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Resumo
Introdução
Os últimos vinte anos vêm sendo descritos como a era de revolução digital. Hoje os
telefones podem ser usados para acessar a internet ou controlar a iluminação de uma casa. Os
computadores podem ser utilizados como televisão e os microprocessadores instalados nos
carros podem oferecer uma série de alertas.
A cada dia os recursos estão mais integrados e desempenham múltiplas funções, contudo,
todo esse desenvolvimento não tem implicado a ampliação das possibilidades comunicativas de
usuários de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA). Apesar da evolução dos equipamentos
em itens como memória, bateria, qualidade da tela e síntese de voz, a maior parte dos recursos de
CAA não disponibiliza o mesmo acesso integrado de outros produtos. A maioria dos recursos
não permite acesso a múltiplas possibilidades de comunicação em um mesmo equipamento,
como acontece com os aparelhos celulares ou os computadores pessoais. Os desenvolvedores de
recursos de CAA continuam focando seus objetivos na comunicação presencial, na interação
face a face (DeRUYTER, e cols., 2007).
Cada usuário de CAA não difere apenas em idade, escolaridade e ocupação, mas,
também, em interesses, habilidades e objetivos. Cada um deles apresenta necessidades distintas
para o uso dos recursos de Tecnologia Assistiva, e essas necessidades podem estar relacionadas
a: telas de alto contraste; programas com feedback de som; uso de pictogramas; acesso
diferenciado por teclado ampliado; teclado virtual; mouses especiais; tela sensível ao toque; ou
através de programas com sistemas de varredura acoplados a switches. Podem ser necessários
ambientes de trabalho mais simplificados e de fácil compreensão.
PELOSI, M.B. Dispositivos Móveis para a Comunicação Alternativa: primeiros passos. In: Liliana Maria
Passerino , et al (Orgs). Comunicar para Incluir. Porto Alegre: CRBF, 2013, p.371-380.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito aos profissionais que dão suporte aos
usuários e que necessitam conhecer os diferentes recursos, customizá-los, e avaliar o tempo de
treinamento necessário para a sua implementação. As dificuldades nessa área envolvem: a
grande diversidade de produtos; a complexidade de utilização; a falta de conhecimento dos
profissionais na área de CAA; e os obstáculos para avaliação dos impedimentos e das
potencialidades do usuário.
Os fabricantes, por sua vez, têm procurado implementar inovações tecnológicas por todo
o mundo. Em 2007, a Assistive Tecnology Industry Alliance (ATIA) listou 18 fabricantes de
produtos de CAA e 13 empresas cujo foco era o acesso ao computador. O tamanho das empresas
variava significativamente de pequenas, com apenas um produto, a empresas com uma enorme
quantidade de ítens. Estimava-se na época a existência de 11 mil equipamentos geradores de fala
(Speech Generating Devices – SGDs) vendidos anualmente nos Estados Unidos (ASSITIVE
TECNOLOGY LAW CENTER, 2006, apud DeRUYTER, et al., 2007).
Outros recursos como a câmara fotográfica e a filmadora, que acompanham a maior parte
desses dispositivos, permitem rápida personalização dos aplicativos de CAA. Suportes para
PELOSI, M.B. Dispositivos Móveis para a Comunicação Alternativa: primeiros passos. In: Liliana Maria
Passerino , et al (Orgs). Comunicar para Incluir. Porto Alegre: CRBF, 2013, p.371-380.
fixação em cadeira de rodas ou carrinhos, capas extremamente resistentes para usuários jovens
ou pouco cuidadosos, amplificadores de som sem fio complementam o conjunto de acessórios
que podem ampliar a funcionalidade do uso de dispositivos móveis.
O recurso é parte da estratégia a ser utilizada. Para além dele é necessária a escolha de
aplicativos de Comunicação Alternativa que atendam a demanda do usuário e que possam ser
customizados, e outras ações relacionadas ao serviço de Comunicação Alternativa, ou mais
genericamente da Tecnologia Assistiva.
Alguns recursos de Comunicação Alternativa são simples, enquanto outros são mais
complexos, mas em ambos os casos é preciso que seja realizado treinamento específico para que
o usuário utilize o recurso da melhor maneira possível. Fica claro que a compra do recurso não é
suficiente para o início de sua utilização.
O software The Grid 2 possui um aplicativo para iPad com uma versão gratuita, não
personalizável. A versão completa, que exige o programa instalado no computador, é bem
interessante, mas não apresenta as mesmas funcionalidades que estão disponíveis na versão para
desktop. No tablet não é possível utilizar acionadores, o que inviabiliza o acesso de muitos
usuários do programa original.
O aplicativo Sono Flex da Tobii é um aplicativo para Android e iPAd muito interessante,
com versões gratuita e paga. Na versão gratuita é possível acessar um vocabulário bem extenso
que possibilita a comunicação a partir de contextos. Esse vocabulário de contexto pode ser
modificado e ampliado na versão completa, já na gratuita, é possível acessar pranchas sobre
atividades de arte, praia, parquinho, aniversário, informações sobre o usuário, vestuário,
cozinhar, jantar, médico, leitura, matemática e sobre o tempo. Os verbos podem ser conjugados,
há uma página só de expressões, para uma comunicação mais imediata, e acesso a um teclado
que pode ser utilizado com letras maiúsculas para complementar palavras inexistentes. Os pontos
fracos são o número de células fixas em cada página, com 28 opções além da barra superior, e a
inexistência de acesso por varredura.
O aplicativo Vox4all foi desenvolvido pela empresa Imagina, de Portugal, para iPad e
Android, e possui uma versão lite e outra completa. As telas são customizáveis, utilizando-se a
biblioteca de mais de 12 mil símbolos Widgit ou fotografias da câmera ou da biblioteca pessoal.
Possui síntese de voz em português do Brasil e a possibilidade de gravação de voz. O aplicativo é
muito fácil de programar, e as necessidades básicas e as emergências têm especial destaque,
porque essas funções estão sempre acessíveis e tornam a comunicação mais imediata. A
quantidade de informações em cada tela é programável, e podem ser construídas telas com
apenas duas informações como o SIM/NÃO, que acompanha a versão lite. O ponto fraco é a
inexistência do acesso por acionador externo.
português, com uma voz bem inteligível, e permite a inclusão de sons personalizados. Funciona
com acesso direto ou por sistema de varredura, mas utiliza a própria tela para iniciar e parar a
varredura. Para a personalização da prancha é possível acessar um editor de telas na internet e
fazer toda a configuração. Os pontos positivos são a possibilidade de configuração da prancha
por mais de uma pessoa, em qualquer computador com acesso à internet, favorecendo, assim, a
atualização do recurso por todos os profissionais que trabalham com o usuário. O ponto fraco é a
forma de pagamento para ter acesso à edição das páginas, que funciona por mensalidade ou
anuidade.
Considerações finais
Poucos permitem o envio de textos por e-mail, Facebook ou Twitter como o Alexicon
AAC, ou possibilitam o acesso a outros programas do dispositivo móvel como o GoTalk Now. A
possibilidade de uso de sistema de varredura é também limitada a poucos exemplos como o
Sounding Board e o GoTalk Now, e depende de acionadores ou adaptadores com sistema
Bluetooth. Dos programas apresentados, a única exceção à utilização de acionadores externos foi
o aplicativo Que-fala! — ele utiliza a própria tela como acionador. Os acionadores e adaptadores
Bluetooth, por sua vez, não são compatíveis com todos os aplicativos disponíveis no mercado, o
que gera mais dificuldade de acesso para as pessoas com deficiência.
Referências:
GOLEGÃ, A.C.C.; LUZO, M.C.M. & DE CARLO, M.M.R. Terapia Ocupacional – princípios,
recursos e perspectivas em reabilitação física. In M.M.R.P. de Carlo & C.C. Bertalotti (Orgs.).
Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus Editora,
2001, p.137-154.
MANN, W.C.; LANE, J.P. Assistive Technology for Persons with Disabilities – The Role of
Occupational Therapy. Maryland: American Occupational Therapy Association, 2001.