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DEPARTAMENTO DE GERONTOLOGIA
Grupo 2
São Carlos, SP
19 de janeiro de 2023
Cidade Amiga da Pessoa Idosa
Introdução
O Guia Global
Como dito anteriormente, a criação do Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas
Idosas inspirou-se na ideia de mobilizar as cidades do mundo para promover
ambientes inclusivos, seguros e funcionais que permitam promover a saúde da pessoa
idosa de forma ampla (OMS, 2007).
Esse entendimento, que estabelece uma relação direta entre ambiente e saúde, já
tinha sido defendido no Brasil na 8ª Conferência Nacional de Saúde - CNS de 1986:
Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.
E também citado na Política Nacional de Promoção de Saúde criada pela Portaria
687/2006 do Ministério da Saúde:
[...] a análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos
modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado
contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes
nem determinantes mais amplos desse processo […].
Esse conceito ampliado de saúde que inspirou a criação do Guia Global, e também o
próprio Sistema Único de Saúde brasileiro, foca alguns aspectos sistêmicos que
determinam o processo de promoção, prevenção e proteção à saúde como, por
exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, habitação
inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização
desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada (OMS, 2007).
Assim, o Guia Global foi concebido em 2005, durante a abertura do XVIII Congresso da
Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (AIGG) que ocorreu no Rio de
Janeiro. A confecção do Guia Global contou com a coleta de dados em 33 cidades,
entre elas o Rio de Janeiro (OMS,2007):
Foram ouvidas pessoas idosas com mais de 60 anos, pertencentes aos estratos
sociais das camadas baixa e média entre setembro de 2006 e abril de 2007. Os
entrevistados também incluíram cuidadores, prestadores de serviço do setor
público, comercial e voluntários, totalizando 1500 pessoas (OMS, 2007).
Objetivos
O objetivo do Guia é servir de ferramenta para que as cidades possam se avaliar
sob a ótica das pessoas idosas. Assim, certas características das cidades
participantes foram levantadas de acordo com oito tópicos distribuídos em:
a) ambientes físicos da cidade (prédios públicos e espaços abertos, transporte e
moradia);
b) ambiente social e cultural (respeito e inclusão social, participação social e
participação cívica e emprego) e
c) ambiente social, saúde e serviço social: comunicação e informação, apoio
comunitário e serviços de saúde (OMS, 2007).
A seguir um diagrama que exibe esses quesitos:
Os Números Atualizados
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2023), fazem parte da
Rede Global 830 cidades (out/2022). Entre os 36 países das Américas, 15 (41%)
relatam desenvolver atividades de acordo com as diretrizes da Rede de Cidades e
Comunidades Amigas das Pessoas Idosas. Na Europa, 40% dos países estão na
mesma categoria, o que coloca nossa região em posição de destaque (2020),
conforme veremos a seguir:
Fig. 2: Quantidade de países participantes do Programa Cidade Amiga do Idoso por região.
Fonte: OMS, Opas, 2023.
A Experiência no Brasil
Políticas Públicas
No Brasil existe um projeto de lei de 2011 criado pela Câmara dos Deputados para
criação do Programa Cidade Amiga do Idoso. No texto está previsto que os
municípios participantes terão prioridade no recebimento dos recursos do Fundo
Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Urbano. Aqueles que conseguirem implantar
ações que melhorem transporte, moradia e outros aspectos na vida dos idosos
receberão o título de Cidade Amiga do Idoso. Para participar, o município precisa ter
unidade do Conselho Municipal do Idoso em funcionamento e apresentar um plano
de ação que contemple iniciativas pautadas pelo Estatuto do Idoso (Lei nº
10.741/2003) em áreas como transporte, moradia, participação social, inclusão
social, emprego, comunicação e serviços de saúde (BRASIL1, 2023). O projeto foi
submetido à revisão do Senado em 2018 e está em fase de análise das emendas
pela Câmara dos Deputados desde 2019 (BRASIL2, 2023).
Melhores Práticas
Sendo implementada por meio de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Pato
Branco, a rede de clubes Rotary e outras instituições de atendimento com enfoque
na pessoa idosa, surgiu o Programa Cidades e Comunidades Amigáveis com a
Pessoa Idosa na pequena cidade no sudoeste do Paraná que conta com um pouco
mais de 80 mil habitantes, visando incentivar a adesão dos seus moradores + 60 a
adoção de práticas que garantam um envelhecimento ativo e que proporcione uma
maior qualidade de vida aos mesmos. Além dos grandes investimentos da cidade na
realização de festas e eventos com enfoque nessa população idosa, a qualidade do
atendimento nas redes de CRAS, CREAS, UNATI, EJA e CEU ( Centro Esportivo
Unificado ), a criação do Comitê Gestor do Programa Cidades e Comunidades
Amigáveis com a Pessoa Idosa, que é composto por uma vasta gama de
profissionais especializados, contribui para uma maior efetivação dessas políticas
públicas.
São José do Rio Preto, em São Paulo, é conhecida como uma cidade modelo para
o bem-estar de pessoas idosas a ser seguido, o que significa que a cidade tem
políticas e iniciativas em vigor para garantir a qualidade de vida e o envelhecimento
ativo de seus moradores idosos. O Conselho Municipal da Pessoa Idosa de São
José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo, afirma que sua inclusão a rede
da OMS é resultado da árduo esforço de instituições que se uniram em prol dessa
causa, como o Centro Internacional de Longevidade, a CMDI e a Unilago, a cidade
se esforça para tornar a comunidade mais adaptável de saúde e programas de
saúde e programas de saúde familiar para prevenir e tratar doenças crônicas.
Em 2005, com base nas diretrizes do SUAS, foram aprimorados quatro CRAS
em São Carlos, com o apoio das ações da Secretaria Municipal de Cidadania e
Assistência Social. Atualmente, a Política Municipal de Assistência Social está
descentralizada em cinco regiões da cidade e tem como objetivo consolidar a
implantação dos CRAS em quatro regiões como a Região Cidade Aracy,
Região Vila São José, Região Santa Felícia e Região Pacaembu.
• Grupos de convivência;
Em 2021 foi realizada a segunda edição do Guia 60+; uma obra que contém
serviços e produtos destinados às pessoas idosas em São Carlos. Elaborado
por professores e discentes do departamento de Gerontologia da UFSCAR
com objetivo de tornar evidente ao público sênior os recursos existentes na
cidade , contendo dados como endereço e telefone para auxiliar a procura.
Não há uma receita única para implementar ações que revertam numa cidade amiga
da pessoa idosa. Cada cidade deve observar suas peculiaridades e explorá-las,
garantindo assim a continuidade e o aperfeiçoamento de seu próprio modelo
(VOELCKER, 2021).