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➔ Opõe-se, radicalmente, à idéia de tomar o homem como objeto, afirmando: "Um homem
individual existente não é uma idéia".
➔ O existente humano não é equiparável aos seres não pensantes. Afirma, ainda: "Existir como
tal não é ser no sentido que uma batata é". Uma batata jamais poderá interrogar-se sobre si
mesma. A existência é a única coisa que não existe de forma abstrata.
Søren Kierkegaard
Estágio estético:
Normalmente se descreve o estágio estético apenas pela obra Diário de um Sedutor, que se
remete ao aspecto egoísta desse estágio, porém Kierkegaard em diferentes obras se refere à
importância da vivência estética na existência humana.
A ilusão do esteta consiste em se acreditar eterno ou crer que aquele momento se eterniza.
Junto a isso acredita na juventude eterna e na dilatação do prazer. No entanto, como o instante só
se eterniza na fé, o projeto do esteta fica fadado ao fracasso.
Søren Kierkegaard
Estágio estético:
Sem reflexão, funda o sentido de sua vida nas sensações sob o domínio do
prazer. Em uma vivência de subjetivismo extremo e a vontade exercida no presente
imediato, esse homem torna-se determinado pelos impulsos, pela indiferença ante o
outro
Søren Kierkegaard
Estágio estético:
Estágio estético:
Na contemporaneidade, o estético se revela pela incessante busca do prazer, deliciando-se com o êxtase do
dia-a-dia pela busca de novidade. Esse homem corre atrás do consumo de objetos e de sensações. Move-se pelos
sentidos, deixa-se levar pelos impulsos que lhe dão prazer no imediato. A vida só tem importância no presente
imediato. Vive o desejo incessante por perpetuar o prazer, a juventude, a vida. A falta de compromisso com o outro
constitui-se no modo como se relaciona, já que o outro é tomado como uma coisa, relaciona-se com total
indiferença pela existência do outro, anestesia-se perante a fome, a pobreza, enfim, a dor do outro. Afinal, junto ao
outro o que funciona é a sedução para logo depois descartá-lo. Assim como se descartam o índio, o pobre, o velho,
as crianças de rua, o estrangei-ro. A lei que predomina no social é a da maior vantagem.
Søren Kierkegaard
Para os consumidores da sociedade de consumo, estar em movimento, procurar, buscar, encontrar ou,
mais precisamente, não encontrar não é sinônimo de mal-estar, mas promessa de bem-aventurança, talvez a
própria bem-aventurança. Seu tipo de viagem esperançosa faz da chegada uma maldição (...) não tanto a avidez
de adquirir, de possuir, não o acúmulo de riqueza no seu sentido material, palpável, mas a excitação de uma
sensação nova, ainda não experimentada, este é o jogo do consumidor. Os consumidores são primeiro e acima de
tudo acumuladores de sensações, são colecionadores de coisas apenas num sentido secundário e derivativo.
Estágio: ético
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
Estágio ético:
Na reflexão reside a questão do psicológico, ao qual se chega por meio do refletir acerca de
si mesmo: atos e escolhas, pois para se chegar ao religioso muitas pessoas primeiramente
precisam do maior conhecimento de si mesmas. Esse estágio se caracteriza pelo movimento de
exterioridade e interioridade, daí a indecisão, a dúvida, o temor das conseqüências, do
imprevisível e do futuro. A angústia, o desespero, o temor aparecem com maior relevância nesse
estágio.
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
No ético, o homem vive a ilusão de que pode alcançar a verdade absoluta, o perfeito, e daí
não ter do que se arrepender. Quer a qualquer preço livrar-se da culpa e não ter do que se
arrepender. Diz Kierkegaard tratar-se de um puro engodo, pois, qualquer que seja sua escolha,
esse homem vai sempre ter do que se arrepender. Daí poder-se compreender a indecisão, a
dúvida, o medo de arriscar-se e ter de pagar um preço muito alto pela sua ousadia, que inquieta a
vivência no estágio ético.
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
Kierkegaard considera que suas obras que caracterizam o estágio ético são
descrições psicológicas. Esses escritos contemplam a formação da personalidade no
estágio ético. Afirma, ainda, a impossibilidade de se alcançar a fé sem uma vivência
ética profunda e abrangente. Com essa afirmativa, deixa claro a importância que esse
filósofo atribui aos estudos da psicologia.
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
Estágio ético:
Estágio ético:
➔ Mostra toda sua preocupação com o desprezo que os sistemas abstratos davam
às questões éticas.
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
Estágio ético:
No ético, está aquele que se dilacera pelos modos de subjetivação da modernidade e a capacidade
de refletir a partir de uma consciência moral, que clama por ver, respeitar e considerar a existência do
outro.
O estágio ético se caracteriza pela mediação da exterioridade com a interioridade, o homem ético
se dá conta que não é possível ignorar as exigências, as normas e convenções do externo. Aprisiona-se, no
entanto, aos limites estabelecidos pelo social. Vivencia a dúvida, questiona-se sobre a verdade e a
não-verdade. A dúvida e as obrigações a que ele próprio se condena tornam a vivência desse estágio
fatigante e a grande angústia, enquanto ambiguidade, se dá entre o prazer e o dever.
Søren Kierkegaard
Estágio ético:
Na ética, o pecado é tratado de forma a postular que é possível se viver sem pecado.
Isso não é possível pelo fato de esta pretender "o ideal no real, porém se mostra incapaz do
movimento inverso, elevar o real até o ideal. A ética põe como fim o ideal, no prejuízo de
que o homem tem meios para o alcançar, porém, exatamente porque salienta a
dificuldade e a impossibilidade desse encontro, cria no seu proposto a contradição".
Estágio religioso
Søren Kierkegaard
Estágio religioso:
Estágio religioso:
Estágio religioso:
Estágio religioso:
A partir dos três estágios da existência, de acordo com Kierkegaard: o estético, o ético e o
religioso, conclui-se, que nos escritos de Kierkegaard havia três tipos de peregrinos
correspondendo a todos esses três estágios:
"O tipo estético estava preocupado com o divertimento, deliciando-se com os prazeres
pitorescos e culturais do caminho; o tipo ético via a peregrinação como um desafio à sua
capacidade de resistência e à autodisciplina." Esse tipo tem uma noção exata do que é o
comportamento correto de um peregrino e é muito competitivo com relação aos outros na
estrada; o peregrino religioso, que Kierkegaard denomina pelo absurdo: "Se fosse inteiramente
racional, não haveria mérito em se ter fé".
Søren Kierkegaard
➔ O peregrino estético não finge ser um peregrino de verdade, nem sequer questiona acerca
do que é um peregrino, vive o prazer da diversão, a maioria formada por jovens que
caminham sob o pretexto de peregrinação, mas que na verdade livram-se da tutela dos pais
e então fazem contatos com outros jovens para os quais tudo aquilo não passa de uma
grande diversão.
Ironia:
Ironia:
A ironia constitui-se como um auxílio negativo, aquilo que corrói as certezas de uma
existência excessivamente segura de si mesma e deixa o indivíduo só, na insegurança de sua
dúvida. Como Kierkegaard escrevera em seus Diários, “mas permanecer só – pela ajuda de
um outro, esta é a fórmula para a ironia”. Esta ideia atravessa O conceito de Ironia: “nos
gregos [...] o silêncio da ironia tinha de ser aquela negatividade que impedia que a
subjetividade fosse tomada em vão”
Søren Kierkegaard
Angústia:
Desespero:
Fé e subjetividade:
Em linhas gerais, a superação do problema do desespero não pode se dar pela via do conhecimento
apenas, uma vez que a pessoa que conhece o faz a partir de sua finitude e, portanto, não tem em si
condições de abarcar a infinitude e realizar a síntese de modo puramente racional.
Nessa perspectiva, a razão, quando levada a seu máximo, percebe justamente seu limite, sua
incapacidade de conceber a infinitude e realizar a síntese adequadamente a partir de si mesma.
Kierkegaard percebe que não há saída para a superação ou cura do desespero sem um voltar-se para a
subjetividade, sem uma atitude subjetiva específica. Essa atitude é pensada a partir do cristianismo e
entendida como fé, embora a fé não seja apenas uma atitude subjetiva.
Søren Kierkegaard
Paradoxo:
Amor:
A reflexão sobre o amor é fundamental na obra de Kierkegaard como um todo. Embora tenha escrito um
volume com mais de quatrocentas páginas sobre o assunto, As Obras do Amor – Algumas considerações cristãs
em forma de discurso (1847), a questão do amor não se restringe a esse livro, mas atravessa o conjunto da obra.
Essa centralidade do amor está ligada ao entendimento do ser humano como síntese.
Kierkegaard se insere numa longa tradição que entende que o amor é justamente o que vincula o temporal
e a eternidade. Segundo As Obras do Amor: “Pois o que vincula o temporal e a eternidade, o que é, senão o amor,
que justamente por isso existe antes de tudo, e permanece depois que tudo acabou”. Justamente por ser o que
vincula o temporal e a eternidade, o amor é a condição sem a qual a síntese não se efetiva corretamente.
Søren Kierkegaard
Repetição:
Culpa:
Dialética:
“Para Hegel, a dialética do ser se dava em um processo triádico, em que a tese é o ser, a antítese é
o não-ser (o nada) e a síntese é o vir-a-ser (devir). Assim tudo se move em direção a uma
auto-consciência maior até atingir o Espírito Absoluto, capaz de contemplar a si mesmo em plena
transparência. A dialética de Kierkegaard se caracteriza pela ausência de síntese, o que
permanece é a incerteza última que jaz na incerteza. Substitui o Espírito absoluto pela
Subjetividade. Esta não é racional, é o eu: dialética do finito e infinito, eterno e temporal. Daí
descreve os estágios da existência: estético, ético e religioso. E é na fé que o homem por um ato de
paixão e não de razão encontra-se a si próprio”.
Søren Kierkegaard
Existência:
O conceito de existência é central na obra de Kierkegaard, a ideia de que nossa existência não está
pronta ou determinada, mas que temos de nos tornar nós mesmos num processo que envolve esforço,
risco, decisão, fé, responsabilidade. Todos os grandes temas e conceitos de sua obra gravitam em torno
da questão do tornar-se si mesmo ou tornar-se cristão e, nesse sentido, de o que significa existir.
O conceito de angústia auxilia a compreender o sentimento ambíguo diante da possibilidade de
realização da síntese de finitude e infinitude, o conceito de desespero clarifica o que é essa relação
mal-efetivada, e os conceitos de fé, paradoxo, amor e repetição lidam com o que seria a correta efetivação
da síntese e seus efeitos. Assim, para compreendermos o que Kierkegaard entende por existência, é
preciso ter em mente sua concepção do ser humano como síntese e, consequentemente, que a realização
dessa síntese se dá por um processo constante.
Søren Kierkegaard
Indivíduo:
O que nos constitui se dá por decisão, salto, e não está baseada em conhecimento objetivo. Não
podemos saber, objetivamente, como realizar uma síntese. Ninguém pode ensinar outra pessoa a ser si
mesma. O processo de tornar-se si mesmo se dá, assim, no limite da razão e da filosofia. As decisões mais
importantes são justamente aquelas para as quais não há informações objetivas ou critérios claros.
Contudo, se a percepção disso é fundamental, ela também pode levar a equívocos. Do fato de que
não se possa saber objetivamente como tomar decisões existenciais não segue que elas não possam ser
pensadas. Elas podem e devem ser pensadas. O pensamento de Kierkegaard opera na tensão desses dois
pressupostos, e isso parece ser especialmente importante para o nosso tempo.
Søren Kierkegaard
➔ Mesmo sem saber tudo, podemos pensar as consequências de se viver deste ou daquele modo,
seja: os modos de se comunicar questões existenciais;
➔ o que é angústia e como nos relacionamos com ela;
➔ o desespero e seu disfarce em vidas bem ajustadas; a importância de relacionar finitude e
infinitude em uma atitude subjetiva;
➔ o enfrentamento do paradoxo diante da necessidade de realizar a síntese;
➔ o amor como o que une finitude e infinitude;
➔ a necessidade de encaminhar o desejo de repetição a partir da interioridade e não dos objetos e
eventos externos;
➔ a existência como tarefa de realização de si mesmo; o indivíduo como o construir a relação da
própria síntese etc.
Søren Kierkegaard
Por fim, Kierkegaard nos fornece conceitos e ideias que nos ajudam a
compreender a nós mesmos. E deixa claro que esses conceitos devem ser vividos,
experimentados, encarnados. Sua inspiração para este modo de pensar é o paradoxo
de Cristo, como exposto pelo pseudônimo Anti-Climacus: “Pois Cristo é a verdade no
sentido de que ser a verdade é a única verdadeira explicação do que a verdade é”
Referências bibliográficas
ROOS, Jonas. 10 lições sobre Kierkegaard. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2021. E-book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br.
FARAGO, France. Compreender Kierkegaard. 3. ed. São Paulo: Vozes, 2011. E-book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br.