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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais

Modelos de Fragmentação Kuz-Ram e TCM:


Estudo comparativo dos modelos de fragmentação empregados na previsão
granulométrica da rocha desmontada por explosivos

Julho 2018
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais

Modelos de Fragmentação Kuz-Ram e TCM:


Estudo comparativo dos modelos de fragmentação empregados na previsão da
granulometria da rocha desmontada por explosivos

Aluna: Danielle Esteves Torres de Souza

Professor orientador: Douglas B. Mazzinghy

Julho 2018
RESUMO

Conhecer a distribuição granulométrica dos fragmentos proveniente do desmonte de rocha por


explosivos é essencial para adequar o material para as próximas etapas do processamento
mineral. Sendo assim, são empregados na mineração modelos de fragmentação que buscam
descrever a granulometria do maciço rochoso detonado. O grau de fragmentação da rocha por
detonação está associado com as propriedades geomecânicas do maciço rochoso,
características do plano de fogo e com os fatores intrínsecos ao explosivo. A distribuição
granulométrica dos fragmentos gerados pelo desmonte de rochas segundo a variação das
caracteristicas supracitadas são inferidas empregando-se modelos empíricos, como o modelo
Kuz-Ram e Two Components Model - TCM. O modelo Kuz-Ram é o de mais ampla
amplicação devido à facilidade de obtenção de dados para sua implementação e por ser
considerado de simples empregabilidade. Porém, não oferece uma adequada previsibilidade
para os fragmentos finos (< 10 mm). Já o modelo TCM considera que a fragmetação da rocha
por explosivo ocorre por dois processos: pela tensão de compressão e cisalhamento, com
predomínio ao redor da carga explosiva e pela tensão de tração que prevalece na região mais
afastada do furo. Por isso, nesse modelo a previsão dos finos é melhor representada. No
contexto da mineração, os modelos de fragmentação têm a finalidade de orientar um
desmonte mais eficiente, de forma a reduzir custos nas operações seguintes, como na redução
de energia necessária para fragmentar o minério nas demais operações de cominuição, evitar
problemas de bloqueio da britagem e, consequentemente, interrupção da produção. Mediante
ao exposto acima, o presente estudo busca analisar o comportamento de dois diferentes
modelos que predizem a distribuição granulométrica do material desmontado por explosivo,
verificando como eles se comportam para diferentes tipos de rochas e com diferentes
características do plano de fogo.

PALAVRAS-CHAVE: Modelo de fragmentação; Kuz-Ram; TCM; Integração-Mina-Usina


ABSTRACT

To know the particle size distribution by rock blasting is essential to adjust the material to
next stages of the mineral processing. Therefore, fragmentation models are used in mining to
describe the particle size distribution of a blasted rock mass. The degree of rock fragmentation
is related to the geomechanical properties of the rock mass, design blast layout, and the
explosive properties. The particle size distribution of the fragments generated by rock blasting
is in accordance with above-referred characteristics using empirical models such as the Kuz-
Ram model and Two Components Model - TCM. Kuz-Ram model is the more used because
is easy get the data to its implementation and because it is considered simple. However, its
predictability for the fine particles (< 10 mm) is not considered adequate. The TCM model
considers the rock fragmentation by explosives in two processes: the compressive and shear
stress, with a predominance of the explosive charge and the tensile stress that prevails in the
regions further away from the hole. Whereby, in this model, the prediction of fines is better
represented. These models have the purpose of guiding a more efficient blasting rock, in order
to reduce costs in the following operations, as in reduction energy necessary to fragment the
ore in other operations of comminution, to avoid problems with big boulders and,
consequently, interruption in production. Therefore, the present study aims to analyze the
behavior of two different models that predict the material particle size distribution from
blasting, verifying how they behave for different types of rocks and with different blast design
layout.

KEY WORDS: Fragmentation model; Kuz-Ram; TCM; Mine-To-Mill


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo de atualização contínua de modelos de fragmentação. . ......................... 10

Figura 2 - Parâmetros do plano de fogo. .............................................................................. 14

Figura 3 - Principais mecanismos de ruptura da rocha .......................................................... 18

Figura 4 - Teoria da reflexão das ondas de choque. ............................................................... 19

Figura 5 - Mecanismo de ruptura por flexão ......................................................................... 19

Figura 6 - Regiões envolvidas no processo de fragmentação da rocha .................................. 20

Figura 7 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha aberta para os
modelos Kuz-Ram e TCM. .................................................................................................. 29

Figura 8 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha intermediária para
os modelos Kuz-Ram e TCM. .............................................................................................. 30

Figura 9 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha fechada para os
modelos Kuz-Ram e TCM. Fonte: Autor, 2018 .................................................................... 31

Figura 10 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha aberta, nos diferentes
cenários estudados. .............................................................................................................. 32

Figura 11 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM, nos diferentes cenários


estudados para malha intermediária. ..................................................................................... 33

Figura 12 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha fechada, nos
diferentes cenários propostos. .............................................................................................. 34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação geomecânica para descrição de maciços rochosos ............................ 24

Tabela 2: Parâmetros dos planos de fogo estudados .............................................................. 25

Tabela 3: Classificação geomecânica de diferentes cenários propostos ................................. 27

Tabela 4: Relação entre volume desmontado por furo e respectivas toneladas de rochas
fragmentadas: ...................................................................................................................... 28

Tabela 5: Cenários para plano de fogo com a malha aberta ................................................... 28

Tabela 6: Cenários para plano de fogo com a malha intermediária ........................................ 30

Tabela 7: Características dos cenários para plano de fogo com a malha fechada ................... 31

Tabela 8: Principais granulometrias obtidas na análise gráfica para os diferentes cenários e


plano de fogo estudados ....................................................................................................... 35

Tabela 9 – Custo por metro cúbico desmontado.................................................................... 36


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7

2. OBJETIVOS E RELEVÂNCIA ...................................................................................... 8

2.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 8

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................ 8

2.3. Relevância................................................................................................................ 8

3. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 9

3.1. Modelos de fragmentação ......................................................................................... 9

3.2. Breve histórico dos precursores dos modelos atuais de fragmentação...................... 10

3.3. Modelos de fragmentação para desmonte de rocha ................................................. 13

3.3.1. Modelo de fragmentação Kuz-Ram ............................................................... 13

3.3.2. Modelo de fragmentação de Duas Componentes TCM .................................. 16

3.3.2.1. Mecanismos de fragmentação de rocha ............................................... 16

3.3.2.2. Modelo TCM ...................................................................................... 20

3.4. Classificação geomecânica do maciço rochoso ....................................................... 22

4. METODOLOGIA ......................................................................................................... 25

5. RESULTADOS ............................................................................................................. 27

6. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 37

7. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ................................................................ 39

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 40


7

1. INTRODUÇÃO

A detonação de rochas por explosivo é largamente empregado na mineração para desmonte de


maciços rochosos. É na etapa de detonação que ocorre a primeira redução no tamanho do
material. Nesse processo é importante realizar um desmonte controlado, buscando prever os
possíveis impactos que a fragmentação da rocha tem sobre o rendimento da usina de
beneficiamento.

O desmonte de rocha apresenta menor custo operacional comparado aos processos de


cominuição subsequente, como a britagem e a moagem. Adequar o desmonte de rocha para
produzir um material consistente para o beneficiamento pode ser interpretado, a princípio,
como aumento de custos operacionais.

No entanto, é possível observar que essa mudança traz significativa melhora na qualidade da
fragmentação e pode reduzir a taxa de material transferido para o britador e moinhos.
Consequentemente, os custos associados ao desmonte são superados pela redução da energia
empregada na usina para cominuir o material. Além disso, há ganho na produtividade geral,
que pode apresentar um aumento de até 30% no rendimento (DANCE, 2013).

A fim de caracterizar o material fragmentado pelo desmonte de rocha, surgiram modelos que
buscam oferecer a previsão da distribuição de tamanho dos fragmentos. Esses modelos de
fragmentação têm por objetivo nortear o engenheiro no planejamento do desmonte, pois
permite avaliar o efeito das alterações dos parâmetros do plano de fogo e características
geotécnicas segundo a discretização do bloco a ser desmontado. Busca-se assim, avaliar os
efeitos das mudanças a montante do desmonte e melhor custo benefício na integração mina e
usina de beneficiamento.
8

2. OBJETIVOS E RELEVÂNCIA

2.1. Objetivo geral

Comparar os modelos de fragmentação Kuz-Ram e TCM, que preveem o tamanho médio e a


distribuição granulométrica do material proveniente do desmonte de rocha.

2.2. Objetivos específicos

 Realizar levantamento bibliográfico dos modelos que descrevem a granulometria


do material desmontado segundo a distribuição de Rosin-Rammler;
 Discutir as principais semelhanças e limitações dos modelos;
 Realizar análise econômica considerando os diferentes parâmetros estudados.

2.3. Relevância

Os modelos de fragmentação empregados na mineração visam à redução da variabilidade do


material, como o tamanho médio dos fragmentos, e redução de custos operacionais. Para
alcançar a otimização das operações posteriores é preciso conhecer a distribuição
granulométrica do material proveniente do desmonte de rocha, adequada para a operação de
britagem subsequente.

Desmonte mais eficiente pode reduzir custos nas operações seguintes. Por exemplo, reduz a
energia necessária para fragmentar o minério nas demais operações de cominuição. Pode
também evitar problemas de bloqueio da britagem devido à geração de matacões e,
consequentemente, interrupção no processamento mineral, fato que eleva o custo de produção

D. J. McKee (1995), ainda reitera as vantagens da integração entre as atividades da mina e a


usina de beneficiamento, como:
 Produzir material com características consistente para as operações posteriores;
 Maximizar a taxa de transferência para o processo seguinte de cominuição;
 Otimizar a energia consumida;
 Reduzir a produção de finos no produto, principalmente para o processo de
flotação.
9

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Modelos de fragmentação

Os modelos de fragmentação tem por finalidade prever com razoável precisão a distribuição
de tamanho das rochas desmontadas por explosivos e oferecer maior controle sobre a
fragmentação. Além disso, a modelagem permite estimar a distribuição dos fragmentos para
diferentes geometria de plano de fogo e características dos explosivos.

A fragmentação da rocha por detonação depende de fatores intrínsecos ao explosivo e as


características do plano de fogo, como a quantidade e o tipo de explosivo, o padrão de
detonação, a temporização e o sequenciamento, entre outros parâmetros. A fragmentação
também depende das propriedades do maciço rochoso, como a densidade da rocha, a
resistência à compressão uniaxial (UCS), o módulo elasticidade (E) e características de
descontinuidade (ROCHA, 2015).

A otimização do processo de lavra, que envolve as operações de perfuração, detonação,


carregamento e transporte, é crucial para o desenvolvimento das operações subsequentes e
para integrar as atividades da mineração e usina de beneficiamento.

Diante do exposto acima, tornou-se necessário caracterizar o material resultante do desmonte


de rocha. Assim, sugiram modelos que buscam prever o tamanho médio e a distribuição
granulométrica do material fragmentado. Tais modelos são validados e calibrados
comparando a fragmentação prevista com a fragmentação após o desmonte real, conforme
explicado na figura 1:
10

Levantar dados:
Novo modelo de
Geologicos; do
fragmentação
desmonte; dos
para a mina
resultados práticos

Realizar ajuste Simular desmonte


matemático no modelo em software
de fragmentaçao específico com os
utilizado dados levantados

Verificar a
previsão da
fragmentação em
um modelo
clássico
Figura 1 - Processo de atualização contínua de modelos de fragmentação. Modificado pelo autor.
Fonte: ROCHA et al, 2015

A preocupação em empregar um adequado desmonte tem por finalidade obter a faixa


granulométrica consistente para os processos posteriores, evitando parada na produção e alto
consumo de energia nas etapas seguintes de cominuição.

3.2. Breve histórico dos precursores dos modelos atuais de fragmentação

A caracterização de rocha e a dinâmica da fragmentação de maciços rochosos através do


desmonte por explosivo são processos complexos, pois envolvem inúmeras variáveis que
normalmente são difíceis de serem definidas com exatidão ou até mesmo aferidas. O
desmonte de rocha está associado a incertezas e sua completa caracterização depende de
fatores que nem sempre podem ser determinados. Buscando contornar esse problema
surgiram equações que buscam caracterizar o material desmontado de forma empírica, ou
seja, considerando simplificações para obter um resultado aproximado da fragmentação de
rocha.

Para caracterizar o material resultante do desmonte de rocha, de forma a oferecer uma


previsibilidade no tamanho médio e a distribuição granulométrica do material, sugiram a
partir da década de 1970 equações empíricas que buscam antecipar essas características, como
a equação de Larsson (1973) que prever o tamanho médio (K50) do material desmontado
(LOPEZ JIMENO et al, 1995):
11

𝑆 𝐶𝐸
𝐾50 = 𝑠 𝑒 (0,28 ln 𝐵−0,145ln(𝐵)−1,18 ln( 𝑐 )−0,82) (3.1)

Onde:
 s: constante de fragmentabilidade. É um fator que considera a heterogeneidade e
descontinuidade do maciço rochoso. Para rochas altamente fissuradas s = 0,60, na
outra extremidade, para rochas homogenias s = 0,40.
 B: afastamento (m);
 S/B: relação espaçamento/afastamento;
 CE: carga específica (kg/m3);
 c: equivalente ao consumo específico de explosivo gelatinoso necessário para
fragmentar a rocha, normalmente varia de 0,3 e 0,5 kg/m3.

Posteriormente são adicionados novos parâmetros na equação de Larsson, sendo nomeada


como a equação de SVEDEFO (Swedish Detonic Research Foundation), que passa a
considerar o efeito da altura da bancada e a longitude do tampão empregado (LOPEZ
JIMENO et al, 1995):

𝐶𝐸 −0,82

𝑇 2,5 (0,29𝑙𝑛𝐵2 √1,25
𝑠
− 1,18𝑙𝑛(
𝑐
) )
𝐾50 = 𝑠 [1 + 4,67 ( ) ] 𝑒 (3.2)
𝐿

Onde:
 B: afastamento (m);
 S: espaçamento (m);
 CE: carga específica (kg/m3);
 c: constante da rocha;
 s’: constante de fragmentabilidade;
 T: comprimento do tamponamento (m);
 L: comprimento do furo (m).

Em 1971, Koshelev apresenta a construção de uma função distribuição de tamanhos, tendo


como premissa o tamanho médio dos fragmentos e a distribuição granulométrica segundo a
equação de Rosin-Rammler. A aderência ao modelo pode ser verificada conferindo a massa
retida nas peneiras com a sua respectiva abertura (KOSHELEV et al, 1971).
12

𝑥 𝑛
[−( ) ] (3.3)
𝑃0 (𝑥) = 𝑒 𝑥0

Onde:
 P0(x): Material retido na abertura da peneira igual a x. Pode ser interpretado como a
probabilidade de um fragmento ter uma dimensão maior que x;
 x0: Dimensão característica dos fragmentos, pois assume-se que após a detonação os
fragmentos são geometricamente semelhantes;
 n: Determina a uniformidade da pulverização.

Koshelev et al (1971), afirma que para n = 1, não desejado, corresponde a situação em que a
superfície total de todas as partículas e, consequentemente, a energia gasta para sua geração se
aproximam do infinito. Para n > 1, como n = 1,5, esses valores de superfície e energia
diminuem rapidamente.

Sendo a função distribuição expressa por:

𝜑𝑥 = 1 − 𝑃0 (𝑥) (3.4)

A dependência entre a dimensão média de um fragmento e o consumo específico de explosivo


é dada por:

4⁄
1⁄ 𝑉0 5 (3.5)
𝑥0 ≈ 10𝑄 ( )
6
𝑄
 xo: Tamanho médio dos fragmentos [cm];
 Vo: Volume da rocha desmontada [m3];
 Q: Peso do explosivo [kg].
 O coeficiente 10 é relativo à competência da rocha, que é melhor abordado nos
estudos desenvolvido por Kuznetsov (1973).

O erro apresentado nos estudos desenvolvidos na época foi em torno de 15%, entre os
resultados obtidos pelo modelo e os resultados práticos (KOSHELEV et al, 1971)

Dando continuidade nos estudos, Kuznetsov (1973) propõe uma equação que descreve a
quantidade de quebra que ocorre com uma quantidade conhecida de energia do explosivo, que
pode ser estimada usando a equação 3.6:
13

1⁄
𝑋50 = 𝐴𝐾 −0,80 𝑄𝑜 6 (3.6)

 𝑋50 : Tamanho médio dos fragmentos [cm];


 A: Fator de rocha, relativo a dureza f da rocha;
 K = Q/Vo: razão de carga [kg/m3];
 Qo: Massa do explosivo utilizada [kg];

A equação de Koshelev et al (1971) e Kuznetsov (1973) viriam a ser precursores do modelo


Kuz-Ram de fragmentação proposto por Cunningham em 1983, que ainda continua sendo o
mais utilizado atualmente devido a sua facilidade de aplicação e por requerer dados
relativamente simples de se obterem para alimentar o modelo.

3.3. Modelos de fragmentação para desmonte de rocha

Outros modelos foram apresentados ao longo dos anos tentando prever a distribuição de
tamanho resultante da detonação de rochas por explosivos. Atualmente, os modelos podem ser
abordados de duas formas:
 Modelagem empírica: é o modelo empregado na prática de desmonte de rochas na
mineração, onde infere-se a fragmentação mais fina a partir de maior consumo de
energia;
 Modelagem mecanicista: acompanha a física de detonação e o processo de
transferência de energia na rocha, segundo o plano de fogo. Essa abordagem é capaz
de ilustrar o efeito de parâmetros individuais. No entanto, é mais difícil de aplicar pois
há limite de escala, requer um período de tempos maior e sofre com a dificuldade de
aquisição de dados sobre a detonação, a rocha e os resultados finais. Também requer
maior ou menor grau de empirismo, portanto não é necessariamente mais preciso
(CUNNINGHAM, 2005).

3.3.1. Modelo de fragmentação Kuz-Ram

O modelo proposto por Cunningham (1983/1987), denominado de Kuz-Ram, corresponde a


uma modelagem empírica, que se sustenta basicamente nas sequintes esquações
(HUSTRULID, 1999):
 A adaptação da equação de Kuznetsov (1973):
14

19⁄
1⁄ 115 30
𝑋50 = 𝐴𝐾 −0,80 𝑄𝑜 6( ) (3.7)
𝐸𝑟

 A: Fator de Rocha, que depende das características geomecânicas do maciço rochoso;


 K: Razão de Carga [kg/m3];
 Q0: Carga de explosivo no furo [kg];
 Er: Energia relativa por massa efetiva do explosivo;
 X50: Tamanho médio dos fragmentos [cm];
 Er: Representa a energia relativa em massa (RWS) do explosivo comparada ao ANFO;

 A equação de Rosin-Rammler (1933) adaptada:

𝑛
(−0,693(
𝑋
) ) (3.8)
𝑅=𝑒 𝑋50

 X: Abertura da peneira [cm];


 X50: Tamanho médio dos fragmentos [cm];
 n: Índice de uniformidade de Cunningham;

Sendo o percentual passante para uma determinada abertura da malha da peneira, igual a:

𝑃 = 100(1 − 𝑅) (3.9)

 A equação de uniformidade, que leva em consideração os parâmetros do planos de


fogo, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 2 - Parâmetros do plano de fogo. Fonte: Hustrulid, 1999


15

Quando se emprega apenas um tipo de explosivo, o índice de uniformidade é dado por:


𝐵 (𝑆/𝐵) 0,5 𝑊 𝐿
𝑛 = [2,2 − 14 ] [1 + ] [(1 − ) ] (3.10)
𝐷 2 𝐵 𝐻

Onde:
 B: Afastamento [m]
 S: Espaçamento [m]
 H: Altura da bancada [m]
 D: Diâmetro do furo [mm]
 W: Desvio do furo [m]
 L: Comprimento da carga [m];

Para duas cargas, isto é, quando se emprega dois tipos de explosivos:

𝐵 (𝑆/𝐵) 0,5 𝑊 𝐵𝐶𝐿 − 𝐶𝐶𝐿 𝐿


𝑛 = [2,2 − 14 ] [1 + ] [(1 − ) (𝑎𝑏𝑠 + 0,1) ] (3.11)
𝐷 2 𝐵 𝐿 𝐻
Em que:
 BCL: Comprimento da carga de fundo [m];
 CCL: Comprimento da carga de coluna [m];
 abs: é o valor absoluto.

 Equação de Tidman que permite determinar a energia do explosivo:


𝑉𝑂𝐷𝑒 2
𝐸=[ ] 𝑅𝑊𝑆 (3.12)
𝑉𝑂𝐷𝑛
Onde
 E: Energia efetiva relativa por massa do explosivo;
 VODe: Velocidade de detonação efetiva do explosivo, medida em campo [m/s];
 VODn: Velocidade de detonação nominal do explosivo [m/s];
 RWS: Representa a energia por massa relativa ao ANFO [%].

Os resultados obtidos nesse modelo de fragmentação permitem uma visão genérica do que se
espera de um determinado plano de fogo. Serve como base para avaliar os diferentes
parâmetros e para avaliar os efeitos quando se altera certas variáveis, além de prever a
distribuição de tamanho dos fragmentos (CUNNINGHAM, 2005).
16

Segundo Teixeira (2010), o modelo Kuz‐Ram é simplista, uma vez que tenta calcular um
conjunto de parâmetros por meio de fatores empíricos. Tal modelo não considera a
fragmentação derivada dos desmontes anteriores, que podem provocar impacto no corte do
desmonte, originando fissuras na nova frente criada. Assim, parte do pressuposto que a
maioria da rocha entre furos partirá pelas descontinuidades o que pode resultar num erro na
estimativa da curva granulométrica.

3.3.2. Modelo de fragmentação de Duas Componentes TCM

A concepção do modelo TCM - Two Component Model - considera que a fragmentação de


rocha ocorre em duas diferentes etapas, avaliando a proximidade com a carga explosiva e a
propagação das ondas na rocha. Sendo assim, é necessário compreender como a fragmentação
ocorre no processo de detonação da rocha.

3.3.2.1. Mecanismos de fragmentação de rocha

Registra-se desde a década de 1950 o surgimento de diversas teorias para explicar o


comportamento das rochas quando detonadas por explosivo. Mas definir o comportamento da
rocha quando detonada e o mecanismo de fragmentação da rocha é um processo complexo
(LOPEZ JIMENO et al, 1995).

A dinâmica do desmonte de rocha inicia logo após a detonação do explosivo. Com a


detonação, ondas de choque são geradas devido à rápida expansão dos gases que impactam a
parede do furo. As ondas se propagam através do maciço rochoso e segundo a teoria da
reflexão das ondas de choque, há a geração de tensões de compressão, tração e cisalhante
(LOPEZ JIMENO et al, 1995).

Segundo Alonso et al (2013) e Lopez Jimeno (1995), na detonação de um explosivo dentro do


maciço rochoso, as condições de solicitação estão caracterizadas por duas fases:

 Fase I: representada pela presença de uma onda de detonação que se propaga através
da rocha circundante. Ocorre em um curto intervalo de tempo e está vinculada a
energia de tensão;

 Fase II: corresponde à formação de um grande volume de gases de alta pressão e


temperatura.
17

Ao redor do explosivo a onda de detonação produz um efeito de compressão. Nas regiões


mais afastadas do furo ocorre o esforço de tração. Assim, a fragmentação da rocha é devido à
dois fenômenos (LOPEZ JIMENO et al, 1995):

 Reflexão de ondas de compressão;


 Expansão de gás.

Os principais mecanismos envolvidos na ruptura da rocha são demostrados na figura 3. O


fraturamento por cisalhamento ocorre quando uma rocha adjacente é deslocada em tempos
diferentes ou a velocidades diferentes. Tal deslocamento é ocasionado pelos gases a alta
pressão gerados no processo de detonação (COSTA E SILVA, 2009).

Segundo Lopez Jimeno (1995), a fragmentação da rocha detonada por explosivo envolve os
seguintes mecanismos de rotura:

 Trituração da rocha: nos primeiros instantes da detonação, a alta pressão da onda de


choque supera a resistência à compressão da rocha provocando sua pulverização. Esta
estapa é iniciada por reações químicas exotérmicas do explosivo, com a velocidade de
detonação (VOD) atingindo de 2000 a 7000 m/s e temperatura de 3000 a 4000 K, que
convertem a massa do explosivo em gases que preenchem o furo. A pressão age
instantaneamente sobre as paredes, variando entre 0,5 a 50 GPa, superando a
resistência à compressão da rocha e triturando-a (BHANDARI, 1997). Esse
mecanismo de rotura consome 30% da energia da onda de choque e fragmenta um
volume reduzido da rocha, na ordem de 0,1% do volume total desmontado. Abertura
de gretas radiais: devido à propagação da onda de choque, a rocha circundante ao furo
é submetida à compressão radial que induz componentes de tração tangenciais.
Quando as tensões supera a resistência à tração da rocha se inicia a formação de uma
zona de gretas radiais ao redor da zona triturada.

 Reflexão da onda de choque: quando a onda de choque alcança a face livre elas são
refletidas gerando ondas de tração e cisalhamento. Este mecanismo contribui
relativamente pouco para o processo global de fragmentação.

 Extensão e abertura das gretas radiais: devido à expansão e penetração dos gases nas
fraturas.
18

 Fratura por liberação de carga: depois da onda de compressão, ocorre um estado de


equilíbrio quase estático seguido de uma caída súbita de pressão no furo, devido ao
escape dos gases através do empilhamento, das fraturas radiais e ao desplacamento da
rocha. A tensão armazenada é liberada rapidamente e gera solicitações de tração e
cisalhamento na rocha.

 Fratura por cisalhamento: ocorre principalmente em formações sedimentares quando


os estratos apresentam diferentes módulos de elasticidades, onde a rotura ocorre nos
planos de separação.

 Rotura por flexão: devido à pressão dos gases da explosão a rocha comporta como
uma viga quando se flexiona;

 Rotura por colisão: ocorre quando fragmentos se chocam contra outros fragmentos.

Figura 3 - Principais mecanismos de ruptura da rocha


Fonte: LOPEZ JIMENO et al, 1995

A teoria da reflexão das ondas de choque se baseia no fato de que a rocha é menos resistente à
tração do que à compressão (resistência à tração é cerca de 10 a 15 vezes menor que a
19

resistência à compressão) e mostra que o pulso da tensão compressiva, gerado pela detonação
de uma carga explosiva, move-se através da rocha em todas as direções com uma amplitude
decrescente. Este pulso é refletido na face livre e é convertido em uma tensão de tração, que
retorna ao ponto de origem, criando fraturas de tração no maciço rochoso. Esse processo pode
ser observado nas figuras 4 e 5 (MORAIS, 2004):

Figura 4 - Teoria da reflexão das ondas de choque.


Fonte: Atlas Powder Company, 1987apud Morais, 2004

Figura 5 - Mecanismo de ruptura por flexão


Fonte: Fonte: LOPEZ JIMENO et al, 1995
20

3.3.2.2. Modelo TCM

Em 1999, Djordjevic propôs ajuste no modelo Kuz-Ram, baseando se no fato de ter duas
regiões distintas no processo de detonação e, consequentemente, dois mecanismos de
fragmentação da rocha, a saber:

 A primeira região corresponde àquela que está em contato direto com a carga
explosiva. Nessa região a fragmentação ocorre devido aos esforços de compressão e
cisalhamento;

 A segunda região corresponde à massa de maciço rochoso mais afastada do furo


detonado. Nessa região a fragmentação se dá principalmente por esforços de tração e
cisalhamento. Com a reflexão da onda de choque, as fraturas preexistentes se
expandem, promovendo a fragmentação da rocha (DJORDJEVIC, 1999 & MORAIS,
2004).

Cabe rassaltar que existe outros importantes mecanismos de rotura e outros diferentes
mecanismos de dispersão de energia, como o calor, discutido anteriormente e que não são
considerados nesse modelo de fragmentação.

Figura 6 - Regiões envolvidas no processo de fragmentação da rocha


Fonte: MORAIS, 2004

Dessa forma, o modelo Two-Component Model considera as peculiaridades de cada região,


buscando maior precisão na previsão da fragmentação, principalmente para a fração mais fina.

Segundo a concepção desse modelo, para modelar a distribuição de tamanhos dos fragmentos
gerados por dois mecanismos diferentes é necessário empregar uma função com duas
21

componentes e um parâmetro de proporção, que determinara o volume fragmentado gerado


para cada mecanismo (DJORDJEVIC, 1999)

A fração de material fino é dada por:

𝑀0 𝜋𝑟 2
𝐹𝑐 =
= (3.13)
𝑀 𝐵𝑆
 Fc: Fração da massa total que é desmontada devido a tensões de compressão e
cisalhamento, corresponde à parte do material que sofreu pulverização;
 M0: Massa da rocha fragmentada por compressão/cisalhamento
 M: Massa total da rocha fragmentada por furo detonado;
 r: Raio de abrangência da tensão de compressão e cisalhante [m];
 B e S: Afastamento e espaçamento respectivamente [m];

A porção da rocha fragmentada por tração será:

(3.14)
𝐹𝑡 = 1 − 𝐹𝑐

O raio de abrangência das tensões compressivas e cisalhantes, ou seja, da zona que sofre
pulverização é:
𝑟
𝑥= (3.15)
24𝑇0 0,5
( )
𝑃𝑏
 r: Raio do furo [m];
 T0: Resistência à tração da rocha;
 Pb: Pico de tensão na detonação no furo (HUSTRULID & JOHNSON, 2008):
𝜌𝑉𝑂𝐷𝑒 2 (3.16)
𝑃𝑏 =
8

 ρ: Densidade do Explosivo [kg/m3];


 VODe: Velocidade de detonação efetiva [m/s].

Cada região prevista pelo modelo TCM apresenta sua função distribuição:

 Região 1: em contato com o explosivo

𝑥⁄ )𝑑 )
𝑃1 = 100 (1 − 𝑒 (−0639( 𝑐 ) (3.17)

 c: Corresponde ao tamanho médio dos fragmentos finos:


22

 d:Coeficiente de uniformidade:
1
𝑙𝑛 (𝑙𝑛 ((1−%𝑓𝑖𝑛𝑜𝑠)0,693 ))
𝑑= (3.18)
𝑙𝑛(1⁄𝑥50 )

O x50 da equação 3.18 corresponde ao tamanho médio do modelo Kuz-Ram.

 Região 2: mais afastada do furo, equivalente ao modelo Kuz-Ram

𝑥⁄ )𝑏 )
𝑃2 = 100 (1 − 𝑒 (−0639( 𝑎 ) (3.19)

 a: Corresponde ao tamanho médio dos fragmentos grossos, retirada da curva


tradicional do Kuz-Ram;
𝑎 = 𝑋(50+100𝐹𝑐⁄ ) % (3.20)
2

 d: Coeficiente de uniformidade, corresponde ao índice de uniformidade do Kuz-Ram.

A soma das duas funções distribuição multiplicada pela suas respectivas frações de massas é
dada pela equação 3.21:

𝑥⁄ )𝑏 ) 𝑥⁄ )𝑑 ) (3.21)
𝑃 = 1 − (1 − 𝐹𝑐 )𝑒 (−0639( 𝑎 − 𝐹𝑐 𝑒 (−0639( 𝑐

Em seus estudos, Djordjevic (1999), menciona que no caso de tamanhos de fragmentos


estatisticamente homogêneos correspondem à situação em que a fragmentação ocorre apenas
em um domínio e Fc = 0, a função distribuição se reduz a distribuição de Rosin-Rammler.
Isso ocorrer quando a rocha detonada é muito competente, ou seja, apresenta alta resistência.
Nesse caso, a massa fragmentada por tensões de compressão e cisalhamento se torna
insignificante.

3.4. Classificação geomecânica do maciço rochoso

Para utilizar os modelos mencionados é necessário caracterizar a rocha utilizando a


classificação geomecânica proposta por Lilly (1986), segundo apresentado a seguir:

 Índice de blastabilidade de Lilly

O índice de blastabilidade desenvolvido por Lilly, expresso pela equação 3.22, consiste em
uma classificação geomecânica que leva em consideração características como o espaçamento
23

e a orientação das descontinuidades, densidade e dureza da rocha. Os parâmetros para


encontrar o índice de blastabilidade abordados nessa classificação são descritos na tabela 1
(HUSTRULID, 1999):

Cabe ressaltar que, no presente contexto, a dureza da rocha é considerada característica


intrínseca a sua resistência à compressão uniaxial. Assim, a dureza da rocha será associada à
resistência a fragmentação que a rocha apresenta no processo de desmonte por explosivo,
onde quanto maior a dureza maior será a resistência à fragmentação.

𝐵𝐼 = 0,5 (𝑅𝑀𝐷 + 𝐽𝑃𝑆 + 𝐽𝑃𝑂 + 𝑆𝐺𝐼 + 𝐻) (3.22)

 Fator da rocha

Cunningham (1987) modificou o índice de blastabilidade proposto por Lilly, dando origem ao
fator de rocha A que busca melhor quantificar a classificação geomecânica do maciço
rochoso:

𝐴 = 0,06(𝑅𝑀𝐷 + 𝑅𝐷𝐼 + 𝐻𝐹) (3.23)

O fator da rocha A, está relacionado diretamente com a dureza e o grau de fraturamento do


maciço rochoso. Normalmente, esse fator varia de 7, para as rochas de fácil fragmentação, até
12 para as rochas extremamente difíceis de detonar (KUZNETSOV, 1973; MORAIS, 2004)

7 – Rocha com dureza mediana, 8 < f < 10;


A = 10 – Rocha duras mas altamente fissuradas, 10 < f < 14;
13 – Rocha muito dura e pouco fissurada, 12 < f < 16.

Lopez Jimeno et al (1995), afirma que o fator de rocha pode apresentar valores menores
quando se trata de rochas brandas.
3 – Rocha muito branda, 3 < f < 5;
A = 5 – Rocha branda, 5 < f < 8;
f: fator de Protodyakonov.
24

Tabela 1: Classificação geomecânica para descrição de maciços rochosos

Parâmetro Descrição Índice


Friável 10
RMD Descrição do maciço rochoço Fraturado JF
Maciço 50
JF Maciço fraturado JPS + JPA
JPS < 0,10 m 10
Espaçamento das descontinuidades
JPS 0,10 a MS 20
(m)
MS a DP 50
MS Oversize da britagem primária (m) Oversize britagem: 1m
DP Parâmetro da malha de perfuração
Horizontal 10
Direção e mergulho com relação a face Mergulando para fora da face livre 20
JPA
livre Direção perpendicular à face livre 30
Mergulhando para dentro da face 40
Influência da densidade (densidade da
RDI RDI = 25d-50
rocha intacta g/cm3)
Se E < 50 GPa HF = E/3 (E: módulo de Young GPa)
FH Se E > 50 GPa HF = UCS/5
(UCS: Resistência à compressão uniaxial Mpa)
Fonte: Hustrulid,1999
25

4. METODOLOGIA

Inicialmente os modelos Kuz-Ram e TCM foram implementados em Excel. Para realizar a


comparação entre eles, foi avaliado como cada modelo se comporta ao alterar características
geomecânica do maciço rochoso e parâmetros do plano de fogo.

Foram propostos quatro diferentes cenários, correspondendo a quatro classificações


geomecânicas que variam entre rochas rocha friáveis de baixa dureza a rocha altamente dura e
pouco fraturada, conforme mostrado na tabela 3.

Os dados necessários para gerar esses diferentes cenários foram baseados nos trabalhos
realizados por Morais (2004) e Nogueira (2000).

Quanto às características do plano de fogo, foi verificado como cada modelo responde a
diferentes configurações, variando entre plano de fogo aberto, intermediário e fechado. Para
tal, alterou-se a relação espaçamento/afastamento e diâmetro de perfuração.

A altura da bancada foi mantida constante nos três casos estudados, com comprimento de 16
metros. Buscou-se manter a relação espaçamento/afastamento ~ 1,3 e de forma a não produzir
fragmentos com dimensão acima de 1 metro de diâmetro.

Tabela 2: Parâmetros dos planos de fogo estudados

Tipo de malha
Aberta Intermediária Fechada
Afastamento [m] 6,5 5 3
Espaçamento [m] 8,5 6,5 4
Diâmetro do furo [pol] 12,5 10 6
3
Razão de carga [kg/m ] 1,08 1,34 1,53

O explosivo escolhido foi o ANFO blendado com as seguintes características:

 Densidade 1,15 g/cm3;


 Relative Weight Strenght (RWS) de 97%;
 Velocidade de detonação nominal (VODn) de 6000 m/s;
 Velocidade de detonação efetiva do explosivo (VODe), aferida em campo de 5553
m/s, segundo indicado nos trabalhos de campo de Morais (2004).

Para análise econômica, verificou-se como o preço por volume desmontado é influenciado
pelo tipo de malha e segundo os cenários estudados. Foram feitas as seguintes considerações:
26

 Preço do explosivo – ANFO Blendado: 3,59 $/kg;


 Preço dos Acessórios: 10% do custo total de explosivo usado;
 Custo de perfuração por metro:
 30,0 $/m para o cenário 1;
 35,0 $/m para o cenário 2;
 40,0 $/m para o cenário 3;
 45,0 $/m para o cenário 4.

Os valores crescentes entre os cenários estudados por metros perfurado se justifica pelo fato
de que quanto mais competente é a rocha, maior energia é requerida para sua perfuração, logo
maiores serão os gastos associados.

Para análise econômica dos diferentes planos de fogo propostos considerou os custos totais
equivalentes à soma dos custos com explosivos, acessórios e custos de perfuração.
27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 2 permite verificar a relação existente entre os parâmetros do plano de fogo quando
aplicados em diferentes configurações. Por exemplo, quando se emprega malha mais aberta
com maiores comprimentos de afastamento e espaçamento é necessário maior diâmetro de
perfuração. Mas como a malha é muito espaçada a razão de carga é menor, no caso em
questão é de 1,08 kg/m3.

Na tabela 3 é mostrado os diferentes cenários propostos como base para comparação dos
modelos de fragmentação.

Tabela 3: Classificação geomecânica de diferentes cenários propostos

Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
3
Densidade da rocha [g/cm ] 3,2 Densidade da rocha [g/cm3] 3,8
Módulo Young [GPa] 6,5 Módulo Young [GPa] 30
UCS [MPa] 30 UCS [MPa] 78
Resistência a tração [Mpa] 4,3 Resistência a tração [Mpa] 9

Dados de saída Dados de saída


RMD 10 RMD 20
JF 30 JF 20
RDI 30 RDI 45
HF 2 HF 10
Fator de rocha A 3 Fator de rocha A 5

Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco


Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada
fraturada
Densidade da rocha [g/cm3] 4,5 Densidade da rocha [g/cm3] 5,5
Módulo Young [GPa] 90 Módulo Young [GPa] 120
UCS [MPa] 210 UCS [MPa] 320
Resistência a tração [Mpa] 10 Resistência a tração [Mpa] 12

Dados de saída Dados de saída


RMD 60 RMD 50
JF 60 JF -
RDI 63 RDI 88
HF 42 HF 64
Fator de rocha A 10 Fator de rocha A 12

Analisando a tabela 3 é possível constatar que há uma relação entre o fator de rocha e as
características geomecânica do maciço rochoso. Quanto mais friável e fraturado é o material,
28

menor será seu fator de rocha. Por outro lado, elevado fator de rocha representam materiais
mais competentes, como representado pelos cenários 3 e 4.

Na tabela 4 é possível verificar a relação entre volume desmontado em relação à densidade do


material e as respectivas toneladas de rocha fragmentada por furo detonado.

Tabela 4: Relação entre volume desmontado por furo e respectivas toneladas de rochas
fragmentadas:

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4


Densidade da rocha [g/cm3] 3,2 3,8 4,5 5,5
Fechada Intermed.Aberta

Volume por furo [m3] 884 Área [m2 ] 55


Tipo de malha

Toneladas por furo [ton] 2828,8 3359,2 3978 4862


Volume por furo [m3] 520 Área [m2 ] 33
Toneladas por furo [ton] 1664 1976 2340 2860
3 2
Volume por furo [m ] 192 Área [m ] 12
Toneladas por furo [ton] 614,4 729,6 864 1056

A medida que a malha de perfuração se adensa, o diâmetro requerido diminui e a razão de


carga aumenta, possivelmente porque as características dos explosivos (VOD, Pressão de
detonação) dependem do seu diâmetro. Cabe ressaltar que a razão de carga não sofre
influência das características geomecânicas da rocha, sendo apenas influenciada pelos
parâmetros geométricos da malha perfurada e características inerentes ao explosivo.

Considerando o exposto acima, avaliou-se como a distribuição granulometria varia segundo a


malha do plano de fogo empregada, a saber:

 Malha aberta

Tabela 5: Cenários para plano de fogo com a malha aberta

Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,3 n: Índice de uniformidade 1,3
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 91,7 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 163,0

Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,3 n: Índice de uniformidade 1,3
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 357,5 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 437,9
29

Figura 7 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha aberta para os modelos Kuz-Ram e
TCM.
Fonte: Autor, 2018

Analisando os gráficos da figura 7, vê-se que as rochas mais friáveis e brandas sofrem maior
grau de fragmentação e as rochas mais competentes, estando ou não fraturadas, apresentam
maior resistência a fragmentação. É o que pode ser constado também através do tamanho
médio dos fragmentos (D50 do modelo Kuz-Ram) visto na tabela 5 e através da proporção de
fragmentos abaixo de 10 mm. Conforme a tabela 8, considerando a malha aberta para o
modelo Kuz-Ram, vê-se que as rochas mais brandas são responsáveis pela maior geração de
finos, em torno de 3,6%. Já as rochas mais resistentes, representadas pelos cenários 3 e 4,
estão associadas a menor geração de material fino (< 10 mm), na proporção de 0,6 e 0,4%
respectivamente.

Quando a mesma análise é realizada para o modelo TCM para malha aberta, as rochas mais
brandas, como o cenário 1, continuam sendo as responsáveis pela maior geração de finos,
porém numa proporção maior do que verificado no modelo Kuz-Ram, em torno de 9,0%. As
rochas mais resistentes, cenários 3 e 4, permanecem associadas a menor geração de material
fino (< 10 mm), no entanto, numa proporção maior de 3,0 e 2,5% respectivamente.
30

 Malha intermediária

Tabela 6: Cenários para plano de fogo com a malha intermediária

Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,5 n: Índice de uniformidade 1,5
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 73,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 130,0

Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,5 n: Índice de uniformidade 1,5
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 285,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 349,2

Figura 8 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha intermediária para os modelos Kuz-
Ram e TCM. Fonte: Autor, 2018

Observa-se que o adensamento da malha de perfuração, que ocorreu no cenário 2 comparado


ao cenário 1, reduziu em torno de 20% o tamanho médio dos fragmentos (D50). Cabe ressaltar
que, quando trata-se de rochas resistentes, como representadas pelos cenários 3 e 4, e com
grande espaçamento entre as descontinuidades, é necessário empregar maior razão de carga
para gera o mesmo grau de fragmentação.

Em rochas mais duras que são de difícil fragmentação, furos de diâmetro menores oferecem
melhor distribuição da energia do explosivo em todo o maciço a ser detonado, resultando em
maior grau de fragmentação. Caso o espaçamento entre as descontinuidades for grande e
divide o maciço rochoso em grandes blocos, a otimização da fragmentação é obtida se cada
bloco for interceptado por um furo. Normalmente, isso requer furos de diâmetro menores e
31

malha de perfuração mais densa. Em rochas com descontinuidades pouco espaçadas, a


fragmentação tende a ser controlada estruturalmente, sendo indicado o emprego de furos com
maiores diâmetros (CAMERON & HAGAN, 1996 apud MORAIS, 2004).

 Malha fechada

Tabela 7: Características dos cenários para plano de fogo com a malha fechada

Cenário 1: Rocha friável de baixa dureza Cenário 2: Rocha branda e pouco fraturada
A: Fator de rocha 3 A: Fator de rocha 5
n: Índice de uniformidade 1,8 n: Índice de uniformidade 1,8
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 57,1 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 101,5

Cenário 3: Rocha dura altamente fraturada Cenário 4: Rocha altamente dura e pouco fraturada
A: Fator de rocha 10 A: Fator de rocha 12
n: Índice de uniformidade 1,8 n: Índice de uniformidade 1,8
D50 : tamanho médio dos fragmentos (mm) 222,5 D50: tamanho médio dos fragmentos (mm) 272,6

Figura 9 - Distribuição granulométrica dos diferentes cenários com malha fechada para os modelos Kuz-Ram e
TCM. Fonte: Autor, 2018

Comparando os diferentes índices de uniformidades na tabelas 5, 6 e 7, observa-se que esse


índice não depende das características geomecânica do maciço rochoso, mas apenas dos
parâmetros geométricos do plano de fogo.

Analisando as curvas de distribuição granulométrica dos modelos isoladamente, constata-se


que rochas mais competentes, como representadas pelos cenários 3 e 4, apresentam menor
grau de fragmentação quando comparadas as rochas menos competentes, representadas pelos
cenários 1 e 2, em qualquer que seja a malha empregada.
32

O tamanho médio dos fragmentos diminui conforme a malha de perfuração se adensa. Houve
uma redução de 20% do tamanho médio da malha aberta para intermediária e cerca de 38%
entre a malha aberta para a fechada.

A seguir serão apresentados os gráficos da comparação entre os modelos discutidos segundo


as malhas do plano de fogo:

 Malha aberta

Figura 10 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha aberta, nos diferentes cenários
estudados.
Fonte: Autor, 2018
33

 Malha intermediária

Figura 11 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM, nos diferentes cenários estudados para malha
intermediária.
Fonte: Autor, 2018
34

 Malha fechada

Figura 12 - Comparação entre os Modelos Kuz-Ram e TCM para malha fechada, nos diferentes cenários
propostos.
Fonte: Autor, 2018

Os principais resultados obtidos pela análise dos gráficos acima foram registrados na tabela a
seguir:
35

Tabela 8: Principais granulometrias obtidas na análise gráfica para os diferentes cenários e


plano de fogo estudados

Plano de fogo com malha aberta

Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 172,96 307,40 674,23 825,88 P80 (mm) 179,29 312,99 685,45 836,99
P50 (mm) 91,72 163,01 357,54 437,97 P50 (mm) 91,16 162,82 357,22 437,70
P20 (mm) 39,07 69,43 152,29 186,55 P20 (mm) 32,45 64,32 142,38 176,65
% 10 mm 3,59% 1,69% 0,60% 0,46% % 10 mm 9,03% 4,46% 3,09% 2,54%

Plano de fogo com malha intermediária

Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 127,45 226,50 496,80 608,54 P80 (mm) 131,82 230,45 504,55 616,41
P50 (mm) 73,14 129,98 285,09 349,22 P50 (mm) 72,67 129,81 284,81 348,99
P20 (mm) 34,64 61,57 135,04 165,41 P20 (mm) 28,91 57,14 126,38 156,80
% 10 mm 3,33% 1,41% 0,43% 0,32% % 10 mm 9,30% 4,50% 3,22% 2,64%

Plano de fogo com malha fechada

Kuz-Ram TCM
Cenário 1 2 3 4 Cenário 1 2 3 4
P80 (mm) 92,18 163,84 359,35 440,17 P80 (mm) 94,86 166,25 364,09 444,98
P50 (mm) 57,09 101,47 222,55 272,61 P50 (mm) 56,79 101,35 222,35 272,45
P20 (mm) 29,96 53,25 116,80 143,07 P20 (mm) 25,73 49,98 110,48 136,78
% 10 mm 3,19% 1,17% 0,30% 0,21% % 10 mm 9,14% 4,26% 3,05% 2,50%

Pela análise dos gráficos e da tabela acima, observa-se que a o P80 e o P50 (80% e 50%,
respectivamente, do material abaixo da granulometria indicada) apresentam tamanhos
aproximadamente equivalentes, quando comparado os modelos Kuz-Ram e TCM.

Comparando o P80 para diferentes malhas, vê-se que na malha fechada a fragmentação é cerca
de 47% maior que na malha aberta e 28% maior que na malha intermediária. Para o P50, a
fragmentação originada da malha fechada é aproximadamente 38% maior que na malha aberta
e 22% maior que a malha intermediária.

Para 20% do material passante (P20) na granulometria indicada em cada cenário, observa que
o modelo Kuz-Ram estima um tamanho ligeiramente maior que o modelo TCM.
36

Para fragmentos menores ou iguais a 10 mm, correspondentes a porção fina do material


desmontado, o modelo Kuz-Ram apresentou baixa proporção de finos quando comparado ao
modelo TCM. Por exemplo, para a malha aberta, no cenário1, a porcentagem de fragmentos
menor ou igual a 10 mm, no modelo TCM, é aproximadamente 40% menor que no modelo
Kuz-Ram.

No modelo Kuz-Ram, as rochas que apresentaram maior proporção de finos foram as rocha
friáveis e fraturadas, representadas pelos cenários 1 e 2, porém em uma porcentagem muito
menor do que a prevista no modelo TCM. Assim sendo, sugere-se que o modelo Kuz-Ram
subestima a geração de finos. Sendo assim, é necessário realizar comparação da curva prevista
pelo modelo com a curva real dos fragmentos provenientes do desmonte, para constatar esse
resultado.

Em todos os cenários, os resultados do modelo TCM apresentou maior quantidade de material


fino (<10 mm). Comprando os diferentes cenários do modelo TCM, observa-se que as rochas
friáveis de baixa dureza são as mais propensas a gerar maior quantidade de fragmentos finos.
Por outro lado, as rochas mais competentes, representadas pelos cenários 3 e 4, tendem a
gerar menor proporção de finos.

Para análise econômica foi verificando como o custo total associado ao desmonte do maciço
rochoso varia dentro de um mesmo cenário e entre os cenários segundo a malha de
perfuração, conforme mostrado na tabela 9.

Tabela 9 – Custo por metro cúbico desmontado

Custo total: Perfuração + Explosivos [R$/m3]


Malha Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Aberta R$ 4.83 R$ 4.92 R$ 5.02 R$ 5.11
Intermediária R$ 6.26 R$ 6.42 R$ 6.57 R$ 6.73
Fechada R$ 8.61 R$ 9.03 R$ 9.46 R$ 9.89

Assim é possível visualizar que os menores custos associados à operação de desmonte de


rocha cabe as rochas brandas e fraturas, representadas pelos cenários 1 e 2, com a malha
aberta. Já os maiores custos referem-se as rochas competentes, cenários 3 e 4, com a malha do
plano de fogo mais densa, pois nesse caso requer maior energia, por volume, para fragmentar
o material.
37

6. CONCLUSÃO

Os modelos de fragmentação estudados permitem avaliar como os parâmetros do plano de


fogo e características do maciço interferem na distribuição do material desmontado. Assim, a
análise dos dados obtidos por esses modelos podem orientar a atividade de desmonte na
operação de lavra na mineração e maximizar o desempenho dos processos posteriores.

Trabalhos desenvolvidos por Comeau (1996) e JKMRC (1998) apud Grundstrom et al (2001)
mostraram que o modelo Kuz-Ram subestimam a proporção de fragmentos finos, comparando
a curva obtida pelo modelo com a fragmentação in situ. Também considerando os resultados
teóricos obtidos nesse trabalho, sugere-se que, caso a produção de fino for indesejada no
processo, é indicado empregar o modelo de fragmentação TCM, que possibilita identificar e
quantificar a produção dos finos segundo os parâmetros do plano de fogo e características
intrínsecas a rocha, pois esse modelo apresentou uma boa previsibilidade dos fragmentos
finos. Cabe ressaltar, que a aderência aos modelos necessitam de calibração através da curva
real da fragmentação.

Ainda considerando os estudos de Comeau (1996) e JKMRC (1998), quando a fração mais
fina do material desmontado não apresentar significativas interferências no processo de
beneficiamento posterior, o modelo Kuz-Ram é preferencialmente escolhido devido sua
facilidade de implementação e por requerer dados de simples obtenção.

Segundo os modelos utilizados, quanto à variação dos parâmetros do plano de fogo, é possível
perceber que para rochas mais brandas e com alto grau de fraturamento, o desmonte é mais
eficiente em termos de distribuição granulométrica. O que pode ser interpretado como
memores custos energéticos nas etapas de fragmentação seguintes.

Nas rochas duras e altamente duras, o grau de fraturamento é otimizado à medida que a malha
de perfuração se adensa. Pois nessas rochas furos de pequeno diâmetro e malhas mais
fechadas oferecem melhor distribuição da energia do explosivo, gerando maior grau de
fragmentação. A elevação de custos para empregar esse tipo de malha, pode ser superada com
a economia de energia nas próximas etapas de fragmentação.

A análise econômica mostrou que custos por metro cúbico de rocha desmontado aumentam à
medida que a malha de perfuração se adensa e segundo cresce a competência da rocha. Os
menores custos estão associados à malha mais aberta, mas resulta em uma granulometria mais
38

grosseira. Assim, cabe ao profissional responsável pelo desmonte avaliar o melhor


custo/beneficio entre os custos totais e a granulometria adequada para os processos de
beneficiamento mineral.

O presente trabalho foi capaz de apontar as principais semelhanças e limitações dos modelos
de fragmentação Kuz-Ram e TCM, por meio da variação de parâmetros do plano de fogo e
descrição do maciço rochoso, além de demonstrar a influência sobre os custos totais em cada
malha proposta e em cada cenário estudado.
39

7. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

 Realizar estudos de custos/benefício de cada plano de fogo proposto em relação as


próximas etapas de cominuição do material, a fim de verificar a viabilidade técnica e
econômica;

 Desenvolver estudos que incorporem os modelos que seguem a função distribuição


Swebrec, como o Modelo Kuznetsov-Cunningham-Ouchterlony (KCO), e comparar
com os modelos que seguem a função de Rosin-Rammler;

 Analisar como cada plano de fogo, dos diferentes cenários propostos, interfere nas
próximas etapas de cominuição.

 Aplicar os modelos em um estudo de caso real e comparar os resultados obtidos.


40

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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