz-Ram) visto na tabela 5 e através da proporção de
fragmentos abaixo de 10 mm. Conforme a tabela 8, considerando a malha aberta para o
modelo Kuz-Ram, vê-se que as rochas mais brandas são responsáveis pela maior geração de
finos, em torno de 3,6%. Já as rochas mais resistentes, representadas pelos cenários 3 e 4,
estão associadas a menor geração de material fino (< 10 mm), na proporção de 0,6 e 0,4%
respectivamente.
Quando a mesma análise é realizada para o modelo TCM para malha aberta, as rochas mais
brandas, como o cenário 1, continuam sendo as responsáveis pela maior geração de finos,
porém numa proporção maior do que verificado no modelo Kuz-Ram, em torno de 9,0%. As
rochas mais resistentes, cenários 3 e 4, permanecem associadas a menor geração de material
fino (< 10 mm), no entanto, numa proporção maior de 3,0 e 2,5% respectivamente.
30
Malha intermediária
Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,5 n: Índice de uniformidade 1,5
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 73,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 130,0
Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,5 n: Índice de uniformidade 1,5
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 285,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 349,2
Figura 8 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha intermediária para os modelos Kuz-
Ram e TCM. Fonte: Autor, 2018
Em rochas mais duras que são de difícil fragmentação, furos de diâmetro menores oferecem
melhor distribuição da energia do explosivo em todo o maciço a ser detonado, resultando em
maior grau de fragmentação. Caso o espaçamento entre as descontinuidades for grande e
divide o maciço rochoso em grandes blocos, a otimização da fragmentação é obtida se cada
bloco for interceptado por um furo. Normalmente, isso requer furos de diâmetro menores e
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Malha fechada
Tabela 7: Características dos cenários para plano de fogo com a malha fechada
Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,8 n: Índice de uniformidade 1,8
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 57,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 101,5
Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,8 n: Índice de uniformidade 1,8
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 222,5 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 272,6
Figura 9 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha fechada para os modelos Kuz-Ram e
TCM. Fonte: Autor, 2018
O tamanho médio dos fragmentos diminui conforme a malha de perfuração se adensa. Houve
uma redução de 20% do tamanho médio da malha aberta para intermediária e cerca de 38%
entre a malha aberta para a fechada.
Malha aberta
Figura 10 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha aberta, nos diferentes cenários
estudados.
Fonte: Autor, 2018
33
Malha intermediária
Figura 11 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM, nos diferentes cenários estudados para malha
intermediária.
Fonte: Autor, 2018
34
Malha fechada
Figura 12 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha fechada, nos diferentes cenários
propostos.
Fonte: Autor, 2018
Os principais resultados obtidos pela análise dos gráficos acima foram registrados na tabela a
seguir:
35
Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 172,96 307,40 674,23 825,88 P80 (mm) 179,29 312,99 685,45 836,99
P50 (mm) 91,72 163,01 357,54 437,97 P50 (mm) 91,16 162,82 357,22 437,70
P20 (mm) 39,07 69,43 152,29 186,55 P20 (mm) 32,45 64,32 142,38 176,65
% 10 mm 3,59% 1,69% 0,60% 0,46% % 10 mm 9,03% 4,46% 3,09% 2,54%
Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 127,45 226,50 496,80 608,54 P80 (mm) 131,82 230,45 504,55 616,41
P50 (mm) 73,14 129,98 285,09 349,22 P50 (mm) 72,67 129,81 284,81 348,99
P20 (mm) 34,64 61,57 135,04 165,41 P20 (mm) 28,91 57,14 126,38 156,80
% 10 mm 3,33% 1,41% 0,43% 0,32% % 10 mm 9,30% 4,50% 3,22% 2,64%
Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 92,18 163,84 359,35 440,17 P80 (mm) 94,86 166,25 364,09 444,98
P50 (mm) 57,09 101,47 222,55 272,61 P50 (mm) 56,79 101,35 222,35 272,45
P20 (mm) 29,96 53,25 116,80 143,07 P20 (mm) 25,73 49,98 110,48 136,78
% 10 mm 3,19% 1,17% 0,30% 0,21% % 10 mm 9,14% 4,26% 3,05% 2,50%
Pela análise dos gráficos e da tabela acima, observa-se que a o P80 e o P50 (80% e 50%,
respectivamente, do material abaixo da granulometria indicada) apresentam tamanhos
aproximadamente equivalentes, quando comparado os modelos Kuz-Ram e TCM.
Comparando o P80 para diferentes malhas, vê-se que na malha fechada a fragmentação é cerca
de 47% maior que na malha aberta e 28% maior que na malha intermediária. Para o P50, a
fragmentação originada da malha fechada é aproximadamente 38% maior que na malha aberta
e 22% maior que a malha intermediária.
Para 20% do material passante (P20) na granulometria indicada em cada cenário, observa que
o modelo Kuz-Ram estima um tamanho ligeiramente maior que o modelo TCM.
36
No modelo Kuz-Ram, as rochas que apresentaram maior proporção de finos foram as rocha
friáveis e fraturadas, representadas pelos cenários 1 e 2, porém em uma porcentagem muito
menor do que a prevista no modelo TCM. Assim sendo, sugere-se que o modelo Kuz-Ram
subestima a geração de finos. Sendo assim, é necessário realizar comparação da curva prevista
pelo modelo com a curva real dos fragmentos provenientes do desmonte, para constatar esse
resultado.
Para análise econômica foi verificando como o custo total associado ao desmonte do maciço
rochoso varia dentro de um mesmo cenário e entre os cenários segundo a malha de
perfuração, conforme mostrado na tabela 9.
6. CONCLUSÃO
Trabalhos desenvolvidos por Comeau (1996) e JKMRC (1998) apud Grundstrom et al (2001)
mostraram que o modelo Kuz-Ram subestimam a proporção de fragmentos finos, comparando
a curva obtida pelo modelo com a fragmentação in situ. Também considerando os resultados
teóricos obtidos nesse trabalho, sugere-se que, caso a produção de fino for indesejada no
processo, é indicado empregar o modelo de fragmentação TCM, que possibilita identificar e
quantificar a produção dos finos segundo os parâmetros do plano de fogo e características
intrínsecas a rocha, pois esse modelo apresentou uma boa previsibilidade dos fragmentos
finos. Cabe ressaltar, que a aderência aos modelos necessitam de calibração através da curva
real da fragmentação.
Ainda considerando os estudos de Comeau (1996) e JKMRC (1998), quando a fração mais
fina do material desmontado não apresentar significativas interferências no processo de
beneficiamento posterior, o modelo Kuz-Ram é preferencialmente escolhido devido sua
facilidade de implementação e por requerer dados de simples obtenção.
Segundo os modelos utilizados, quanto à variação dos parâmetros do plano de fogo, é possível
perceber que para rochas mais brandas e com alto grau de fraturamento, o desmonte é mais
eficiente em termos de distribuição granulométrica. O que pode ser interpretado como
memores custos energéticos nas etapas de fragmentação seguintes.
Nas rochas duras e altamente duras, o grau de fraturamento é otimizado à medida que a malha
de perfuração se adensa. Pois nessas rochas furos de pequeno diâmetro e malhas mais
fechadas oferecem melhor distribuição da energia do explosivo, gerando maior grau de
fragmentação. A elevação de custos para empregar esse tipo de malha, pode ser superada com
a economia de energia nas próximas etapas de fragmentação.
A análise econômica mostrou que custos por metro cúbico de rocha desmontado aumentam à
medida que a malha de perfuração se adensa e segundo cresce a competência da rocha. Os
menores custos estão associados à malha mais aberta, mas resulta em uma granulometria mais
38
O presente trabalho foi capaz de apontar as principais semelhanças e limitações dos modelos
de fragmentação Kuz-Ram e TCM, por meio da variação de parâmetros do plano de fogo e
descrição do maciço rochoso, além de demonstrar a influência sobre os custos totais em cada
malha proposta e em cada cenário estudado.
39
Analisar como cada plano de fogo, dos diferentes cenários propostos, interfere nas
próximas etapas de cominuição.
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HUSTRULID, William. Blasting Principles for Open Pit Mining. Volume 1 – General
design concepts. Rotterdam: Balkema, 1999. Pág 377.
HUSTRULID, William; JOHNSON, Jeffrey. A gas pressure-based drift round blast design
methodology. In: Proceedings of the 5th international conference on mass mining. Luleå,
Sweden, 2008. Disponível em <
https://www.cdc.gov/niosh/mining/UserFiles/works/pdfs/agpbd.pdf>. Acesso: 02 maio 2018