Você está na página 1de 15

O FANTÁSTICO NA INTERSECÇÃO ENTRE

HISTÓRIA E FICÇÃO: TRÂNSITOS IMAGINÁRIOS


THE FANTASTIC IN THE INTERSECTION BETWEEN
HISTORY AND FICTION: IMAGINARY TRANSITS

Daniel Vecchio Alves1

RESUMO: A narrativa moderna, seja no âmbito da história ou no âmbito romanesco, ao


estabelecer uma nova convenção de verossimilhança, substitui o estatuto de veracidade e
se fundamenta no mito e no fantástico para privilegiar, com esses elementos, a
representação de uma matéria subjetiva de extração histórica. Considerando essa
transformação, nesse estudo, aprofundaremos algumas questões teóricas e analíticas
sobre o sentido do fantástico e sua determinação pela conjuntura histórica, exprimindo
reivindicações subjetivas que pertencem a uma época precisa.Para tanto, teremos como
norte a reflexão de David Roas, que aborda o fantástico como um mediador entre
liguagem e realidade, não o conceituando apenas como elementofalso. Ou seja, o
fantástico não será considerado aqui somente pela perspectiva da inverossimilhança, mas
pela perspectiva das representações e das práticas socioculturais associadas a esse tipo de
imaginário.

Palavras-chave: História, Literatura, imaginário fantástico, verossimilhança.

ABSTRACT: The modern narrative, either within the history or under the fictional
perspective, when establish a new verisimilitude convention replaces the veracity status
and based itself on the myth and the fantastic in order to favor, with these elements, the
representation of a subjective matter of historical extraction. Considering this
transformation, in this study, we are going to deepen some theoretical and analytical
questions about the meaning of the fantastic and its determination by a historical
conjuncture, expressing subjective claims that belong to a precise time. For this, we will
take as north the David Roas’s reflection, which consider the fantastic as a mediator
between language and reality, not conceptualizing it only as false element. So, the
fantastic will not be considered here only from the perspective of improbability, but in a
perspective of the representations and the socio-cultural practices associated with this
type of imaginary.

Keywords: History, Literature, fantastic imaginary, verisimilitude.

Tendo como norte as reflexões de Roas (2014, p. 174), partiremos


do princípio de que, enquanto um texto não fantástico propõe maneiras de
colocar em evidência a presença do semelhante, “o texto fantástico anuncia
a presença do indizível (a outra face do dizível) – a saber, a alteridade – sem
poder enunciá-lo”. Desse modo, “o fantástico desenha a senda do não dito e
do não visto da cultura, e por isso se converte em uma forma de oposição

1Doutorando em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail:


danielvecchioalves@hotmail.com.
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
33 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

social subversiva que se contrapõe à ideologia do momento histórico em


que se manifesta” (ROAS, 2014, p. 174). O fantástico revela, por assim dizer,
as relações problemáticas que se estabelecem entre linguagem e realidade,
percorrendo o indizível ou o não-dito.
Por outro lado, ponderando e sistematizando as representações
narrativas do imaginário fantástico da antiguidade até o início dos tempos
modernos, surge a conhecida sistematização dada por Tzvetan Todorov, em
Introdução à Literatura Fantástica (1970), a essas representações, que estariam,
segundo ele, associadas a uma operação inverossímil, marca essa que
caracterizaria o gênero do fantástico. Mas, com base nos preceitos de Roas
(2014), nos fundamentaremos na ideia de que o fantástico assemelha-se a
uma rede que abarca dinamicamente variados modos de construção do
imaginário fantástico, legitimado ou não por um estatuto de realidade. Ou
seja, o fantástico não será considerado somente pela perspectiva de um
gênero inverossímil, com critérios estruturais definitivos, como o faz
Todorov, mas pela perspectiva das representações e das práticas associadas
ao imaginário, de acordo com as teorizações de Filipe Furtado, Irènne
Bessière e Remo Cesarani.
A estudiosa francesa Irène Bessière, por exemplo, afirma que a
manifestação fantástica não pode ser definida como uma categoria ou
gênero, porque ela implica uma lógica narrativa e temática variável de
acordo com as experiências no tempo e no espaço (BESSIÈERE, 1974). Ela
assinala que a narrativa fantástica não se define apenas pelo inverossímil ou
pelo insólito como é categorizado tradicionalmente, mas especialmente por
meio da justaposição da contradição entre os diversos imaginários que se
fazem presentes e se relacionam harmoniosamente com nosso cotidiano,
corroborando aquilo que Filipe Furtado menciona de “o falso verossímil”
(FURTADO, 1980, p. 44).
Como procuraremos mostrar aqui, “a utilização do fantástico na
narrativa, embora indispensável à ficção, não é de forma alguma fator
exclusivo dela” (FURTADO, 1980, p. 15). Por meio da fecunda historiografia
cultural e das teorias literárias do fantástico, reconhecemos que as diversas
instâncias do imaginário, da dionisíaca loucura ao fanatismo religioso,
ganham força em muitas épocas e realidades vividas.
Toda nossa tradição espiritual e lendária serve a diferentes funções
em diferentes períodos e comunidades. Cada época contém em si própria as
suas condições específicas de religiosidade e de política, fazendo do
fantástico não apenas um modo evasivo de expressão, pois ele é construído
e readequado de acordo com as necessidades de um grupo que o produz e
que o recebe. Isso significa quea narrativa fantástica, apesar de não ser
obrigatoriamente verdadeira ou não corresponder a uma verdade passada,
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
34 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

tem nos sentimentos e nos imaginários coletivos que os fundam sua


legitimidade histórica.
Não se trata apenas de uma referência ficcional ou sobrenatural
relacionada ao passado, mas de uma integração e transformação dessas
formas na própria constituição da realidade que cerca sua construção.
Dessa forma, a “alucinação, diferentemente da ilusão, é a postulação de uma
posição de existência evidente por si própria, [...].” (REAL, 2013, p. 6). A
representação do fantástico, nessa esteira conceitual, pode ser um processo
alucinatório instaurador de uma verdade autorreferente, base da tradição
mítica que “opera a suspensão do tempo histórico cronológico, ou
desqualifica-o ontologicamente como tempo fraco ou de decadência,
substituindo-o por um tempo mítico, meta e trans-histórico, que a todo
momento pode ritualmente ser activado, simbolizado numa inscrição
acrônica [...].” (REAL, 2013, p. 7).
Ainda que discurso alucinado, a narrativa fantástica constitui-se
como um dos veios nervosos mais profundos e representativos da cultura
ocidental, inclusive de sua literatura. Sendo assim, não tomaremos a
narrativa fantástica seja como discurso verdadeiro, seja como discurso falso,
mas antes como “discurso alucinatório, ou seja, nem real, nem ficcional,
comungando ambos os estatutos, delineador das condições de existência
para quem mentalmente as comungue.” (REAL, 2013, p. 8).
O fantástico, nessa perspectiva, passa a ser norteado, antes de tudo,
pela noção de mito na acepção de Mircea Eliade, que é tal como ele era
compreendido pelas sociedades do passado, em que designa, ao contrário,
uma “história verdadeira” e, ademais, “extremamente preciosa por seu
caráter sagrado, exemplar e significativo. [...]. De fato, o termo mito é hoje
empregado tanto no sentido de ‘ficção’ ou ‘ilusão’, quanto no sentido —
familiar, sobretudo, aos etnólogos, sociólogos e historiadores — de tradição
sagrada, revelação primordial, modelo exemplar” (ELIADE, 1972, p. 6).
Isso sugere que o fantástico não pode ser dissociado do terreno
histórico sobre o qual ele se apoia. O sentido do fantástico é determinado
pela conjuntura histórica, é uma maneira de exprimir reivindicações que
pertencem a um tempo preciso e a aspirações em relação direta com uma
atualidade histórica: “[...] o mundo da narrativa fantástica (seja no século
XIX ou nestes tempos pós-modernos) sempre é o nosso mundo. Nossa ideia
de realidade atua como contraponto, como contraste para fenômenos cuja
presença impossível problematiza a ordem precária em que fingimos viver
mais ou menos tranquilos.” (ROAS, 2014, p. 187).
É com base nessas premissas que as fronteiras entre história e
ficção se tornam tênues ao perpassarem pelo imaginário fantástico, pois “o
limite entre o real e o imaginário revela-se variável, enquanto o território
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
35 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

atravessado por esse limite pertence [...] ao campo inteiro da experiência


humana, do mais coletivamente social ao mais intimamente pessoal: [...].”
(PLATAGEAN, 1998, p. 291). A historiadora Evelyne Platagean, ao
caracterizar um dos ramos da Nova História, define o domínio do
imaginário como aquele constituído pelo conjunto das representações que
exorbitam do limite colocado pelas constatações da experiência e pelos
encadeamentos dedutivos que estas autorizam. Na esteira de Platagean
(1998), portanto, podemos tratar as relações entre história e ficção como
modo de promoção de uma “evasão interior”, no sentido de evidenciar
problematicamente o que é desejado ou o que é escasso: o testemunho, em
termos de imaginário, sobre a verdade das situações históricas e sobre sua
evolução.
Assim, o imaginário fantástico pode ser construído pelo
entrelaçamento da realidade social com seus sistemas de representação. O
dado fundamental na valorização de uma história desse imaginário estaria
no reconhecimento de que ele sempre foi “socialmente diversificado, o que
suscita respostas complexas e diferentemente determinadas para uma
mesma situação histórica.” (GOBBI, 2011, p. 31). Por isso, lentamente, “o
conceito de natureza muda e se procura, e o imaginário [fantástico], por
conseguinte, vem ocupar o lugar que lhe atribuiremos no que será, para nós,
a ordem natural” (PLATAGEAN, 1998, p. 305).
Uma discussão sobre a presença do imaginário fantástico na
mediação das relações entre ficção e história pode ser retirada da obra de
Cornelius Castoriadis intitulada A instituição imaginária da sociedade (1975).
Com o propósito de saber o que é essencialmente a sociedade, o que a
constitui fundamentalmente, em uma concepção do social inseparável de
uma postura crítica sobre seu objeto, Castoriadis define a sociedade, como
obviamente o título de seu livro revela, como o produto de uma instituição
imaginária.
Em sua perspectiva, a imaginação é um “princípio fundador do
modo de ser e de fazer do homem no mundo – e nisto estaria o grande
trunfo e o polêmico estranhamento de sua proposta, diante de uma
sociedade tão racionalizada como é a nossa.” (GOBBI, 2011, p. 31).
Curiosamente, Castoriadis, no que diz respeito à contribuição do
imaginário como mediador entre ficção e história, argumenta:

Todo pensamento da sociedade e da história pertence em si


mesmo à sociedade e à história. Todo pensamento, qualquer que
seja ele e qualquer que seja seu objeto, é apenas um modo e uma
forma do fazer social e histórico. [...]. E o fato de conhecer-se
como tal não o faz sair de seu modo de ser, como dimensão do
fazer social-histórico. [...]. A história é essencialmente poiésis, e
não poesia imitativa, mas criação e gênese ontológica no e pelo
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
36 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

fazer e o representar / dizer dos homens. Este fazer e este


representar / dizer se instituem também historicamente, a
partir de um momento, como fazer pensante ou pensamento se
fazendo. (CASTORIADIS, 1982, p. 13-14).

Gilbert Durand, por sua vez, opõe à sociedade racionalizada aquilo


que chama de “a anti-história da anti-filosofia”, que quebraria essa espinha
dorsal racionalista com a emergência de picos do imaginário, também em
sua vertente fantástica. Em A estruturas antropológicas do imaginário, o
fundador da escola de Grenoble, que tem como proposta estudar os
produtos da imaginação humana, afirma que o mundo ocidental sempre
apresentou um “iconoclasmo endêmico” (DURAND, 2002) que, pela
herança monoteísta da Bíblia e pela lógica binária e cartesiana do
verdadeiro e do falso, deu às imagens e símbolos insólitos um papel
secundário em seu universo mental.
Em O fictício e o imaginário (1996), de W. Iser, a tríade real-fictício-
imaginário enuncia que o fictício se torna também um conceito de relação
entre realidade e imaginário. Nesse sentido, a reativação das narrativas
fantásticas imbrica-se estreitamente ao cotidiano do presente, que se nos
oferece na perspectiva de nossas virtualidades e de nossos impulsos sob a
forma de mitos mais ou menos desenvolvidos.
Os relatos de viagem constituem um importante exemplo para
esclarecer melhor esse ponto reflexivo, mostrando-nos que um texto que se
quer pragmático também é fundado em uma complexa teia de imaginários.
Teria a navegação de Portugal, como perguntava D. João de Castro em seu
Tratado da Esfera, varrido para debaixo do tapete as verdades imaginárias ou
as noções de milagre e de maravilhoso que ilustravam os textos de tantos
autores antigos e modernos?
A resposta é negativa, apesar da imensa insistência dos relatores e
escribas em salientar frases da época como: “Meu intento é somente tratar
de que vi, e não das coisas que me são ditas, nas quais nenhum crédito
tenho...”, acentuando a supremacia da visão e com ela uma possibilidade
única de interpretação. Com isso, vale lembrar que nem todos os grupos
sociais se apropriaram das correntes empiristas no interior do
Renascimento:

As ricas e ativas cidades, com seus navios carregados de


tesouros, os palácios de telhado de ouro, os mantos ornados de
seda e cetim, os hábitos exóticos e as demais maravilhas lidas e
relidas nos relatos das viagens de Marco Polo e em outras obras
que tratavam da China, do Japão e da Índia, os feitos heroicos e
maravilhosos das novelas de cavalaria e as descrições
eloquentes e hiperbólicas, características das crônicas
historiográficas do século XV, povoam seu imaginário,
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
37 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

constituem-se em sua referência imediata e se configuram como


instrumento perfeito para o enfrentamento de seu desafio. [...].
E é deste cadinho – formado totalmente no âmbito exclusivo da
visão europeia, balizada pela retórica do maravilhoso, própria à
crônica historiográfica renascentista – que, com sua letra firme
e desigual, começa a construir a imagem e a identidade
americana. Colombo, por certo, não se ilude de que é preciso
dar a conhecer o imenso potencial dessas novas terras
descobertas, para que os reis e as demais instâncias de poder
espanholas valorizem e apoiem a continuação de expedições
como a sua. (TROUCHE, 2006, p. 17-18).

De acordo com a citação acima, o Renascimento ainda estaria na


base da concepção mítica da história, propondo uma continuidade ou
mesmo uma readequação das tradições antigas e medievais em pleno início
do período moderno. Conforme essa problematização, Durand afirma que
há momentos históricos tão fortes, tão prenhes de significação que se
instituem no nível do mito, e esse é o caso do período renascentista,
imaginariamente ajustado entre o maravilhoso medieval e o empirismo. De
todo modo, aquilo que caracteriza um renascimento é simultaneamente
uma ruptura com um presente desqualificado, e essa desqualificação já nos
revela por si só uma forte carga imaginária. Poderíamos ir além e interrogar-
nos se a nossa era “pós-moderna” não é, por seu turno, mais um
renascimento dentre tantos outros.
De qualquer modo, a vitalidade do fantástico na cultura da Baixa
Idade Média e do Renascimento é incontestável e seu processo de
manifestação pode ser verificado também em bestiários, mapas e epístolas
dessa época histórica de complexa transição cultural. Todavia, é necessário
ressaltar que o registro de elementos fantásticos em muitas relações de
viagens ultramarinas não se deu somente sob a base de um maravilhoso
radical como ocorrera explicitamente nas fontes e nos muitos relatos de
viajantes medievais mais remotos, em que se apresenta uma narrativa
recheada de monstros e outros estranhamentos, revelando a noção cristã
medieval de mundo. Isso não quer dizer, contudo, que esse tipo de
manifestação fantástica não estivesse presente na mentalidade moderna.
De fato, é preciso considerar o acréscimo da experiência in loco dos
viajantes modernos no território dos novos mundos que observam e
representam. Mas nem por isso os relatos ultramarinos, em seu estágio mais
avançado, devem ser considerados como a mais pura ou a mais próxima
representação da realidade. Vemos com Sérgio Buarque de Holanda, em
Visões do Paraíso (1959), as formas pelas quais os elementos físicos da
natureza se incorporavam ao fantástico durante o Quinhentismo, pois,
nessa época, o real ainda não era notado com espírito crítico suficiente,
devido à força ainda latente da tradição.
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
38 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

A tese de Sérgio Buarque sobre as “atenuações plausíveis” consiste


na explicação de que a fantasia permanecera no processo colonizador
lusitano porque persistiu nesse processo o sonho de riquezas fabulosas por
parte dos navegadores. Argumenta o estudioso brasileiro que o sonho de
eldorados era cercado por uma noção mais nítida, ou melhor, mais plausível
em relação à realidade terrena observada, como um maravilhoso de ordem
física e quantitativa que ainda era verossímil aos navegantes: “Os velhos
motivos edênicos vinham, portanto, a sobrepujar, no deslumbramento
desses navegantes, a expressão de uma sensibilidade mais ligada ao real”
(HOLANDA, 2010, p. 223).
Porém, houve um movimento reiterado de ruptura a partir do
racionalismo cartesiano com tudo aquilo relegado ao imaginário. Para
Descartes, a imaginação era fruto do erro e da falsidade, cabendo-lhe, no
máximo, o designativo de um estágio inferior de conhecimento, algo
desprezível para a evolução de uma comunidade. Então, a partir de
Descartes, o saber racional tendeu a se separar do imaginário, numa postura
que se estendera até Comte e que opunha o cientificismo, como critério de
verdade, ao ilusório da ficção. Entretanto, sabemos que essa base não
ganhou a confiança de muitos pensadores do período moderno.
Com a publicação, em 1774, de Os Sofrimentos do Jovem Werther,
Goethe apresenta a ideia central do romantismo: a de que a força mais
poderosa da vida é o sentimento, e não a razão como afirmava o pensamento
cartesiano. Por isso, o movimento romântico pode ser entendido como uma
reação contra a onda de racionalismo provocada pelo Iluminismo do século
anterior.
Tal cenário reflexivo complexo toma como referência não a
racionalidade e a criação do gênero do fantástico a ela submissa, mas o
momento em que, nesse mesmo período, o imaginário fantástico começa a
ser compartilhado também pela história a partir do rompimento do antigo
estatuto de verdade e sua substituição por uma relação de verossimilhança.
Essa substituição marca a passagem do modelo narrativo medieval para o
chamado modelo narrativo moderno, transformando as convenções de
leitura e delegando ao leitor a função de legitimar não mais a verdade e, sim,
a coerência da narrativa.
A narrativa moderna, seja no âmbito da história ou no âmbito
romanesco, ao estabelecer uma nova convenção de verossimilhança,
substituindo o estatuto de veracidade, não deixa de abandonar o mito e o
maravilhoso, privilegiando com esses elementos a representação de uma
matéria subjetiva de extração histórica. A grande relevância de que se
reveste tal matéria para a produção narrativa, a partir daí, é facilmente
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
39 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

atestada pelo surgimento de uma nova forma narrativa no século XIX: o


romance histórico.
É importante sublinhar que essa reposição da verossimilhança já
havia sido alertada por Giambattista Vico, em sua Ciência nova (1725), no
entanto essa estratégia só foi colocada em prática consistentemente pelos
romances históricos românticos produzidos ao longo do século XIX,
habilidade essa infelizmente ocultada pelas críticas realistas injustas e,
muitas vezes, pedantes, da qual a literatura romântica tem sido vítima.
Certo é que sua essência é totalizante no sentido de tentar superar a
insatisfação que a realidade causava, a literatura devia enriquecer e
completar a existência, compensar o ser humano de sua trágica condição e
desejar e sonhar com o que não pode realmente atingir.
Mas, mesmo sob essa direção, nem todos os romances românticos
foram escritos para contar a vida, e sim para transformá-la também. A
literatura romântica não pode ser entendida apenas como uma forma
totalizante fundamentada no escapismo, no ludismo inconsequente da sua
fase inicial nacionalista. Uma importante preocupação do romance
histórico de cunho romântico, em sua fase mais avançada, calcada num
certo mal-estar, foi, acima de tudo, a obtenção de uma tensão entre a
fantasia e a realidade, configurando-se como “espaço discursivo onde os
jogos inventivos do escritor, aplicados a dados históricos, produzissem
composições que oferecessem aos leitores, simultaneamente, ilusão de
realismo e oportunidade de escapar de [ou atingir] uma realidade
insatisfatória” (ESTEVES; MILTON, 2007, p. 14).
O romance histórico romântico foi sempre um gênero bastante
controvertido, mas também fértil, pois era considerado desde então a
contrapartida subjetiva necessária da história, gênero que pretendia revelar
segredos que a história não mostrava: “Na verdade, a descoberta dos
sentimentos é uma invenção efetiva dos românticos, [...]. Daí advém,
inclusive, uma consciência de um modo de ser, de uma sensibilidade
própria de uma comunidade, [...]” (PESAVENTO, 2008, p. 20).
O que temos aqui, portanto, é um primeiro surgimento de uma
corrente de escritores e pensadores que começam a pensar na readequação
da história científica divulgada na época, por meio da valorização do
imaginário como material histórico e social, concluindo que, por mais
documentos que disponha o historiador ou o ficcionista, é preciso recorrer à
matéria imaginária para estabelecer nexos entre eles, de modo a recriar os
fatos.
É esse universo de sensibilidades e de percepções que vai rivalizar
profundamente com a realidade inteligível do mundo objetivo a partir desse
momento. Nenhuma reflexão sobre as relações entre o ficcionista e o
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
40 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

historiador foi tão melancólica quanto à do escritor romântico Alessandro


Manzoni. O autor começa por anotar que “algumas pessoas se lamentam
que em certos romances históricos, ou em certas partes de um romance
histórico em particular, o fato não esteja claramente diferenciado da
invenção e que, por consequência, não se alcance um dos objetivos
principais deste tipo de obra, que é a representação fiel da história.”
(MANZONI, 2012a, p. 28). Os que assim procedem, diz Manzoni,
pertenceriam ao grupo dos que privilegiam, mesmo no romance histórico, o
componente documental, em detrimento da invenção ficcional.
Existem, porém, continua Manzoni (2012a), pessoas que se
queixam exatamente do contrário, isto é, do fato de que “neste ou naquele
romance histórico, nesta ou naquela parte de um romance histórico, o autor
distingue expressamente o vero positivo da invenção”, de que resulta ser
destruída “aquela unidade que é a sua condição vital, como em qualquer
obra de arte” (MANZONI, 2012a, p. 28). Nesse embate de opiniões, é a
própria forma da ficção, da história e do romance histórico que está em
jogo.
Manzoni, nessa parte da exposição, dá razão a ambos os queixosos,
mas somente para chegar a uma terceira verdade, considerando que o
romance histórico é feito com um pouco de cada uma das duas matérias:
“Mas, por favor, me expliquem, como se poderia destruir algo que não
existe? Vocês não percebem como esta distinção está nos próprios
elementos básicos e, por assim dizer, na matéria-prima deste tipo de obra?
(MANZONI, 2012a, p. 36). Ou seja, como acusar o romancista histórico de
fazer ou não fazer algo que já está indicada na gênese do próprio romance
histórico, isto é, seu hibridismo inevitável? Tendo razão num ponto e não
em outro, ambos os opinantes do romance histórico estariam certos e
errados ao mesmo tempo, na opinião desse escritor.
Em Os noivos (1840), tido como um dos maiores romances históricos
de todos os tempos, Manzoni narra uma história que se passa na região da
Lombardia, entre 1628 e 1632, onde dois amantes passam por sofridas
aventuras para tentar se casar. Renzo e Lúcia, camponeses analfabetos,
moram numa pequena vila e pretendem unir-se, porém são impedidos por
um fidalgo devasso (D. Rodrigo) que nutre certa paixão pela noiva.
Desenvolvendo uma espécie de epopeia dos humildes, a história tem como
pano de fundo a proliferação da peste, consequência das sucessivas invasões
militares que a região sofre na época, e ainda a revolta do trigo causada pela
fome que assolava principalmente a cidade de Milão.
Todavia, segundo Manzoni, a finalidade dessa narrativa não é para
dizer a verdade histórica que envolve os personagens protagonistas
apresentados:
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
41 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

Não pretendemos reproduzir todos os documentos oficiais e


nem todos os acontecimentos de alguma forma memoráveis.
Muito menos pretendemos tornar inútil, a quem queira fazer
uma ideia mais completa, a leitura dos relatos originais, pois
consideramos que existe nas obras desse gênero uma força viva,
própria e, por assim dizer, incomunicável, qualquer que seja a
forma como foram concebidas e conduzidas. Tentamos apenas
distinguir e verificar os fatos mais gerais e importantes, colocá-
los na ordem real de sua sucessão de acordo com a razão e a
natureza destes, observar sua eficiência recíproca e dar assim,
por ora e até que alguém não faça melhor, uma informação
sucinta, mas sincera e continuada, dessas calamidades.
(MANZONI, 2012a, p. 436).

É com essa “força viva” que Manzoni consegue driblar o conteúdo


dos relatos de historiadores da sua época, “inclinados, como eram, mais a
descrever grandes acontecimentos do que tratar os problemas do cotidiano
popular ou suas causas e consequências” (MANZONI, 2012b, p. 399),
divulgando um retrato do território sem se aprofundar muito nas mazelas
sociais, isto é, no problema da desproporção entre os víveres e a necessidade
(como a famosa revolta do trigo de Milão), bem como as causas da
proliferação da peste. Sua cautelosa narrativa estabelece uma relação
profícua entre os fatos privados e públicos no intuito de legitimar e
esclarecer memórias que ficaram por esclarecer, especialmente aquelas
ligadas ao imaginário popular do tempo e do espaço em questão: “Agora,
para que os fatos privados de que falta contar sejam claros, devemos
absolutamente permitir contar os fatos públicos, tomando-os com algum
distanciamento” (MANZONI, 2012b, p. 395).
O que devemos observar é que Manzoni se utiliza de um
sistemático recurso de invenção para representar detalhes que a memória
histórica de então não oferecia de forma clara. Com essa finalidade, o autor
conclui que “na dúvida excitada pelo romance histórico a mente se inquieta,
porque na matéria que lhe é apresentada vê a possibilidade de um ato
adicional, o desejo pelo qual é instigado ao mesmo tempo em que o meio
para obtê-lo lhe é subtraído.” (MANZONI, 2012a, p. 43). Trata-se,
sobretudo, da constituição de um jogo de memória construído pelo escritor
a partir de uma variedade de fatos, certos ou prováveis.
Desse modo, Manzoni já atentava para a relação tênue entre texto
histórico e texto ficcional, entre reconstrução positiva e invenção, entre
verdade e verossimilhança, ou seja, tratava da dimensão narrativa da
história e da dimensão histórica da narrativa literária. Para Manzoni,
portanto, o verossímil, é uma verdade diferente da realidade, porém uma
verdade sempre vista pelo intelecto, “afinal o verossímil (que é a matéria-
prima da arte), uma vez que seja manifestado e percebido como tal, torna-se
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
42 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

uma verdade diversa, aliás diversíssima, do real, torna-se uma verdade


perenemente contemplada pela mente, cuja presença é irrevogável”
(MANZONI, 2012a, p. 38).
Dessa herança do romance histórico romântico, podemos extrair
hoje que o historiador interessado em “resgatar as sensibilidades de uma
época, os valores, razões e sentimentos que moviam as sociabilidades e
davam o clima de um momento dado no passado, ou em ver como os
homens representavam a si próprios e ao mundo, tem na literatura uma
fonte muito especial para o seu trabalho” (PESAVENTO, 2003, p. 39).
Com uma nova historiografia cultural interessada em tais questões
subjetivas, desponta uma gama de estudos que atentam para o
desdobramento de um largo conjunto de imaginários produzido pelos
homens. Essa escola historiográfica, que se aproxima densamente da ficção,
é considerada como parte da terceira geração dos Annales e foi a primeira a
se interessar por esses temas ainda não convencionais, por objetos
historiográficos até então desconsiderados como fonte histórica,
desbravando certos domínios da história que a grande maioria dos
pesquisadores ainda não havia pensado em investigar, como o campo dos
imaginários históricos2.
Embora o termo imaginário não seja, por si só, novidade, vem
sofrendo (re)significações recentemente, no sentido de abarcar uma grande
quantidade de questões cada vez mais necessárias ao debate da história e da
verossimilhança. São (re)significações na própria forma de conceber o
trabalho historiográfico, e também na concepção do fantástico frente à
ciência e o racional. Por isso, a história tem buscado insistentemente um
refinamento operacional do conceito de imaginário histórico.
Constatamos que esse refinamento conceitual não apenas investirá
nas condutas imaginárias que se desviam da mentalidade comum,
sobrepondo o mental aos outros componentes da sociedade por ele
retratada. O tom dominante de sua revisão é coerente com o que diz Roger
Chartier acerca das representações históricas, cujo foco está inicialmente
nas práticas sociais para, consequentemente, obter as representações
integradas a essas práticas em que a ideia de imaginário não deixa de se
sobrepor (CHARTIER, 2002).

2 O programa da Nova História Cultural, escola da terceira e quarta gerações do grupo francês
Annales, foi estabelecido a partir de bases teóricas que consideram as relações complexas entre a
vida real dos homens e as representações que eles produzem de si mesmos. É uma história
preocupada, antes de tudo, com uma antropologia que visa evitar dialéticas, reducionismos e
mecanicismos na interpretação da realidade histórica, e para isso considera as motivações mentais
e as tendências historiográficas como elementos fundamentais para uma abordagem analítica e
densa sobre o passado e suas diferenciações narrativas e ideológicas.
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
43 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

Averiguamos que nessa escola historiográfica, um conteúdo


histórico pode ser constituído por muito mais do que enunciados ou
crenças aparentemente estranhos, bizarros, paradoxais, incoerentes ou
carregados de contradições, mas daquilo que se poderia chamar “o
acreditável disponível de uma época. [...]. A noção de mentalidade é então
devolvida ao seu estatuto de objeto novo do discurso historiador no espaço
deixado a descoberto pelo econômico, o social e o político. É um
explicandum, não um princípio preguiçoso de explicação” (RICOEUR, 2008,
p. 209). O pretenso não-dito e implícito, que o conceito de imaginário
pressupõe, desdobra-se de uma complexa rede de aquisições graduais e
circunstanciadas das questões de ordem sociopolítica e econômica,
efetuando, assim, uma espécie de verossimilhança alicerçada em dados
históricos.
Somente com os estudos dos imaginários do pioneiro John
Huizinga, Jacques Le Goff, Georges Duby, Jean Delumeau, Claude Kappler
e outros, é que foi plenamente reconhecida uma forte presença do
imaginário fantástico no Renascimento Cultural e nas eras subsequentes.
Muitas outras rupturas históricas, como a do Renascimento, são
reavaliadas por essa nova historiografia. Para Jacques Le Goff (1994), por
exemplo, o estudo do imaginário e seu arsenal simbólico representam o
aparecimento de uma nova história política, dando abertura para
questionar a interrupção de muitos regimes de nossa modernidade.
Por começar a identificar os fatores culturais de expressão
maravilhosa que da Idade Média continuam a afetar os séculos posteriores,
vale ressaltar esse historiador que realiza estudos instigantes sobre o
imaginário em obras como O imaginário medieval (1994) e o O maravilhoso e o
quotidiano no ocidente medieval (2010). Primeiramente, Le Goff verifica que na
Idade Média as expressões “maravilhar-se” e “ficar maravilhado” eram
muito frequentes3. Das manifestações espirituais, religiosas e mitológicas, o
maravilhoso, em sua concepção, requer a representação de valores
idealizantes por meio da manifestação de sonhos, crenças, desejos e mesmo
de valores morais de um dado grupo.
Le Goff (1994) define bem esse imaginário que ocorre sobre a base
das impressões imagéticas constituída também pela experiência física do
espaço geográfico, reconhecendo que essa mesma relação é mantida até hoje
em muitas circunstâncias cotidianas. A exaltação desse imaginário

3 “Com o termo medieval mirabilia estamos perante uma raiz mir (miror, mirari) que comporta algo
de visivo. Trata-se de um olhar. Os mirabilia não são naturalmente apenas coisas que o homem
pode admirar com os olhos, coisas perante as quais se arregalam os olhos; originalmente há, porém,
esta referência ao olho que me parece importante, porquanto todo um imaginário pode organizar-
se à volta desta ligação a um sentido, o da vista, e em torno de uma série de imagens e metáforas
que são metáforas da visão.”(LE GOFF, 2010, p. 15-16).
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
44 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

maravilhoso provoca variadas operações mentais e verbais que representam,


de forma geral, um complexo registro simbólico em suas vertentes religiosas
e políticas.
Suas manifestações narrativas podem ser acompanhadas através da
trajetória da produção cultural que no Ocidente é empregado, passando
pelas epopeias, pelos bestiários, pelos romances de cavalaria medievais, pelo
o romance histórico e pela historiografia cultural da segunda metade do
século XX. O caráter fantasioso provocado através da crença em espíritos,
milagres, prodígios e monstruosidades se mostra como uma espécie de
complementaridade entre ficção e verdade, entre história e mito. Ambas
traduzem uma sensibilidade na apreensão do real, oferecendo leituras
possíveis da história marginal e relevando uma espécie de jogo das forças
sociais e do poder. Nessa medida, as duas narrativas têm igualmente por
efeito socializar indivíduos, criando condições imaginárias e simbólicas de
coesão social.
Fica evidente, nos posicionamentos assumidos pelos autores aqui
referidos, a concepção do imaginário como princípio fundador ou estrutural
do discurso e, no geral, da vida humana em sociedade. Libertando o
fantástico de categorias estanques, manifesto nos mitos, nas tradições orais
e nos ritos religiosos de uma comunidade, “o escritor resgata fragmentos da
história, secretada no inconsciente da comunidade, [...]” (BERND, 1998, p.
130).
Por fim, parece-nos que no centro desse debate encontra-se outro
problema muito caro às ciências humanas: a relação entre subjetividade e
objetividade na representação de uma realidade ou na construção do
conhecimento. Embora durante longa data os pesquisadores tenham
desejado ardorosamente uma pretensa objetividade na construção dos mais
diversos saberes, hoje já se admite o papel vital da subjetividade e, junto a
esta, o papel do imaginário e das representações na produção intelectual e
nas relações de uma sociedade imersa em suas próprias fantasias.

Referências

BERND, Zilah. O maravilhoso como discurso histórico alternativo. In:


PESAVENTO, Sandra Jatahy; LEENHARDT, Jacques (orgs.). Discurso
histórico e narrativa literária. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1998, pp.
127-134.
BESSIÈRE, Irène. Le récit fantastique. La poétique de l’incertaine. Paris ; Larousse,
1974.
CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. 5ª ed.
Tradução de Guy Reynaud. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
45 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. Tradução


de Maria Manuela Machado. Algés, Portugal: Difel, 2002.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. 3ª ed.
Tradução de Hélder Godinho. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Tradução de PolaCivelli. São Paulo:
Editora Perspectiva 1972.
ESTEVES, Antonio Roberto, MILTON, Heloísa Costa. Narrativas de
extração histórica. In: CARLOS, Ana Maria, ESTEVES, Antonio Roberto
(orgs.). Ficção e História: leituras de romances contemporâneos. Assis: FCL- Assis -
UNESP Publicações, 2007, pp. 8-23.
FURTADO, Filipe. A construção do fantástico na narrativa. Lisboa: Livros
Horizonte, 1980.
GOBBI, Márcia Valéria Zamboni. A ficcionalização da história: mito e paródia na
narrativa portuguesa contemporânea. São Paulo: Editora UNESP, 2011.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. Os motivos edénicos no
descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
LE GOFF, Jacques. O maravilhoso e o quotidiano no ocidente medieval. Nota
introdutória de Francesco Maiello. Tradução de António José Pinto
Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 2010.
MANZONI, Alessandro.Sobre o romance histórico. Tradução, introdução e
notas de Tiago Tresoldi. Porto Alegre: Tiago Tresoldi Editore, 2012a.
____. Os noivos: história milanesa do século XVII. Tradução de Francisco Degani.
São Paulo: Nova Alexandria, 2012b.
LEGOFF, Jacques. O maravilhoso e o quotidiano no ocidente medieval. Nota
introdutória de Francesco Maiello. Tradução de António José Pinto
Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 2010.
LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Tradução Manuel Ruas. Lisboa:
Editorial Estampa, 1994.
PATLAGEAN, Evelyne. A história do imaginário. In: LE GOFF, Jacques;
CHARTIER, Roger; REVEL, Jacques (orgs.). A história nova. Trad. Eduardo
Brandão. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 291-316.
PESAVENTO, Sandra Jatahy.O mundo como texto: leituras da História e da
Literatura. In: História da Educação. Pelotas, n. 14, pp. 31-45, set. 2003.
____. História & História Cultural. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
REAL, Miguel. Nova Teoria do Sebastianismo. Lisboa: Publicações Dom
Quixote, 2013.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain
François. Campinas: Editora Unicamp, 2008.
Alves, D. V. O fantástico na intersecção entre a história e a ficção:
46 trânsitos imaginários. Nonada: Letras em Revista, n. 27, vol. 2.
Setembro de 2016. pp. 32-46.

ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. Tradução Julián


Fuks. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
TROUCHE, André. América: história e ficção. Niterói, RJ: EdUff, 2006.

Recebido em 20 de março de 2016.


Aceito em 02 de junho de 2016.

Você também pode gostar