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ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

A juíza de origem condenou o reclamado no pagamento do

adicional de insalubridade, nos seguintes termos:

"A ilustre perita do juízo, por meio do laudo pericial de Id


14f9bca,

concluiu que 'o labor realizado pelo Reclamante nas


circunstancias

ambientais inspecionadas na Reclamada, foi evidenciado que


 executou atividades em ambiente considerado INSALUBRE
POR

AGENTES BIOLÓGICOS, pelo contato habitual e intermitente


com
 animais doentes, havendo, portanto, enquadramento legal que

justifica o adicional de insalubridade pleiteado em GRAU


MÉDIO
 20%..'

A parte reclamante não impugnou o laudo, razão por que se

presume que concordou com a conclusão pericial.

Saliento que não merecem prosperar as insurgências


levantadas

pelo reclamado em face do laudo pericial, uma vez que a perita


 judicial, devidamente habilitada e nomeada nos autos, possui

 pública, o que implica na presunção relativa de veracidade das
 declarações por ela inseridas no laudo pericial acerca de tudo
o que
 foi relatado. Referida presunção somente pode ser afastada
 mediante prova robusta em sentido contrário e não impede o
juízo,
 diante das provas produzidas nos autos e alicerçado no
princípio do
 livre convencimento motivado, de decidir contrariamente à

conclusão técnica alcançada pelo expert.

Assim, considerando que no presente caso o reclamado não

produziu provas que pudessem afastar a fé pública na qual o


perito

foi investido, reputo verdadeiras todas as informações


constantes

do laudo, não havendo que se falar em realização de nova


perícia.

Esclareço que, como não bastasse a clareza do laudo, o laudo

pericial complementar enfrentou de forma satisfatória os


quesitos

complementares invocados pelo réu.

Ante o exposto, o pagamento de adicional de insalubridade


defiro

no grau médio (20%), tendo como base de cálculo o salário


mínimo,
 durante todo o contrato de trabalho, excluídos eventuais
períodos

de férias e/ou afastamentos devidamente comprovados nos


autos".
 O reclamado se insurgiu dizendo que "o Recorrido jamais
manteve

contato habitual com agentes biológico. Nota-se que a


recorrente

impugnou o laudo pericial de forma técnica e fundamentada (id:


 79862bc e d2c89d9), demonstrando e comprovando através
de
 fatos concretos que as atividades do recorrido jamais o
expuseram
 a agentes insalubres sem a devida proteção" e que o anexo 14
da
 NR-15 "não lista como atividade insalubre o contato com
animais
 doentes, dessa forma não cabe a perita determinar tal direito já
que
 não consta na relação determinada na norma. O Recorrido em
 momento algum afirma que possuía contato diário com
animais
 doentes, devendo prevalecer o depoimento do Recorrente e as
 informações do paradigma, comprovando que o contato do
 Recorrido era eventual".

Muito bem.
 Restou registrado no laudo pericial:

"O Paradigma entrevistado nos informou que na Fazenda

Impertinente, onde o periciado laborou de forma mais


permanente,
 existe próximo ao curral de manejo uma pequena construção
para
 guarda de materiais e remédios a serem ministrados nos
bovinos.
 Reconheceu que os vaqueiros tratam dos bois doentes,
mas
que este tratamento se restringe a aplicação de mata
bicheira,
que é um medicamento de porte comum. Alegou, ainda,
que os

demais medicamentos são de aplicação eventual.

O Paradigma também nos informou que o Reclamante nunca

ordenhou gado, e que nunca aplicou veneno nos pastos. Que


 aproximadamente 01 (uma) vez ao ano ou de acordo com a

necessidade aplicava somente o TANIDIL PÓ, produto

anticarrapatos de uso veterinário.


O Reclamado também alegou que somente o periciado roçava
com

foice o pasto, e sem aplicação de herbicida nos pastos.


 [...]

Anexo nº 14 - Agentes biológicos

O Reclamante durante seu trabalho lidava com os animais de

grande porte - bovinos e equinos, e seus dejetos.

O Reclamante era um dos responsáveis por ministrar

medicamentos nos animais que apresentavam alguma


anomalia (doença). O autor no exercício de sua função
poderia
ter contato com sangue e secreções dos animais durante o

tratamento.

Desta maneira, o periciado é exposto a risco biológico (micro-


 organismos como vírus, bactérias, fungos e etc) pelo contato
com
 os animais ou com objetos utilizados no tratamento dos
bovinos. Os
 modos de transmissão principais desses microorganismos são:
Por

contato direto ou indireto;


 Por vetores;

Pelo ar.

[...]

VIII) Conclusão Técnica

Ex Positis, o labor realizado pelo Reclamante nas


circunstancias

ambientais inspecionadas na Reclamada, foi evidenciado que


executou atividades em ambiente considerado INSALUBRE

POR AGENTES BIOLÓGICOS, pelo contato habitual e


intermitente com animais doentes, havendo, portanto,

enquadramento legal que justifica o adicional de


insalubridade

pleiteado em GRAU MÉDIO 20%" (ID. F0fe194).

Como se vê, a perita registrou que " os vaqueiros tratam dos


bois
doentes, mas que este tratamento se restringe a aplicação
de
mata bicheira" e "que os demais medicamentos são de
aplicação
eventual" para depois dizer que "foi evidenciado que executou
atividades em ambiente considerado INSALUBRE POR
AGENTES
BIOLÓGICOS, pelo contato habitual e intermitente com
animais

doentes".
Um segundo laudo foi apresentado (ID. 14F9bca), desta vez
com
fotografias do "Paradigma simulando trabalho com o gado em

confinamento", conforme ali registrado, em que a perita

acrescentou:

"EXPOSIÇÃO AO AGENTE QUIMICO (Anexo nº13):As


atividades
 do Reclamante se davam de maneira INTERMITENTE ao
agente,
 devido ao tipo e a frequência de atividade que exerceu nas
frentes
 de trabalho. Durante a aplicação carrapaticidas, TANIDIL PÓ
não foi

comprovado à utilização de nenhum EPIs.


De acordo com a Ficha de Informações de Segurança de
Produtos
 Químicos (FISPQ) do carrapaticida TANIDIL PÓ em anexo ao
final
 laudo, o produto seria insalubre quando a sua concentração no
 ambiente for superior aos Limites de Tolerância, que não é o
caso
 do produto em questão.

Porém o contato do trabalhador com o produto pode ocasionar


 dermatite de contato por produtos químicos, por isso é
 recomendável pelo próprio produto os EPIs" (ID. 14f9bca -
Pág. 16).
 Não obstante, também restou registrado que "O Paradigma
 entrevistado nos informou que o Reclamante nunca ordenhou
gado,
 e que nunca aplicou veneno nos pastos.
Que aproximadamente 01

(uma) vez ao ano ou de acordo com a necessidade aplicava


somente o TANIDIL PÓ, produto anticarrapatos de uso

veterinário" (ID. 14f9bca - Pág. 15, destaquei) e a conclusão


pericial permaneceu sendo de que "foi evidenciado que
executou
atividades em ambiente considerado INSALUBRE POR
AGENTES
BIOLÓGICOS, pelo contato habitual e intermitente com
animais

doentes, havendo, portanto, enquadramento legal que justifica


o

adicional de insalubridade pleiteado em GRAU MÉDIO 20%"


(ID.

14f9bca - Pág. 18).

Destaco ainda que, em resposta aos quesitos, a perita disse


que
 "De acordo com a Ficha de Informações de Segurança de
Produtos
 Químicos (FISPQ) do carrapaticida TANIDIL PÓ em anexo ao
final
 laudo, o produto seria insalubre quando a sua concentração no
 ambiente for superior aos Limites de Tolerância, que não é o
caso
do produto em questão" (ID. 14f9bca - Pág. 24, transcrição e
grifos conforme o original).
Por fim, em resposta aos quesitos complementares formulados
pelo

reclamado, a perita disse:


 "A perícia constatou que nas atividades desenvolvidas pelo
 Reclamante este esteve exposto, no curso do contrato de
trabalho,
 de forma habitual e intermitente, permanecendo, de acordo
com a
 necessidade, a microrganismos diversos sem o uso adequado
de
 EPIS, capazes de causar doenças, já que trabalhava no
interior de
 currais e cuidados com o gado, estando à situação
enquadrada no
 Anexo 14, da NR-15, segundo o qual, o trabalho em
'estábulos' e
'cavalariças' está contemplado com o ADICIONAL DE

INSALUBRIDADE no grau médio (20%).

A utilização de EPI's, tais como máscaras e luvas, apenas


minimizava o risco, já que uma vez que estes agentes
infecciosos
podem se locomover, percorrendo braços, mãos e outras
partes do

corpo.
 [...]

Da mesma forma que o homem, os animais também


possuem
suas próprias doenças infecto-contagiosas, sendo que
algumas delas podem infectar o ser humano. São as
chamadas
antropozoonoses, doenças primárias de animais que
podem
ser transmitidas ao homem, segundo Guerreiro et al
(1984:142 e
seg.) [XI] e Mayr, Guerreiro (1988:282 e seg.) [XII], como por
exemplo:

- Febre aftosa, característica dos bovinos, ovinos e suínos;

- Parainfluenza III, dos bovinos;

- Raiva, dos mamíferos, inclusive morcego e aves;

- Papilomatose bovina;

- Brucelose;

- Carbúnculo, dos bovinos e ovinos;

- Toxoplasmose.
Nestes casos, o homem é um hospedeiro acidental. Existem
ainda
 as anfixenoses, que são doenças que circulam
indiferentemente

entre homens e animais, a exemplo da Doença de Chagas.

Ficou evidenciado que o autor na função de Trabalhador


Rural
se expõe a agentes biológicos no contato direto com
animais
de grande porte - bovinos e equinos - e seus dejetos. O
curral é
utilizados para os cuidados com a saúde do plantel bovino
da

reclamada.
[...]
O fato de não haver meios de se eliminar ou neutralizar a
 insalubridade significa que esta é INERENTE À ATIVIDADE.
Assim,
 por exemplo, no trabalho em contato com pacientes em
hospital
 (anexo 14 - agentes biológicos), o risco de contágio não pode
ser
 eliminado totalmente com medidas no ambiente ou com uso de
EPI.
 O mesmo se enquadra para o trabalho do obreiro em questão.

Ao analisar o mesmo ambiente e rotinas de trabalho a que

estava submetido o Reclamante, concluiu-se pela


existência de
agentes insalubres principalmente devido a existência
excrementos de gado bovinos, além de microorganismos
como

bactérias, vírus, fungos e toxinas.

Nestas tarefas o obreiro ficava exposto de forma contínua a

agentes nocivos tais como: detritos fecais, secreções


sebáceas, sendo estes agentes prejudiciais as vias

respiratórias dos trabalhadores.

A utilização de EPI's, tais como máscaras e luvas, apenas


 minimizava o risco, já que uma vez que estes agentes
infecciosos
 podem se locomover, percorrendo braços, mãos e outras
partes do

corpo.
 Nesse sentido, o Reclamante trabalhava em condições
insalubres,

no grau médio, em razão do contato com agentes biológicos


em

suas atividades em todo seu pacto laboral:


- Fezes, urina;

- Bactérias, fungos transmitidos por animais, parasitas e


carraças

que causam problemas respiratórios causados por


microrganismos

em pós orgânicos e também de origem vegetal.

Enquadrando-se a atividade na disposição contida no Anexo 14


da

NR 15 da Portaria nº 3.214/78.
 Também o Reclamante trabalhou em condições adversas
devido ao

contato sem comprovação de fornecimentos de EPIs


adequados.

[...]
 As atividades do Reclamante se davam de maneira
 INTERMITENTE ao agente, devido ao tipo e a frequência de

atividade que exerceu nas frentes de trabalho. Durante a


aplicação
 carrapaticidas, TANIDIL PÓ.

De acordo com a Ficha de Informações de Segurança de


Produtos
 Químicos (FISPQ) do carrapaticida TANIDIL PÓ em anexo ao
final
 laudo, o produto seria insalubre quando a sua concentração no

ambiente for superior aos Limites de Tolerância, que não é o


caso
 do produto em questão.
 Porém ficou evidenciado que o autor na função de
Trabalhador
Rural se expõe a agentes biológicos no contato direto com
animais de grande porte - bovinos e equinos - e seus
dejetos,
pois o Reclamante era responsável pelos cuidados com a

saúde do plantel de bovinos e equinos da reclamada.


[...]

O contato era habitual e intermitente. O Reclamante tinha


contato com fezes, urina e outros excrementos do gado
sejam
no confinamento ao monitorar o gado seja na descarga do
gado dos caminhões.

Esta exposição ao risco biológico tem potencial para gerar


agravos

à saúde do trabalhador, a ausência de comprovação de ficha


de

entrega de equipamentos de proteção individual 'EPI' aliada a


falta

de treinamentos específicos sobre o risco evidencia a


exposição ao

risco.

Portanto, o ANEXO 14, DA NORMA REGULAMENTDORA Nº


15
 DA LEI Nº 6.514 DE 22 DEZEMBRO DE 1977 e Portaria
3214/78
 que trata de AGENTES BIOLÓGICOS define como sendo
insalubre

a exposição ao risco biológico sem a devida proteção.

O Reclamante na atividade de vaqueiro, considerando as


condições

ambientais e ausência de controles do risco tem o


enquadramento
de suas atividades como sendo insalubre em grau médio de
20%.
 Por conseguinte, mantenho todas as afirmações do laudo
pericial

sendo que todas as contestações da Reclamada foram


 devidamente explicadas e fundamentadas" (ID. 2B788cb).
 Em resumo, a conclusão pericial é de que há insalubridade por
 contato com agentes biológicos em razão de tratamento de
animais

doentes de forma habitual e intermitente.

Segundo a perita, há "doenças primárias de animais que


podem ser

transmitidas ao homem" - elas são as chamadas


antropozoonoses.
 De fato, o homem e os animais convivem muito proximamente
 desde que os primeiros domesticaram os últimos, de quem

contraímos muitas doenças infecciosas.

Acontece que a sujeição ao risco genérico de contrair doenças


de

origem animal não assegura ao trabalhador a percepção do

adicional de insalubridade, em nenhum grau.

O adicional é devido no grau máximo para o trabalhador que


tem

contato permanente com "carnes, glândulas, vísceras, sangue,

ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de

doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose,

tuberculose)" e é devido no grau médio para quem mantém


contato
permanente com animais em "estábulos e cavalariças".
Ou seja: a insalubridade é máxima se há contato permanente
com

animais "portadores de doenças infectocontagiosas


(carbunculose,

brucelose, tuberculose)" e é média se há contato permanente


com

animais (saudáveis) em "estábulos e cavalariças".


 Estábulo é o nome da área coberta onde se abriga o gado;

estrebaria é o "edifício para alojamento de cavalos, muares e

burros; cocheira".

Naturalmente, há insalubridade em razão do contato


permanente

com animais confinados em estábulos ou cavalariças porque a


 densidade favorece o acometimento e a transmissão de
doenças,
 como acontece também nos matrizeiros. Com isto, o risco de

contrair doenças aumenta muito.

Outra coisa, muito diferente, é a criação de animais no pasto,


com

reunião eventual em currais - nessa situação inexiste


insalubridade.
 No caso dos autos não há prova de que o reclamante
estivesse em
 contato permanente com "carnes, glândulas, vísceras, sangue,

ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de


doenças
 infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose)".

Também não há alegação, nem prova, de que o reclamante


tenha

se ativado em "estábulos" e "cavalariças".


O que há é isto: o único cuidado "com a saúde do plantel
bovino da
 reclamada" consistia em "aplicação de mata bicheira, que é
um

medicamento de porte comum [...] os demais medicamentos


são de

aplicação eventual".
 Como se vê, i) não há provas de que o reclamante tivesse
contato
 permanente com animais infectados com carbunculose,
brucelose e
 tuberculose; ii) não há sequer alegação de que o reclamante
tenha
 prestado serviços em "estábulos" e "cavalariças" e iii) o único
 cuidado "com a saúde do plantel bovino da reclamada"
consistia em
 "aplicação de mata bicheira, que é um medicamento de porte
 comum [...] os demais medicamentos são de aplicação
eventual".
 Portanto, é irrelevante a questão do tempo de exposição aos
 agentes insalubres.

Isso não obstante, só para argumentar, a perita registrou em


seu
 laudo: "Apesar de revogada, a Portaria nº 3.311/89 do MTE
merece
 ser considerada quando o assunto for a definição de trabalho
 eventual, intermitente e permanente. Trata-se de uma forma
menos
 subjetiva e mais embasada de avaliação" (ID. f0fe194 - Pág.
13).
 De fato, a Portaria 3.311/89 do MTE está revogada desde
2010
 (Portaria 546/2010, art. 20), sendo que a norma posterior
não
reproduziu o conteúdo revogado. E o conteúdo revogado
não
merece consideração só por ser uma "forma menos subjetiva"
de
avaliação - quanto à insalubridade, porque seus parâmetros
são
inadequados; quanto à periculosidade, porque se atrita com a
SUM-

364 do TST.
 Por último, mas não o menos importante, o TST já decidiu que
o
 adicional no grau médio é devido apenas se o trabalhador tem

contato com animais doentes:


"RECURSO DE REVISTA. 1. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE.
CONTATO COM ANIMAIS SAUDÁVEIS. Nos termos no Anexo
14
da NR 15 do Ministério do Trabalho, o adicional de
insalubridade,

em grau médio, é devido para -trabalhos e operações em


contato

permanente com pacientes, animais ou com material


 infectocontagiante, em estábulos e cavalariças-. Assim, é
evidente

que o adicional em comento é devido pelo contato com


animais

portadores de doenças infectocontagiosas, e não pelo


mero

contato com animais saudáveis, premissa fática admitida


pelo

autor na função de vaqueiro. [...]" (Processo: RR - 124300-


24.2008.5.03.0041 Data de Julgamento: 01/12/2010, Relatora

Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação:


DEJT
 03/12/2010, destaquei).

E também já decidiu que o adicional é devido apenas se o


trabalhador limpa estábulos ou cavalariças:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PEÃO CAMPEIRO. LABOR

TRÊS VEZES POR SEMANA. CONDUÇÃO DO GADO.


AUSÊNCIA

DE EXPOSIÇÃO A AGENTE INSALUBRE. Conforme descrito


pelo

acórdão recorrido, ainda que o autor laborasse conduzindo


o

gado pela propriedade do contratante, trabalhava a céu


aberto

e não mantinha contato com agentes biológicos e


materiais

infectocontagiosos nem limpava estábulos ou cavalariças


a

ensejar o adicional de insalubridade, tampouco havia


contato

com agentes insalubres. Nesse contexto, estabelecidas


essas

premissas fáticas, não houve prova da existência das


condições

aptas a ensejar o pagamento do adicional de insalubridade

pleiteado. Incólumes, portanto, os dispositivos apontados. Não

desconstituídos os fundamentos do despacho denegatório, não

prospera o agravo de instrumento destinado a viabilizar o


trânsito do
recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e
desprovido"

(Processo: AIRR - 176-62.2012.5.04.0861 Data de Julgamento:

11/03/2015, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra


Belmonte,

3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/03/2015).

Com a devida vênia, há insalubridade de grau médio se o

trabalhador i) se ativa em estábulos e cavalariças (a norma não

restringe o alcance aos trabalhadores que se ativam na


limpeza), ii)
 lidando com animais saudáveis (a norma não exige que se
trate de
 animais doentes), mas está evidente que, de uma forma ou
outra,
 só há insalubridade nas excepcionais situações de lida com
animais

"portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose,

brucelose, tuberculose)" ou de lida com animais saudáveis

confinados.

Do exposto, dou provimento ao recurso para absolver o


reclamado

da condenação a esse título e inverto o ônus de sucumbência


 quanto aos honorários periciais, que ora arbitro em R$ 800,00
e que
 serão suportados pela União em razão dos benefícios da
justiça
 gratuita concedidos ao reclamante, parte sucumbente no
objeto da

perícia.
 Reformo, ainda, quanto à expedição de ofício ao MTE.
Dou provimento.

CONCLUSÃO
Conheço do recurso ordinário interposto pelo reclamado e dou-
lhe

provimento.

Inverto o ônus de sucumbência.


 Custas, pelo reclamante, no importe de R$ 292,66, calculadas
sobre

o valor da causa, de R$ 14.633,04, de cujo recolhimento está


isento
 em razão dos benefícios da justiça gratuita.

É o voto.

ACÓRDÃO

ISTO POSTO, acordam os membros da Terceira Turma do


Egrégio
 Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em sessão
ordinária
 hoje realizada, por unanimidade, conhecer do recurso do
 Reclamado (JOSÉ MARIA DIAS DE AZEREDO BASTOS) e
dar-lhe

provimento, nos termos do voto do Relator.

Participaram do julgamento os Excelentíssimos


Desembargadores

MARIO SERGIO BOTTAZZO (Presidente), DANIEL VIANA


JUNIOR
 e ROSA NAIR DA SILVA NOGUEIRA REIS. Presente na
assentada
 de julgamento o d. representante do Ministério Público do
Trabalho.
 Sessão de julgamento secretariada pela Chefe do Núcleo de
Apoio
à Terceira Turma, Maria Valdete Machado Teles.

Goiânia, 19 de julho de 2018.

MARIO SERGIO BOTTAZZO


Relator

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