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SÖREN KIERKEGAARD347
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349 O Ponto de vista explicativo da minha obra como autor , é exatamente uma tentativa de
esclarecimento a cerca da totalidade da obra de Kierkegaard. Nele percebemos Kierkegaard esforçar-
se por explicar o objetivo inicial e central de seus escritos, a saber, a elucidação do que é ser um
homem religioso, o que, por sua vez, faz de Kierkegaard um autor religioso. Partindo desta premissa,
Kierkegaard justifica seus textos estéticos como uma introdução menos violenta às suas críticas contra
o modo de vida controverso de seus contemporâneos ditos cristãos: é preciso apanhar pelas costas o
que esta na ilusão. (KIERKEGAARD, 1986. p.38) Ao mesmo tempo em que afirma haver desde o início
um traço do religioso nos seus escritos estéticos e vice-e-versa. A tensão dialética perpassa todas as
suas obras, formando um interessante jogo de esconde e mostra.
reconhecimento de sua condição ambígua que fará a existência de um homem
válida.
1497B O indivíduo, o existente, não é aquele que simplesmente existe, este é apenas
uma sombra, uma réplica do geral. Segundo o filósofo dinamarquês, o existente de
fato é aquele que escolheu ser o que é, uma não-verdade – “o eu que se relaciona
consigo próprio, querendo ser ele próprio, devêm transparente e se funda no poder
que o pôs.” (KIERKEGAARD, 1986. p.127); assim reconhecendo-se fora da verdade,
o homem passa a ser um novo homem consciente de si e de sua individualidade
perante Deus. O escolher a si mesmo kierkegaardiano sinaliza um caminho para o
absoluto (absurdo, infinito, inexplicável...), o que se inicia com a revelação, com a
conscientização da condição de não-verdade, a qual implica na escolha de uma nova
vida, de uma existência válida. A existência em Kierkegaard começa pela ironia,
350
visando o infinito. 157F
350 Cf. a tese XV Como toda a filosofia se inicia pela dúvida, assim também inicia pela ironia
toda a vida que se chamará digna do homem. KIERKEGAARD, 1991, p. 19.
351 Primeira porque dentro do caminhar ético-religioso proposto por Kierkegaard, a reflexão a
cerca do dado é feita em dois níveis: o primeiro corresponde à suspensão teleológica da eticidade
ofertado ao homem, a qual não tem garantias de resultados pautados na negatividade uma agir
subjetivo; a segunda condiz com uma reflexão mais profunda e totalmente dependente do resultado
negativo daquela suspensão teleológica, e mais, implica em uma dupla reflexão na medida em que o
que está em questão não é mais apenas a exterioridade do geral, mas, também, a própria
subjetividade/individualidade.
1499B Na esfera ética o homem encontra-se diante do mundo da cultura como diante
de um dado frente ao qual a característica principal desse indivíduo é a passividade:
quando o homem aceita passivamente aquilo que foi previamente estabelecido, abre
mão do agir e se anula. Segundo Kierkegaard, o caráter instituidor da ação do
homem se encontra ausente, em um sentido radical, na existência ética, 352 já que 159F
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REFERÊNCIAS
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