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André de Oliveira 75
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humana? Para responder a essa pergunta, este trabalho busca algumas correlações
entre a Filosofia Existencial de Søren Kierkegaard e a Psicologia Analítica de Carl
Jung. Um comparativo entre as ideias desses dois pensadores, irá demonstrar que a
complementaridade entre a Filosofia e a Psicologia não só é possível, mas traz
importantes contribuições para ambas.
human existence? To answer this question, this paper seeks some correlations
between the Existential Philosophy of Søren Kierkegaard and Analytical Psychology of
Carl Jung. A comparison between the ideas of these two thinkers will demonstrate
that the complementarity between philosophy and psychology is not only possible,
but brings important contributions to both.
INTRODUÇÃO
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428B O presente trabalho aborda a Filosofia da Interioridade na perspectiva de
Kierkegaard e Jung, tendo como objetivo traçar a ideia de existência dos dois
autores. Inicia com uma discussão sobre a interioridade do indivíduo para os dois
pensadores. Em seguida, aborda o Existencialismo Psicológico de Jung e o
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Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/Ulbra). Pós-
graduanda em Gestão Pública e Sociedade pela Universidade Federal do Tocantins. (E-mail:
harelifernanda@gmail.com)
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Professor Titular de Ética e Teoria Política da Universidade Federal do Tocantins e Doutorando em
Filosofia - Ontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. (E-mail:
andreoliveira@mail.uft.edu.br).
Existencialismo Filosófico de Kierkegaard, e seus pontos de contato mais
importantes.
429B Após abordar os três modos de existência para Kierkegaard, o discute os
pontos de contato entre as ideias de autenticidade e interioridade de Kierkegaard e
as ideias de persona e processo de individuação de Jung. E então trata da questão
da Felicidade Existencial e suas possibilidades. Após abordar as ideias dos dois
autores, traça um quadro analógico, apontando as semelhanças. Como metodologia,
foi utilizada a Revisão Bibliográfica.
431B Um leitor distraído pode encontrar mais diferenças do que semelhanças nas
ideias de Kierkegaard e Jung. Mas um estudo acurado mostra que existem afinidades
entre as reflexões destes dois pensadores. Uma delas é a visão de homem, onde o
mesmo é visto pelo seu interior. Embora eles usem vocabulários diferentes, o que é
compreensível devido ao período histórico em que viveram e aos campos de estudo
que se dedicaram.
432B Jung trata da interioridade sobre o prisma simbólico. E Kierkegaard aborda a
interioridade do ponto de vista metafísico. Essa é uma diferença e ao mesmo tempo
uma semelhança, pois ambos oferecem reflexões sociais sobre como o homem se
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define e como toma suas decisões, em outras palavras, como conduz sua existência.
Tanto Kierkegaard como Jung abordaram, de modo perspicaz, as esferas existenciais
e suas complexidades, num esforço intelectual para a compreensão da existência
humana.
433B Em Jung vamos verificar um Existencialismo Psicológico, e em Kierkegaard
um Existencialismo Filosófico. Kierkegaard é a ponte entre a psicologia de sua época
que se focava principalmente na observação de fenômenos externos e na aplicação
destas técnicas para a sua própria auto-compreensão, precedendo Freud, Jung e
Rogers sobre temas como o inconsciente, introversão, e self, ideal de eu e conflito
(CARR, 1973).
434B Para Kierkergaard há três modos de Existência: a estética, a ética e a
religiosa. E elas são irreconciliáveis entre si, pois definem modos diferentes de
encarar a vida. No modo estético, o maior interesse é o prazer, embora, haja
diferentes níveis de sofisticação e autoconsciência em que esta busca se manifeste.
O homem que vive esteticamente não está no controle de si mesmo e nem da
situação. Ele sempre vive o momento, e por isso está à mercê dos acontecimentos.
Ele muda de rumo de acordo com as circunstâncias, e por isso lhe falta estabilidade.
435B O indivíduo estético não impõe um padrão coerente a sua vida. Pelo
contrário, ele “permite que ‘o que acontece’ aja sobre ele e governe o seu
comportamento” (GARDINER, 2001, p.54), vivendo sempre preocupado com o
externo. O indivíduo vê suas qualidades e disposições como algo dado na natureza,
ao qual deve se submeter.
436B No entanto, embora no modo estético haja uma busca pelo prazer, isso não
significa que haja uma satisfação a todo tempo. Há indivíduos estéticos que
experimentam tristeza, vendo a situação como algo a que ele está condenado,
destinado. E a infelicidade é atribuída a algo fixo, não passível de alteração, presente
em si, ou no ambiente. Ao aceitar o ponto de vista fatalista, o indivíduo se exime da
responsabilidade por sua vida e suas escolhas. Trata-se de uma melancolia, uma
dificuldade de desejar, de querer com profundidade.
437B No modo ético valoriza-se os deveres e as responsabilidades. O ponto de
vista centra-se no indivíduo, e este se vê como um objetivo, uma missão. De modo
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que sua atenção dirige-se a sua própria natureza, a sua realidade substancial como
ser humano com talentos, inclinações e paixões que permanecem sobre seu controle
(GARDINER, 2001). No modo ético, o sujeito assume a responsabilidade por si
mesmo de modo consciente. Ele vê suas qualidades como um desafio, conhecendo a
si mesmo, não como contemplação, mas como uma reflexão sobre si mesmo, de
uma forma realista. Ele não conhece apenas aquilo que é, mas aquilo que deseja ser,
tem um eu ideal sobre o qual projeta suas aspirações.
438B O modo religioso diverge dos dois anteriores, pois está além do domínio
ético e resiste a racionalidade, o que não significa que ela deva ser primitiva. Pela
linha de raciocínio de Kierkegaard, somente um indivíduo ético, disposto a
transcender a ética, poderia chegar ao modo religioso. O modo religioso, que
envolve primordialmente a fé, pressuposta por uma consciência religiosa, exige que
o indivíduo seja maduro e moralmente sensível. Um indivíduo que se crê
vocacionado a um chamado único, pode decidir abandonar certos princípios
universalmente aceitos. Não se trata de negar a importância das exigências morais,
mas de aceitar que a ética não é soberana.
439B Gardiner (2001) explica que a fé está além dos padrões de racionalidade, e a
transição para ela não se justifica por meio de argumentos éticos. Pelo contrário, ela
exige uma ruptura radical e um compromisso com algo que é objetivamente incerto,
e talvez contraditório. Para Silva (2007), o estágio religioso se aproxima da
experiência da interioridade.
Kierkegaard Jung
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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B REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
p.15-21, 1973.
COX, Gary. Como ser existencialista – ou Caia na real, vá à luta e pare de
466B
2001.
LIMA, Fransmar Costa. ALTER E EGO: Uma reflexão ética entre Kafka e
469B
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