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Cultura, Música e Juventude ao final da ditadura civil-militar: o Festival

Rock in Rio e o processo de Redemocratização. (1982-1985)

Roberto Alexandre

Uerj – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

robertoalexandre2013@gmail.com

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a cultura que emergiu, espontaneamente
e especificamente, na década de 1980 e foi o mote propulsor para realização de um
megaevento que foi alvo de debates políticos, religiosos e econômicos, dando ênfase a
vanguarda e o protagonismo da cidade do Rio de Janeiro. Estudo em curso, é parcialmente
possível problematizar o impacto que o Rock in Rio foi causa e consequência, num
momento particular e importante para o Brasil: a Redemocratização. Onde descobriu-se
que o jovem brasileiro além de produzir, consumia.

Apesar da década de 1980 ser um passado muito próximo, para o Brasil, foi um
momento recheado de vários eventos que tinham uma mesma motivação: a “Liberdade”.
Hoje, com o devido distanciamento histórico, percebemos a necessidade de resgatar e
analisar o festival Rock in Rio de 1985, fatos que o antecederam e o desenrolar das
consequências sócio culturais de que o evento foi catalizador. Afinal, em que medida há
verdade no senso comum de que tanto a geração jovem dos anos 80, como fator e o
primeiro Rock in Rio, como consequência, representam − em alguns discursos − uma
geração narcisista, alienada, egoísta, hedonista e pouco politizada?

O Rock in Rio aconteceu ao raiar do ano de 1985, durante dez dias ininterruptos.
Onde, entre os dias 11 e 20 do mês janeiro, a cidade do Rio de Janeiro abrigou o primeiro
megafestival de música realizado em território nacional. Um “divisor de águas” cultural;
que catapultou o Brasil para a rota do "show business" mundial, afirmando um novo
"status" para a cultura jovem brasileira e palco onde foi “anunciado” o fim da ditadura
civil-militar para toda uma geração. Transformando-se num “personagem” representativo
da recente história do Brasil, como símbolo de uma “geração otimista” com os rumos que
o país indicava depois de anos de ditadura militar, ao ressaltar um novo papel cultural e
participativo dos jovens.
O Rock in Rio, além de “inaugurar” o termo megaevento, é um “personagem”
representativo da recente história do país, como símbolo de uma “geração otimista” com
os rumos que o país indicava depois de anos de ditadura militar, ao ressaltar um novo
papel cultural e participativo da geração dos anos 1980. A partir do sucesso do
revolucionário empreendimento empresarial se “descobriu” a juventude brasileira como
força cultural e econômica.
A História Cultural é o nosso mecanismo teórico para compreender alguns
sentidos e caracterizar a juventude da época através dos seus hábitos culturais e sociais,
especificamente no período de 1982 até 1985, por considerarmos o auge de fatores que
estimularam o “clima” e o sucesso do festival. Logo, é obrigatório discorrer também sobre
o panorama político: o fim da ditadura militar e suas implicações sobre o futuro do país e
o impacto que este momento teve sobre os brasileiros.
Anistia, ampla, geral e irrestrita assim começou o “fim” da ditadura militar
brasileira no poder, em 1979, com o sucessor do então ditador Ernesto Geisel o general
João Figueiredo − sob a legenda da "Abertura Política" − prosseguindo com o projeto de
institucionalização do governo militar. Logo, cedendo ao clamor popular através de
ampla mobilização de setores da sociedade civil – que articulavam-se desde de o início
da década − sancionou a “Lei da Anistia”1. Neste contexto, a lei da anistia significou o
retorno de nomes importantes para a retomada política e cultural do país, somados a nova
geração que estava crescendo sob tais signos e influências e a truculência e sufocamento
ditatorial.

Concomitantemente aos modestos “ventos de liberdade”, agravou-se a crise


econômica e com aqueles que queriam a continuidade da administração da repressão e,
que por isto, tornaram usual a prática de atentados a bomba, para propagar o terror.
Conivente, Figueiredo os reconhecia como “radicais, porém sinceros". Tal sinceridade,

1
Aprovada em 28 de agosto de 1979, a lei nº 6.683 concedeu a anistia a todos que cometeram crimes
políticos ou eleitorais e àqueles que sofreram restrições em seus direitos políticos em virtude dos Atos
Institucionais (AI) e Complementares, entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979. Excluiu do
benefício aqueles que foram condenados por crime de terrorismo, atentado pessoal ou sequestro, mas
incluiu as esposas de militares que foram demitidos por AI. Além disso, permite o retorno a vida político-
partidária dos anistiados, desde que em partidos legalmente constituídos (BRASIL, 1979). BRASIL. Lei nº
6.683, de 28 de agosto de 1979. Concede a anistia e dá outras providências. Planalto, Brasília, 1979. Ver:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6683.htm. Último acesso 27/05/2018.
Para maior aprofundamento sobre o período ver: SCHWARCZ; STARLING, 2015; KUCINSKI, 2001.
culminou em atos como a carta-bomba enviada à OAB e o famoso atentado − que não
deu certo − do Riocentro (30 de abril de 1981), no qual houve a tentativa de explosão de
duas bombas em um show de MPB em homenagem ao dia do trabalhador.2 Nítida
intenção, de entre mortos e feridos, criar culpabilidade para movimentos da esquerda já
desarticulados ou mesmo inexistentes. Crime sem punição por parte do governo, mas
símbolo marcante de que não era mais possível a manutenção e governabilidade de um
Estado de exceção de direitos.

Em 1982 ocorreram as eleições da qual os partidos: PDS, PMDB, PT, PDT e PTB,
criados em 1980 a partir da reforma partidária de 1979, disputaram a predileção dos
eleitores. Tal competição eleitoral significou a retomada do voto direto para os governos
estaduais. O que não acontecia desde 1966. 3 As eleições foram marcadas pelo temor de
fraude eleitoral pela oposição e reclamação a respeito da crise e do SNI por parte da
situação, mas de fato abriram o caminho para movimentos que cobravam eleições diretas
para o cargo maior do Poder Executivo. O partido do governo foi o grande vencedor na
maior parte do país, mas os três principais Estados da federação ficaram nas mãos da
oposição. Com o processo de abertura política marcado pelo afrouxamento da censura, o
fim do AI-5, a lei de anistia e eleições distritais; faltava ainda o cumprimento de uma
grande demanda da população: o retorno de eleições diretas para presidente, como exigia
a emenda Dante de Oliveira4.
Paralelamente, 1982 foi um ano de grande efervescência cultural. Ano do
lançamento do filme Menino do Rio, que muito mais que contar uma história, ditava um
“novo” estilo de vida. Foi o ano que a banda de rock Blitz tocou nas rádios de todo país
a música: Você Não Soube me Amar5, se tornando a pioneira da nova safra do rock

2
Como demonstram: SILVA, 2012; CARVALHO, 2004; GASPARI, 2002
3
Ver: FERREIRA, D. P., BATISTA, C. M., STABILE, M. A evolução do sistema partidário número de
partidos e votação no plano subnacional 1982-2006.
4
Em 2 de março de 1983, o deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresentou ao Congresso Nacional
proposta de emenda à Constituição prevendo o restabelecimento de eleições diretas para a Presidência da
República em dezembro do ano seguinte. Em abril, o PMDB lançou oficialmente a campanha nacional de
apoio à emenda, com o slogan que ganharia as ruas: "Diretas já". Ver:
http://memoriaglobo.globo.com/erros/diretas-ja.htm. Último acesso em 29/05/2018.
5
BLITZ. Você Não Soube Me Amar. Rio de Janeiro. EMI Odeon: 1982. Compacto (3:43 min.)
brasileiro a fazer sucesso. A seleção brasileira era futebol-arte sem repressão6 e o Sport
Club Corinthians Paulista, o time do povo, praticava a “Democracia Corinthiana”7. O
vôlei era descoberto pela grande massa e os comerciais da marca de cigarros Hollywood
se tornaram icônicos, aliando esportes radicais e rock and roll a um jeito de ser “jovem e
saudável”. Pranchas de surf e bodyboard nas ondas, velas de windsurf no mar, asas
coloridas de asa delta no céu, foi o ano em que o espaço cultural Circo Voador aterrissava
na cultura carioca e a rádio Fluminense FM: A Maldita, iniciava a sua nova fase; dois
importantes veículos de propagação das nascentes bandas do Rock Brasileiro.
Voltando a cena política, o movimento "Diretas Já!", encabeçado pelos
governadores de oposição eleitos em 1982, além de outras personalidades políticas da
época, representantes da sociedade civil e artistas, que resultaram em colossais
manifestações exigindo eleições diretas, não conseguiu aprovação parlamentar. Com o
país em grave crise econômica, cada vez mais dependente dos Estados Unidos da
América, com um presidente com problemas de saúde e uma população insatisfeita em
vários níveis e setores.8
Sendo assim, a eleição indireta de Tancredo Neves ocorreu em 1985, marcando o
fim da ditadura militar iniciada em 1964. Para a juventude de classe média daquela época,
o anúncio oficial se deu no primeiro e inédito megaevento do país: o festival de música
Rock in Rio, transmitido nos telões da cidade do rock e celebrado por Cazuza; vocalista e
letrista da banda Barão Vermelho, ao final da canção Pro dia nascer feliz, que se tornou
uma espécie de hino naquele momento, para um "Brasil novo" que estava por vir9.
Em suma, temos como horizonte de pesquisa analisar, compreender e caracterizar
a primeira edição do Rock in Rio como um evento inédito, uma “chave” para compreender
os aspectos culturais e políticos da época; suas premissas e consequências para um Brasil

6
Ao contrário do uso político da Seleção Brasileira de 1970 pela ditadura nos “Anos de Chumbo” do
governo Médici. A Seleção Brasileira de 1982, considerada tão talentosa quanto a campeã de 1970,
alimentou sonhos e tinha em vários jogadores uma postura bem clara a favor da redemocratização do país.
7
Ver: SER Campeão é Detalhe – Democracia Corinthiana. Direção Gustavo Forti Leitão e Caetano Biasi.
São Paulo: Produção DNA Filmes, Instituto de Artes da UNICAMP, 2011. Documentário.
https://www.youtube.com/watch?v=MNyRGt95cWw . Visto em 08/06/2019.
8
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/eleicoes-de-1982-foram-primeiro-passo-
para-redemocratizacao-do-pais,8097552b1be6d310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html. Acesso em
28/06/2018.
9
Ver CASTRO, Cid. 1960 -Metendo o Pé na Lama: os bastidores do Rock in Rio 1985/ Cid Castro- 2 eds.
revista e ampliada - Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010. (P.209) e a matéria do telejornal
RJTV https://www.youtube.com/watch?v=R5Zwxmz6tHY. Acesso em 08/05/2019.
que se pretendia começar uma nova história; cercada de otimismo e liberdade.

Pretendemos compreender e desenvolver o tema Rock in Rio como virada cultural


para um Brasil de otimismo, sua consequência política e social para uma geração
específica. O principal referencial teórico para a pesquisa é a História Cultural,10 como
um horizonte onde perpassam elementos da História Política, haja vista o momento
particular da redemocratização do Brasil. Seguindo assim os conceitos propostos pelo
professor e cientista político estadunidense Gabriel A. Almond, que define a teoria da
cultura política de acordo com quatro aspectos:

1. A cultura política é o conjunto de orientações subjetivas para a política dos


membros de uma nacionalidade ou subconjunto destes na mesma
nacionalidade;
2. A cultura política possui componentes cognitivos, afetivos e avaliativos;
inclui conhecimentos e crenças sobre a realidade política, sentimentos sobre
política e compromisso com valores políticos;
3. O conteúdo da cultura política é o resultado da socialização infantil,
educação e exposição aos meios de comunicação e experiências durante a vida
adulta em relação à ação do governo. Social e econômico;
4. A cultura política afeta a estrutura política e governamental e o desempenho
a restringe, mas, sem dúvida, não a determina. As setas causais entre cultura,
estrutura e desempenho vão nos dois sentidos.11

Além de interfaces com a História Social, como ferramentas para o estudo e


investigação de como agiam e pensavam os atores daquele momento.
A caracterização da juventude, que vivenciou e teve no festival a concretização
de seus desejos de liberdade, se faz necessária através de conceitos desenvolvidos pelo
autor Peter Burke em seu livro: O que é história cultural?12 importante obra acadêmica
que, além de descrever os avanços e recuos da História da História Cultural, problematiza
a relação entre o estudo do local com o global e o debate entre a micro e a macro História.
Outro aparato intelectual que serve de rumo para nossa análise − no caso
específico do Rock, como propagador de comportamentos e capital cultural poderoso da

10
BURKE, 2005; CHARTIER, 1990; CUCHE, 1999; THOMPSON, 1997.
11
ALMOND, Gabriel A.- El Estudio de la Cultura Politica/ Gabriel A. Almond – Revista de Ciencia Politica
– Vol. X – N°2 – 1988.pp. 79-80
12
BURKE, Peter, 1937 - O que é história cultural? / Peter Burke; tradução: Sérgio Goes de Paula - Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
indústria musical − é o livro do historiador Eric Hobsbawm: A história social do Jazz13,
que nos traz definições sobre as idiossincrasias e a importância que um estilo musical tem
dentro do meio social em momentos diversos e suas implicações econômicas e sociais. A
música numa perspectiva maior como prática e produto cultural; elemento de resistência
e rebelião não explicitamente política, de consumo de massa através da sua
industrialização e popularização. Hobsbawm serve de modelo de como tratar uma arte: a
música − que foi feita para ser ouvida − através de uma análise histórica. Segundo o autor,
esta deve ser simples, direta, traduzindo para o leitor os fatos através de uma conexão de
intimidade. Também uma análise sociológica ao expor as disputas e associações de
diferentes grupos sociais e raças distintas, todavia, em comum serem oprimidos, em torno
de uma manifestação artística.
Para tratarmos da principal estrela do evento: o público e as tribos dele emergidas,
além de toda fauna jovial oitentista − que mesmo sem um modelo ou manifesto de um
movimento produziram e desfrutaram da arte, moda, esporte e cultura; feita por jovens e
para jovens, construindo um caráter nacional novo − recorremos ao pianista de jazz e
sociólogo Howard Becker que em sua obra: Outsiders. Estudos de sociologia do desvio14;
tratado sobre indivíduos que vivem segundo suas próprias regras, sob conceitos próprios
de normalidade, mas que nem por isso estão à margem do corpo social, mesmo seguindo
padrões de comportamento diferentes do que se considera normal. De acordo com Becker,
regras, desvios e rótulos são sempre construídos em processos políticos, nos quais alguns
grupos conseguem impor seus pontos de vista como mais legítimos que outros. “Desvio
não é uma qualidade que reside no próprio comportamento, mas na interação entre a
pessoa que comete um ato e aquelas que reagem a ele".15
A música neste projeto, especificamente o Rock and Roll, é o ponto de partida
para quebra de vários paradigmas, mas também a trilha sonora para um momento peculiar
pelo qual todo o povo brasileiro estava atravessando: a “Redemocratização”. Numa
sociedade que ainda não havia se dado conta que seus jovens se agrupavam em várias e

13
HOBSBAWM, Eric J., 1917-História social do jazz / Eric J., Hobsbawm; [tradução Angela Noronha]. -
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
14
BECKER, Howard Saul, 1928 - B356o Outsiders: estudos de sociologia do desvio / Howard S. Becker;
Tradução Maria Luiza X. de Borges; revisão técnica Karina Kuschnir. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed.
15
Idem.pp.26-27.
diferentes "tribos", motivados pelas suas paixões. A produção cultural não oficialmente
reconhecida, ou seja, a cultura popular, as representações, as práticas discursivas de vários
grupos sociais ou qualquer espaço analisado e conectado a plurívoca noção de cultura,
são o resultado da ampliação dos objetos historiográficos que definem a nova História
Cultural.16 História Cultural esta, não no sentido de uma corrente historiográfica
específica, mas a perspectiva cultural de uma determinada coletividade factualmente
situada. Além do mais, todo cotidiano faz parte do universo da cultura, pois todo ser
humano produz cultura pelo simples fato de existir.

Georges Duby delimita a História Cultural como o estudo da produção dos objetos
culturais, salientando que tal produção é um ciclo interminável que abrange tanto o
produtor, quanto o receptor de tais objetos, haja vista que a forma como tais são recebidos
já traduzem uma nova produção cultural.17 Podendo os objetos da História Cultural serem
distribuídos em cinco eixos fundamentais: objetos culturais, sujeitos, práticas, processos
e padrões. Corroborando com as definições de Chartier:

A história cultural, tal como a entendemos, tem por principal objetivo


identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada
realidade social é construída, pensada, dada a ler. Uma tarefa deste tipo supõe
vários caminhos (...) Representação, prática, apropriação (...) é preciso pensá-
la como análise da representação, isto é, das classificações e das exclusões que
constituem, na sua diferença radical, as configurações sociais e conceptuais
próprias de um tempo ou de um espaço. As estruturas do mundo social não um
dado objetivo, tal como não são as categorias intelectuais e psicológicas: todas
elas são historicamente produzidas pelas práticas articuladas (políticas, sociais,
discursivas) que constroem as suas figuras. São estas demarcações e os
esquemas que as modelam, que constituem o objeto de uma história cultural
levada a repensar completamente a relação tradicionalmente postulada entre o
social, identificando com um real bem real, existindo por si próprio, e as
representações, supostas como repetindo-o ou dele se desviando.18

16
BARROS, José D’Assunção. O Campo da História – Especialidades e Abordagens, Petrópolis: Vozes,
2004, 222 pp. pp.126
17
DUBY, Georges. “Problemas e Métodos em História Cultural” in Idade Média, Idade dos Homens – do
Amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. pp. 125-130.
18
CHARTIER, Roger. A História Cultural. Entre Práticas e Representações. Lisboa. Difel, 1990, pp.13-27.
In: RIBEIRO FENELON, Déa. CULTURA E HISTÓRIA SOCIAL: HISTORIOGRAFIA E PESQUISA.
Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S.l.], v. 10, out. 2012. ISSN
2176-2767. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/12105>. Acesso em: 22 jul. 2019.
pp.88
Burke, ao problematizar “O que é cultura?”,19 observa que, em um dado momento
da história, a cultura era sinônimo de “alta” cultura, mas que esta passa a ter seu conceito
estendido, para abarcar as diversas formas de expressão: arte, hábitos, comportamentos,
impressões; produções cotidianas em vários níveis da sociedade. Posteriormente, o termo,
sob a ótica antropológica, passa a ser usado por vários autores como similar a
“antropologia cultural” ou “nova história cultural”. Segundo o autor, “movimentos
gêmeos”, que estudam e traduzem todo o complexo que inclui “conhecimento, crença,
arte, moral, lei, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como
membro da sociedade”20, de acordo com Edward Tylor citado pelo autor.

Roger Chartier tem interesse pelas práticas culturais, ou seja, a transmissão entre
cultura oral e escrita como exemplo de que pessoas, não exatamente letradas, tem a
capacidade de atuar dentro da cultura ilustrada através de múltiplos mecanismos culturais.
São práticas culturais os modos como em uma dada sociedade as pessoas vivem e
interagem com os seus pares ou estrangeiros e convivem com suas diferenças e não
somente atividades ligadas a uma produção de cultura de caráter oficial.21

Por conseguinte, acreditamos que eleger eventos na arte visual, moda,


comunicação, música e teatro, ou seja, a efervescência cultural que aflorou no ano de
1982, espontaneamente. Exemplificam muito mais a realidade da juventude brasileira e a
construção do comportamento daquela geração, do que toda movimentação política que,
concomitantemente, acontecia no final do regime militar brasileiro. Sem deixar de
reconhecer que a história política vivida pelo país naqueles tempos era influenciadora
direta para tais ideais e propostas.

Quase ao final da sua análise histórica e sociológica em: A história social do Jazz,
ao tratar do estilo como fonte de resistência e protesto, Eric Hobsbawm afirma:

Meu objetivo é mostrar, não porque as pessoas precisam de maneiras de fazer


protestos através da música, ou válvulas de escape, mas porque, tendo tais

19
BURKE, Peter, 1937 - O que é história cultural? / Peter Burke; tradução: Sérgio Goes de Paula - Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. pp.42-48.
20
Idem. pp.43.
21
BARROS, José D’Assunção. O Campo da História – Especialidades e Abordagens, Petrópolis: Vozes,
2004, 222pp. pp.131.
necessidades, elas encontram no jazz um veículo tão adequado. E isso se dá
porque é “música de pessoas comuns” que tanto por suas origens sociais
quanto por suas associações e peculiaridades musicais, se presta a tal
interpretação mesmo quando esse não é o seu objetivo. 22

Assim como o Jazz, objeto do autor, o Rock and Roll, após a Segunda Guerra
Mundial, tornou-se um veículo de contestação da juventude, ultrapassando o caráter de
estilo musical para se tornar um estilo de vida; transformando-se em uma espécie de
cultura universal. Para Hobsbawm a face de protesto do jazz residia na sua origem negra,
raça oprimida historicamente. Podemos transportar o mesmo conceito para o rock, nos
anos 1980 no Brasil. Todos eram oprimidos por um governo ditatorial de certa forma,
mesmo que a juventude nascida durante a ditadura já a tivesse como um fator da vida.
Havia a necessidade de se expressar e o estilo musical adequava-se, na sua simplicidade
de execução e assimilação, a urgência que a carência por liberdade, diversão e conexão
com o mundo pediam.

Becker fez uso da palavra outsider 23 para definir pessoas com comportamentos
diferentes diante de um determinado grupo; suas regras e opiniões, mas salientava que
aqueles que impõe tais regras, os empreendedores morais 24, também são vistos como
desviantes por aqueles que estão sendo rotulados como tal. Na sequência da sua obra, ao
tratar dos músicos de casas noturnas, o autor alerta que apesar de serem um grupo, uma
classe de comportamento desviante, não significa serem infratores da lei. Pelo contrário,
pela extravagância da sua vida diante do que é tomado por normal no meio social, os
músicos criam culturas e subculturas próprias a fim de garantir um modo de existir
legítimo e adequado as suas necessidades e desejos, apenas diferente e não
necessariamente em desacordo com a média da sociedade25. Portanto, acreditamos que a
produção cultural que adentrava a década de 1980 era constituída pela juventude, urbana
e reativa. Haja vista, o Brasil ser um país com uma base social alargada na faixa etária

22
HOBSBAWM, Eric J., 1917 - História social do jazz/ Eric J., Hobsbawm: [Tradução Angela Noronha] -
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1990. pp. 281.
23
BECKER, Howard Saul, 1928 - B356o Outsiders: estudos de sociologia do desvio / Howard S. Becker;
Tradução Maria Luiza X. de Borges; revisão técnica Karina Kuschnir. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed.,2008. pp. 27
24
Idem.pp.153.
25
Idem.pp.111-128.
abaixo dos trinta anos de idade, concentrada nas cidades em decorrência das modificações
impostas pelo “milagre econômico” e independente diante de uma governança autoritária
presente, porém enfraquecida.

Outsiders de forma abrangente tendo em vista um país fechado, com um certo


grau de atraso frente ao que o mundo vivia e, internamente, não mais identificada pelas
representações de resistência exercida pela cultura das décadas anteriores. Tributária de
um otimismo inerente a sensação de recomeço que uma nova década criava. Alheia a
debates políticos mais profundos devido ao “caos” e o “lixo”: comercial e industrial,
produzidos pela modernização conservadora do país. Mas, principalmente, criativa,
buscando autenticidade no presente, para produzir e consumir em seus próprios termos,
diante da impossibilidade de se organizar, planejar e executar as mudanças para um novo
futuro.

Os signos e significados da geração da década de 1980, nasceram da necessidade


de representatividade e expressão vinda do cotidiano de uma geração, que ao nascer sob
o “traço” da ditadura; a encarava como uma contingência da vida.

Nossa metodologia esta segmentada em três etapas principais, que compreendem:


revisão bibliográfica sobre o Rock in Rio em si, artigos e pesquisas acadêmicas sobre a
época em que o festival aconteceu; investigação de registros documentais e iconográficos.

Com a revisão bibliográfica é possível investigar e confrontar dados para


viabilização deste projeto, são fundamentais os livros: Rock in Rio: a história do maior
festival de música do mundo 26 de Luiz Felipe Carneiro e Metendo o Pé na Lama: os
bastidores do Rock in Rio 198527 de Cid Castro, bem como o artigo Rock in Rio: um
festival (im)pertinente à música brasileira e à redemocratização nacional28 de Paulo
Gustavo Encanação. Estes trabalhos não só são fontes de informações, mas objeto de

26
CARNEIRO, Luiz Felipe. Rock in Rio: a história do maior festival de música do mundo/ Luiz Felipe
Carneiro - São Paulo: Globo, 2011.
27
CASTRO, Cid. 1960 -Metendo o Pé na Lama: os bastidores do Rock in Rio 1985/ Cid Castro - 2 eds.
revista e ampliada - Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.
28
ENCARNAÇÃO, Paulo Gustavo. Rock in Rio: um festival (im) pertinente à música brasileira e à
redemocratização nacional. Patrimônio e Memória (UNESP), v. 07, 2011. pp. 348-368.
confrontação de tais informações, por segurança, principalmente no levantamento de
dados quantitativos do festival.
Para a construção e análise do que se produziu de música jovem, como ela se
propagou por todo território nacional, recorremos, principalmente, as obras : Dias de
luta: o rock e o Brasil dos anos de 80 do jornalista Ricardo Alexandre, Rádio Fluminense
FM: A porta de entrada para o rock brasileiro nos anos 8029 da jornalista e baterista
nas horas vagas Maria Estrella, Brock: o rock brasileiro dos anos 8030 do jornalista,
professor e crítico musical Atrthur Dapieve e Guia politicamente incorreto dos anos 80
pelo rock 31do roqueiro Lobão.
Através de periódicos do período pretende-se aprofundar o conhecimento sobre a
construção do evento Rock in Rio e desenvolver um panorama sócio cultural mais
elaborado e perscrutado dos pensamentos, discursos e representações do período. Por
conseguinte, signos da moda, música, hábitos e costumes.
Outro importante recurso de comunicação que nos serve de apoio são os registros
visuais e áudio visuais produzidos durante e posteriormente ao acontecimento. Segundo
Ciro Flamarion Cardoso:

O historiador interessado em trabalhar com fontes iconográficas ─ seja que as


encare como testemunhas de outros aspectos do social, seja como objeto
específico de estudos históricos ─ pode contar, hoje, com uma gama bastante
variada de enfoques e métodos disponíveis. A escolha entre eles dependerá,
como é natural, do tema a pesquisar, das hipóteses de trabalho formuladas e da
natureza e características e corpus de documentos iconográficos que se
escolheu.32

Seguindo a conclusão do autor, pretende-se uma pesquisa iconográfica com o uso


de imagens da época como amparo ilustrativo daquilo que se quer tratar e transmitir, ora
como aclaração exata sobre o objeto que está sendo descrito. Ora como material visual
simbólico de um determinado momento.

29
ESTRELLA, Maria, 1968. Rádio Fluminense FM: a porta de entrada do rock brasileiro nos anos 80/
Maria Estrella. – 2 ed. – Rio de Janeiro: outras Letras, 2012
30
DAPIEVE, Arthur. Brock: o rock brasileiro dos anos 80/ Arthur Dapieve. - Rio de Janeiro Ed.34, 1995.
224p. (Coleção Ouvido Musical).
31
LOBÃO,1957 – Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo rock/ Lobão; [ilustração Lambuja]. - Rio
de Janeiro: LeYa, 2017.il.
32
CARDOSO, C. F. S. (2010). Iconografia e História. Resgate: Revista Interdisciplinar De Cultura, 1(1),
9-18. https://doi.org/10.20396/resgate.v1i1.864545 . pp.17.
Acreditamos que uma abordagem exclusivamente econômica ou política não dá
conta do “ser jovem nos anos 80” e sua importância. Refutamos então o estigma
distorcido de “década perdida”, como adjetivo de que nada relevante acontecera na
cultura nacional na década de 198033. Passados 36 anos da primeira edição do evento, que
resultam em quase três gerações de novos adolescentes, é relevante sua narrativa, pois o
festival ainda existe como um dos maiores espetáculos do mundo. Em 2019 aconteceu a
sua oitava edição brasileira, com ingressos esgotados todos os dias e, somadas as edições
em: Lisboa, Madri e Las Vegas, chegou ao total de dezenove. Mesmo com a incerteza
imposta pela crise sanitária mundial, promete uma nova edição para 2021,
simultaneamente, em Portugal e Brasil. Ainda é um acontecimento de números
estratosféricos, mas sem a mesma representatividade daquele momento específico.
Passou a ser um megaevento “com” música e não “de” música. Mas também a música,
com o avanço tecnológico e a internet, já não possui a mesma relevância. Sinal dos
tempos!

Fontes:

Fontes textuais: periódicos da época como o jornal O Globo, Folha de São Paulo
e revista Veja. Disponíveis respectivamente para consulta on-line através dos sítios:

 https://acervo.oglobo.globo.com
 https://acervo.folha.com.br
 https://acervo.veja.abril.com.br

Fontes áudio visuais: há um vasto material da cobertura feita pela TV Globo


durante o festival. Reportagens, melhores momentos e shows completos das principais
atrações, estão disponíveis no Youtube; plataforma digital de compartilhamento de vídeos
da Internet. Na mesma plataforma existem várias e outras reportagens, entrevistas e
programas que abordam direta ou indiretamente o assunto.

Documentários:

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Concordamos que os danos na economia em toda América Latina é um fato. Logo a década perdida
economicamente é uma verdade, mas este termo não deve ser usado para tudo que aconteceu,
principalmente, na cultura.
CIRCO Voador – A nave. Direção: Tainá Menezes. Rio de Janeiro: Produção Kanoa
Filmes e Circo Voador, 2013. Documentário (1h 34 min.)

JULIO Barroso: Marginal Conservador. Direção: Ricardo Alexandre. Produção: Ricardo


Alexandre e David Barkan. Fotografia: David Barkan. Montagem: Scott Pelzel. Uma
coprodução Tudo Certo Conteúdo Editorial, Diretório de Filmes e Canal BIS.
Documentário – 2013.

ROCK in Rio 30 anos. Direção: Daniel Ferro. Diy Vídeo. Realização Canal Multishow,
2015. Documentário. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=J53H4Yavf1A.
Visto em 07/05/2018.

RUIDO de Minas. Direção: Filipe Satoreto. Produção: Gracielle Fonseca Locar:


produtora, 2009. Documentário. 1 DVD (83 min.). Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=8EEGZUz2jI0. Visto em 14/06/2019.

SER Campeão é Detalhe – Democracia Corinthiana. Direção Gustavo Forti Leitão e


Caetano Biasi. São Paulo: Produção DNA Filmes, Instituto de Artes da UNICAMP, 2011.
Documentário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MNyRGt95cWw.
Visto em 08/06/2019.

UM sonho intenso. Direção: José Mariani. Brasil, BRETZ – BACK FIVE, 2015.
1 DVD (101 minutos), NTSC, colorido. Disponível em https://www.youtube.
com/watch?v=2JwOKMup2rw&t=4241s. Visto em 10/07/2019.

WOODSTOCK mais que uma loja.... Documentário. Direção: Wladimyr Cruz. Produção:
Wladimyr Cruz e Jaqueline Abbud. BDT Filmes. 2014. 1 DVD. (2:50 horas).

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