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Álgebra Linear e Geometria Analı́tica

3 - Determinantes

Departamento de Matemática
FCT/UNL

Departamento de Matemática (FCT/UNL) Álgebra Linear e Geometria Analı́tica 1 / 41


Programa

1 Matrizes
2 Sistemas de Equações Lineares
3 Determinantes
4 Espaços Vectoriais
5 Aplicações Lineares
6 Valores e Vectores Próprios
7 Produto Interno, Produto Externo e Produto Misto
8 Geometria Analı́tica

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Neste capı́tulo consideramos apenas matrizes quadradas e iremos
determinar se uma matriz pode ou não ser invertı́vel analogamente ao
resultado do Capı́tulo 1

A ∈ Mn×n (K) é invertı́vel se, e só se, r(A) = n.


Exemplo
n=1
A = [a11 ] ∈ M1×1 (K) é invertı́vel se, e só se, r(A) = 1,

ou equivalentemente, a11 6= 0.
n=2  
a11 a12
A= a21 a22
é invertı́vel se, e só se, r(A) = 2.
Vejamos que tal é equivalente a afirmar que

a11 a22 − a12 a21 6= 0


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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Se a11 6= 0,
−−−−
−−−−−− → a
" #
a11 a12
 
a11 a12 11 a12
A= l2 + − aa21 l1 0 a22 − a21a a12 = a11 a22 −a21 a12 .
a21 a22 11
11
0 a11

r(A) = 2 se, e só se, a11 a22 − a21 a12 6= 0.


Se a11 = 0  
A = a0 aa12 .
21 22

Se a21 6= 0    
0 a12 −−−−−→ a21 a22
A= a21 a22
l1 ←→ l2
0 a12
f .e.

r(A) = 2 se, e só se, a12 6= 0 se, e só se, a11 a22 − a12 a21 6= 0.
Se a11 = 0 = a21  
A = 00 aa12
22

não é invertı́vel e a11 a22 − a12 a21 = 0.


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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência

Notação
A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2. Dados i, j ∈ {1, . . . , n}, representamos por

A(i|j) ∈ M(n−1)×(n−1) (K)

a matriz que se obtém de A suprimindo a linha i e a coluna j.

Exemplo
 
1 2 3
A=  4 5 6  ∈ M3×3 (R)
7 8 9

     
4 6 2 3 5 6
A(1|2) = 7 9
, A(2|1) = 8 9
e A(1|1) = 8 9
.

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Definição
Seja A = [aij ] ∈ Mn×n (K). Chama-se determinante de A, e representa-se
por det A ou |A|, o elemento de K assim definido:
Se n = 1 então det A = a11 .
Se n > 1 então
det A = a11 (−1)1+1 det A(1|1) + · · · + a1n (−1)1+n det A(1|n)
Xn
= a1k (−1)1+k det A(1|k).
k=1

Exemplo
 
a11 a12
Se A = a21 a22
∈ M2×2 (K)
1+1 1+2
det A = a11 (−1) det A(1|1) + a12 (−1) det A(1|2)
= a11 det[a22 ] − a12 det[a21 ]
= a11 a22 − a12 a21 .
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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Exemplo
 
a11 a12 a13
Se A =  a21 a22 a23 
a31 a32 a33

det A =
= a11 (−1)1+1 det A(1|1) + a12 (−1)1+2 det A(1|2) + a13 (−1)1+3 det A(1|3)

     
a22 a23 a21 a23 a21 a22
= a11 det a32 a33
− a12 det a31 a33
+ a13 det a31 a32

= a11 (a22 a33 − a23 a32 ) − a12 (a21 a33 − a23 a31 ) + a13 (a21 a32 − a22 a31 )

= (a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 )


− (a11 a23 a32 + a12 a21 a33 + a13 a22 a31 ).
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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Regra de Sarrus:  
a11 a12 a13
Atendendo ao Exemplo anterior, se A =  a21 a22 a23 , então
a31 a32 a33
det A = (a11 a22 a33 +a12 a23 a31 +a13 a21 a32 ) − (a11 a23 a32 +a12 a21 a33 +a13 a22 a31 )
a11 a12a13 aH11 a12 a13
@ @   A HA
a 
21 a22a23
@ @ aH A H
21 a22 a23
AH
@ @
 A HA
H
a31 a32 a33
@ @ a31 Aa32HAa33

As 3 parcelas do aditivo são dadas pelo produto dos elementos da diagonal


principal e pelo produto dos elementos abrangidos por cada um dos dois
triângulos com base paralela à diagonal principal.
As 3 parcelas do subtractivo são obtidas procedendo de forma análoga em relação
à diagonal secundária (constituı́da pelos elementos a13 , a22 e a31 ).

Devemos realçar que a Regra de Sarrus tem a limitação de só poder ser
aplicada a matrizes de ordem 3.
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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Observação
A definição de determinante apresentada anteriormente permite calcular o
determinante de uma matriz de ordem n, com n ≥ 2, através do cálculo do
determinante de n matrizes de ordem n − 1.
Para n = 4 terı́amos 4 determinantes de matrizes de ordem 3, cada um destes
com 6 parcelas, o que daria origem a 24 = 4! parcelas.
No caso geral de A ∈ Mn×n (K) a expressão de det A tem n! parcelas, conforme
se pode demonstrar por indução em n.
Assim, se A tem ordem n, com n ≥ 4, pode não ser expedito calcular o
determinante de A através da definição anteriormente apresentada.

Processos alternativos
Definição
A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2.Designa-se por complemento algébrico do
elemento da posição (i, j) de A, o elemento de K, que representaremos por
âij , dado por âij = (−1)i+j det A(i|j).

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência

Notemos que abij não depende do elemento da posição (i, j) de A pois esse
elemento não figura na matriz A(i|j).
Exemplo
 
1 2 3
â32 = (−1)3+2
1 3
A=  4 5 6 ,
4 6
= −(6 − 12) = 6,
7 a 8
independente do valor de a.

De acordo com a Definição anterior e a definição de determinante, se


A ∈ Mn×n (K) e n ≥ 2 então o determinante de A é igual à soma dos
produtos dos elementos da linha 1 pelos complementos algébricos das
respectivas posições, isto é,

det A = a11 ab11 + · · · + a1n ab1n .

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência

Teorema (Teorema de Laplace)


Se A = [aij ] ∈ Mn×n (K) então

det A = ai1 âi1 + · · · + ain âin , i = 1, . . . , n. (1)

O mesmo resultado é válido se substituirmos “linhas” por “colunas”, isto é,

det A = a1j â1j + · · · + anj ânj , j = 1, . . . , n. (2)

À expressão (1) chamamos o desenvolvimento do determinante de A


através da linha i ou dizemos que é a expressão resultante da aplicação
do Teorema de Laplace à linha i de A.
Analogamente, dizemos que (2) é a expressão resultante da aplicação do
Teorema de Laplace à coluna j de A.

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência

Notação Lapl. Lapl.


det A =
li
ou det A = cj
indica que o desenvolvimento que se segue, para o determinante de A,
decorre da aplicação do Teorema de Laplace à linha i ou à coluna j de A,
respectivamente.

Observação
Se A ∈ Mn×n (K), podemos calcular det A por 2n processos, aplicando o
Teorema de Laplace a cada uma das n linhas de A ou a cada uma das n
colunas de A, que conduzem ao mesmo escalar (o determinante de A).
Uns podem ser mais expeditos do que outros.
Se a matriz tiver elementos nulos, tem vantagem em aplicar o Teorema de
Laplace a uma linha ou a uma coluna com um número máximo de zeros.

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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


Exemplo
 
1 9 3
A=  4 5 0 .
0 0 2

A forma mais expedita de calcular det A será pela aplicação do Teorema de


Laplace à linha 3.
Aplicar o Teorema de Laplace à
linha 1 de A
Lapl.

1(−1)1+1 + 9(−1)1+2 + 3(−1)1+3
5 0 4 0 4 5
det A =
0 2 0 2 0 0
l1
= 1×10 − 9×8 + 3×0 = 10 − 72 = −62.
linha 2 de A
Lapl.

4(−1)2+1 + 5(−1)2+2
9 3 1 3
det A =
0 2 0 2
l2
= −4×18 + 5×2 = −72 + 10 = −62.
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3. Determinantes Uma definição por recorrência

3.1 Uma definição por recorrência


 
1 9 3
Exemplo A=  4 5 0 
0 0 2
linha 3 de A
Lapl.

2(−1)3+3
1 9
det A =
4 5
= 2 × (−31) = −62.
l3
coluna 1 de A
Lapl.

1(−1)1+1 + 4(−1)2+1
5 0 9 3
det A =
0 2 0 2
c1
= 1×10 − 4×18 = 10 − 72 = −62.
coluna 2 de A
Lapl.

9(−1)1+2 + 5(−1)2+2
4 0 1 3
det A =
0 2 0 2
c2
= −9×8 + 5×2 = −72 + 10 = −62.
coluna 3 de A
Lapl.

3(−1)1+3 + 2(−1)3+3
4 5 1 9
det A =
0 0 4 5
c3
= 3×0 + 2 × (5 − 36) = 2 × (−31) = −62.
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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Os resultados sobre determinantes que sejam enunciados para linhas são
válidos substituindo “linha” por “coluna”.
Proposição
Se A ∈ Mn×n (K) tem uma linha nula então det A = 0.

Proposição

Seja A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2. Se A tem a linha i igual à linha j, com


i 6= j, então
det A = 0.
Dem. A demonstração é feita por indução em n.
 
n=2 a b
A= a b
e det A = ab − ba = 0

n ≥ 3. Seja A = [aij ] ∈ Mn×n (K) uma matriz que tem a linha i igual à
linha j, com i 6= j.
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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Dem.
Hipótese de Indução: O determinante de qualquer matriz de
M(n−1)×(n−1) (K) com duas linhas iguais é zero.
Como n ≥ 3, existe k ∈ {1, . . . , n} tal que k 6= i e k 6= j. Aplicando o
Teorema da Laplace à linha k de A obtemos

det A = ak1 âk1 + · · · + akn âkn .

Para l = 1, . . . , n tem-se, por definição,


k+l
âkl = (−1) det A(k|l).

Uma vez que A(k|l) ∈ M(n−1)×(n−1) (K) e continua a ter duas linhas iguais,
pela hipótese de indução, det A(k|l) = 0. Assim

âk1 = · · · = âkn = 0 e det A = 0

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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante

Teorema
Seja A ∈ Mn×n (K). Tem-se det A = det A> .

Dem. A demonstração é feita por indução em n.


n=1
A = [a11 ] = A> portanto det A = det A>

n≥2
Hipótese de Indução: O determinante de qualquer matriz de
M(n−1)×(n−1) (K), é igual ao determinante da sua transposta.

Seja A ∈ Mn×n (K) e B = A> . Desenvolvemos o det A segundo a linha


1
det A = a11 â11 + · · · + a1n â1n .

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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Dem.
n≥2
Por definição,
1+k
â1k = (−1) det A(1|k), k = 1, . . . , n
Como A(1|k) ∈ M(n−1)×(n−1) (K), pela hipótese de indução
1+k
â1k = (−1) det(A(1|k))> .
Como
(A(1|k))> = B(k|1),
obtemos
k+1
â1k = (−1) det B(k|1) = b̂k1 .
Assim
det A = a11 b̂11 + · · · + a1n b̂n1
= b11 b̂11 + · · · + bn1 b̂n1
= det B = det A>
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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Teorema
Seja A ∈ Mn×n (C). Tem-se det A = det A.

Teorema
Se A ∈ Mn×n (K) é uma matriz triangular superior (respectivamente,
inferior) então o determinante de A é igual ao produto dos elementos da
diagonal principal de A.
Dem.
n = 1, é trivial pois A = [a11 ] e det A = a11 .
n ≥ 2, seja A = [aij ] ∈ Mn×n (K) uma matriz triangular superior.
Hipótese de Indução: O determinante de qualquer matriz triangular
superior de M(n−1)×(n−1) (K) é igual ao produto dos elementos da sua
diagonal principal.
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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Dem.
a11 a12 ··· a1n
 
0 a22 ··· a2n
Tem-se
 
A= 
 .. .. .. .. ,

com n ≥ 2.
 . . . . 
0 0 ··· ann

Aplicando o Teorema de Laplace à linha n de A, concluı́mos que


n+n
det A = ann (−1) det A(n|n)
···

a11 a12 a1,n−1
0 a22 ··· a2,n−1


= ann .. .. .. .. .

.
. . .

0 0 ··· an−1,n−1

Dado que A(n|n) ∈ M(n−1)×(n−1) (K) e é triangular superior pela hipótese


de indução
det A(n|n) = a11 a22 · · · an−1,n−1 .

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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

3.2 Algumas propriedades do determinante


Dem. Logo
det A = ann (a11 a22 · · · an−1,n−1 )
= a11 a22 · · · an−1,n−1 ann ,
como pretendı́amos demonstrar.
Se A é triangular inferior então A> é triangular superior e det A = det A> ,
concluı́mos que o determinante de A é igual ao produto dos elementos da
diagonal principal de A> que são iguais aos elementos da diagonal principal
de A.
Sejam A, B ∈ Mn×n (K). Pode ter-se det(A + B) 6= det A + det B.
Exemplo
Sejam
   
1 0 0 4
A= 0 0
e B= 0 5
.

Então  
1 4
det A = 0 , det B = 0 e det(A + B) = det 0 5
= 5.

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3. Determinantes Algumas propriedades do determinante

Proposição

Para i = 1, . . . , n, tem-se:
a11 ··· a1n a11 ··· a1n a11 ··· a1n
     
 ···   ···   ··· 
det  bi1 + ci1

··· bin + cin

 = det  bi1

··· bin

 + det  ci1

··· cin .

 ···   ···   ··· 
an1 ··· ann an1 ··· ann an1 ··· ann

Dem. Da esquerda para a direita, sejam, respectivamente, A, B e C as


matrizes referidas no enunciado. Aplicamos o Teorema de Laplace à linha i de A

det A = (bi1 + ci1 )âi1 + · · · + (bin + cin )âin


= (bi1 âi1 + · · · + bin âin ) + (ci1 âi1 + · · · + cin âin ) .

Para l = 1, . . . , n, A(i|l) = B(i|l) = C (i|l) pelo que âil = b̂il = ĉil


Logo bi1 âi1 + · · · + bin âin = bi1 b̂i1 + · · · + bin b̂in = det B e

ci1 âi1 + · · · + cin âin = ci1 ĉi1 + · · · + cin ĉin = det C .

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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes


Teorema
Seja A ∈ Mn×n (K). Tem-se
1 Se i 6= j e A −−li−−−−→ B então
←→lj
det B = −det A.
2 Se α 6= 0 e A −−−αl
−−−→ B então det B = αdet A.
i

3 Se i 6= j e A −−l− −−−→ B então


i +βlj
det B = det A.

Dem. 1. Se uma matriz tem duas linhas iguais então o seu determinante é
nulo. Sendo L1 , . . . , Ln , n-uplos, tem-se
L1
 
 ··· 
Li + Lj
 
 
det 
 ···

 =0
Li + Lj
 
 
 ··· 
Ln

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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes


Dem.  L1
 
L1
 
L1

 ···   ···   ··· 
 Li + Lj  Li Lj
     
   
det  · · ·  = det  · · ·  + det  · · · 
    
 =
 Li + Lj   Li + Lj   Li + Lj 
     
 ···   ···   ··· 
Ln Ln Ln
L1 L1 L1 L1
       
 ···   ···   ···   ··· 
 Li   Li   Lj  Lj
       
 
= det  · · ·  + det  · · ·  + det  · · ·  + det 
     
 ···

 (prop. anterior) ⇔
 Li   Lj   Li  Lj
       
 
 ···   ···   ···   ··· 
Ln Ln Ln Ln
L1 L1 L1 L1
       
 ···   ···   ···   ··· 
 Li   Lj   Li Lj
       
  
⇔ 0 = 0 + det  · · ·  + det  · · ·  + 0 ⇔ det 
   
 ···

 = − det 
 ··· .

 Lj   Li   Lj Li
       
  
 ···   ···   ···   ··· 
Ln Ln Ln Ln
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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes


Dem. 2. (Se α 6= 0 e A −−−αl −−−→ B então det B = α det A.)
i
Seja A = [aij ] ∈ Mn×n (K) e

a11 ··· a1n


 
 ··· 
B=
 αai1 ··· αain .

 ··· 
an1 ··· ann

Aplicamos o Teorema de Laplace à linha i de B

det B = (αai1 )b̂i1 + · · · + (αain )b̂in


 
= α ai1 b̂i1 + · · · + ain b̂in .

Para l = 1, . . . , n, tem-se A(i|l) = B(i|l) e, portanto, b̂il = âil . Logo

det B = α (ai1 âi1 + · · · + ain âin ) = α det A.

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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes


Dem. 3. (Se i 6= j e A −−l− −−−→ B então det B = det A.)
i +βlj
L1 L1
   
 ···   ··· 
Li  Li + βLj
   
  
Sejam β ∈ K, A = 
 ···

 eB =
 ··· ,

com L1 , . . . , Ln n-uplos.
Lj Lj
   
   
 ···   ··· 
Ln Ln
Tem-se 
L1
 
L1
 
L1

 ···   ···   ··· 
 Li + βLj  Li βLj
     
   
det B = det 

···  = det 
 
···  + det 
 
···


Lj Lj Lj
     
     
 ···   ···   ··· 
Ln Ln Ln
L1 L1
   
 ···   ··· 
 Li   Lj
   

=  · · ·  + β det  · · ·
det    
 = det A + β×0 = det A.
 Lj   Lj
   

 ···   ··· 
Ln Ln
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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes

Proposição
Seja A ∈ Mn×n (K) e α ∈ K. Tem-se

det(αA) = αn det A.

Proposição

Seja A ∈ Mn×n (K) e A −−(linhas)


−−−−− → B, então

det A = 0 se, e só se, det B = 0.


Atenda a que det B = (−1)r α1 · · · αs det A com r , s ∈ N0 .

Exemplo

2 4 6 1 2 3 1 2 3 1 2 3
= 2 3 = 2×3 1 = 2×3×5 1 .

3 9 15 9 15 3 5 3 5

5 0 5 5 0 5 5 0 5 1 0 1

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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes

Se A ∈ Mn×n (K) e A −−(linhas)


−−−−− → B (f.e.) então B é triangular superior

(eventualmente com elementos nulos na diagonal principal).

Processo para calcular o determinante de uma matriz A ∈ Mn×n (K)

Efectuam-se transformações elementares sobre linhas de forma a


transformar A numa matriz B em forma de escada.
Considerando as correspondentes alterações no determinante
resultantes de cada uma dessas transformações elementares obtém-se
a relação entre det A e det B.
Como det B é igual ao produto dos elementos da sua diagonal
principal e é conhecida a relação entre det A e det B, obtém-se det A.

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3. Determinantes Transformações elementares e determinantes

3.3 Transformações elementares e determinantes


Exemplo

0 5 10 1 2 3 1 2 3 1 2 3
= − 0 5 10 = − 0 5 10 = − 5 0 1

1 2 3 2
←→ l2 l + (−2)l
l
2 6 8 1 2 6 8 3 1 0 2 2 0 2 2

1 2 3
= − 5 0 1 2 = (−5) × (1×1 × (−2)) = 10.

l3 + (−2)l2 0 0 −2

Teorema
Seja A ∈ Mn×n (K). Tem-se A é invertı́vel se, e só se, det A 6= 0.
Dem. Consideremos que A −− −−−−→ B (f.e.).
(linhas)
Sabemos que A é invertı́vel se, e só se, r(A) = n(= r(B)).
Tal equivale a afirmar que todos os elementos da diagonal principal de B são não
nulos, ou equivalentemente, que det B 6= 0.
Como, pela Proposição anterior, det B 6= 0 se, e só se, det A 6= 0, obtemos o que
pretendı́amos.
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3. Determinantes Determinante do produto de matrizes

3.4 Determinante do produto de matrizes


Proposição
Seja A, ∈ Mn×n (K) e seja B, ∈ Mn×n (K) uma matriz elementar. Tem-se
det(E A) = det E det A.

Proposição
1 Sejam A, B ∈ Mn×n (K). Tem-se det(AB) = det A det B.
2 Mais geralmente, se t ≥ 2 e A1 , . . . , At ∈ Mn×n (K) então
det (A1 · · · At ) = det A1 · · · det At .
Dem. 1. Consideramos a demonstração dividida em dois casos.
Caso 1 A matriz A não é invertı́vel.
Como A não é invertı́vel, então tem-se det A = 0 e, pelo capı́tulo 1 podemos
afirmar que a matriz AB não é invertı́vel.
Assim, podemos concluir que det(AB) = 0.
Logo, det(AB) = 0 = det A det B.
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3. Determinantes Determinante do produto de matrizes

3.4 Determinante do produto de matrizes


Dem. Caso 2 A matriz A é invertı́vel.
Neste caso, podemos afirmar que a matriz A é igual a um produto de matrizes
elementares.
Sejam E1 , . . . , Et matrizes elementares tais que A = E1 · · · Et .
Por aplicação sucessiva da Proposição anterior concluı́mos que
det(AB) = det (E1 · · · Et B) = det E1 · · · det Et det B
= (det E1 · · · det Et ) det B = det (E1 · · · Et ) det B
= det A det B,
como pretendı́amos demonstrar.
Proposição
Seja A ∈ Mn×n (K) uma matriz invertı́vel, ou equivalentemente, uma
matriz tal que det A 6= 0. Tem-se
1
det A−1 = .
det A
Dem. (Exercı́cio)
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3. Determinantes Cálculo da inversa a partir da adjunta

3.5 Cálculo da inversa a partir da adjunta


Definição
Seja A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2.Chamamos matriz dos complementos
b a matriz que se obtém de A
algébricos de A, e representamos por A,
substituindo cada elemento pelo complemento algébrico da respectiva
posição.
Chamamos adjunta de A, e representamos por adj A, à transposta da
matriz dos complementos algébricos de A, isto é, adj A ∈ Mn×n (K) e

adj A = Â> .
Exemplo
   
1 0 3 10 0 −8
A=  0 2 0  Ab =  0 −7 0 
4 0 5 −6 0 2

−8 >
   
10 0 10 0 −6
adj A =  0 −7 0  =  0 −7 0 .
−6 0 2 −8 0 2
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3. Determinantes Cálculo da inversa a partir da adjunta

3.5 Cálculo da inversa a partir da adjunta

Proposição
Seja A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2. Se i 6= j, com i, j ∈ {1, . . . , n}, então
ai1 âj1 + ai2 âj2 + · · · + ain âjn = 0.

Dem. Seja A ∈ Mn×n (K), com n ≥ 2, e seja B a matriz que se obtém de A


substituindo a linha j por uma linha igual à linha i.
Supondo sem perda de generalidade que i < j, tem-se
b11 ··· b1n a11 ··· a1n
   
 .. ..   .. .. 
 . .   . . 
   
 b
 i1 ··· bin 

 a
 i1 ··· ain 

 . ..   . .. 
B=  .
 . .

 =  .
 . .
.

   
 bj1
 ··· bjn 

 ai1
 ··· ain 

 . ..  . ..
 ..  ..
 
.  . 
bn1 ··· bnn an1 ··· ann

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3. Determinantes Cálculo da inversa a partir da adjunta

3.5 Cálculo da inversa a partir da adjunta


Dem.
Como B tem duas linhas iguais (as linhas i e a j) tem-se det B = 0.
Por outro lado, aplicando o Teorema de Laplace à linha j de B obtemos
0 = det B = bj1 bbj1 + · · · + bjn bbjn = ai1 bbj1 + · · · + ain bbjn .

Dado que, para cada k ∈ {1, . . . , n}, se tem


bbjk = (−1)j+k det B(j|k) = (−1)j+k det A(j|k) = abjk
concluı́mos, como pretendı́amos, que ai1 abj1 + ai2 abj2 + · · · + ain abjn = 0.
Proposição
Seja A ∈ Mn×n (K). Tem-se
···
 
det A 0 0
 .. .. 

0 det A . .

1 Aadj A = 

..

 = (det A)In .
 .. .. 
 . . . 0 
0 ··· 0 det A
2 Se A é invertı́vel então A−1 = 1
det A adj A.
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3. Determinantes Cálculo da inversa a partir da adjunta

3.5 Cálculo da inversa a partir da adjunta


Dem. 1. Tem-se:   >
a11 ··· a1n â11 ··· â1n
Aadj A =  ···  ··· 
an1 ··· ann ân1 ··· ânn
  
a11 ··· a1n â11 ··· ân1
= ···  ··· .
an1 ··· ann â1n ··· ânn

Pela definição de produto de matrizes, o elemento (i, i) da matriz Aadj A é


ai1 âi1 + ai2 âi2 + · · · + ain âin
que pelo Teorema de Laplace aplicado à linha i, vai ser igual a det A.
Para i 6= j, o elemento (i, j) da matriz A adj A é
ai1 abj1 + ai2 abj2 + · · · + ain abjn
que, pela Proposição anterior, é igual a 0.
Logo
A adj A = (det A)In .

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3. Determinantes Cálculo da inversa a partir da adjunta

3.5 Cálculo da inversa a partir da adjunta

Dem. 2. Suponhamos que A é invertı́vel, ou equivalentemente, que det A 6= 0.

Multiplicando ambos os membros da igualdade

A adj A = (det A)In ,

à esquerda, por A−1 , resulta

adj A = (det A)A−1

e, portanto, tem-se
1
A−1 = adj A.
det A

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3. Determinantes Regra de Cramer

3.6 Regra de Cramer

Relembremos a definição de sistema de Cramer que apresentámos no


capı́tulo 2:
Definição
Sistema de Cramer é um sistema de equações lineares em que a matriz
simples do sistema é quadrada e invertı́vel.

Seja AX = B um sistema de equações lineares, com A ∈ Mn×n (K)


invertı́vel. Do Capı́tulo 2, sabemos que um sistema deste tipo é possı́vel
determinado.
Sabemos também determinar a sua solução utilizando a inversa da matriz
simples do sistema.
O resultado seguinte diz-nos como podemos, utilizando determinantes,
calcular a solução única de tal sistema.
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3. Determinantes Regra de Cramer

3.6 Regra de Cramer


Teorema (Regra de Cramer)
Seja AX = B um sistema de equações lineares, com A ∈ Mn×n (K)
invertı́vel. Seja A(j) a matriz que se obtém de A substituindo a coluna j
pela coluna de B. A solução (única) do sistema anterior é o elemento de
Kn
det A(1) det A(2) det A(n)
 
, ,..., .
det A det A det A
Dem. Seja AX = B um sistema de equações lineares com A ∈ Mn×n (K)
b1
 
 . 
invertı́vel e B =  .. .
bn
A solução (única) do sistema AX = B é (α1 , . . . , αn ) ∈ Kn tal que
α1 α1
   
..  .. 
A
 .  =B⇔ 
 .  = A−1 B.
αn αn

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3. Determinantes Regra de Cramer

3.6 Regra de Cramer


Dem. Multiplicando ambos os membros da igualdade anterior, à esquerda, por
A−1 obtemos
 
−1 1 1  
A B= adj A B = (adj A) B
det A det A
e o elemento da linha j da matriz (adj A)B ∈ Mn×1 (K) é
â1j b1 + · · · + ânj bn = b1 â1j + · · · + bn ânj .
Aplicando o Teorema de Laplace à coluna j da matriz A(j) concluı́mos que
det A(j) = b1 â1j + · · · + bn ânj .
Exemplo
Consideremos o seguinte
 sistema:
 x1 + x2 − x3 = 0
2x1 + x2 = 1 , sobre R
x1 − x3 = 1

tal sistema tem matriz simples A ∈ M3×3 (R), invertı́vel, pois
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3. Determinantes Regra de Cramer

3.6 Regra de Cramer

Exemplo


1 1 −1 1 1 −1 1 1 −1
|A| = = 0 = 0 = 2 6= 0.

2
1 0 l + (−2)l −1 2 l + (−1)l −1 2

1 0 −1 2
l + (−1)l
1 0 −1 0 3 2
0 0 −2
3 1

Pelo teorema anterior, a solução, única, de tal sistema é (α1 , α2 , α3 ) ∈ R3


com

0
1 −1

1
0 −1

1
1 0

1 1 0 2 1 0 2 1 1

1 0 −1 1 1 −1 1 0 1
α1 = , α2 = e α3 =
2 2 2
2 −2 0
Tem-se: α1 = = 1, α2 = = −1 e α3 = = 0.
2 2 2
(1, −1, 0) é a solução única do sistema.

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3. Determinantes Regra de Cramer

3.6 Regra de Cramer

A Regra de Cramer pode utilizar-se para resolver sistemas AX = B em que


A ∈ Mn×n (K) é invertı́vel (sistemas de Cramer). Mesmo nestes casos,
salvo para valores pequenos de n, não tem interesse computacional, sendo
preferı́vel utilizar o método referido no Capı́tulo 2.

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