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Aula 27
FCUL 13/12/2021
Val. e vect. próprios e diagonalização ALGA / ALGA1, 2021/22 Aula 27, 13/12/2021 1 / 27
Proposição
Os valores próprios de uma matriz triangular (superior ou inferior) são as
entradas da diagonal principal da matriz.
Suponhamos que A = aij ∈ Mn (R) e que A é triangular superior.
Dem.:
Então
a11 a12 ··· a1n
0 a22 ··· a2n
A= . . .
..
.. .
. . .
.
0 0 ··· ann
A − xIn também é triangular superior, logo
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Denição
Sejam A, B ∈ Mn (K).
Diz-se que A é semelhante a B se existir uma matriz P ∈ Mn (K) invertível
tal que
P −1 AP = B.
Observação:
Se P −1 AP = B , então P ·P −1 AP ·P −1 = P ·B ·P −1 , logo
A = PBP −1 = (P −1 )−1 BP −1 = Q −1 BQ , onde Q = P −1 .
Assim, se A for semelhante a B , então B também é semelhante a A. Por
isso, podemos dizer que A e B são semelhantes.
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A proposição seguinte dá exemplos de matrizes semelhantes.
Proposição
Seja V um espaço vectorial sobre K e seja f : V → V uma aplicação linear.
Sejam B e B0 bases de V .
As matrizes A = M(f ; B, B) e B = M(f ; B0 , B0 ) são semelhantes.
Dem.:
Consideremos a aplicação identidade idV : V → V , idV (v ) = v .
Tomemos a matriz de mudança de base P = M(B 0 , B) = M(idV ; B 0 , B).
Vid f idV
V −−−−−→ V −−−−−→ V −−−−−→ V
B0 B B B0
Temos f = idV ◦ f ◦ idV .
Então B = M(f ; B 0 , B 0 )
= M(idV ◦ f ◦ idV ; B 0 , B 0 )
= M(idV ; B, B 0 ) M(f ; B, B) M(idV ; B 0 , B)
= P −1 AP
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Proposição
Matrizes semelhantes têm o mesmo polinómio característico e, logo, os
mesmos valores próprios.
Dem.:
Sejam A, B ∈ Mn (K) matrizes semelhantes.
Existe P ∈ Mn (K) invertível tal que P −1 AP = B . Então
= det P −1 AP − xP −1 In P
= det P −1 AP − P −1 xIn P
= det P −1 (A − xIn )P
= det(A − xIn )
= pA (x)
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Multiplicidade algébrica
Denição
Diz-se que uma raiz α de um polinómio p(x) tem multiplicidade algébrica
igual a k (k ∈ N) se p(x) = (x − α)k q(x), para algum polinómio q(x) tal
que q(α) 6= 0. Representa-se por ma(α) a multiplicidade algébrica de α.
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Exemplos:
p(x) = (x − 1)5 2x 4 − 5x 3 + x 2 + x − 3
p(x) = (x − 2)3 (x + 1) x 2 + 3 (x − 2)
| {z }
não tem raízes reais
2 é raiz de p(x) e ma(2) = 4.
−1 é raiz de p(x) e ma(−1) = 1.
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Dada A ∈ Mn (K) e um valor próprio λ de A, temos que λ é raiz do
polinómio característico de A, pA (x). Quando nos referirmos à
multiplicidade algébrica de λ, subentendemos que é relativa a este
polinómio.
Denição
Seja A ∈ Mn (K) e λ um valor próprio de A.
Chama-se multiplicidade geométrica de λ à dimensão do subespaço próprio
de A associado a λ. Representa-se por mg (λ) a multiplicidade geométrica
de λ.
Proposição
Seja A ∈ Mn (R). Para qualquer valor próprio λ de A, tem-se
1 6 mg(λ) 6 ma(λ).
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Dem.:
Seja λ um valor próprio de A e seja k = dim (Eλ (A)) = mg(λ).
Seja v1 , . . . , vk uma base de Eλ (A).
Existe uma base de Kn que contém v1 , . . . , vk , digamos
v1 , . . . , vk , vk+1 , . . . , vn .
Seja P ∈ Mn (K) a matriz cujas colunas são v1 , . . . , vk , vk+1 , . . . , vn .
Como v1 , . . . , vk , vk+1 , . . . , vn é linearmente independente, temos que r (P) = n
e, logo, P é invertível.
Tem-se
In = P −1 P P −1 v 1
= ··· vk vk+1 · · · vn
−1
P −1 vk P −1 vk+1 . . . P −1 vn
= P v1 ···
Logo
1 0
0 1
−1 −1
P v1 = 0 , P v2 = 0 , etc.
.. ..
. .
0 0
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Dem. (cont.): Então
P −1 AP P −1 A v1 · · · vk vk+1 . . . vn
=
P −1 Av1 · · · Avk Avk+1 . . . Avn
=
P −1 λv1 · · · λvk Avk+1 . . . Avn
=
−1
P (λv1 ) · · · P −1 (λvk ) P −1 Avk+1 . . . P −1 Avn
=
−1
λP v1 · · · λP −1 vk P −1 Avk+1 . . . P −1 Avn
=
λ 0 ··· 0 b1,k+1 ··· b1n
0 λ · · · 0 b2,k+1 ··· b2n
.. .. . . . . .
. . . . . .
. . .
= 0 0 · · · λ bk,k+1 ··· bkn
0 0 · · · 0 bk+1,k+1 · · · bk+1,n
.. .. . . .
. . . . .
. . .
0 0 ··· 0 bn,k+1 ··· bnn
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Dem. (cont.):
Sendo B = P −1 AP , tem-se, como vimos, pA (x) = pB (x) e calculando
det B − xIn usando o desenvolvimento de Laplace pela 1a coluna de B, depois
pela 1a coluna de B(1|1), etc., obtemos
Logo
ma(λ) > k = mg(λ).
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Exemplo:
mg(−1) 6 2 e mg(2) = 1 .
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Proposição
Seja A ∈ Mn (K). Sejam λ1 , . . . , λ k valores próprios de A distintos entre si .
linearmente independente.
independentes e
linearmente independente.
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Dem.:
1
Suponhamos que v1 , . . . , vk são vectores próprios de A associados aos valores
próprios λ1 , . . . , λk , respectivamente.
Então Av1 = λ1 v1 , . . . , Avk = λk vk .
Queremos ver que (v1 , . . . , vk ) é linearmente independente.
Com vista a um absurdo, suponhamos que (v1 , . . . , vk ) é linearmente dependente.
Temos v1 6= 0, uma vez que v1 é vector próprio. Logo o sistema de vectores (v1 )
é linearmente independente. Tomemos o maior r ∈ {1, . . . , k} tal que
(v1 , . . . , vr ) é linearmente independente.
Então r < k e (v1 , . . . , vr , vr +1 ) é linearmente dependente. Consequentemente
vr +1 é combinação linear de (v1 , . . . , vr ):
α1 v1 + · · · + αr vr = vr +1 ,
para certos escalares α1 , . . . , αr .
Multipliquemos ambos os membros por λr +1 e por A:
(
λr +1 (α1 v1 + · · · + αr vr ) = λr +1 vr +1
A(α1 v1 + · · · + αr vr ) = Avr +1
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Dem. (cont.): Logo
(
α1 λr +1 v1 + α2 λr +1 v2 + · · · + αr λr +1 vr = λr +1 vr +1
α1 λ1 v1 + α2 λ2 v2 + · · · + αr λr vr = λr +1 vr +1
α1 = 0, α2 = 0, . . . , αr = 0 .
Então obtemos
vr +1 = α1 v1 + · · · + αr vr = 0 ,
o que contradiz o facto de vr +1 ser um vector próprio.
2 , 3 : TPC
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Diagonalização
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Denição
Uma matriz A ∈ Mn (K) diz-se diagonalizável (em K) se A for semelhante a
uma matriz diagonal, isto é se existir uma matriz P ∈ Mn (K) invertível tal
que P −1 AP é uma matriz diagonal. A uma tal matriz P chama-se matriz
diagonalizadora de A (em K).
Atenção:
A matriz diagonalizadora de A é a que ca à direita de A.
Veremos que as colunas de uma tal matriz P são necessariamente vectores
próprios de A.
Sendo v1 , v2 , . . . , vn as colunas de P , temos
P = v1 v2 · · · vn
e
AP = Av1 Av2 · · · Avn
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Exemplos:
1 1 1
" #
sendo P = −1 0 −4 , tem-se que
0 1 −2
−5 0 0
" #
P é invertível e P −1 AP = 0 2 0 . (TPC)
0 0 −5
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Seja A ∈ Mn (K) uma matriz diagonalizável e seja P uma matriz
diagonalizadora de A. Então a matriz D = P −1 AP é diagonal e tem-se:
D = P −1 AP ⇐⇒ PDP −1 = PP −1 A PP −1
In In
⇐⇒ PDP −1 = A
⇐⇒ A = PDP −1
↑
matriz diagonal
Agora é fácil calcular as potências de A:
A2 = AA = PD P −1 · P DP −1 = PD 2 P −1
In
−1
A3 = AAA = PD P · P D P −1 · P DP −1 = PD 3 P −1
In In
Tem-se
Ak = PD k P −1 , para todo o k ∈ N.
↑
D k é fácil de calcular Portanto, é fácil calcular as potências das
porque D é diagonal
matrizes diagonalizáveis.
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Observação:
λ1 0 · · · 0
0 λ2 · · · 0
P −1 AP = . .. . . . ,
.. . . ..
0 0 · · · λn
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Proposição
Sejam A, P ∈ Mn (K).
1As armações seguintes são equivalentes:
(i) P é diagonalizadora de A.
(ii) As colunas de P são vectores próprios de A e P é invertível.
Corolário
Seja A ∈ Mn (K). Se A for diagonalizável, então
1 ma(λ) = mg(λ) para todo o valor próprio λ de A.
2 tanto a soma das multiplicidades geométricas, como a soma das
multiplicidades algébricas, dos valores próprios de A é igual a n.
Dem.: na página seguinte.
Val. e vect. próprios e diagonalização ALGA / ALGA1, 2021/22 Aula 27, 13/12/2021 22 / 27
Dem.:
Suponhamos que A é diagonalizável.
Então existe uma matriz P ∈ Mn (K) invertível tal que
λ1 0 · · · 0
0 λ2 · · · 0
P −1 AP = . . . .
..
.. .
. . .
.
0 0 · · · λn
Então
pA (x) = det(A − xIn ) = (λ1 − x)(λ2 − x) · · · (λn − x).
Considerando os valores próprios sem repetição, temos
Exemplo:
Seja
0 −1 4 0 0
1
0 −9 0 0
A=
0 0 2 0 0
.
3 −1 6 −7 8
−1 2 9 0 2
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Corolário
Seja A ∈ Mn (K).
Se A tiver n valores próprios em K distintos entre si, então A é
diagonalizável em K.
Val. e vect. próprios e diagonalização ALGA / ALGA1, 2021/22 Aula 27, 13/12/2021 26 / 27
Como encontrar uma matriz diagonalizadora de uma matriz A∈ Mn (K), se
existir?
3o A matriz cujas colunas são estes vectores geradores de cada subespaço pró-
prio é uma matriz diagonalizadora de A, se A for diagonalizável.
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