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Ampliação das Receitas

Municipais
Análise do Ambiente Arrecadatório Municipal
e Ampliação das Receitas Municipais

2
Módulo

Orçamento e Finanças
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Equipe:
Flávio Martins Alves, (Conteudista, 2021).
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2021
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1 - Oportunidades de ampliação das receitas municipais................... 6
1.1 Comparando as suas receitas com os outros municípios da região.................... 6
1.2 Analisando o potencial econômico do município................................................... 7

Unidade 2 - Uma modelagem no conceito passo a passo para uma ampliação


de receitas municipais........................................................................................... 11
2.1 Fazendo um diagnóstico da gestão tributária: o que avaliar?............................. 11
2.2 Benchmarking: os melhores municípios em arrecadação municipal................. 12
2.2.1 A experiência de sucesso de Niterói/RJ......................................................... 14
2.2.2 A experiência de sucesso de São Caetano do Sul/SP.................................. 15
2.3 Como está a arrecadação e onde queremos e podemos chegar?...................... 17

Unidade 3 - Dívida ativa municipal....................................................................... 21


3.1 Como tratar da dívida ativa do município?............................................................ 21
3.2 Execução fiscal .......................................................................................................... 22
3.3 Protestos de títulos................................................................................................... 23

Unidade 4 - Código Tributário Municipal............................................................. 25


4.1 A importância da revisão e atualização do Código Tributário Municipal........... 25

Referências bibliográficas..................................................................................... 29

Glossário.................................................................................................................. 30

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Olá!

Desejamos boas-vindas ao Curso: Ampliação das receitas municipais.

Neste Módulo 2: Análise do Ambiente Arrecadatório Municipal e Ampliação


das Receitas Municipais, abordaremos os seguintes pontos:

Unidade 1: Oportunidades de ampliação das receitas municipais


1.1. Comparando as suas receitas com os outros municípios da região
1.2. Analisando o potencial econômico do município

Unidade 2: Uma modelagem no conceito passo a passo para uma ampliação de


receitas municipais
2.1. Fazendo um diagnóstico da gestão tributária: o que avaliar?
2.2. Análise comparativa: os melhores municípios em arrecadação municipal
2.2.1. Uma experiência de sucesso de Niterói/RJ
2.2.2. Uma experiência de sucesso de São Caetano do Sul/SP
2.3. Como está a arrecadação e onde queremos e podemos chegar?

Unidade 3: Dívida ativa municipal


3.1. Como tratar da dívida ativa do município?
3.2. Execução fiscal
3.3. Protesto de títulos

Unidade 4: Código Tributário Municipal


4.1. A importância da revisão e atualização do Código Tributário Municipal

Desejamos um excelente estudo!

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Módulo

2 Análise do Ambiente Arrecadatório


Municipal e Ampliação das Receitas
Municipais
Unidade 1 - Oportunidades de ampliação das receitas
municipais

Ao final desta unidade, você será capaz de: identificar como o município está
inserido economicamente em nível regional e, assim, verificar as oportunidades
de incremento de arrecadação.

1.1 Comparando as suas receitas com os outros municípios da


região
É inegável que os municípios têm vocações econômicas, e embora a economia
mundial esteja em plena transformação, cada cidade conta com características
próprias e possuem setores que podem ser desenvolvidos.

Seja devido às características da fundação e desenvolvimento, clima, estrutura


logística e matriz econômica, as cidades devem ser observadas de acordo com suas
possibilidades no que tange a oportunidade de abertura ou ainda recepção de
novos negócios.

Uma forma adequada de efetuar comparações em relação às receitas municipais, é


analisar as publicações de entidades que acompanham os dados das arrecadações
municipais, como é o caso da FNP - Frente Nacional dos Prefeitos.

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Quadro: Arrecadação do ITBI (2014 a 2018)

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

Como se verifica na publicação acima, o estudo traz uma amostra importante e


regionalizada de diversas cidades, das mais variadas regiões e que podem ser
comparadas de acordo com a realidade do município.

1.2 Analisando o potencial econômico do município


Muitas Prefeituras dispõem de vasto material quanto às características econômicas
do município, entretanto, nos casos em que o(a) prefeito(a) se depare com a
eventual ausência desses dados, muitas Federações contam com excelentes painéis
informativos, como é o caso da FIESC - Federação das Indústrias do Estado de Santa
Catarina.

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Distribuição dos empregos no município em Santa Catarina

Fonte: RAIS / FIESC, 2020.

Como se verifica na figura acima, os municípios de maior destaque na Indústria


Automotiva são Navegantes com (15,9%), Joinville (14,5%) e Campo Alegre (7,6%),
que juntos empregam 38,0% dos trabalhadores desse setor em Santa Catarina. Tal
informação, pode servir para que os(as) prefeitos(as) das cidades acima, tomem
medidas para uma eventual ampliação do referido setor.

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Produção industrial automotiva em Santa Catarina

Fonte: IBGE/FIESC, Produção Industrial - Observatório FIESC, 2020.

Para exemplificar ainda a possibilidade de extração de informações de natureza


econômica, cabe verificar o gráfico acima, o qual apresenta o VBPI - Valor Bruto
da Produção Industrial, que alcançou R$ 8 bilhões, em 2018. Este dado, somado à
informação disponibilizada pelo Observatório FIESC de que o grau de industrialização
do setor alcançou 39,8%, pode direcionar ações da Prefeitura neste segmento.

Caso queira saber mais sobre o observatório FIESC, acesse o site abaixo:
https://observatorio.fiesc.com.br/o-observatorio/nos

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Agora, assista ao vídeo de como analisar o potencial econômico de um município?
Flávio Martins Alves.

Vídeo - Como analisar o potencial econômico de um município?

Fonte: Alves (2021).

Duração: 2min27.

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Unidade 2 - Uma modelagem no conceito passo a passo
para uma ampliação de receitas municipais

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar estratégias exitosas de


ampliação e de recuperação de receitas executadas por municípios e, assim,
elaborar um plano que se adeque a sua realidade municipal.

2.1 Fazendo um diagnóstico da gestão tributária: o que avaliar?


Ao iniciar o diagnóstico que vise à ampliação dos recursos de natureza tributária é
indispensável que o(a) prefeito(a) determine que a equipe técnica tenha clareza dos
dados e da necessidade de se elaborar um cuidadoso plano de priorização.

É de suma importância, ainda, reconhecer se os questionamentos abaixo foram


realizados a fim de aprimorar todas as ações que vierem a ser executadas, a saber:

a) Foram identificados os tributos com maior potencial arrecadatório?


b) A planta genérica de valores passou por atualização recente e/ou dispõe
de gatilho de correção automática pela inflação?
c) A Prefeitura dispõe de aerofotogrametria para o lançamento do IPTU e o
trabalho de cadastramento tem sido executado?
d) Os métodos de apuração do ITBI ocorrem através do valor venal do imóvel
e existe equipe especializada para a análise?
e) As taxas que são cobradas têm amparo legal?

Assim, com base nas respostas às questões relacionadas, será possível identificar
quais são os principais pontos norteadores das ações que a Prefeitura poderá
executar, a fim de se adequar às melhores práticas tributárias.

O que é uma Planta Genérica de Valores?

Trata-se de uma tabela genérica dividida de acordo com os valores possíveis


de ser atribuídos aos lotes do município, geralmente, o critério de avaliação
considera o tipo de relevo, a pavimentação existente ou não, a localização,

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a finalidade do imóvel, enfim, tudo aquilo que possa interferir na avaliação
do imóvel. Já em relação às edificações, são divididas de acordo com o
material aplicado, alvenaria, metal, madeira mista, considera ainda o tipo de
acabamento, ano da edificação e a finalidade, sendo atribuído a cada item um
valor que servirá para a formação do valor final para efeitos do IPTU.

Para saber mais acesse: https://www.cnm.org.br/areastecnicas/perguntas_e_


respostas/financas

2.2 Benchmarking: os melhores municípios em arrecadação


municipal
É inegável que os(as) gestores(as) assumem suas respectivas Prefeituras com uma
elevada bagagem de experiências, e, certamente, tal experiência se soma às da
equipe de gestores que comporá o Colegiado, além de todo o conhecimento que a
Prefeitura já detém .

Cabe ainda nesse contexto, acrescentar aos planos de governo, a visualização de


boas práticas e estudos de casos de outras Prefeituras, as quais, muitas vezes, têm
situações e/ou realidades semelhantes às existentes em sua cidade.

Neste sentido, uma forma eficiente de se obter bons comparativos é verificando a


realidade das cidades circunvizinhas ou ainda recorrendo a publicações de elevada
qualidade, como oferecidas pela FNP - Frente Nacional dos Prefeitos.

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Quadro: Ranking 2018 da Receita Total dos Municípios

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16 (2021)

Como se verifica no quadro acima, é possível reconhecer a posição que vários


municípios brasileiros ocupam em relação a sua receita total arrecadada. Cabe
destacar, que a mesma publicação, dispõe ainda de rankings detalhados quanto ao
IPTU, ISS, FPM, entre outras receitas.

Ainda em relação ao Anuário Multi Cidades, o(a) prefeito(a) poderá comparar


a arrecadação municipal em relação à população da cidade, o que gera uma
importante informação importante sobre a arrecadação per capita da Prefeitura
nos mais diversos tributos e transferências.

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2.2.1 A experiência de sucesso de Niterói/RJ
Uma excelente referência, em se tratando de ampliação das receitas, pode ser
verificada em Niterói/RJ. Em 2017, a gestão municipal lançou o Programa Niterói
Mais Resiliente, o qual, foi estruturado para fazer frente aos enormes desafios
gerados diante do quadro econômico, orçamentário e financeiro da Prefeitura.

Tal programa, reuniu medidas para o primeiro semestre de 2017, a fim de garantir
o desenvolvimento sustentável do município com ações de médio e longo prazo e
com visão estratégica até 2033.

Segundo dados importantes fornecidos pela Secretaria de Planejamento de Niterói,


além dos cortes de custos efetuados, a gestão estruturou um plano visando melhorar
a prestação de serviços e a atração de novos investimentos para a cidade.

Quadro: Ranking 2018 da Receita Total dos Municípios

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, (2021)

Como se verifica no quadro apresentado pela FNP, Niterói faz parte dos municípios
com maior arrecadação no estado do Rio de Janeiro, sendo ainda, a 42ª maior
população e a 19ª maior arrecadação no ranking nacional de 2017, com uma receita
total apurada de R$ 2,5 bilhões.

Os ações tomadas nos eixos de melhoria da arrecadação à época projetaram um


aumento de R$ 175 milhões através do encaminhamento de projeto de lei revisando
o ISS e a contratação de software para fiscalização de bancos.

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Gráfico: Comparação da receita de Niterói, Duque de Caxias e de Campo dos
Goytacazes (2015 a 2018)

Fonte: Elaborado pelo autor, (2021).

Como se verifica no gráfico acima, Niterói obteve um crescimento acima da média


comparada com as cidades de Duque de Caixas e de Campo dos Goytacazes, as
quais, são cidades com perfil de arrecadação semelhante na amostra analisada.

Comparando a variação das arrecadações dos quatro maiores municípios do estado


do Rio de Janeiro, entre 2017 e 2018, Niterói cresceu 26,81%, enquanto Campo dos
Goytacazes, ampliou 16,53%, Duque de Caixas, 14,64% e a Capital, 4,19%, assim é
possível verificar a efetividade das ações da Prefeitura.

2.2.2 A experiência de sucesso de São Caetano do Sul/SP


São Caetano do Sul, é uma cidade que faz parte do Grande ABC, na região
metropolitana da Grande São Paulo. Com uma população estimada de 160 mil
pessoas, o município ocupa uma área de 15,3 km², que abriga 15 bairros; é banhado
pelo rio Tamanduateí, ao norte, e pelo Córrego dos Meninos, ao sul.

A cidade alcançou, no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil -


IDHM, a pontuação de 0,862, sendo assim, a maior do país, com base no censo de
2010 do IBGE.

Em relação às contas públicas, o município de São Caetano do Sul, ao término


do exercício de 2016, apresentava um quadro deficitário, que se materializava
na grande dificuldade em honrar o compromisso com os fornecedores, além da
baixa capacidade para realização de investimentos e criação de políticas públicas
necessárias para melhorar a qualidade de vida da população.

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Em grande parte, o déficit tinha origem na grave crise econômica pela qual o país
passado nos anos de 2015 a 2016, que repercutiu na queda da arrecadação tributária
de todos os entes federados.

Para combater esse quadro, a nova administração, que assumiu a gestão do


município em 1º de janeiro de 2017, decidiu adotar dois grandes tipos de iniciativas:
as voltadas para o aumento da arrecadação e as relacionadas à redução dos gastos
públicos.

No que se refere ao aumento da arrecadação, o objetivo da administração era fazê-


lo sem o aumento da carga tributária. Desta forma, foram adotadas ações pautadas
no combate à sonegação fiscal, recuperação de créditos tributários e na promoção
da educação fiscal, destacando-se as seguintes ações:

(1) projeto de inteligência artificial e cognitiva - “Projeto ANA”;

(2) cobrança dos maiores devedores;

(3) convênio com a ARISP - Associação dos Registradores Imobiliários de São


Paulo;

(4) conciliações;

(5) cobrança coletiva;

(6) auditoria nos cartórios;

(7) aplicativo para emissão das notas fiscais pelas instituições de ensino;

(8) programa “Nossa Nota”;

(9) acompanhamento do repasse do ICMS X recadastramento dos autônomos.

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Assista ao vídeo que trata sobre: São Caetano do Sul: uma experiência exitosa na
ampliação de receita municipal - Secretário Jeferson Costa.

Vídeo - São Caetano do Sul/SP: uma experiência exitosa na ampliação das


receitas municipais

Fonte: Costa (2021).

Duração: 12min33.

2.3 Como está a arrecadação e onde queremos e podemos


chegar?
Analisadas as principais características econômicas da região, bem como a coleta do
maior volume de dados sobre a cidade, cabe à equipe designada pelo(a) prefeito(a)
avaliar a arrecadação histórica da Prefeitura como medida primordial na elaboração
das projeções.

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Tabela: Comparativo das receitas e despesas de 2019 e 2020 (R$ milhões)

Fonte: CNM - Confederação Nacional dos Municípios/RREO/Siconfi/STN, 2020.

Como se verifica na tabela acima, apresentada pela CNM, existem dados compilados
disponíveis, razão pela qual, é totalmente viável que as Prefeituras executem ótimas
avaliações caso consultem boas fontes de informação.

De acordo com os dados da tabela acima, obtidos nos RREOs - Relatórios Resumidos
da Execuções Orçamentárias, como receitas em 2020, foram de R$ 684,4 bilhões,
contra R$ 624,6 bilhões em 2019, ou seja, houve um crescimento nominal de 9,6%.

Tabela: Comparativo da receita pública municipal de 2019 e 2020 (R$ milhares)

Fonte: CNM - Confederação Nacional dos Municípios/RREO/Siconfi/STN, 2020.

Ainda de acordo com a publicação da CNM, os municípios com porte populacional

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entre 50 e 100 mil habitantes foram os que tiveram o melhor desempenho, com
crescimento de 11,4% em 2020. Por outro lado, os municípios com população entre
100 e 300 mil habitantes foram os que tiveram um desempenho mais contido na
receita, crescendo 5,7% em relação ao ano anterior.

Como se extrai dos exemplos de informação qualificada ora apresentados, uma


vez mais, a extração de dados da contabilidade será uma poderosa ferramenta,
e associada às séries históricas das arrecadações, poderá apresentar à gestão, o
comportamento das receitas ao longo dos anos.

Há que se considerar ainda durante este processo que, por mais que se busque a
ampliação das receitas, é necessário verificar se as práticas que serão utilizadas não
poderão provocar um efeito reverso, em que a ampliação da inadimplência, venha
a comprometer o efetivo crescimento da arrecadação municipal.

Cabe destacar que tal processo não ocorre “do dia para a noite”, razão pela qual
a antecipação das decisões é fundamental para que se possa verificar no próprio
mandato, os resultados do plano executado.

Em atenção às boas práticas para se alcançar êxito na ampliação de receitas, é


possível agrupar as ações em 5 fases, a saber:

1 Diagnóstico:

Nesta fase, a equipe necessitará buscar todas as informações históricas relativas à


arrecadação, inadimplência, programas que foram executados e seus respectivos
resultados e, ainda, de projetos que estão em curso e/ou que foram estudados e
que estão em fase de deliberação.

2 Benchmarking:

É extremamente importante conhecer a realidade de outras Prefeituras e o


benchmarking é uma metodologia útil, pois, é um processo de avaliação dos
melhores desempenhos com vistas a busca do aperfeiçoamento interno. Assim,
através da consulta a periódicos, notícias, leis aprovadas ou ainda por visitas in loco,
é possível se extrair ótimas oportunidades para a Prefeitura.

3 Geração de objetivos, indicadores e metas:

Concluídas as fases de diagnóstico e fazer benchmarking, caberá agora à equipe


determinar quais serão os objetivos e metas a serem alcançadas.

Cabe destacar que objetivo é, neste cenário, sinônimo de propósito, ou seja, o


que se pretende alcançar enquanto as metas, é onde se pretende chegar. Assim, é

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importante que a equipe designada trace com clareza essas duas premissas para
então se alcançar a construção de indicadores.

Por fim, indicadores serão necessários para identificar e medir os resultados. Sua
função será traduzir de forma mensurável e tornar operacional sua observação e
avaliação.

Elaboração de plano de ação ou projetos com foco na ampliação


4
das receitas:

Como plano de ação, caberá ao(à) gestor(a) escolher a melhor e mais acessível
ferramenta para sua equipe, entretanto, modelos como uma planilha 5W2H poderá
ser muito útil nesta fase, a fim de viabilizar a concentração da equipe em relação às
ações que forem tomadas.

Figura 1: Modelo de Plano de Controle 5W2H

Fonte: Elaborada pelo autor, 2021.

5 Revisão do código tributário municipal:

É de extrema importância reforçar ao(à) prefeito(a) que todo o trabalho desenvolvido


pela equipe designada para a construção do Plano de Ampliação das Receitas
necessitará ser consolidado através das alterações na legislação.

É fato que diversos projetos bem elaborados não obtiveram um resultado definitivo,
pois, nessas Prefeituras, não havia um respaldo legal que desse sustentação
legislativa às boas práticas que foram estudadas.

Assim, será um ato garantidor de segurança para o(a) gestor(a), bem como para os
munícipes, o encaminhamento de criação, alteração e/ou atualização da legislação
da Prefeitura.

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Unidade 3 - Dívida ativa municipal

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o tratamento da dívida


ativa municipal.

3.1 Como tratar da dívida ativa do município?


A dívida ativa é caracterizada como o não pagamento do conjunto de créditos,
tributários ou não, a favor do município dentro dos prazos de vencimento pelo
contribuinte, sendo que geralmente são relativos a impostos, taxas, contribuições
de melhorias ou imposições de multas.

A cobrança ocorre, na maioria das Prefeituras, através da ação direta ou combinada


entre a Secretaria de Fazenda e a Procuradoria Geral do Município.

Segundo Andrade (2013), é preciso compreender que a inscrição


em dívida ativa não é uma receita e, sim, um registro de
direito ativo da entidade pública. O pagamento, por parte do
contribuinte inadimplente aos cofres municipais, é que será
reconhecido como receita, na data de seu recolhimento.

Cabe destacar que a Prefeitura pode recorrer aos mais diversos meios de cobrança
para recuperar os créditos, como através de: conciliações, protestos, inscrição dos
devedores no SPC – Serviço de Proteção ao Crédito, ou SERASA, parcelamento através
de cartão de crédito, securitização da dívida, execução fiscal ou REFIS – Programa de
Recuperação Fiscal etc.

É comum no Brasil haver Prefeituras que acumularam ao longo do tempo


valores que superam até um ano de receita no estoque da sua dívida ativa.
Todos os tipos de dívida aparecem lá, desde as pequenas, que não convém ter
o custo de cobrança, até outras que são interessantes de cobrar.

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É importante que a Prefeitura tenha atualizado em ordem decrescente os
valores dos débitos, para fazer uma gestão específica sobre os processos de
maior importância e oferecer, aos contribuintes, a oportunidade de pagar
esses atrasados com uma multa reduzida, porém sempre com cobrança de
correção monetária e juros correspondentes.

Os débitos cujo valor seja inferior ao custo da cobrança não devem ser
mantidos, buscando eliminá-los por meio da aprovação de lei de remissão e,
um programa permanente de parcelamento das dívidas, também proporciona
ingresso significativo de recursos.

Fonte: Manual de orientação para crescimento da receita própria municipal -


BNDES

3.2 Execução fiscal


O processo de execução fiscal é um ato judicial utilizado pelo poder executivo para
assegurar o seu direito relativo aos créditos inadimplidos.

Tal medida judicial costuma ser utilizada após outras ações de cobrança, as quais,
foram eventualmente iniciadas ainda na fase administrativa e, neste sentido, ações
como o envio de cartas de cobranças, ligações telefônicas ou até mesmo protestos
já foram executados.

Segundo Silva (2009), quando o credor é a Fazenda Pública, a


execução forçada cabível, na cobrança do seu título executivo
extrajudicial, é justamente uma execução fiscal ou ação de
execução fiscal.

Assim, através da execução fiscal, a Fazenda Pública cobra os débitos inscritos em


dívida ativa, sendo que a Lei 6.830/1980 regula todo o processo no âmbito do poder
judiciário.

Veja o vídeo em que explica sobre a execução fiscal: https://www.youtube.


com/watch?v=DnasAJ69HrA

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Saiba também que:

Em relação aos requisitos da execução fiscal, segundo Silva (2009), o exercício


da ação de execução fiscal exige o preenchimento dos pressupostos processuais
executivos e das condições da ação.

Os pressupostos processuais executivos referem-se à competência, à


capacidade, à petição formalmente em ordem etc., enquanto as condições da
ação dizem respeito à possibilidade jurídica do pedido, à legitimação para agir
e ao interesse de agir.

3.3 Protestos de títulos


O protesto de títulos é uma poderosa ferramenta para a recuperação de dívidas
vencidas. Para a administração pública, ainda é uma forma rápida e eficiente de
comprovar o inadimplemento de uma contribuição, uma vez que publiciza essa
informação.

Cabe destacar ao(à) Prefeito(a) que qualquer título público que comprove a dívida
pode ser encaminhado para protesto, uma vez que este instrumento serve para
mediação entre o Ente Público e o Inadimplente.

Segundo dados publicados pelo cartório de protestos de Santa Catarina,


aproximadamente 65% (sessenta e cinco por cento) dos títulos enviados para
Protesto, são solucionados em menos de 3 (três) dias úteis e 80% (oitenta por
cento) das dívidas pens para protesto, são solucionadas a médio e longo prazo.

Para saber mais, acesse: https://www.cartoriosdeprotestosc.com

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Agora, veja o vídeo sobre créditos Municipais: Protestos: uma forma eficiente de
recuperar créditos Municipais – Dr. Guilherme Gaia.

Vídeo - Protestos: uma forma eficiente de recuperar créditos Municipais

Fonte: Gaia (2021).

Duração: 4min23.

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Unidade 4 - Código Tributário Municipal

Ao final desta unidade, você será capaz de demonstrar o passo a passo para
uma ampliação de receitas municipais.

4.1 A importância da revisão e atualização do Código Tributário


Municipal
O Código Tributário Municipal é uma importante fonte de informação tanto para a
Prefeitura como para os munícipes, pois, todas as normas que determinam a ação
do estado, ficam colacionadas num mesmo instrumento.

Gráfico: Normas editadas no Brasil entre 2003 e 2017

Fonte: IBPT/CNI, 2017.

É importante observar, que o gráfico apresenta o salto de 3,3 milhões para 5,7
milhões de normas editadas entre 2003 e 2017, no Brasil.

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Para uma boa compreensão do tema é importante também destacar o conceito de
tributo, o qual segundo o CTN - Código Tributário Nacional, no seu artigo 3º, é toda a
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.

Como se verifica no texto legal, uma das características do tributo é a necessidade


de que ele tenha prévia instituição legal, ou seja, há a necessidade de aprovação
legislativa que crie o tributo.

Agora, veja o vídeo sobre a importância do Código Tributário Municipal – Eudes


Sippel.

Vídeo - A Importância do Código Tributário Municipal

Fonte: Sippel (2021).

Duração: 20min06.

Cabe destacar que, para a formulação do Código Tributário Municipal, deve ser
considerado o inciso I do artigo 150 da Constituição Federal, o qual afirma que: Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos

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estados, ao Distrito Federal e aos municípios: (I) - exigir ou aumentar tributo sem lei
que o estabeleça.

Além da Constituição Federal, o CTN também dispõe no seu artigo 97 que:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos


artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III - definição do fato gerador da obrigação tributária principal,


ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado


o disposto nos Artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a


seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI - como hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos


tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de


cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso


II deste artigo, a atualização do valor monetário da base de cálculo.

Na biblioteca digital do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social, consta o Manual de orientação para crescimento da receita
própria municipal, em que há um modelo de Código Tributário Municipal,
que poderá ser examinado pela Prefeitura. Para saber mais, acesse: https://

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web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2593/1/Manual%20de%20
Orienta%c3%a7%c3%a3o%20para%20Crescimento%20da%20Receita%20
Pr%c3% b3pria% 20Município_P.pdf.

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Referências bibliográficas
• ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão
municipal. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2013.

• ASCOM/GU. AGU Explica - Você sabe o que é execução fiscal? Advocacia-


Geral da União, 23 fev. 2017. 1 vídeo (2mim19s). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=DnasAJ69HrA. Acesso em: 26 set. 2021

• BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 22 ago. 2021.

• BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Institui o Código


Tributário Nacional, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 22 ago. 2021.

• FERREIRA, Alessandra dos Santos et al. Panorama das Finanças


Municipais 2020. CNM - Área de estudos técnicos. Disponível em: https://
www.cnm.org.br/cms/biblioteca/documentos/Panorama-das-financas-
municipais%202020_25.05.21.pdf. Acesso em: 22 ago. 2021.

• FIESC.ObservatórioFIESC:IndústriaAutomotiva.Disponívelem:https://observatorio.
fiesc.com.br/sc-em-dados/setores/industria-automotiva. Acesso em: 22 ago. 2021.

• FRANÇA, Pedro. Estado que não repassar recursos a municípios pode


ficar sem FPE, aprova CCJ. Agência Senado, 2019. Disponível em: https://
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• KHAIR, Amir Antônio; VIGNOLI, Francisco Humberto (Coord.). Manual de


orientação para crescimento da receita própria municipal. 2. ed. rev.
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• MULTI Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil. Publicação da Frente Nacional


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• SAIBA Como usar OS Serviços dos cartórios de protesto. Instituto de


Estudos de Protestos de Títulos do Brasil SC. Disponível em: https://
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• SILVA, Américo Luís Martins da. A execução da dívida ativa da Fazenda


Pública. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

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Glossário
N °: Termo Definição/significado:
Segundo Houaiss: adjudicação é um ato judicial que
dá a alguém a posse e propriedade de determinados
1 Adjudicação
bens, ou mesmo a atribuição da coisa adjudicada ao
adjudicante. Sinônimo: concessão.
2 Discricionariedade Arbitrariedade, liberdade, livre escolha.
É a qualidade de algo que é econômico. (Termo jurídico):
3 Economicidade Relação entre custo e benefício a ser observada na
atividade pública.
Aprovação, ratificação ou confirmação, por autoridade
judicial ou administrativa, de determinados atos
4 Homologação
particulares, para que possam se investir de força
executória ou se apresentar com validade jurídica.
Qualidade do que é inexigível. Sinônimos: irreclamável,
5 Inexigibilidade
irrequerível, insolicitável.

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