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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIAS


CURSO DE BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

JEOVANA DOS REIS CORRÊA

ATIVIDADE DA DISCIPLINA GEOPOLÍTICA E FORMAÇÃO


ECONÔMICA DO BRASIL: RESUMO

PROFESSOR: AIALA COLARES

BÉLEM-PA

2021
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. ​O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI​. Rio de Janeiro: Record, 2001. Cap. II.

Nesta obra de Milton Santos e Maria Laura Silveira, os autores buscam atender dois
objetivos centrais: oferecer uma visão globalizadora da realidade e fazê-lo através de um dos
seus aspectos mais integradores: o território.
Com uma grande pesquisa, os autores pretenderam mostrar uma visão interdisciplinar
da realidade brasileira, a partir do olhar do geógrafo e, assim, participar do debate nacional de
maneira ativa. Tais apontamentos dos autores foram apresentados em catorze capítulos
divididos em duas partes.
Na primeira parte, com título “O território brasileiro: um esforço de análise", está o
Capítulo II: Do meio natural ao meio técnico-científico-informacional. Neste capítulo, os
autores iniciam o ponto intitulado “Problemas da periodização” para discutir sobre os
problemas da periodização da história do território. Ao afirmar que a história do território
brasileiro é una e diversa devido ser a soma e síntese das histórias regionais, os autores
apontam que ela só pode ser entendida com o encontro e desenvolvimento de nexos
horizontais e verticais. Devido às descontinuidades do espaço, pode-se explicar as
desigualdades/desequilíbrios regionais.
Outro problema apontado pelos autores diz respeito às periodizações feitas por
economistas e sociólogos, afirmando que estes não levam em consideração a materialidade e
os dinamismos do território.
Nesta parte do capítulo, os autores destacam algumas periodizações feitas por
historiadores e economistas. Entre os autores citados estão: Mircea Buescu, Jacob Brum,
Ignácio Rangel, José Carlos Pereira, Caio Prado Jr, Celso Furtado, Florestan Fernandes,
Nestor Goulart Reis Filho e, por fim, Manuel Correia de Andrade.
Após esse momento, os autores retomam o seu propósito de apresentar a sucessão dos
meios geográficos no Brasil na obra. Para eles, a história dos usos do território nacional pode
ser identificada por três grandes períodos, sendo estes: os meios "naturais'', os meios técnicos
e o meio técnico-científico-informacional.
No primeiro período, é apontado que marca-se a natureza comandando as ações
humanas dos povos originários e a instalação dos europeus. Portanto, os humanos
adaptavam-se à natureza. No período considerado “pré-técnico”, havia a escassez dos
instrumentos para proporcionar a dominação do meio natural.
Na segunda fase dos diversos meios técnicos, havia a busca por atenuar o domínio da
natureza. Com uma gradual mecanização seletiva, foi ocorrendo a instalação de máquinas,
como as ferrovias, os portos e o telégrafo, no território brasileiro. Surgia, assim, o meio
técnico da circulação mecanizada e do início da industrialização, bem como indicava o início
da urbanização do interior, formando a Região Concentrada.
Chamada de Região Concentrada, segundo Milton Santos, essa região abrangia os
Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
Após a Guerra, houve o início de uma integração nacional promovida pela construção
de estradas, ferrovias e da nova industrialização. Este período foi marcado pela hegemonia
paulista.
No segundo ponto do capítulo, intitulado “A sucessão dos meios geográficos no
Brasil”, os autores iniciam pelos meios naturais. De início, é esclarecido que o meio natural
constitui todos os pedaços da crosta terrestre utilizados pelos humanos. Como toda ação supõe
uma técnica, os autores declaram que não pode haver desvinculação entre meio geográfico e a
noção de técnico. Devido a isso, surgem denominações como “natural” e “pré-técnico”.
Em seguida, os autores expõem que o processo da agricultura significou a presença
técnica na natureza. Porém, devido à precariedade das técnicas disponíveis, o corpo humano
era o principal agente de transformação.
Outra questão abordada consiste em como se davam os assentos humanos, estes eram
baseados no que a natureza ofertava. Assim, as localizações econômicas dependiam da
necessidade de cada produto e das condições naturais já existentes.
Ao discorrerem sobre os sucessivos meios técnicos, os autores ressaltam que as
diversas divisões territoriais do trabalho influenciam o entendimento das transformações dos
conteúdos e funções dos lugares. Assim, as produções feitas nos lugares transformam as
relações e criam novos vínculos entre as áreas. Uma nova divisão territorial do trabalho é
imposta devido a organização do trabalho vivo sob novas formas de circulação e produção.
A emergência do espaço técnico é, portanto, testemunhada por esse período técnico.
Ao reconhecer os variados momentos do processo constante de evolução, destacam-se a
realização da mecanização da produção, a circulação mecanizada e a manifestação da
industrialização. Posteriormente, há a ampliação das ferrovias e a implantação de rodovias
nacionais, criando o início da integração do mercado e do território.
Os autores destacam, ainda, uma mecanização incompleta no Brasil. Isso ocorreu
devido às sucessivas divisões territoriais do trabalho baseadas nos diversos graus de
tecnificação. Assim, o desenvolvimento das cidades foi consequência da combinação do
poder político-administrativo e da centralização dos agentes e das atividades econômicas. Na
história colonial do território brasileiro, a escravidão e domínio são termos presentes. É
declarado que os engenhos já constituíam a precoce mecanização.
Ao tratar da interiorização do povoamento, os autores expressam que está ocorreu
devido à mineração, com destaque para a zona de mineração em Minas Gerais, e à criação de
gado nas fazendas, principalmente nos sertões do Norte e do Nordeste.
Milton Santos e Maria Laura manifestam, ainda, que em grande parte do território
brasileiro, como a Amazônia, havia predominância do meio natural; em contrapartida com
outras regiões brasileiras. Esse crescimento desigual ocorreu devido às oscilações das
economias regionais e de seu papel político. Logo, formavam-se circuitos interiores, que
tinham meios limitados no território.
Ao tratar da vida urbana, os autores declaram que praticamente não havia vida urbana
fora das zonas litorâneas. Devido a proximidade dos portos, as maiores cidades possuíam uma
economia de produção voltada para o exterior. Portanto, havia uma herança direta da
colonização.
Durante quatro séculos, a produção no território brasileiro foi baseada em um meio
técnico mais dependente do trabalho direto do homem do que de capital inserido na natureza.
Para explicar o desenvolvimento industrial, os autores apontam que ele deveu-se à
política de imigração para alguns estados do Sul. Como esses imigrantes possuíam
mão-de-obra qualificada, eles assinalaram a forma de povoamento e trabalho.
Ao discutirem sobre o meio técnico da circulação mecanizada e dos inícios da
industrialização, os autores evidenciam uma transição que teve diferenças de expressão e
duração nas diversas regiões. Destacam-se o início da integração nacional e o início da
hegemonia de São Paulo, com a crescente industrialização do país e a formação do mercado
territorial centralizado no Centro-Sul. Desse modo, como manifestam os autores, mantêm-se
as velhas estruturas sociais.
Com a produção e distribuição de energia, a operação de portos fluviais e marítimos e
a extensão de linhas ferroviárias, houve a mecanização e motorização do território brasileiro.
Entretanto, essa expansão é envolta de profundas diferenças regionais.
Devido ao aumento demográfico brasileiro, houve uma redistribuição da população.
Assim, foi crescente o abandono do campo em contraste com a migração para as cidades.
Enquanto as cidades ficavam mais povoadas, o crescimento da população rural fica
estacionário.
Outro ponto destacado pelos autores, é a história da concentração de terra no Brasil,
onde poucos proprietários possuíam quase metade da superfície das terras agrícolas. Dessa
maneira, tal estrutura da propriedade foi responsável por estabelecer a persistência da pobreza
e o abandono do campo.
Devido a esse grande deslocamento populacional, São Paulo torna-se a grande
metrópole industrial, possuindo todos os tipos de fabricação. Desse modo, são atraídos
migrantes de todo o país, mas principalmente do Nordeste. Na década de 1930, o número de
imigrantes brasileiros em São Paulo tornou-se superior ao de estrangeiros. Essas foram as
bases para criação da região polarizada do país em que foi o início da integração regional do
Sudeste e do Sul.

Jeovana dos Reis Corrêa​, acadêmica da Disciplina Geopolítica e Formação


Econômica do Brasil do Curso de Bacharelado em Relações Internacionais da Universidade
do Estado do Pará (UEPA)

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