PROFESSOR: DR. JAIRO CARVALHAIS Exercício de aplicação Tópico temático IV – A construção textual de um projeto de pesquisa – parte I ALUNOS: MATRÍCULAS: NIVIA MACHADO 2020434088 ROSIMEIRE C. PINTO 2020425380 PAULO ALMEIDA 2020062563 SARAH MICHELLE 2020062628
O FLAMING (OU VIOLÊNCIA VERBAL EM MÍDIA DIGITAL)
E SUAS FUNÇÕES NA ESFERA
• “A linguagem hostil e agressiva tem sido estudada de diferentes perspectivas, no
âmbito dos estudos da linguagem. Culpeper (2011) toma o arcabouço teórico de Brown e Levinson (1987) sobre o fenômeno da polidez como ponto de partida para a análise de aspectos linguísticos da ‘linguagem usada para ofender’. Para o autor, há pelo menos duas condições necessárias para a ocorrência de ofensa verbal: a linguagem deve estar em conflito com as expectativas (baseadas em normas sociais) do interlocutor, em relação à forma como ela lhe é endereçada; a linguagem deve produzir, pelo menos junto ao interlocutor direto, o efeito perlocucionário de ofensa (ou ter consequências emocionais negativas).” (p.503). • “Com base nestes elementos e na análise empírica de comentários eletrônicos postados no site de notícias oglobo.com, a partir de categorias para o estudo da impolidez na linguagem de Bousfield (2008), pretende-se discutir a seguinte questão: quais são as funções do flaming na esfera pública midiatizada? E qual a contribuição (se alguma) dos comentários com violência verbal para os debates públicos? (p. 504 e 505). • “A partir destes procedimentos de identificação, foram aplicadas as categorias de Bousfield (2008) para o estudo da impolidez na interação, exemplificadas no decorrer da análise. As categorias analíticas de Bousfield localizam-se no quadro mais amplo do modelo linguístico usado para os estudos da polidez de Brown e Levinson (1987). Tais categorias permitem caracterização mais eficiente de usos de impolidez, se contrastadas com o uso exclusivo de categorias lexicais, na análise do fenômeno.” (p. 507). • “A maior parte dos estudos voltados para a linguagem da impolidez toma como ponto de partida os estudos de Brown e Levinson, um modelo linguístico para o estudo do gerenciamento da face. Bousfield (2008) faz o mesmo, mas complementa seu quadro teórico analítico com o conceito de norma social (ou visão leiga da polidez), além do princípio das máximas conversacionais de Lakoff (1973) e de Leech (1983, 2005). No que diz respeito ao primeiro, o autor argumenta que é preciso olhar para a historicidade da polidez e para a forma como os leigos compreendem as normas sociais, algo que faltou no modelo de Brown e Levinson e foi consistentemente criticado.” (p. 513). • “Bousfield (2008, p. 72) define a impolidez como “o oposto da polidez”. Se na polidez tenta-se mitigar atos que constituem ameaças potenciais à face, na impolidez tais atos são intencionalmente gratuitos e polêmicos. Os atos que ameaçam a face são, assim, produzidos: 1) de forma não mitigada, em contextos em que a mitigação é necessária, e/ou, 2) com agressão deliberada, ou seja, com a face exacerbada, de alguma forma maximizada para ampliar o dano infligido à face.” (p. 513 e 514). • “Além do mais, continua Bousfield (2008, p. 73), “para que haja impolidez, a intenção do locutor de ofender (ameaçar ou causar danos à face) precisa ser compreendida pelo interlocutor”. Neste sentido, o autor acompanha Culpeper, que também argumenta que interessa, aos estudos da linguagem, não a impolidez acidental, mas aquela estratégica ou instrumental, que realiza uma função específica.” (p. 514). • “Mais uma vez é preciso lidar com a dificuldade analítica de um quadro que tem como condição necessária para a impolidez o reconhecimento, por parte do interlocutor, da natureza ofensiva do enunciado. O que justifica o reconhecimento destas ilocuções como ofensivas é que as mesmas buscam, intencionalmente, causar danos à face do outro. Ainda que este outro seja um terceiro, o dano à sua face (positiva ou negativa) é um dano à face daqueles que se alinham a ele, naquela faixa do espectro ideológico. Deveriam estes enunciados (que não ofendem diretamente seus interlocutores, mas terceiros) ser considerados “ameaças incidentais” à face (Bousfield, 2008, p. 68)?” (p. 517).
UMA ANÁLISE DO DISCURSO JORNALÍSTICO: A CONSTRUÇÃO DA
CENOGRAFIA E DO ETHOS NA CONSTRUÇÃO DO REGIME MILITAR
• “Apesar de a cenografia e o ethos discursivo estarem mais evidentes nos gêneros
publicitários, que deles se utilizam amplamente com a finalidade de se identificarem com seu coenunciado, eles também poderão ser percebidos nos gêneros jornalísticos.” (p. 19) • “A criação de uma cenografia adequada e um ethos positivo contribuirá para que os textos jornalísticos se constituam em importantes mecanismos de propagação ideológica. Isso será possível tanto pelo seu poder de divulgação, por se constituir em registro material, quanto por seu grau de legitimidade, pois como dizem: vale é o que está escrito.” (p. 19) • “Os pressupostos da Análise do Discurso de Orientação Materialista (ou ADM) foram estabelecidos mediante um lento processo de reflexões e aperfeiçoamentos. Durante sua construção teórica, Michel Pêcheux, pai da ADM, apresentou diversas reformulações e deslocamentos, mostrando, assim, que ela estava aberta para sofrer questionamentos e modificações.” (p. 25) • “Podemos afirmar que diversos pensadores contribuíram teoricamente (direta ou indiretamente) para o desenvolvimento da ADM, tais como Bakhtin, Spinoza, Nietzsche, Foucault, Harris, dentre outros. Contudo, aqueles que serviram de maneira mais acentuada para a construção das bases iniciais da teoria foram Ferdinand de Saussure, Karl Marx e Sigmund Freud.” (p. 27) • “Além dessas abordagens teóricas, a Psicanálise também trouxe contribuições relevantes para a ADM. A partir das releituras lacanianas de Freud, que aprofundou a questão do inconsciente, se entenderá que o sujeito também será afetado por ele (inconsciente), que se estrutura como a linguagem. Desse modo, ele (sujeito) passa a ser visto como clivado, divido entre consciente e inconsciente. Sob essa perspectiva, “o primado teórico do outro sobre o mesmo se acentua”, ou seja, se colocará em questão a importante influência que o “Outro” exercerá na constituição do sujeito. Tal influência será percebida a partir do seu discurso. Assim, o discurso do sujeito será influenciado pelo inconsciente, e será devido a isso, por exemplo, que o discurso da família, da igreja, da mídia serão vistos no discurso desse sujeito.” (p. 33) • “Ao optar pelo conceito de discurso, ao invés do de mensagem, ele está, na verdade, criticando a visão de língua que a limita a um código que serve para transmitir informações de A para B. Para Pêcheux, na comunicação, muito além de uma mera transmissão de informações (o que é pressuposto pelo termo mensagem), haverá uma relação complexa entre os sujeitos que, afetados pela língua e pela história, produzirão os sentidos a partir das condições de produção (o que é pressuposto pelo termo discurso), ou seja, ao invés de uma simples transmissão de informações, o que haverá serão “Efeitos que resultam da relação de sujeitos simbólicos que participam do discurso, dentro de circunstâncias dadas. Os efeitos se dão porque são sujeitos dentro de certas circunstâncias e afetados pelas suas memórias discursivas.” (p. 36) • “Além disso, para a ADM, a língua será analisada levando-se em conta suas falhas, rupturas e mal-entendidos. Assim, diferentemente da postura saussuriana, os fatos linguísticos considerados problemáticos, ao invés de descartados, deverão ser levados em consideração nas análises. Não podemos também, na ADM, confundir o conceito de discurso com o de texto. Para esse campo do saber, o texto constitui-se em unidade de análise; é ao texto que o analista recorrerá para proceder o seu trabalho. Porém, no texto não se buscará o seu conteúdo, “aquilo que ele quis dizer”, mas se pretenderá avaliar a sua discursividade, perceber como ele funciona para produzir sentido. Para se chegar a essa resposta, será necessário analisar o texto levando em conta a sua exterioridade, suas CP, ou seja, na ADM o texto será visto como materialidade do discurso, buscando a partir dele ter acesso aos processos discursivos.” (p. 38) • “Os gênero informativos, segundo Melo (1989) são a base do jornalismo, são os mais fundamentais. Na verdade, compõem o jornalismo desde a fundação, tendo sido o primeiro gênero a surgir na imprensa mundial. Esse gênero caracteriza-se pela apresentação de fatos e suas causas, limitando-se a uma simples exposição. É aqui que se busca (tenta ou finge tentar) um jornalismo objetivo. Apresenta-se o fato como ele se deu, sem a exposição de comentários pessoais do autor. Sendo assim cabe a esse gênero a única função de informar. Teoricamente, esse gênero seria neutro, imparcial e objetivo. Temos exemplo desse gênero a nota, a notícia, a reportagem, a entrevista.” (p. 105) REFERÊNCIAS O FLAMING (OU VIOLÊNCIA VERBAL EM MÍDIA DIGITAL) E SUAS FUNÇÕES NA ESFERA PÚBLICA - Anna Elizabeth Balocco - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Educação e Humanidades, Departamento de Letras Anglo-Germânicas - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em: DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-4017-160308-2716
UMA ANÁLISE DO DISCURSO JORNALÍSTICO: A CONSTRUÇÃO DA
CENOGRAFIA E DO ETHOS NA CONSTRUÇÃO DO REGIME MILITAR – Asterlindo Bandeira de Oliveira Júnior, São Paulo: Pimenta Cultural 2020. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=C2_8DwAAQBAJ&pg=PA19&dq=an%C3%A1 lise+do+discurso+em+texto+jornal%C3%ADsticos&hl=pt- BR&sa=X&ved=2ahUKEwjhg53hn5LuAhWNErkGHeOLCOYQ6AEwAHoECAIQAg #v=onepage&q=an%C3%A1lise%20do%20discurso%20em%20texto%20jornal%C3% ADsticos&f=false
Síntese das aulas e do livro Estudos do Discurso: Perspectivas Teóricas para a disciplina Tópicos Especiais em Processos de Subjetivação I do Mestrado em Comunicação