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• GUIA DE ESTUDOS - UFRGSMUNDI 2021 •

CÂMARA DOS DEPUTADOS


Taxação de Grandes Fortunas

Ariadne Garcia, Isabella Carpentieri, Luana de Meneses Borba e Magnus Kenji


Hernandes Hübler Hiraiwa1

1 Graduandas e graduando do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

UFRGSMUNDI • 99 ISSN: 2318-6003 | V.9, 2021


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QUESTÕES NORTEADORAS
(1) Como a taxação de grandes fortunas se relaciona com a desigualdade no Brasil?

(2) Como se organiza, de forma geral, a estrutura tributária brasileira?

(3) Quais são os argumentos contrários e favoráveis à taxação de grandes fortunas no Brasil?

(4) O que é possível extrair das experiências de outros países em relação à taxação de grandes fortunas?

APRESENTAÇÃO
A desigualdade brasileira é estrutural, oriunda de processos históricos, em especial a escravidão.
Esta relação de desigualdade se retroalimenta: Na ausência de políticas públicas de distribuição de
renda, indivíduos em situação de pobreza tendem a permanecer nesta condição ou irem para uma
situação mais precária, ao passo que os indivíduos mais ricos tendem a perpetuar e expandir sua
riqueza, aumentando a desigualdade do país (ARRETCHE, 2018).
Este fator contribui para que o Brasil seja o nono país mais desigual do mundo de acordo com
os dados mais recentes do Banco Mundial1 (THE WORLD BANK, 2021). Apesar do Brasil ser o 4º país
com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)2 da América Latina, esta medida de análise
não considera a desigualdade social (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM, 2019), uma
vez que, segundo o índice de Gini, o Brasil ficaria atrás apenas de oito países: África do Sul, Namíbia,
Suriname, Zâmbia, São Tomé e Príncipe, República Centro-Africana, Suazilândia e Moçambique (THE
WORLD BANK, 2021).
Na classificação a respeito da concentração de renda, contudo, o Brasil ocupa o segundo lugar,
ficando atrás apenas do Catar. Segundo um relatório apresentado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), “a parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentram 42% da renda
total do país” (RELATÓRIO…, 2019, Online) no ano de 2019, tendo um aumento de concentração em
2020, como posto pelo relatório do IBGE: 10% dos ricos detêm 43% da renda nacional em 2020 (FORTE,
2020; PAMPLONA, 2020; UNDP, 2019).
É urgente no país, então, o debate sobre taxação de grandes fortunas. Este instrumento de
política tributária pode, além de ampliar a arrecadação de recursos públicos, pavimentar o caminho para
uma maior distribuição de renda e redução das desigualdades do país. Cabe à Câmara dos Deputados
(CD) legislar sobre o assunto, elaborando projetos de leis e emendas que tratem sobre o tema para que
possa ter um debate qualificado na plenária (FERREIRA FILHO, 2015).
Nesse sentido, a Câmara dos Deputados é o órgão de representação do povo brasileiro no
âmbito do poder legislativo. O Estado brasileiro é dividido em 3 poderes: Judiciário, Executivo e
Legislativo. O Judiciário é responsável por interpretar as leis e julgar casos de conflitos conforme as leis
constitucionais. O Executivo corresponde ao presidente, aos governadores e prefeitos, sendo o poder
responsável por executar as leis, propor planos de ação e criar políticas públicas. Já o Legislativo possui
a função de legislar, ou seja, criar e aprovar leis, além de fiscalizar a ação do executivo (FERREIRA
FILHO, 2015).
O poder legislativo brasileiro no âmbito federal é bicameral, sendo dividido entre a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal. A Câmara dos Deputados é por representação proporcional, sendo
mais numerosa (513 deputados), com número de representações diferentes conforme a população
de cada estado e com mandato de 4 anos. Já o Senado possui votação no sistema majoritário, com 3
representantes por estado e Distrito Federal, com um número total reduzido em relação à Câmara
(81 senadores) e mandato de 8 anos. Os papéis da Câmara são de representar o cidadão, votar as leis e
fiscalizar o governo. Apesar de compartilhar com o Senado Federal as funções de legislar e de fiscalizar,
este está associado à representação das unidades federativas, além de possuir outras funções exclusivas

1 O relatório mede a desigualdade com base no índice de Gini — índice que aponta a diferença de rendimento dos mais pobres em
relação aos mais ricos, variando de 0 (mais igual) a 1 (mais desigual) (THE WORLD BANK, 2021).
2 O IDH considera três dimensões (vida longa e saudável; conhecimento; e um padrão de vida decente) correspondentes a três
indicadores (expectativa de vida ao nascer; anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e PIB per capita) e seus respectivos
índices (UNDP, 2021).

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(FERREIRA FILHO, 2015).


A fim de trazer diversas perspectivas e envolver a sociedade na temática, o debate a respeito da
taxação de grandes fortunas será realizado na Câmara dos Deputados. Desta forma, os delegados e as
delegadas poderão analisar diferentes perspectivas e elaborar um projeto de lei a respeito do tema.

1 HISTÓRICO
Antes de discutir o sistema tributário brasileiro e a taxação de grandes fortunas no contexto do
Brasil, será feita uma retomada ao passado para ajudar a explicar a evolução da tributação dentro e fora
do país. Na primeira parte desta seção é abordada a evolução da taxação de grandes fortunas desde suas
formas mais antigas, passando até o período recente da história humana. Na segunda parte é feita uma
breve exposição do debate sobre a taxação de grandes fortunas no Brasil.

1.1 A EVOLUÇÃO DA TAXAÇÃO DE GRANDES FORTUNAS NO


ÂMBITO INTERNACIONAL
É possível dizer que o recolhimento de fundos obrigatórios por parte do Estado — ou seja, a
taxação — é um fato tão antigo quanto a existência do Estado em si. Civilizações da antiguidade3 já
implementavam diversos tipos de taxação antes mesmo da ascensão do sistema capitalista ou do
modelo de Estado contemporâneo; e mesmo sociedades que não possuem um grau de complexidade
comparável a essas civilizações por vezes incorporam algum mecanismo de recolhimento de fundos para
o financiamento de empreendimentos coletivos (A BRIEF..., 2021; MCLURE; NEUMARK; COX, 2020).
Apesar da pertinência da discussão hoje, os impostos sobre a fortuna4 também não são um
fenômeno recente. Os gregos, por exemplo, implementaram um sistema de taxação baseado na riqueza
já no quarto século a.C. (LYTTKENS, 1992). A tributação, todavia, se modificou ao longo da história
e assumiu ou expandiu sua funcionalidade para além da simples arrecadação para a manutenção
dos gastos do governo. A ascensão do capitalismo como sistema econômico e social não apenas
complexificou o sistema tributário e implementou um novo tipo de modelo de Estado, como também,
com o tempo, a questão dos tributos se tornou de importância central para os interesses da população.
Essa modificação ao longo dos séculos, como era de se esperar, também alterou o papel de impostos
sobre a fortuna e a discussão acerca de sua pertinência. Durante a Revolução Americana de 1776, por
exemplo, o tópico de uma tributação justa era fundamental, estendendo-se a questão também para a
elaboração de um tipo de tributação que tomasse a riqueza em consideração; assim como o foi para
a Revolução Francesa de 1789, em que a tributação injusta da população constituía uma das questões
centrais (MCLURE; NEUMARK, COX, 2020; SHACHTMAN, 2020).
Embora a pauta de uma tributação progressiva tenha sido relevante durante o século e meio
que se seguiu, a tributação sobre grandes fortunas em si adquiriu um status considerável somente após
as duas Guerras Mundiais. Apesar de possuir popularidade durante o período do Estado de bem-estar
social, a taxação direta sobre a fortuna passou por um período de declínio a partir da década de 1990.
Conforme aponta Carvalho Jr. (2011), todos os países da Europa Ocidental adotam ou já adotaram
o imposto (também conhecido como wealth tax, em inglês), com exceção da Bélgica, de Portugal e
do Reino Unido, sendo o imposto abolido na Áustria (1994), na Itália (1995), na Dinamarca (1997), na
Alemanha (1997), na Islândia (2005), na Finlândia (2006), na Suécia (2007), na Espanha (2008) e na Grécia
(2009). Dentre os motivos que podem ser citados para o declínio da taxação sobre grandes fortunas no
período, é possível citar a sua contribuição para a transferência de capital para países com menor carga
tributária, o alto custo administrativo em comparação ao retorno financeiro e as distorções na alocação
de recursos (JAKOBSEN et al., 2020; RISTEA; TRANDAFIR, 2020).
Recentemente, porém, a discussão acerca desse tipo de tributação foi reanimada perante
3 O primeiro sistema de tributação organizado pode ser atribuído ao Egito em torno de 3.000 a.C, mas a prática de tributar os habitantes
se tornou comum em muitas outras civilizações do período, sobretudo para a manutenção do sistema administrativo que regia àquelas
regiões. Alguns outros exemplos são a civilização chinesa, os Estados da Mesopotâmia e, na segunda metade da Idade Antiga (~4.000
a.C. a 476 d.C), os gregos e os romanos (MCLURE; NEUMARK; COX, 2020; WHITE, 2002).
4 Do ponto de vista de sua classificação entre os tipos de tributação, a taxação sobre a fortuna pode ser colocada em uma categoria
maior de tributação direta. Enquanto a tributação indireta se refere aos impostos transferíveis de pessoa para pessoa, como àqueles que
recaem sobre bens e serviços; tributação direta, àqueles intransferíveis, que dependem da situação particular do pagador de impostos,
como o imposto de renda (MCLURE; NEUMARK, COX, 2020).

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considerações acerca da desigualdade no mundo e a dramatização das questões sociais com a crise
financeira mundial de 2008 e suas consequências, em especial, um processo de desaceleração econômica
com impactos significativos para a população. Revertendo a tendência da década de 1990, países como
Islândia e Espanha reinstituíram a taxação como resposta à crise (CARVALHO JR, 2011). Dentre
os exemplos recentes, é possível mencionar a proposta do Ultra-Millionaire Tax Act of 2021 (Ato de
Taxação de Ultra-Milionários de 2021), encabeçado pela senadora norte-americana Elizabeth Warren
— pré-candidata à presidência norte-americana pelo Partido Democrata em 2020 — em parceria com
os congressistas Pramila Jayapal e Brendan Boyle. O projeto proposto possui como justificativa mais
importante as considerações sobre a desigualdade de distribuição de renda5 nos Estados Unidos.
O senador Bernie Sanders, outro pré-concorrente à presidência pelo Partido Democrata norte-
americano, também defendeu a tributação de grandes fortunas utilizando justificativas similares
(ULTRA-MILLIONAIRE, 2021; WARREN, 2021; WEALTH, 2021). Outro exemplo é a resolução de
2019 do Partido Social-Democrata Alemão (SPD) defendendo a reintrodução do imposto sobre grandes
fortunas no país (SPD..., 2019).
A América Latina também não escapou das dinâmicas derivadas da crise econômica mundial.
Como uma região profundamente marcada pela desigualdade em sua formação socioeconômica e
com uma parcela expressiva da população em uma situação de vulnerabilidade social, os problemas
de desaceleração econômica e injustiça social têm se apresentado de forma mais dramática diante dos
efeitos da crise. Assim, tal como em outras localidades, é possível apontar um movimento recente de
retomada do debate acerca da tributação de grandes fortunas como um mecanismo específico para
sanar parcialmente esses problemas. China, Peru e México, por exemplo, têm realizado debates acerca
da questão. No final de 2020, a Bolívia promulgou a Lei 1357, que aplica um imposto sobre grandes
fortunas anual e permanente a todos que viverem na Bolívia, incluindo estrangeiros, preservadas as
identidades dos milionários. Diante dos efeitos econômicos da Covid-19, em dezembro de 2020 o
parlamento argentino também aprovou a tributação temporária de grandes fortunas (AVANÇA..., 2021;
GILLESPIE, 2021).
É diante desse cenário de crise econômica e aumento de desigualdade, que traz em seu bojo
questionamentos acerca das injustiças do sistema econômico, que é possível refletir acerca das
proposições mais recentes sobre a tributação de grandes fortunas no Brasil. Na próxima subseção,
será explorada a história recente da taxação de grandes fortunas no país para oferecer um panorama
histórico e contextual da problemática no Brasil contemporâneo.

1.2 A HISTÓRIA RECENTE DA TAXAÇÃO DAS GRANDES


FORTUNAS NO BRASIL
Apesar de estar previsto na Constituição Brasileira de 19886, o imposto sobre grandes fortunas
(IGF) nunca foi regulamentado no Brasil através de uma lei complementar7 — portanto, ainda não está
em execução no país (BRASIL, 2021c). A necessidade de um projeto de lei que ofereça os parâmetros
para a implementação de uma tributação desse tipo gerou diversos tipos de proposição ao longo das
décadas, tanto na Câmara quanto no Senado Federal (ANDRETTA, 2019; MESSIAS, 2021).
O primeiro projeto de lei complementar foi de iniciativa do então senador Fernando Henrique
Cardoso, o PLP 162/1989, arquivado em 2007. Na Câmara, várias propostas de instituição do IGF foram
apensadas posteriormente, como as PLPs 108/89, 202/89, 208/89, 218/90 e 268/90. As iniciativas deram
origem ao PLP 202-B/1989, em tramitação até 2000, sendo aprovada pela Comissão de Constituição
e Justiça e Redação da Câmara (CCJR), porém rejeitada pela Comissão de Finanças e Tributação da
Câmara (CFT). Na época, o imposto não parecia atrativo por vários países europeus estarem abolindo
tributações semelhantes, além de não encaixar com a popularidade do incentivo a investimentos diretos

5 Hoje se reconhece que a tributação, de modo geral, não serve apenas para fins de financiamento do Estado, mas também para fins de
redistribuição de renda e estabilidade econômica (MCLURE; NEUMARK; COX, 2020).
6 Conforme o artigo 153, inciso VII (BRASIL, 2021c). Vale apontar, como um imposto de competência da União, assim, de instituição
e aplicação exclusivamente federal. Outra consideração relevante a respeito é que sua inclusão no texto constitucional foi por inspiração
no “Impôt sur les Grandes Fortunes” (imposto sobre as grandes fortunas), implantado na França em 1981 (CARVALHO JR, 2011).
7 “Diferem das Leis Ordinárias por exigirem o voto da maioria dos parlamentares que compõe a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal para serem aprovadas. Devem ser adotadas para regulamentar assuntos específicos, quando expressamente determinado na
Constituição da República. Importante: Só é preciso elaborar uma Lei Complementar quando a Constituição prevê que esse tipo de lei
é necessária para regulamentar uma certa matéria” (BRASIL, 2021b, Online).

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estrangeiros, a globalização econômica e a poupança (CARVALHO JR, 2011).


Em 2008, revitalizando as discussões sobre o IGF, o senador Paulo Paim, por meio do PLS 128/2008
apresentou uma nova proposta, consideravelmente distinta das anteriores e incluindo uma multa por
subvalorização ou omissão de propriedades, mas rejeitada ainda em 2010. Mesmo com senadores
defendendo o projeto e argumentando sua importância para combater a desigualdade, prevaleceram as
críticas à tentativa de criar um novo imposto. Na ocasião, afirmou-se que era preferível o estabelecimento
de um imposto de renda mais progressivo e a taxação de renda formadora do patrimônio, notoriamente
pouco tributado, como heranças e doações. Paralelamente ao embate no Senado, a deputada Luciana
Genro, elaborou o PLP 277/2008, ainda em tramitação (CARVALHO JR, 2011).

2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
A questão da taxação de grandes fortunas faz parte de uma disputa de interesse entre diversos
grupos sociais para com o orçamento público brasileiro, estratégias de desenvolvimento e políticas
de equidade. Tais questões serão debatidas nas seções a seguir, a fim de entender melhor o tópico de
debate.

2.1 A ESTRUTURA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA


A estrutura tributária brasileira é dividida entre os impostos federais, estaduais e municipais.
Existem diferentes tipos de impostos, sendo alguns exemplos de impostos federais o Imposto sobre
Importação (II), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Imposto sobre Produto Industrializado
(IPI), o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); e exemplos de
imposto estadual o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de imposto municipal
o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) (SENADO FEDERAL, 2021?).
Esta arrecadação da União por meio de impostos possui quatro funções norteadoras: (i)
função estabilizadora por meio de política fiscal; (ii) função alocativa através da destinação de verbas
a determinados setores da economia que o governo julgue estratégicos; (iii) função distributiva, que
infere na distribuição de renda entre regiões e/ou classes sociais; e (iv) função negativa, que serve para
corrigir e minimizar problemas que podem impactar a economia. Nesta última função se enquadram
diversas ações do Estado, podendo ser desde estratégias para reduzir a poluição e a desigualdade social
até mecanismos que garantam concorrência perfeita (YUMI, 2020).
Existem três tipos de sistemas tributários: progressivo, neutro e regressivo. Em um sistema
tributário progressivo, a participação dos impostos na renda nacional — incluindo impostos diretos,
como o Imposto de Renda, e indiretos, como os impostos sobre mercadorias — aumenta conforme o
crescimento da renda. Já em um sistema neutro, a porcentagem da participação dos impostos na renda
do indivíduo é igual, independente dela ser maior ou menor; e, em um sistema regressivo, a participação
dos impostos na renda do indivíduo diminui conforme aumenta a sua faixa de rendimentos (AQUINO,
2009; YUMI, 2020).
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a legislação tributária brasileira é definida
como progressiva. Diversas análises, contudo, colocam que este sistema é menos progressivo do que
se propunham os legisladores em 1988, com, inclusive, a maioria dos teóricos classificando o sistema
brasileiro como regressivo. Isto se deve por diversos motivos, um deles se refere a uma grande carga
tributária em relação ao consumo — a exemplo do Imposto sobre Produto Industrializado e o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias (AQUINO, 2009).
Estes impostos indiretos recaem de forma mais intensa na população de baixa renda, que utiliza
a maior parte de seu orçamento familiar para suprir necessidades básicas de consumo. Isso significa
que os pobres consomem um maior percentual da sua renda em comparação aos ricos. No Rio Grande
do Sul, segundo a Secretaria da Fazenda (2020, Online), “famílias com renda de até R$1.908 destinam
cerca de 14,7% de sua renda monetária para o ICMS embutido em seu consumo. Já as famílias mais
ricas, com renda acima de R$23.850, por exemplo, utilizam apenas 3,4% da sua renda monetária para o
mesmo fim”. Além disso, muitos bens consumidos pelos mais ricos não possuem uma carga tributária
tão elevada em relação aos bens comuns — como embarcações e aeronaves particulares serem isentas
de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) (AQUINO, 2009; LEITE, 2015).
Outro fator que impacta no caráter regressivo é que certos tipos de renda possuem menor

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tributação em relação a outras. Por exemplo, “ganhos de capital são tributados a alíquotas mais baixas
do que a renda do trabalho” (AQUINO, 2009, p. 19), o que se soma ao fato de que os mais ricos tendem
a possuir maiores opções de contas de poupança isentas de tributação. Além desta questão do imposto
de renda, é importante ressaltar que outros tributos, como imposto na folha de pagamento ou impostos
sobre propriedades, incidem de formas distintas (AQUINO, 2009).
A Constituição Brasileira de 1988 coloca a redução da desigualdade e a promoção de uma
sociedade igualitária e fraterna como central, além de destacar que o “combate às causas e fatores
da pobreza e marginalização é dever comum de todos os entes da Federação” (ALVES, 2012, p. 70). O
debate a respeito do Imposto sobre Grandes Fortunas se insere neste sentido, sendo necessário analisar
os pontos favoráveis e contrários deste tipo de tributação, como será apontado nos tópicos a seguir.

2.2 PROPOSTAS DE IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS (IGF)


Segundo uma pesquisa realizada pelo Insper, diante da necessidade de expansão de gastos
públicos em decorrência da pandemia da Covid-19, os deputados e senadores apresentaram 25 projetos
de imposto sobre grandes fortunas no Congresso brasileiro em 2020. A adição desses projetos dobrou
o total de propostas formalizadas no Parlamento desde 1989 (MESSIAS, 2021).
Um exemplo desses projetos recentes é o Projeto de Lei Complementar (PLS) 77/2020 de autoria
do deputado Luis Miranda (DEM), que institui imposto sobre o conjunto de todos os bens e direitos,
situados no país ou no exterior que excedam o total de R$20 milhões. De acordo com o projeto, as alíquotas
que incidirão sobre o montante tributado variam de 1% a 3%, quanto maior for o valor do patrimônio
(BRITO; GRAÇA, 2020). Outro exemplo recente, o Projeto de Lei (PL) 964/2020 de autoria do deputado
Helder Salomão (PT), que considerava fortuna o patrimônio de valor superior a R$50 milhões, previa a
aplicação do imposto de maneira progressiva — ou seja, aumentando de acordo com o volume da fortuna
— e a destinação dos recursos da arrecadação para as ações emergenciais de combate à pandemia da
Covid-19. No Senado, é possível citar o caso do PLP 50/2020, que estabelece a tributação temporária, além
de empréstimos compulsórios sobre as grandes fortunas (BRITO; GRAÇA, 2020).
A discussão sobre o IGF no Brasil também tem ganhado força diante do contexto da reforma
tributária proposta pelo ministro da economia Paulo Guedes, que impulsiona reflexões sobre o sistema
tributário brasileiro. Atualmente, existem três propostas para a reforma: a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 45/2019, da Câmara dos Deputados; a PEC 110/2019, do Senado Federal; e o PL
3887/2020, do governo federal (CENOFISCO, 2021). Dentre as iniciativas recentes anteriores à pandemia,
é possível mencionar o Projeto de Lei do Senado (PLS) 139/2017, de autoria da senadora Vanessa
Grazziotin do PCdoB, que previa faixas de tributação para milionários de acordo com a renda, além da
PLP 183/2019, de autoria do senador Plínio Valério (PSDB). Ambos utilizam como base a taxação sobre
patrimônios líquidos acima de um determinado número de vezes o limite de isenção do imposto de
renda8 (SCHWINGEL, 2020; ZOGBI, 2017).

2.3 ARGUMENTOS CONTRÁRIOS


Um dos principais argumentos contra a taxação de grandes fortunas é a fuga de capitais. A fuga
de capitais ocorre quando as pessoas residentes de um país levam seu capital para outro país, ou seja,
levam suas fábricas ou aplicam seu dinheiro no exterior. O aumento de impostos poderia provocar a
fuga de capitais porque os proprietários podem desejar minimizar seus pagamentos para o governo se
transferindo para outros países9. Um exemplo de fuga de capitais em parte provocada pela tributação foi
a retirada de empresas brasileiras para o Paraguai. Estima-se que entre 2013 e 2015 quase 400 empresas
foram levadas ao Paraguai em missão comercial, atraídas pelos menores custos de produção e baixos
impostos (BARRETO, 2016; SANTOS, 2020).
Ademais, os cidadãos brasileiros possuidores de grandes fortunas poderiam mudar sua cidadania
e transferir os seus recursos para outros países com uma carga tributária menor. Esse fenômeno
ocorreu na França, que resolveu implementar uma tabela de impostos que chegava até 75%, em 2012.
8 Em determinadas condições, o contribuinte, ou seja, o pagador de impostos, não é obrigado a declarar seu imposto de renda — como,
por exemplo, se não ultrapassar a renda mínima proposta pela Receita Federal. Considera-se esses contribuintes em situação de isenção
do imposto de renda. Essas propostas de taxação de grandes fortunas colocam esses limites de isenção por renda como a base de cálculo
para a tributação de grandes fortunas (CAVALLINI, 2021; SCHWINGEL, 2020).
9 A fuga de capital também pode ser ocasionada por cenários de instabilidade política e desvalorização cambial (SANTOS, 2020).

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O resultado foi a busca de franceses ricos por uma nova cidadania. Com o desastre propagado pela
medida, o presidente francês na época, François Hollande, baixou a alíquota para 50% e depois teve
que desistir totalmente desta ideia, não renovando-a para 2015 (BARRETO, 2016; SANTOS, 2020). Uma
outra crítica ao imposto sobre grandes fortunas é o fato de se tratar de uma medida intervencionista,
ou seja, uma interferência governamental na economia do país. Segundo os que defendem esse
argumento, o imposto sobre as grandes fortunas impediria o funcionamento regular do mercado e a
livre concorrência, causando desequilíbrios e distorções que poderiam prejudicar o funcionamento da
economia (SANTOS, 2020).
O aumento de impostos também poderia estrangular a economia, impedindo que parte do
dinheiro acumulado em grandes fortunas gere retornos positivos possíveis para a sociedade através
de consumo e investimento. Ademais, argumenta-se que o Brasil já arrecada impostos demais e possui
dificuldades para retornar esses impostos para a sociedade. Ambos os argumentos se ligam ao fato de
que aumentar impostos nem sempre significa aumentar a arrecadação. Se um país tira cada vez mais
impostos de seus contribuintes e, ainda, com um baixo retorno à sociedade, isso estimula a sonegação
e desestimula a produtividade (BARRETO, 2016; SANTOS, 2020).
Mais um argumento se refere à suposta baixa capacidade de arrecadação do imposto sobre
grandes fortunas. Considerando, por exemplo, os dados de arrecadação de países que ainda cobram
tributo similar ao IGF, o percentual da arrecadação em relação aos demais tributos é baixo. Segundo
dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2019, na Noruega,
era de 1,1%; na Espanha, de 0,5%; e, na França, de 0,2% do total da arrecadação. Como parcela do
Produto Interno Bruto (PIB)10, esses percentuais eram de 0,2%, 0,4% e 1,1% respectivamente. Ademais,
é necessário um debate mais profundo quanto ao que seria uma grande fortuna, posto o fato de que há
uma grande variação na definição, incluindo projetos em andamento no Congresso (ALVIM; LONGO,
2021; MELLO, 2015).
É possível, ainda, assumir a posição de que a criação da taxação sobre as grandes fortunas
é justa, mas não resolveria os problemas de arrecadação do país, considerando seu baixo potencial
arrecadatório. Portanto, a taxação deveria ser combinada com a mudança de outros impostos sobre
patrimônio e renda (ALVIM; LONGO, 2021; CARRANÇA, 2020).

2.4 ARGUMENTOS FAVORÁVEIS


Um dos principais argumentos para a taxação de grandes fortunas se refere à criação de um
sistema tributário mais justo e progressivo. O Brasil é um país profundamente desigual, tanto do ponto
de vista socioeconômico quanto do ponto de vista da arrecadação tributária. Proporcionalmente à
renda, a população pobre paga muito mais impostos do que os ricos. Parte do problema tem a ver com
o peso da tributação sobre o consumo, que mais pesa sobre o bolso do cidadão comum, que consome
mais em proporção ao que recebe (INTROÍNI, 2020).
O imposto sobre a renda no Brasil também ajuda a explicar a desproporcionalidade na
contribuição tributária entre cidadãos ricos e pobres. Mesmo se for considerada a tributação sobre a
renda no Brasil, indica-se que esse tipo de tributação recai fundamentalmente sobre os rendimentos
do trabalho. Isso se explica pelas desonerações em relação aos impostos sobre lucros e dividendos11 em
comparação a outros tipos de imposto sobre renda. A título de exemplo: empresários que recebem mais
de 320 salários mínimos por mês sofrem uma carga média do Imposto de Renda da Pessoa Física em
torno de 2%. Em média, dois terços da renda dos mais ricos, empresários ou não, é isenta, por conta dos
mecanismos de alívio tributário às rendas do capital (INTROÍNI, 2020).
Liga-se à questão da tributação regressiva no Brasil, o fato de que a taxação sobre grandes
fortunas contribuiria para a redistribuição de renda, à medida que os impostos arrecadados contribuíram
para repassar o dinheiro antes concentrado em poucas mãos privadas para a população. O imposto
sobre grandes fortunas, portanto, favoreceria o desenvolvimento econômico e social, traria melhorias
na distribuição de renda e diminuiria a tributação sobre as camadas mais pobres da população. Além
disso, se considerarmos que a economia brasileira é puxada em parte pelo consumo das famílias, uma
tributação menos onerosa sobre o consumo seria benéfica para a economia. No mais, não prejudicaria

10 O produto interno bruto (PIB) é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, na
indústria e nos serviços. O objetivo é medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região (NAIME et al., 2010).
11 Dividendos são parcelas do lucro distribuídas aos acionistas de uma empresa (LARGHI, 2021).

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empreendedores menores, posto o fato de que a tributação recairia somente sobre aquelas parcelas da
população particularmente abastadas (INTROÍNI, 2020; MELLO, 2015).
Argumenta-se também que a questão de fuga de capitais seria superficial, uma vez que existem
mecanismos para regular a saída e a entrada de capitais no país, além do fato de que nem sempre é
fácil transferir alguns tipos de capital — como, por exemplo, uma indústria — para outras localidades.
Também se argumenta que o Brasil, em comparação com os outros países, tributa muito menos em
proporção ao patrimônio. Soma-se a isso o fato de que a tributação sobre grandes fortunas tem sido
reintroduzida em diversos países durante os últimos anos. Quanto à questão da evasão fiscal, argumenta-
se que a Receita Federal e os órgãos de fiscalização teriam instrumentos suficientes, inclusive do ponto
de vista tecnológico, para combater o problema — especialmente se considerarmos que a parcela da
população que pagará o imposto será bastante pequena (INTROÍNI, 2020; SANTOS, 2020).
No que diz respeito à arrecadação possível pela taxação, é possível afirmar primeiramente, que
as estimativas podem ser otimistas, de acordo com a configuração do imposto. Com base nos dados
agregados dos declarantes do Imposto de Renda da Pessoa Física, é possível estimar uma arrecadação
entre R$30 e 60 bilhões. O economista Amir Khair estima, por sua vez, que a arrecadação do IGF
poderia ultrapassar R$100 bilhões por ano se aplicada uma alíquota média de 1%. Além disso, a taxação
não teria necessariamente a ver com a arrecadação, mas sim com o objetivo de reduzir a desigualdade.
Nesse sentido, a tendência é que, conforme a distribuição de renda se torne mais justa, esse tipo de
tributação tende a ser proporcionalmente menor (CARRANÇA, 2020; INTROÍNI, 2020; MELLO, 2015).
O intervencionismo, por sua vez, só seria negativo se considerarmos a visão moderna da
economia de livre mercado. O imposto, na verdade, à medida em que incidisse sobre os atores mais
ricos, nivelaria as capacidades desses atores competirem no mercado e concorrerem em pé de igualdade
(SANTOS, 2020). Ademais, como já mencionado, a taxação de grandes fortunas já está prevista na
Constituição de 1988, necessitando de uma lei complementar para a sua regulamentação. A taxação de
grandes fortunas, pois, não representa nenhuma medida extraordinária ou imprevista do ponto de vista
das instituições brasileiras (BRASIL, 2021a; PARA..., 2020).

3 SISTEMAS COMPARADOS
A criação de um imposto sobre grandes fortunas voltou ao debate sobre equilíbrio fiscal,
progressividade tributária e justiça fiscal em decorrência da pandemia da Covid-19, que deixou milhões
de pessoas desempregadas e diminuiu drasticamente a capacidade de arrecadação dos governos
(VILELA, 2020). O IGF já foi implementado e abandonado em dezenas de países, porém a discussão
sobre a sua efetividade ainda não chegou em uma resposta consensual. Sabe-se que a intenção de criar
um imposto sobre grandes fortunas acaba ganhando força, principalmente por parte da população,
em períodos de crise, quando é necessário ampliar o financiamento das ações governamentais nas
áreas de saúde, educação, infraestrutura básica, programas de incentivo ao emprego e políticas de
combate à pobreza (PEREIRA, 2018). Como ressaltado por João Pedro Loureiro Braga e Manoel Pires
do Observatório de Política Fiscal:

O apelo político é imenso tendo em vista sua elevada progressividade e percepção de


justiça social, pois trata-se de tributar uma pequena classe de pessoas muito abastadas da
sociedade. O raciocínio, normalmente, segue para concluir que como são pessoas muito
ricas, os governos teriam elevada arrecadação para financiar suas políticas (BRAGA;
PIRES, 2020, Online).

Convém observar os exemplos de alguns países em relação ao IGF. Na Argentina, na Espanha


e na França, os três países possuem impostos sobre grandes fortunas centralizados e cobrados apenas
sobre pessoas físicas. Na França e na Espanha, as alíquotas são progressivas. Na Argentina, a alíquota
é única (VILELA, 2020) e o governo arrecadou US$ 2,4 bilhões com o imposto sobre grandes fortunas
do país (ARGENTINA…, 2021).
Cumpre registrar que, na França, a cobrança do Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna
(ISF) gerou polêmicas pelas diversas tentativas de celebridades e autoridades do país em burlarem as
regras. O ator Gérard Depardieu, por exemplo, tentou fugir da tributação várias vezes, transferindo sua
declaração para países como Bélgica e Rússia (PEREIRA, 2018).

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Em Luxemburgo, no Uruguai e na Colômbia, o imposto sobre grandes fortunas também é


centralizado, e inclui, além de pessoas físicas, a riqueza declarada das empresas. Em Luxemburgo,
as receitas do imposto representam cerca de 1,8% do PIB do país. No Uruguai, abrange bens e ativos
financeiros acima de 113 mil euros e a receita representa cerca de 1% do PIB do país. Na Colômbia, o
IFG é cobrado sobre o patrimônio de pessoas que excedem mais de 266 mil euros (VILELA, 2020).
Nos casos de Noruega e Suécia, o imposto sobre fortuna é descentralizado, sendo arrecadado
pelos governos regionais, e cobrado apenas de pessoas físicas (as empresas não são taxadas). Na
Noruega, apenas quem tem bens e ativos financeiros acima de R$926 mil são tributados. Por ano, a
arrecadação desse tributo representa 0,5% do PIB do país. No caso da Suíça, o imposto sobre grandes
fortunas atinge 1,2% do PIB, segundo dados de 2015 (VILELA, 2020).
Em relação à Alemanha, o país já cobrou impostos dos mais ricos da população, mas o governo
considerou a tributação pouco atraente e decidiu encerrar a cobrança em 1997. Uma crítica recorrente
ao IGF era que a tributação afugentava a manutenção da riqueza no país, principalmente em relação
aos bens móveis. Atualmente, o país cobra apenas o imposto sobre a renda, como acontece no Brasil
(VILELA, 2020).
Por fim, cumpre discutir sobre a destinação dos recursos obtidos através do sistema de tributação
e o arranjo de políticas públicas que deles decorrem. Destaca-se o caso da Argentina, que adotou o
IGF como uma medida emergencial para o enfrentamento da pandemia, na qual 20% dos recursos
arrecadados serão destinados à compra de equipamentos médicos, 20% serão destinados às pequenas
e médias empresas, outros 20% a um programa de bolsas de estudo, 15% para investimento em saúde
e habitação em bairros pobres, e 25% para projetos de desenvolvimento e energia. Esta dimensão — a
alocação dos recursos do IGF, seu propósito e arranjo institucional — não pode ser negligenciada
ao comparar diferentes sistemas/projetos de tributação e deve ser destacada (AVANÇA..., 2021;
GILLESPIE, 2021).

4 BLOCOS DE POSICIONAMENTO
O Democratas (DEM) possui uma posição contrária à taxação de grandes fortunas, alegando
que tal medida acarretaria a fuga do empresariado brasileiro para o exterior. Apesar de apresentar um
projeto de lei com uma medida temporária de taxação para combate da Covid-19, Rodrigo Maia (DEM-
RJ), presidente da Câmara na época, não colocou a medida em votação, alegando não ser uma medida
viável para o contexto brasileiro e não estar em sua agenda política (BERNARDES, 2008; ELIAS, 2021;
MAZIEIRO, 2020).
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) apresenta uma posição ambígua no que tange
à taxação de grandes fortunas: o partido não possui posição oficial nem favorável nem contrária à
proposta. Renan Calheiros, em 2015, quando presidente do Senado, introduziu a pauta de taxação
de heranças, além de alas do partido votarem a favor de medidas de tributação progressiva — tendo
inclusive projetos de leis apresentados neste sentido. Outras alas mais conservadoras se colocam
contrárias a estas medidas, tendo posições fortes em oposição a este tipo de taxação, pois acreditam ser
prejudicial para a economia (ELIAS, 2021; MORTARI, 2015; REFORMA..., 2020).
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) também defende fortemente a taxação de grandes
fortunas, inclusive alavancando com outros partidos de esquerda uma proposta de reforma tributária
que incluía a taxação, em 2019. Segundo a argumentação do partido, a taxação auxiliaria na diminuição
das injustiças da tributação e da desigualdade social no Brasil, sem afetar as classes média ou baixa
(PCdoB, 2019; PEREIRA, 2020).
O Partido Democrático Brasileiro (PDT) apresenta posição favorável à taxação de grandes
fortunas. O PDT já apresentou mais de uma proposta com este tema, além de defender uma reforma
tributária progressiva. Em 2019, os partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro, PDT, PSOL, PT,
Rede e PCdoB apresentaram conjuntamente uma proposta de emenda à reforma tributária do governo
adicionando a taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos. Durante a pandemia, o partido reiterou
seu compromisso com a distribuição de renda via tributação, defendendo a taxação tanto para arrecadar
recursos para pagar o auxílio emergencial, como para investimentos em saúde (COSTA, 2019; PDT, 2020).
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) tem uma posição dividida acerca da taxação.
Enquanto membros como o deputado Luiz Carlos Hauly se posicionam contra o IGF, outros como o
senador Plínio Valério oferecem uma posição favorável. De fato, este inclusive lançou uma proposta

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de IGF permanente durante a pandemia, considerando a necessidade do aumento de arrecadação no


período e projeto ainda está em tramitação (BRASIL, 2021c; MIRANDA, 2015; SENADOR..., 2020).
O Partido dos Trabalhadores (PT), o maior partido de esquerda da América Latina, se posiciona
de maneira fortemente favorável à taxação de grandes fortunas. De fato, o PT já apresentou algumas
propostas para a taxação de grandes fortunas, como o Projeto de Lei Complementar (PLP) 130/2012,
além de ter reiterado a necessidade do imposto diante da pandemia da Covid-19. O PT defende
vigorosamente a redução das desigualdades e da injustiça social, o que passa por uma tributação mais
justa para a população e, portanto, pela taxação de grandes fortunas (DIRCEU, 2021; FERREIRA, 2015;
MARETTI, 2020; PARA..., 2020).
O Partido Liberal (PL) se coloca extremamente contrário a todas as propostas de taxação de
grandes fortunas, pois acredita causar fuga de capital e de empresários do país. Mesmo no contexto
de pandemia, alegando que tal medida não é possível e, com a saída de capital, o país perderia mais
recursos do que arrecadaria, pois os empresários não iriam querer manter suas riquezas no Brasil (PL-
TV, 2020).
O Partido Novo se coloca fortemente contra a taxação das grandes fortunas. O Novo possui
uma tendência liberal e fortemente inclinada à defesa da iniciativa privada, advogando a favor da
diminuição da participação do Estado na economia, incluindo na forma de tributação. No contexto
de crise da Covid-19, o líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime, afirmou que a taxação de grandes
fortunas poderia causar a saída dos ricos do Brasil, ou seja, fuga de capitais; além de não resolver o
problema da crise (MOTA, 2020; NOVO, 2020).
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) historicamente se posiciona em defesa de um modelo
tributário mais progressivo. Já no debate da reforma da Previdência de 2019, o partido apresentou
propostas para combater os privilégios em termos de contribuição aferidos a indivíduos de maiores
fortunas, propondo impostos sobre lucros e dividendos de pessoas físicas. Durante a pandemia, o
partido apresentou mais de um projeto de taxação de Grandes Fortunas, Lucros e Dividendos na Câmara
dos Deputados, com propostas de taxações permanentes e temporárias (PARTIDO SOCIALISTA
BRASILEIRO, 2019, 2020).
O Partido Social Liberal (PSL) se coloca contrário à taxação de grandes fortunas como medida
permanente para o Estado brasileiro. O partido acredita que tal medida causaria a saída de capital
do país, o que prejudicaria a economia. Na situação de pandemia da Covid-19, contudo, o Senador
Major Olímpio de São Paulo foi relator de um projeto de taxação de grandes fortunas, incluindo a
temporalidade deste imposto para dois anos a partir de 2020 e a destinação dessa verba arrecadada
(SENADO FEDERAL, 2020).
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) possui a taxação de grandes fortunas como
pauta histórica. Em 2019, o partido apresentou ao STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
por Omissão (ADO), pois acredita que o modelo tributário brasileiro não condiz com a distribuição
prevista na constituição, exigindo uma tributação de grandes fortunas. O partido apresentou diversas
propostas com essa temática ao longo dos anos, reforçando sua posição durante a pandemia da Covid-19
(TAXAÇÃO..., 2020; MIAZZO, 2021).

5 QUESTÕES PARA DISCUSSÃO


(1) Qual o conceito de grandes fortunas? A partir de que quantidade as fortunas são consideradas
grandes para taxação?

(2) Qual a porcentagem da alíquota considerada eficiente para arrecadar fundos consideráveis deste
imposto?

(3) Considerando a possível insatisfação dos portadores das grandes fortunas diante desta taxação, há a
possibilidade de ocorrer uma fuga de capitais do país e sonegação fiscal? Quais seriam as consequências
possíveis? O que fazer para evitar esses fenômenos?

(4) Em relação a o que taxar especificamente, a melhor forma é cobrar o imposto de forma centralizada
ou descentralizada? Ou seja, é melhor taxar o patrimônio bruto, o patrimônio líquido, as próprias
empresas ou as transações? Ou todos?

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(5) Quais são os grupos de interesses e atores envolvidos na discussão à taxação das grandes fortunas?
Quem mais se beneficiaria e quem menos se beneficiaria de um eventual aumento na taxação?

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ISSN: 2318-6003 | V.9, 2021 CÂMARA DOS DEPUTADOS • 112

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