Álgebra Linear e Geometria Analítica

Álgebra Linear e Geometria Analítica I

2021/22

Característica
Matrizes invertíveis

Aula 6
FCUL - 15/10/2021

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O mesmo raciocínio do exemplo anterior permite constatar o resultado
seguinte.
Proposição
Seja A ∈ Mm×n (K). Suponhamos que

A−
→ A1 −
→ A2 −
→ · · · Ap−2 −−→ Ap−1 −
→ Ap = B ,
t1 t2 t3 tp−1 tp

para certas matrizes A1 , . . . , Ap ∈ Mm×n (K) e certas transformações

elementares t1 , . . . , tp .
Sejam E1 , . . . , Ep as matrizes elementares correspondentes às
transformações elementares t1 , . . . , tp , respectivamente. Resumidamente:

[A|Im ] −
−−−
→ [A1 |Q1 ] −
−−−
→ [A2 |Q2 ] −
−−−
→ · · · [Ap−1 |Qp−1 ] −−−→ [Ap |Qp ] = [B|Q]
t 1 , E1 t 2 , E2 t 3 , E3 t p , Ep

Então
B = QA e Q = Ep Ep−1 · · · E3 E2 E1

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A proposição anterior permite demonstrar (não o vamos fazer) o seguinte.
Proposição
1 Toda a matriz é equivalente a uma única matriz em forma de escada
reduzida.

2 Seja A uma matriz. Quaisquer duas matrizes em forma de escada

equivalentes a A têm o mesmo número de linhas não nulas.

Interpretando:
Dada uma matriz A,
efectuando a partir de A transformações elementares sucessivamente é possível chegar a

uma matriz em forma de escada reduzida.

tendo A −−−→ · · · −−−→ B e A −−−→ · · · −−−→ C ,

| {z } | {z }
transf. elementares transf. elementares
sobre linhas sobre linhas

I se B e C estiverem em forma de escada reduzida, então B = C.

I o
se B e C estiverem em forma de escada, então B e C têm o mesmo n de linhas

não nulas.

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Característica de uma matriz

O item 2 da proposição permite denir o seguinte.

Denição
Seja A uma matriz. Ao número de linhas não nulas de uma matriz em
forma de escada equivalente a A chama-se característica de A e denota-se
por r (A) ( r  deriva do inglês rank) ou c(A).

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Exemplo:

6 −28 4 23 −6 → · · · → 1 −5 0 3 −1
   
5 −28 4 20 −7 Na aula 0 −1
| {z }
8 10 −2 −L− −−−1−→
4 →− 6 L4
A=
3 anterior 0

−3 15 0 −9 0 20 25 −4
2 −12 4 8 0 0 0 −12 −18 6
1 −5 0 3 −1 1 −5 0 3 −1
   
→ 0 −1 8 10 −2 − −−−→  0 −1
L3 ↔L4 
8 10 −2 −L−4− −−−−−→
→L4 −10L3
0 0 20 25 −4 0 0 2 3 −1
0 0 2 3 −1 0 0 20 25 −4
1 −5 0 3 −1 −−−−−−−−→ 1 −5 0 0 13/5
   
3
→ 0 −1 8 10 −2 L3 →L3 + 5 L4 0 −1 8 0 10 −L− −−−−−→
0 2 →L2 −4L3
0 2 3 −1 L2 →L2 +2L4 0
 0 2 0 13/5
0 0 0 −5 6 L1 →L1 + 35 L4 0 0 0 −5 6
1 −5 0 0 13/5 1 0 0 0 23/5
   
→ 0 − 1 0 0 −2/5 − −−−−−−→ 0 −1
L1 →L1 −5L2 
0 0 −2/5
0 0 2 0 13/5 0 0 2 0 13/5
0 0 0 −5 6 0 0 0 −5 6

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Continuação:

6 −28 4 23 −6 → · · · → 1 0 0 0 23/5 −−−−−→

   
 5 −28 4 20 −7 Na página 0 − 1 0 0 −2/5 L2 →−L2
| {z }
A= 1
−3 15 0 −9 3 anterior 0
  0 2 0 13/5 L3 → 2 L3
2 −12 4 8 0 0 0 0 −5 6 L4 →− 15 L4
1 0 0 0 23/5
 
→ 0 1 0 0 2/5 Esta matriz está em forma de
0 0 1 0 13/10 escada reduzida
0 0 0 1 −6/5
Observação: Todas as matrizes que obtemos em cada passo deste processo
são equivalentes entre si e, portanto, têm a mesma característica.

Outro exemplo:

0 5 2 5 −1
 

A = 0 0 0 8 3
0 0 0 0 0
Esta matriz está em forma de escada; r (A) = 2.
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Como a proposição anterior arma, dada uma matriz A, é sempre possível
chegar de A a uma matriz em forma de escada efectuando um número
nito de transformações elementares sobre linhas de forma sucessiva. A
este processo de passar de uma matriz a outra
em forma de escada chamamos eliminação de Gauss.
em forma de escada reduzida chamamos eliminação de
Gauss-Jordan.

Há várias maneiras de o fazer.

Atenção : ser metódico;

tentar fazer o menor número de passos possível.

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A seguinte estratégia é, em geral, eciente:
Dada uma matriz A não nula,
1proceder da maneira seguinte até obter uma matriz em forma de
escada equivalente a A:
1.1 Se necessário, efectuar trocas de linhas de modo que as linhas nulas (se
existirem) quem abaixo de todas as linhas não nulas e de modo que
não haja nenhuma posição-pivot à esquerda da posição-pivot da
primeira linha. Passar a 1.2.
1.2 Se for conveniente, multiplicar a primeira linha por um escalar de modo
a substituir a primeira linha por uma linha com pivot igual a 1 ou a −1.
Por adição da primeira linha multiplicada por escalares às outras linhas,
obter 0 em todas as posições abaixo da posição-pivot da primeira linha.
Passar a 1.3.

1.3 Na última matriz obtida em 1.2 efectuar os passos anteriores na

submatriz que se obtém desta excluindo a primeira linha (i.e. pensamos
nesta submatriz como se fosse a matriz inicial).
2 obtemos uma matriz em forma de escada reduzida equivalente a A
efectuando o procedimento 1 sobre A e, depois, na matriz obtida
executando os passos similares aos de 1 começando pela última linha
não nula, usando o seu pivot, e subindo na matriz.
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Mais um exemplo:

0 2 0 0 1 0
 
0 5 −1 0 5 −5
A= . r (A) = ?
0 7 −17 0 32 −57
0 −5 −1 0 −4 3
Vamos determinar uma matriz em forma de escada equivalente a A para
sabermos r (A).
0 2 0 0 1 0 0 2 0 0 1 0
   
0 5 −1 0 5 −5−L− −−−−−→0
2 →L2 −2L1 
1 − 1 0 3 −5
A=
0 7 −17 0 32 −57 0 7 −17 0 32 −57
0 −5 −1 0 −4 3 0 −5 −1 0 −4 3

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 0 1 −1 0 3 −5 0 1 −1 0 3 −5
   
−−−−→0 2 0 0 1 0−L−→L−−−−−→0 0 2 0 −5 10 −→
L1 ↔L2  2 2 −2L1 
0 7 −17 0 32 −57 LL34→L 3 −7L1 0
→L4 +5L1
0 −10 0 11 −22
0 −5 −1 0 −4 3 0 0 −6 0 11 −22
0 1 −1 0 3 −5 0 1 −1 0 3 −5
   
−−−−−−−→ 0 0 2 0 −5 10− −−−−− −→
1 L 0
L3 →− 14 3
0 2 0 −5 10−→
L3 →L3 +5L2 
L4 →L4 +3L2 0 0 0 0 −14 28 0 0 0 0 1 −2
0 0 0 0 −4 8 0 0 0 0 −4 8
0 1 −1 0 3 −5
 

−−−−−−−→ 0 0 2 0 −5 10
=B

L4 →L4 +4L3 0 0 0 0 1 −2
0 0 0 0 0 0
Esta matriz B está em forma de escada e o no de linhas não nulas de B
é 3, logo r (A) = 3.
Vamos determinar a (única) matriz reduzida equivalente a A.
Para isso, a partir de B vamos fazer um processo análogo ao anterior, mas
de baixo para cima.

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 0 1 −1 0 3 −5 0 1 −1 0 0 1
   
0 0 2 0 −5 10 −−−−−−−→ 0 0 2 0 0 0 −L−−−1−→
2 → 2 L2
B= 2 +5L3 
0 0 0 0 1 −2 LL21→L→L1 −3L3 0 0 0 0 1 −2 
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 −1 0 0 1 0 1 0 0 0 1
   
−→ 0 0 1 0 0 0 −L−1−−−−−→ 0 0 1 0 0 0
0 0 →L1 +L2  =C
0 0 1 −2 0 0 0 0 1 −2
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A matriz C é a matriz em forma de escada reduzida equivalente a A.

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Matrizes invertíveis

Para números:
√ √
5× √1
5
=1 ←− 5 é invertível em R.
3 × 13 = 1 ←− 3 é invertível em R.
3 ∈ N, mas 3 não é invertível em N, uma vez que não existe k ∈ N tal que
3 × k = 1.
Para matrizes:
Vimos que a matriz identidade In de ordem n é o elemento neutro para a
multiplicação de matrizes de Mn (K). Isto é, para qualquer matriz A
quadrada de ordem n,
In A = A e AIn = A.

Dadas matrizes quadradas A e B de ordem n sobre K, podemos multiplicar

A por B e multiplicar B por A, mas pode acontecer que AB 6= BA.

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Para cada número a ∈ K não nulo, existe um número b ∈ K tal que
ab = 1 (= ba).
Será que para cada matriz A ∈ Mn (K) não nula, existe uma matriz
B ∈ Mn (K) tal que AB = In e BA = In ? Não!

Denição
Uma matriz quadrada A ∈ Mn (K) diz-se invertível se existir uma matriz

quadrada B ∈ Mn (K) tal que AB = BA = In .

Uma tal matriz B , se existir é única nestas condições:

Se B, C ∈ Mn (K) forem tais que AB = BA = In e AC = CA = In , então

B = BIn = B(AC ) = (BA)C = In C = C .

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Denição
Dada uma matriz A ∈ Mn (K), à única matriz B tal que AB = BA = In , se
existir, chamamos a matriz inversa de A. Representamo-la por A−1 .

Assim, AA−1 = A−1 A = In .

Exemplos:

Nenhuma matriz com uma linha ou uma coluna nula é invertível.

1 0 −1 4 −2 1
   

A = 2 2 −1, B = − 52 3
2
− 12 .
1 4 2 3 −2 1
Tem-se AB = I3 e BA = I3 (verique!).
Logo A é invertível e A−1 = B .
In In = In , logo In é invertível e In−1 = In .

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Proposição
Toda a matriz elementar é invertível e a sua inversa é uma matriz
elementar do mesmo tipo.

Dem.:

Basta vericar ( TPC ) que

Pij−1 = Pij .

− 1
Para qualquer λ ∈ K \ {0}, Di (λ) .
1


= Di λ

−1
Para qualquer λ ∈ K, Eij (λ) = Eij (−λ).

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Propriedades
Para quaisquer matrizes A, B ∈ Mn (K), tem-se:

−1
1 Se A for invertível, então A−1 também o é e A−1 = A.
2 Se A e B forem invertíveis, então AB também o é e
(AB)−1 = B −1 A−1 . ←− Atenção!
3 Se A for invertível e α ∈ K\{0}, então αA também é invertível e
(αA)−1 = α−1 A−1 .
4 Se A

− 1 for invertível, então A
T e A∗ também o são, tendo-se

T −1
∗
AT = A−1 e A∗ = A−1 .

Dem.:
1

−1
AA−1 = A−1 A = In =⇒ A−1 = A.
2

Suponhamos que A e B são invertíveis. Então existem as matrizes A−1 e

B −1 .
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 2

Suponhamos que A e B são invertíveis. Então existem as matrizes A−1 e

B −1 .
(AB )−1 = B −1 A−1 ?

ABB −1 A−1 = AIn A− 1

= AA−1 = In
e
B −1 A−1 AB = B − In B = B − B = In ,
1 1

logo (AB)−1 = B −1 A−1 .

3 , 4 : TPC

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