FICHAMENTO DO TEXTO 2: FUTURO E PASSADO- Reinhart Koselleck
PARTE III- Terror e sonho
● O texto discute a relação entre história e poesia, destacando a incerteza em torno do
conceito de "coisas" e a questão da verossimilhança. No século XVIII, houve uma mudança nas fronteiras entre história e poesia, com historiadores sendo pressionados a incluir elementos fictícios em suas narrativas e poetas sendo incentivados a basear suas obras na realidade histórica. Isso fez com que fatos reais e ficção se aproximassem. O texto também fala sobre a importância da teoria na história, a crítica das fontes e a dificuldade de distinguir entre narrativas históricas e ficcionais. Por fim, menciona que tanto poetas quanto historiadores podem oferecer perspectivas valiosas sobre a realidade histórica, apesar de suas abordagens diferentes.
● O texto ainda argumenta que o Iluminismo mudou a maneira como entendemos a
relação entre ficção e realidade, destacando a estetização e a crescente consciência histórica como elementos que influenciaram a percepção da história. A experiência moderna de um tempo verdadeiramente histórico levou a mistura entre ficção e fato, desafiando a ideia de que são opostos. Isso é ilustrado pela citação de Goethe sobre como um evento pode ser relatado de diferentes maneiras ao longo do tempo.
● A mudança na percepção do tempo histórico levou a uma reconfiguração da história,
onde o testemunho ocular autêntico perdeu seu papel privilegiado, e o tempo não vivido começou a desempenhar um papel criativo no conhecimento histórico. Nesse sentido, a história vai além do efeito que ela tem em situações específicas e também é influenciada pelos próprios efeitos que ajuda a criar. A interpretação retrospectiva é alimentada pelo passado e a história é constantemente rearticulada ao longo do tempo.
● O autor menciona que historiadores posteriores buscaram aproximar a escrita da
história da poesia devido à necessidade de um intervalo de tempo para criar um novo passado e capturar a realidade histórica que se perdeu. Em seguida, o texto explora a relação entre ficção e fato a partir de um ponto de vista mais restrito, investigando o mundo dos sonhos como um terreno empírico onde a ficção e a realidade se misturam. Embora os sonhos sejam considerados ficções, eles fazem parte da vida real e têm sido objeto de relatos históricos ao longo da história. ● Os sonhos são apresentados como fontes que testemunham uma realidade passada de uma maneira única e talvez incomparável. O autor propõe explorar a história dos sonhos como uma fonte que revela a realidade do fictício e merece a atenção dos historiadores. O texto promete iniciar a história de dois sonhos como exemplos dessa relação entre ficção e fato.
● Na parte sobre "Sonhos no Terror", são apresentadas duas histórias breves de
sonhos que ocorreram na década de 1930, durante o Terceiro Reich. A primeira história é narrada por um médico que, depois de uma consulta, se vê subitamente em uma sala sem paredes, ouvindo um alto-falante anunciar a abolição.
● Os sonhos no livro podem ser interpretados de maneiras tanto psicológicas quanto
políticas. Eles revelam como a realidade ameaçadora se mistura às experiências pessoais, afetando o dia a dia e até permitindo prever eventos futuros. Os sonhos dos campos de concentração são diferentes, pois a perda da realidade é rápida e os sonhos enquanto acordado se intensificam. Nessas situações extremas, as fontes escritas e orais são insuficientes para descrever e compreender o que realmente ocorreu, então recorre-se à metáfora dos sonhos para entender a realidade dos campos de concentração.
● O texto explora a relação entre a diacronia (explicação das causas e origens de
eventos) e a sincronia (descrição dos acontecimentos no momento em que ocorrem) na análise histórica, focando na interpretação dos sonhos como fonte de informação sobre o terror. Os sonhos são considerados testemunhos autênticos do terror e também modos de perpetuá-lo. Enquanto a diacronia busca entender as razões por trás dos eventos, a sincronia retrata o que ocorre no momento presente. ● Os historiadores trabalham com ambas as abordagens, mas os sonhos são vistos como testemunhos mais claros e autênticos da experiência. ● O texto também menciona a impossibilidade de aplicar a terapia individual psicanalítica ao diagnóstico social ou à análise histórica, mas ressalta a possibilidade de interpretações metafóricas que ajudam a compreender os contextos dos eventos.