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AULA 1
Olá! Muito bom ter seu interesse no estudo da Psicanálise, fico feliz em
compartilhar com vocês essa disciplina! Eu sou a Professora Giseli Rodacoski,
psicóloga com mais de 20 anos de experiência clínica e na docência em cursos
de graduação e de pós-graduação. Essa disciplina pretende apresentar os
pressupostos básicos da teoria Psicanalítica, contar um pouco da história da
psicanálise, contextualizar o momento histórico em que se originou a partir da
experiência clínica de Sigmund Freud na década de 1880 e nos anos seguintes
em que ele teorizou sobre a estrutura e o funcionamento do aparelho psíquico.
Ao longo de 6 aulas que ficarão gravadas aqui para que sejam acessadas
a qualquer momento, serão abordados alguns termos utilizados e delimitações
conceituais que são fundamentais para favorecer o estudo e a compreensão da
psicanálise. Você vai perceber que o estudo da subjetividade não é exato. Não
há uma única definição, assim como 2 = 2 = 4. Costumamos dizer que a
psicanálise nunca está pronta, nunca terminaremos de aprender sobre a
subjetividade e a nossa verdade não pode ser imposta ao outro. Por exemplo:
eu não posso dizer a você o que significa o teu sonho. Por isso o processo é
uma construção. Nossas leituras precisam ser discutidas, compartilhadas,
precisaremos falar uns com os outros em atividades interativas para ampliar
nosso ponto de vista sobre o que compreendemos e, assim, cada um de vocês
se manterá no percurso de formação de um psicanalista.
Podemos começar esclarecendo "O que é Psicanálise?"
Créditos: GoodStudio/Shutterstock.
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E aqui vai uma dica de aprendizagem: antes de avançar na leitura para
saber o que a literatura diz sobre isso, reflita sobre o que você pensa que é, o
que você já sabe sobre isso, o que já ouviu falar, o que você poderia escrever
em poucas linhas sobre psicanálise? Especialmente quando se trata de ensino
de adultos, é importante considerar que todos nós temos conhecimentos prévios,
saberes e experiências de vida que fazem com que cada um de nós atribua um
sentido e um significado para as coisas. Por isso é importante refletir sobre as
tuas impressões iniciais e dar valor a isso. Não menos importante para quem
quer ser um psicanalista, é saber o que há na literatura a saber sobre isso. Quem
conceituou, quando, com qual finalidade, por que foi importante estudar
psicanálise, como se desenvolveu ao longo do tempo?
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Ainda no percurso para delimitação conceitual do termo e do campo de
estudo da Psicanálise, em 1922, no texto Dois verbetes de enciclopédia, Freud
deixou claro que seus pilares teóricos (os da psicanálise) eram o inconsciente, o
complexo de Édipo, a resistência, a repressão e a sexualidade, e nos fornece
uma nova definição de psicanálise (Freud, 1922/1986, p. 287), dizendo que é o
nome de:
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"saem sem querer" elas (as coisas que falamos ou fazemos) nos entregam, nos
denunciam. Algo que nos parece sem sentido, mas que também faz parte de
nós. Nos estados de êxtase, quando as emoções dominam a razão, nas paixões,
no amor, no medo e na raiva, por exemplo, podemos ter a dimensão da
subjetividade do ser humano. Em todo momento a subjetividade está presente,
e a regulação para adequação e equilíbrio emocional é uma demanda social de
ordem, no entanto, ainda que reprima, não anula a sua existência.
O resultado desse jogo de forças forma o que conhecemos como
sintomas, que são formas de comunicação do inconsciente.
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físicos e patológico-anatômicos para tratar doenças funcionais, inclusive
as "doenças nervosas".
• Clara distinção entre o que era científico e o que era considerado não
científico. O que não era considerado científico, objetivo e explicado
racionalmente era delegado aos místicos e filósofos.
• Naquele contexto da década de 1880, o interesse que surgia
especialmente nos médicos era "o de compreender algo da natureza
daquilo que era conhecido como doenças nervosas funcionais, com vistas
a superar a impotência que até então caracterizava seu tratamento
médico" (Freud, 1923/1986, p. 239).
Freud percebeu que tão importante quanto escutar os pacientes era saber
o que dizer a eles e quando fazer isso. Desta forma, foi ficando cada vez mais
aprimorado o papel do paciente e o papel do psicanalista nas sessões: “Ao
paciente cabe comunicar tudo o que lhe ocorre, sem deixar de revelar algo que
lhe pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto ao analista cabe
escutar o paciente sem o privilégio, a priori, de qualquer elemento de seu
discurso” (Macedo; Falcão, 2005, p. 4).
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Na construção da teoria psicanalítica, foi fazendo cada vez mais sentido
refletir sobre o papel do analista e, assim como a associação livre é a regra
fundamental para o paciente, a atenção flutuante é a regra fundamental para o
psicanalista.
TEMA 4 – METÁFORAS
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Para quem inicia seus estudos em psicanálise, alguns textos parecem ser
escritos em outro idioma, dada a quantidade de metáforas usadas em um mesmo
parágrafo. Vamos trazer aqui algumas delas como introdução.
Freud se utiliza das artes para explicar a diferença entre a psicanálise e
os demais métodos terapêuticos para tratamento clínico dos processos mentais.
Freud comparou as terapias tradicionais (medicamentosas, hipnose,
sugestão, aconselhamento, orientação) com as pinturas em tela, em que se
colocavam tintas em uma tela em branco. Essa técnica é conhecida no mundo
das artes como Per via di porre – “pela via de pôr, colocar” (terapias).
Já a Psicanálise foi comparada a uma escultura, em que se retira material
até que seja evidenciada a essência, como um bloco de mármore que é
esculpido ou lapidado, retirando material. Essa técnica é conhecida no mundo
das artes como Per via de levare – “pela via de retirar, levar” (Psicanálise)
• Terapias = pinturas (cobre de cores a tela vazia) Per via di porre – pela via
de pôr, colocar;
• Psicanálise = esculturas (retira o que está demais para que surja a estátua
no mármore) Per via de levare – pela via de retirar, levar.
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Créditos: RossHelen/Shutterstock.
Consciente Cs:
Conteúdo disponível, conhecido.
Pré-consciente Pcs:
Conteúdo lembrado por esforço de
memória. Barreira de contato.
Inconsciente Ics:
Conteúdo reprimido que em parte
chegará ao Cs depois de ser deformado e
disfarçado
Créditos: Arcady/Shutterstock.
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Na imagem anterior, Cs, Pcs e Ics, juntos, constituem o aparelho psíquico
(psiquê).
Outra representação que guarda semelhança com o aparelho psíquico é
uma hidroelétrica. Como pode ser visto na imagem a seguir, há uma regulação
da quantidade de água que pode passar e sair da represa. Essa regulação é
uma das funções do aparelho psíquico, especificamente é uma função do ego,
como pode ser mais bem compreendida no estudo aprofundado da 2ª tópica de
Freud. Na metáfora da hidroelétrica, em que um grande volume de água
represado seria o Inconsciente, a barragem seria a regulação da sensação de
prazer-desprazer feita pelos mecanismos de defesa a serviço do ego, e a água
que jorra são os conteúdos que tiveram passagem liberada à consciência.
Créditos: yu_photo/Shutterstock.
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TEMA 5 – REVOLUÇÃO PSICANALÍTICA
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NA PRÁTICA
Saiba mais
Sugestão de link sobre Felicidade:
<https://www.youtube.com/watch?v=e9dZQelULDk>.
FINALIZANDO
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• Terapias = pinturas (cobre de cores a tela vazia): Per via di porre – pela
via de pôr, colocar;
• Psicanálise = esculturas (retira o que está demais para que surja a estátua
no mármore): Per via de levare – pela via de retirar, levar.
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REFERÊNCIAS
_____. A Interpretação dos Sonhos (1900). In: Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volumes V e VI, 2. ed. Rio
de Janeiro: Imago, 1986.
_____. Sobre o Início do Tratamento (1912). In: Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XVII, 2. ed. Rio
de Janeiro: Imago, 1986. p. 164-187.
_____. Sobre a Psicanálise (1913). In: Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Volume XII, 2. ed. Rio de Janeiro:
Imago, 1986.
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MACEDO, M.; FALCÃO, C. A escuta na psicanálise e a psicanálise da escuta.
Psychê, São Paulo, Ano IX, n. 15, jan./jun. 2005.
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