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RESUMO: As contradições do capital e sua inserção de seus ideais predatórios não passaram
longe da realidade amazônica, o que a tornou passível em de implementações exploratórias,
sob pensamento colonialista de uma fronteira de recursos naturais, criando zonas de
desigualdades territoriais causadas pela divisão territorial do trabalho. O objetivo deste ensaio
é compreender de forma metodológica uma forma de interpretar o território amazônico como
uma periferia, usando método indutivo para chegar a uma conclusão. Foram alcançados
resultados de uma Amazônia já em um contexto capitalista, fornecedora de subsídios para as
outras regiões, e formando territórios urbanizados desiguais em verticalidades.
1 INTRODUÇÃO
Uma coisa a se pensar é que a função do espaço seria regularizar essas dinâmicas
produtivas globalmente implementadas pelos interesses capitalistas que ultrapassam as
barreiras e adicionam suas dinâmicas, o que causaria a criação de espaços de produção que
exercem a dominação sobre os que carecem da produção técnico-científica informacional,
tornando, de certa forma, o surgimento de espaços periféricos. Não diferente, o objetivo desse
ensaio é compreender, de forma teórica, como a Amazônia é vista nacionalmente como uma
periferia com recursos a serem explorados a partir da divisão territorial do trabalho. Desta
forma, podemos pensar em sistemas de objetos e sistemas de ações (SANTOS, 1996).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
1
Ensaio científico apresentado a Unidade de Ensino Superior da Universidade Federal do Pará– UFPA, no Curso
de Geografia disciplina Geografia Regional do Brasil.
2
Graduando de Geografia pela Universidade Federal do Pará. Está em graduação em licenciatura em Geografia
pela Universidade Federal do Pará (2021). hermogenfpl6@gmail.com
consequentemente afeta a Amazônia. O Programa de Integração Nacional, implementado
durante o regime militar, impulsionou o desenvolvimento do território, resultando na criação
de redes de controle técnico e político.
A região amazônica serviu como um estopim de atrativos para investimentos, uma vez
que recebeu do Estado incentivos fiscais, criando um ambiente propício:
Sendo assim, o governo federativo tomou para si espaços dos territórios estaduais da
Amazônia Legal, tornando-se autoridade federal e exercendo controle ao longo dos anos.
Uma das ações mais significativas nesse processo foi a criação do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 1970, com o objetivo de promover o
desenvolvimento agrário da região e facilitar sua ocupação. O INCRA fornecia subsídios e
incentivos financeiros, o que tornou a região um atrativo para imigrantes.
Como observamos, o Estado teve como objetivo central, durante esse período,
implementar projetos de integração e colonização na Amazônia. Isso se torna evidente quando
consideramos a frase do presidente Castelo Branco em 1966, "Integrar para não Entregar",
que serviu como justificativa para a integração amazônica. Na verdade, o governo militar
tinha receios de que estrangeiros de outros países ocupassem e se apropriassem dos recursos
naturais da região, o que poderia comprometer a soberania brasileira. Portanto, o governo
buscava garantir a soberania e promover o desenvolvimento econômico na região.
3
BECKER, Bertha. Redefinindo a Amazônia: o vetor tecno-ecológico. Brasil: questões atuais da
reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 223-281, 1996.
facilitada por meio de incentivos fiscais. Isso gerou, em certa medida, a estrangeirização das
terras amazônicas.
Para países como o Brasil, que não pertence ao centro do capitalismo mundial, a
análise a respeito da proteção social requer considerar inicialmente a condição de
pertencimento à periferia econômica, prisioneira do subdesenvolvimento. [...] o
Brasil não foi capaz de abandonar as principais características do
subdesenvolvimento, tais como a disparidade na produtividade setorial e regional
[...]. (POCHMANN, 2004, p.7)4
Isso significa que a divisão setorial do Brasil, tomando como exemplo o setor agrário,
está fortemente relacionada ao mercado internacional e se expande no território através do
agronegócio, baseado na exportação de monoculturas. Essa característica de um país
subdesenvolvido tornou-se uma parte essencial da identidade brasileira, já que o Brasil é
conhecido globalmente como um grande exportador agrícola, desempenhando o papel
periférico de fornecer esses recursos aos centros capitalistas. Dessa forma, o Brasil
desenvolveu setores especializados em suas respectivas produções dentro do contexto
territorial.
4
POCHMANN, Marcio. Proteção social na periferia do capitalismo: considerações sobre o Brasil. São Paulo
em perspectiva, v. 18, p. 3-16, 2004.
2.1 Divisão Territorial do Trabalho, Territórios Desiguais
Nessa divisão regional proposta por Santos, a Amazônia se encontra com baixas
densidades demográficas e técnicas. Isso se deve ao fato de que, no passado, a região
apresentava uma baixa fluidez, sendo o transporte fluvial sua principal via de acesso,
característica comum das cidades da floresta até 1960, conforme mencionado por Trindade
Júnior (2013).
3 CONCLUSÃO
O Estado desempenha um papel fundamental nessas dinâmicas e não fica neutro. Ele
influencia diretamente a implementação desses processos, especialmente por meio da
estrangeirização dos territórios, seja por meio de políticas de desenvolvimento ou de
incentivos fiscais. A Amazônia desempenha o papel de periferia quando seu cerne está na
exportação de recursos para outras regiões, gerando pobreza nas áreas onde essas indústrias se
instalam.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
TRINDADE JR, Saint Clair. Das" cidades na floresta" às" cidades da floresta": espaço,
ambiente e urbanodiversidade na Amazônia brasileira. Papers do NAEA, v. 321, n. 1, p. 1-
22, 2013.