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ISSN: 2359-4373. Mendes; Krupek (2021)
Resumo: Atualmente vivemos um momento em que a demanda por alimentos orgânicos é crescente.
Este fato faz com que produtores convencionais busquem a conversão para a produção orgânica. En-
tretanto a produção orgânica possui normas específicas e determinados produtos e substâncias que
não devem ser utilizados. Tradicionalmente agricultores agroecológicos orgânicos utilizam caldas e
outras técnicas alternativas como repelente e fertilizante, porém muitas vezes sem embasamento cien-
tífico, apenas movido pelo saber popular. Portanto, este trabalho teve como objetivo correlacionar as
técnicas tradicionais orgânicas com o conhecimento científico. Para a obtenção das técnicas tradicio-
nais foram analisadas 20 obras e cartilhas (publicadas entre 1994 e 2018) voltadas para este público
(pequenos agricultores familiares), sendo destas selecionadas as 10 técnicas (plantas e/ou materiais
utilizados) repetidas mais vezes em diferentes obras. Estas técnicas e plantas foram comparados à re-
sultados descritos em artigos científicos publicados em periódicos reconhecidos (com ISSN) a fim de
correlacionar os saberes empíricos com o científico. As técnicas e plantas que mais se repetiram foram
Alho (n=16), Calda Bordalesa, (n=16), Pimenta, (n=14), Leite ou soro de leite (n=13), Calda Sulfocál-
cica (n=13), Arruda (n=12), Cravo de Defunto (n=11), Neem (n=11), Urtiga (n=10), Cinamomo
(n=9) e Cinza (n=9), todas com diferentes finalidades. Através destas análises pode-se observar que
não existem parâmetros pré estabelecidos para o preparo e utilização dos produtos descritos, o que
dificulta muito a sua correta utilização, embora, muitas das técnicas tenham respaldo científico, con-
forme observado. Neste sentido, salienta-se que a agricultura orgânica carece de maior número de pes-
quisas científicas específicas, para que os saberes populares possam ser melhor empregados.
Palavras chave: Orgânico; Biofertilizantes; Caldas Naturais; Conhecimento Popular.
Abstract: We are currently experiencing a time when the demand for organic food is growing. This
fact makes conventional producers look for a conversion to organic production. However, organic
production has specific rules and certain products and substances that should not be used. Tradition-
ally agroecological farmers use syrups and other alternative techniques such as repellent and fertilizer,
however, often without scientific basis, only moved by the popular saber. Therefore, this work aims to
correlate traditional organic techniques with scientific knowledge. To obtain the techniques of the tra-
ditional techniques, 20 works and booklets (published between 1994 and 2018) aimed at this audience
(small family farmers) were analyzed, these being selected as 10 techniques (plants and / or materials
used) repeated more often in different works. These techniques and plans were compared to the re-
sults found in articles published in periodical journals (with ISSN) in order to correlate the empirical
and scientific knowledge. The most repeated techniques and plants were Garlic (n = 16), Bordeaux
mixture (n = 16), Pepper (n = 14), Milk or whey (n = 13), Sulfocalcium syrup (n = 13), Arruda (n =
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12), Marigold (n = 11), Neem (n = 11), Nettle (n = 10), Cinamomo (n = 9) and Gray (n = 9), all with
different purposes. All analyzes can be seen that there are no pre-defined parameters for the prepara-
tion and use of apparent products, which makes it very difficult to use them correctly, although many
of the techniques have scientific support, as noted. In this sense, it should be noted that an organic
lack a greater number of specific research, so that popular knowledge can be better employed.
Keywords: Organic, biofertilizers, natural syrup, popular knowledge
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plantas que este possui em sua propriedade. científico, descrito em publicações efetivas
Segundo Barbosa et al. (2006), estes produtos sobre o tema biofertilização.
tem sua eficácia como pesticidas naturais de-
vido a compostos bioativos presentes nas
plantas, como as piretrinas presentes nas flo- MATERIAL E MÉTODOS
res do crisântemo, por exemplo. Silva et al.
(2019), caracterizam estes compostos em 2 Para a realização deste estudo, fo-
grupos: substâncias capazes de repelir herbí- ram inicialmente selecionados 20 livros e/ou
voros pela sua toxicidade e substâncias capa- cartilhas que trazem em seu conteúdo técnicas
zes de induzir a síntese de substâncias de de- de adubação ou repelência de organismos in-
fesa. desejáveis para a agricultura orgânica/
Entretanto, falta ao pequeno produ- agroecológica. As obras foram selecionadas
tor contato com pesquisas científicas específi- aleatoriamente, tanto em material online, co-
cas para a agricultura orgânica, fazendo mo livros físicos.
com que estes não b tenham acesso a As 20 obras utilizadas neste trabalho,
informações úteis para o desenvolvimento de e as suas respectivas técnicas de fertilização e
suas produções. No caso dos extratos vege- repelência encontradas, encontram-se listadas
tais, saber se realmente a planta que o agricul- no Apêndice A.
tor está usando possui algum composto bioa- Todas as técnicas de biofertilização
tivo que expressará o efeito desejado. Ade- contidas nos 20 livros/cartilhas foram então
mais, os produtores não compreendem quais organizadas em tabelas, para quantificar as
processos precisam ser realizados para seguir repetições das mesmas técnicas em diferentes
as exigências das certificadoras, ou que, por livros. As 10 técnicas que mais se repetirem,
mais que a agricultura orgânica seja regida por foram confrontadas com a literatura científica
um viés ecológico, qualquer prática que em- (artigos publicados) a fim de relacionar, caso
pregada de forma inadequada pode trazer da- exista, o fundamento científico com seu efeito
nos ao microambiente que estiver sendo culti- esperado.
vado, potencializando o desenvolvimento de Ressalta-se que, como dentro da pro-
organismos não benéficos no momento dução agroecológica podem haver discrepân-
(CAMPANHOLA; VALARINI, 2001). cias ideológicas, durante a coleta de dados as
Na maioria das vezes as técnicas uti- técnicas que não respeitaram a legislação orgâ-
lizadas pelos agricultores são baseadas no co- nica não foram contabilizadas, como aquelas
nhecimento empírico, que consiste basica- que evolvem fumo, por exemplo. Ainda, não
mente de senso comum, adquirido através de foram contabilizadas técnicas de adubação
experiências e vivências próprias, herdadas no que continham em sua composição grande
decorrer dos tempos e com o passar das tradi- quantidade de micro e macronutrientes (p.ex.
ções (CARTONI, 2010). Podemos desta for- boro, molibdênio, cálcio, potássio, magnésio,
ma teorizar que os produtos agrícolas fabrica- melaço, óleos, etc.), bem como caldas que
dos pelos produtores, talvez não possuam misturavam mais de duas plantas, pois as vari-
ciência sistematizada por traz de sua fabrica- áveis que influenciariam no resultado final,
ção. Entretanto, como já se sabe o conheci- poderiam ser analisadas apenas de forma su-
mento popular é base e serve como demanda perficial.
para diversas pesquisas científicas ( RODRI- As caldas, técnicas, biofertilizantes e
GUES et al., 2013; NUNES et al, 2011), de- outros, que envolviam esterco em sua compo-
mostrando a grande importância do conheci- sição, também não foram utilizadas pois este
mento empírico. Nesta perspectiva, este tra- ingrediente possui diversas particularidades
balho pretende buscar na literatura científica como, fermentação, tempo de fermentação,
bases para correlacionar o conhecimento em- acidez, origem, regulamentação orgânica, en-
pírico, por traz de técnicas utilizadas pelos tre outros, que se enquadrariam melhor em
agricultores orgânicos, com o conhecimento um contexto específico para ele.
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Desta forma, foram utilizadas para Após a análise destes livros e cartilhas
esta pesquisa apenas as técnicas que envolve- obtiveram-se um total de 57 diferentes técni-
rem uma ou duas plantas na sua composição e cas biofertilizantes e/ou repelentes passíveis
caldas biofertilizantes de ampla disseminação de uso na agricultura orgânica, entre elas es-
e fácil acesso para os produtores. Todos os tão: 49 plantas, 3 caldas, Leite/Soro de Leite,
dados foram dispostos na forma de gráficos e Cinza, Farinha de Trigo, Urina de Vaca, Bicar-
tabelas. bonato e Argila com suas respectivas técnicas
de preparo e utilização. A quantidade de repe-
tições de cada técnica e/ou planta encontram-
RESULTADOS E DISCUSSÃO se listadas na Figura 1.
Figura 1. Totalidade de técnicas e plantas citadas nas 20 obras avaliadas neste estudo.
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fungicida, bactericida e no controle do pulgão Não foram encontrados artigos que
(SALVADORI; PEREIRA, 2020). atestassem ou refutassem sua eficácia no con-
Ao realizar estudo com inseticidas trole do pulgão especificadamente.
naturais Leite; Bertotti (2020) observaram
efeito repelente do macerado de alho sobre a 2) Pimenta
vaquinha (Diabrotica speciosa) e a lagarta do car-
tucho (Spodoptera frugiperda). Segundo estes au- Inicialmente ressalta-se que não hou-
tores a repelência do alho poderia ocorrer, ve especificação de espécie em nenhum livro
pois o extrato é absorvido pela planta, modifi- ou cartilha. Em alguns casos tratou-se de
cando o odor natural desta e assim repelindo “pimenta malagueta” (Capsicum frutescens L.) e
os insetos. “pimenta do reino” (Piper nigrum L.), mas na
Em pesquisa desenvolvida por Costa maioria foi apenas designado o termo
et al. (2017), ficou atestado a eficácia antifún- “pimenta”. As técnicas de preparo envolviam
gica do extrato de alho sobre o fungo Bipolaris basicamente maceração dos frutos da pimenta
spp. que se desenvolve em grãos de feijão es- seguida de sua dissolução. As obras citaram o
tocado, e dos fungos Curvularia lunata e Fusa- caldo de pimenta 14 vezes como repelente e
rium subglutinan de frutos de tomateiro e abaca- para o controle de insetos e uma vez para a
xizeiro respectivamente. Entretanto, a meto- conservação de grãos.
dologia da referida pesquisa obteve o extrato Leite; Bertotti (2020) obtiveram re-
de alho de uma forma bem diferente a sugeri- sultados positivos em relação a utilização de
da na literatura que os pequenos produtores calda de sementes de pimenta do reino no
teriam acesso, com equipamentos e produtos controle dos insetos Vaquinha (D. speciosa) e
específicos para este fim, porém provavel- da lagarta do cartucho (S. frugiperda). Segundo
mente seria a melhor forma de obter o extrato estes autores o extrato de pimenta gerou a
puro. mortalidade das lagartas, anomalias morfológi-
Entretanto, Nali et al. (2004), ao tes- cas, redução do peso das lagartas e prolonga-
tar a repelência do alho sobre o Tripes mento dos ínstares. Entretanto os autores ad-
(Thysanoptera, insetos fitófagos de importân- vertem que durante o preparo do inseticida de
cia agrícola), utilizando o extrato obtido atra- pimenta, este apresentou “odor relativamente
vés do produto comercial BioAlho®, não ob- forte, causando irritação na pele”.
tiveram resultados que mostrassem sua efici- Silva; Farias (2020) observaram exce-
ência, embora os autores tenham citado diver- lente efeito repelente ao analisarem óleos es-
sos trabalhos que obtiveram bons resultados. senciais de folhas de Pimenta racemosa sobre
Baptista; Resende (2012), embora tenham ob- carunchos (Sitophilus spp.) no feijão estocado.
servado certa eficiência no controle de doen- Entretanto é necessário ressaltar que a forma
ças foliares em tomateiro com o extrato de de extração de óleos essenciais não é de sim-
alho, notaram que esta, dentre as demais téc- ples acesso aos pequenos produtores rurais.
nicas analisadas, era a menos eficiente e com Prova disto é que, dentre as 20 cartilhas e
necessidade de uma quantidade maior de apli- obras pesquisadas não houve menção específi-
cações. ca sobre esta espécie de pimenta. Ainda se-
Em revisão bibliográfica Silva et al. gundo o mesmo autor (SILVA; FARIAS,
(2019) citaram efeito positivo de extrato de 2020), o efeito inseticida da pimenta poderia
alho para controle da oviposição de uma espé- se dar devido a presença de substâncias como
cie de mosca de fruta. Halfeld-Vieira et al. monoterpenos, diterpenos e sesquiterpenos
(2016) em revisão bibliográfica também tra- em sua composição química. Estes podem
zem diversas pesquisas em que o extrato de gerar efeitos adversos nos insetos, como redu-
alho foi eficiente na repelência e controle de ção na taxa alimentar.
insetos variados. Segundo estes autores este Aquino et al. (2019) observaram efeito
fato se deve ao seu cheiro forte que causa re- alelopático de extrato aquoso de folhas de
pugnância e a irritação provocada pelo conta- Capsicum baccatum L. (pimenta dedo de moça)
to com compostos oriundos da planta. sobre a germinação e desenvolvimento de
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Capsicum annum L., a pimenta ornamental do- picia barreira física para organismos indesejá-
ce. Segundo os autores estes efeitos alelopáti- veis. Caso as plantas consorciadas possuam
cos se devem a substâncias presentes para nicho ecológico similar, poderá haver favore-
proteção ou defesa contra a herbivoria, entre- cimento na competição, o que pode gerar um
tanto ressalta-se que estes efeitos adversos não decréscimo na produtividade, como foi o caso
são universais, ou seja, o efeito tóxico pode se do consórcio do tomate com o funcho
dar sobre uma espécie e não sobre outra. Ain- (Foeniculum vulgare) (CARVALHO et al., 2009).
da, esses autores (AQUINO et al., 2019) Moraes et al. (2014) ao analisarem o
apontam que as folhas de pimenta dedo de efeito de extratos aquosos de plantas, entre
moça liberam compostos voláteis que afetam elas a arruda, sobre caramujos africanos
o desenvolvimento de plantas próximas e pos- (Achatina fulica) não obtiveram resultados com
suem efeitos repelente. diferença significativa entre grupo controle e
Vieira Júnior et al. (2016) observaram teste, constatando que a utilização deste extra-
efeito fungicida de extrato aquoso de folhas to para prevenção deste molusco é ineficiente.
de pimenta malagueta mexicana (Capsicum an- Segundo eles resultados positivos poderiam
nuum) igual ao fungicida comercial Azoxistro- estar relacionados aos mecanismos de defesa
bina. Os testes ocorreram sobre o fungo Rhi- da planta, contra inimigos naturais. Porém,
zoctonia solani in vitro. biocidas naturais apresentam em geral maior
Fato de extrema relevância é que especificidade para organismo-alvo
dentre as obras/cartilhas pesquisadas inicial- (MORAES et al., 2014).
mente, todas indicam a utilização dos frutos Barbosa et al. (2011) apontam que os
da pimenta, porém dentro da literatura cientí- possíveis efeitos inseticidas de R. graveolens es-
fica pesquisada todas indicam resultados posi- tariam relacionados a presença de glicosídios
tivos utilizando as folhas apenas, o que nos como a rutina, lactonas aromáticas como a
sugere que é necessário discriminar melhor cumarina, bergapten, xantotoxina, rutaretina e
aos pequenos produtores quais partes das rutamarina, glicosídeos de antocianinas, alca-
plantas eles devem obter para o preparo de lóides como a rutamina, rutalidina, cocusagini-
seus caldos e extratos. na, cetona-cetona e ribalidina, metil cetona
como a metilnonilpona, favonóides como a
3) Arruda (Ruta graveolens L.) hesperidina, rutalina, rutacridona e terpenos.
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fato de que o aumento na diversidade floral observou toxidade positiva para a utilização
pode aumentar a abundância de polinizadores deste extrato como biocida. Gouvea et al.
e agentes de controle biológico, como inimi- (2011) ao analisarem os efeitos do extrato de
gos naturais das “pragas”. Corroborando, Sil- Neem (Natuneem®) sobre plantação de soja
veira et al. (2009) observaram aumento na di- (cultivar BRS 232) observaram efeito positivo
versidade e abundância de artrópodes e de em relação a proteção contra doenças varia-
inimigos naturais, ao realizarem plantio con- das. Segundo os autores o extrato de Neem
sorciado de cravo de defunto (T. erecta) e ce- pode ter atuado induzindo a resposta de defe-
bola (Allium cepa). Paiva et al. (2017) ao anali- sa da planta ou agindo diretamente sobre os
sar o consórcio de cravo de defunto com hor- patógenos. Cardozo; Pinhão Neto (2019), ao
taliças variadas, sendo a principal a alface, as- analisarem o efeito do extrato de folhas de
sim como nos trabalhos anteriores obtiveram Neem para o tratamento de sementes de to-
como resultado aumento da diversidade e ri- mate (Solanum lycopersicum) concluíram que seu
queza de artrópodes. uso foi positivo, tal qual a testemunha química
Segundo Pinheiro et al. (2019) o cra- comercial (Thiran), eliminando possíveis pató-
vo de defunto apresenta antagonia real em genos sem influenciar a germinação.
relação a nematoides, quando plantado em Entretanto, França et al. (2008) obti-
consórcio, pois este libera exsudatos radicula- veram efeitos negativos do extrato aquoso de
res, que possuem ação tóxica sobre nematoi- folhas de Neem sobre a germinação de sorgo
des, através da substância α-tertienil. Souza et (Sorghum bicolor), alface (Lactuca sativa) e picão-
al. (2018) trazem ainda que o T. erecta contém preto (Bidens pilosa). Segundo os autores, o Ne-
metabólitos secundários capazes de auxiliar no em pode apresentar metabólitos secundários,
controle de organismos indesejáveis e doen- que seriam aleloquímicas para as plantas. En-
ças. Segundo estes autores T. erecta possui em tretanto eles ressaltam ainda, que este efeito
suas flores e folhas um óleo volátil, que em tóxico pode não ter sido observado neste es-
sua composição possui a mesma substância tudo devido ao fato de estarem usando o ex-
presente no feromônio utilizado por pulgões trato aquoso e não óleo de Neem, pois em
como alarme contra predadores, assumindo extratos aquosos a presença destes metabóli-
assim possível papel como inseticida. tos como a azadiractina é menor
(CARDOZO; PINHÃO NETO, 2019). A
5) Neem/Nim (Azadirachta indica A. azadiractina é uma molécula complexa, isolada
Juss) a cerca de 30 anos e que ainda não se sabe
muito sobre sua síntese. Este composto é
O Neem ou nim, foi citado 11 vezes comprovadamente eficiente no controle de
com funções como inseticida, para a conser- “pragas” para a agricultura (FRANÇA et al.,
vação de sementes, no controle de doenças e 2008).
pesticida. Darolt (2015) cita que as folhas re- Li et al. (2019) ao analisarem o efeito
pelem insetos e o extrato de sementes inibe o de extrato etanólico de folhas de A. indica so-
desenvolvimento de insetos. Kuster (2010) diz bre a espécie de gafanhoto Oxya chinensis, no-
que a planta possui um princípio ativo contra taram toxicidade estomacal para a ninfa da
traças, lagartas, pulgões e gafanhotos. A plan- referida espécie. Entretanto a análise fitoquí-
ta é citada inclusive como “milagrosa, que aju- mica do extrato, não revelou a presença da
da em tudo” por Burg; Mayer (2013). azadiractina, o que sugere que o Neem possui
As possíveis formas de utilização outros compostos com capacidade inseticida
eram variadas. Sugeria-se utilizar folhas mace- além da já conhecida azadiractina. Tal fato,
radas em água, sementes raladas e misturadas ressalta a importância de pesquisas na área.
em água, óleo de Neem e frutos batidos no
liquidificador e dissolvidos em água. 6) Urtiga
Carvalho (2009) ao analisar os efeitos
do extrato aquoso de folhas e sementes de Em relação a urtiga, assim como em
Neem sobre percevejos (Podisus nigrispinus) outros casos já citados neste trabalho, não
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nais sem dinamizar os motivos biológicos des- ROS, J. E. de; DANTAS, J. R. F. Fitotoxidade
tes efeitos. Este fato pode gerar, assim como de estrato aquoso foliar de pimenta dedo de
observado neste trabalho, incoerências entre moça sobre a germinação de pimenta orna-
as indicações de literaturas próprias para a pe- mental. Magistra, v. 30, p. 316-322, 2019
quena agricultura e o resultado real observado.
Ainda, em concordância ao relatado em quase ASSESOAR, Associação de Estudos, Orienta-
todos os artigos pesquisados neste trabalho, ções e Assistência Rural; CAPA, Centro de
os experimentos feitos por estes, estão em Apoio e Promoção da Agroecologia. Méto-
ambiente controlado na maioria das vezes, o dos Ecológicos de Controle de Insetos e
que não ocorre na prática da agricultura, quan- de Doenças das Plantas e dos Solos. 2ª
do diversos organismos distintos interagem Edição, v. 4, Francisco Beltrão: ASSESOAR;
simultaneamente. Neste sentido, é necessário CAPA, 2018
um maior número de pesquisas para que se
possam analisar mais variáveis a fim de corre- BAPTISTA, M. J.; RESENDE, F. V. Boletim
lacioná-las com a prática do campo, para a de Pesquisa e Desenvolvimento 82: Uso de
delimitação de parâmetros, como em relação calda bordalesa, extratos vegetais e biofertili-
as proporções de ingredientes e concentrações zante para controle de doenças foliares no
das aplicações, pois na maioria dos materiais tomateiro em sistema orgânico de produção.
pesquisados as informações neste sentido 1ª Edição, Brasília: Embrapa Hortaliças, 2012
eram díspares.
Pode concluir-se, portanto, que em- BARBOSA, F. R.; SILVA, C. S. B da; CAR-
bora as bases experimentais do conhecimento VALHO, G. K. de L. Documentos 191: Uso
empírico sejam baseadas em resultados possi- de inseticidas alternativos no controle de
velmente observados por produtores reais, pragas agrícolas. 1ª Edição. Petrolina: Em-
carece-se de mais pesquisas comprobatórias brapa-Semi Árido, 2006.
de efeitos positivos, negativos e possíveis ris-
cos. E, de igual importância, toda e qualquer BARBOSA, F. S.; LEITE, G. L. D.; ALVES,
pesquisa precisa ser disseminada nas mais va- S. M.; NASCIMENTO, A. F.; D’AVILA, V.
riadas linguagens, pois a dúvida, a pesquisa e a de A.; COSTA, C. A. da. Insecticide effects of
disseminação de saberes trabalham juntas e Ruta graveolens, Copaifera lagsdorffii and Chenopo-
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APÊNDICE A – Tabela completa de citações
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Apêndice A. continuação
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Apêndice A. continuação
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Apêndice A. continuação
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Luminária, União da Vitória, v. 23, n. 01, p. 49-71
ISSN: 2359-4373. Mendes; Krupek (2021)
Conhecimento empírico e científico: correlação nos processos de biofertilização...
Apêndice A. continuação
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Luminária, União da Vitória, v. 23, n. 01, p. 49-71
ISSN: 2359-4373. Mendes; Krupek (2021)
Conhecimento empírico e científico: correlação nos processos de biofertilização...
Apêndice A. continuação
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Luminária, União da Vitória, v. 23, n. 01, p. 49-71
ISSN: 2359-4373. Mendes; Krupek (2021)
Conhecimento empírico e científico: correlação nos processos de biofertilização...
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