Você está na página 1de 17

DIREITO DO TRABALHO

NA

ROMA ANTIGA
CONTEÚDO
01 CONTEXTO

02 O DIREITO DO TRABALHO EM ROMA

03 DÚVIDAS

04 EXTRA
CONTEXTO
Os povos sem escrita
O direito dos povos que viveram antes da escrita eram
(i) muito abstratos, (ii) diversos entre si (apesar de
haver algumas coincidências), (iii) interligado à religião
e (iv) estavam em formação.

O direito se baseava nos costumes quase que


exclusivamente e era obedecido pelo temor ao
sobrenatural e o medo de ser rejeitado pelo grupo.
Neste momento, os laços familiares e o culto aos
antepassados geravam uniões entre famílias: os clãs, que
viviam com base na coesão dos membros e em uma relação
de confiança mútua.

Os grupos sociais eram então formados por clãs que viviam


agrupadamente.

Não havia o Direito de Propriedade como conhecemos, a


terra era inalienável e sagrada, pertencendo a todos e os
bens eram, geralmente, de uso comum.

O trabalho é primordialmente coletivo, buscando a


sobrevivência do grupo e com baixo grau de especialização.

Aos poucos, porém, esses grupos passaram a se fixar,


cultivar e comercializar.
Com o sedentarismo de alguns grupos, a propriedade
privada começa a se solidificar, aparecendo primeiro como
propriedade familiar e depois individual.

Aos poucos surgem as primeiras cidades e a propriedade


do solo e de outros bens. O comércio se intensifica.

O trabalho, antes comum começa a tomar novas formas.


Surgem as primeiras sociedades com escravos.
A história de Roma seguiu esse padrão. No Lácio (parte
central da Itália atual) havia algumas tribos (Ramnes, Tities
e Luceres), sendo que cada uma era composta por cúrias
(divisões locais de certo número de pessoas).

Esses grupos passaram pelo processo descrito


anteriormente, se fixando na região, constituindo clãs e
desenvolvendo relações.

A base desses clãs era o pater familias e todos os


membros deles se viam como descentente de um ancestral
comum. Daí surgia a reciprocidade clãnica.

Esses clãs passaram a adotar o sistema monárquico e aos


poucos a cidade de Roma foi sendo fundada.
Nesse momento, o trabalho livre existia, ligado à
sobrevivência e ajuda ao clã, mas aos poucos, com a
existência da propriedade sobre a terra e o comércio, surgiu
o trabalho escravo. Roma se torna uma sociedade com
escravos.
Os Clientes Os Plebeus

Alguns estrangeiros que eram vencidos em A plebe tem uma origem obscura. Era um grupo
guerras, outros que chegavam emigrados e de pessoas que vivia na cidade mas não era
alguns escravos librertos se tornavam "vassalos" cidadã. Possivelmente eram estrangeiros
de alguns membros desses clãs (os patrícios). derrotados mas que estavam sob a proteção do
Estado Romano.

O restante da história é como nós estudamos com o


professor.

Roma foi se desenvolvento, mudou seu sistema político


administrativo para o republicano (e posteriormente para
imperial), as terras foram cada vez mais acumuladas e
apropriadas pelos patrícios e o comércio e a guerra se
intensificaram.

O uso do trabalho escravo foi se intensificando mais e mais


até se tornar base fundamental da soedade Romana,
transformando-a em uma sociedade escravista. A guerra
era a principal maneira de angariar escravos, já que havia
uma demanda interna por ela, como mostrou Finley.
O DIREITO DO
TRABALHO EM ROMA
QUAIS TRABALHOS
EXISTIAM EM ROMA?
MAGISTRATURA EXÉRCITO COMÉRCIO ESCRAVIDÃO
A magistratura não era Inicialmente, o exército O comércio era O trabalho escravo em
vista exatamente como tinha como membros as exercido por alguns Roma era utilizado em
um tipo de trabalho. No pessoas das tribos patrícios, que vendiam quase todas as áreas.
início, exclusiva dos fundadoras. Com o suas produções Seja no âmbito
patrícios, mas também decorrer do tempo e a agrícolas, como vinho, doméstico, agrícola, de
passou a ter necessidade de mais por exemplo. Além mineração, ensino,
representantes da soldados (o império disso, também poderia artesanto, comércio,
plebe. Havia ainda os estava em expansão), ser praticado pelos administração pública,
escravos públicos que estrangeiros, plebeus e plebeus, clientes e até construção civil e até
serviam ao governo e até mesmo escravos estrangeiros. A mão de mesmo entretenimento
executavam tarefas libertos foram obra escrava era usada (gladiadores).
públicas as vezes até recrutados. na atividade pelos
mesmo administrativas comerciantes ou
ou contábeis. proprietários em geral.
TRABALHO LIVRE
A maior parte do trabalho livre em Roma era composto por
pequenos proprietários de terra, pequenos comerciantes,
artesãos e prestadores de serviço em geral, que
geralmente prestavam serviço sob um contrato.

Os trabalhadores livres deviam impostos ao governo e,


dependendo de sua classe social, poderiam ser
convocados para guerras ou trabalhos. Era comum que se
utilizassem de escravos para aumentar seus ganhos.

Aos poucos, surgiram alguns profissionais liberais, como


conselheiros jurídicos (similares a advogados), médicos,
adminsitradores, entre outros. Algumas dessas funções
poderiam ser feitas por escravos, como professor e
adminsitrador. Outras eram mais específicas de pessoas
livres e membros de classes superiores, como a função de
"advogado".
O CONTRATO DE TRABALHO
NO PAPIRO DE OXIRRINCO

O contrato de trabalho em questão foi encontrado


em um manuscrito datado de 260 d.C. nas
proximidades de Oxirrinco, próximo ao Cairo, no
Egito.

No papiro, existe um contrato de locação de 1/3 de


uma oficina para confecção de vasos e um contrato
de "locação de trabalho", segundo o qual o artesão
Claudianus receberia uma quantia parcelada em
troca do fornecimento de ânforas para armazenar
vinho.
O contrato detalhava exatamente as partes contratantes,
quais itens a oficina continha (como o forno, por exemplo),
quais as obrigações e direitos de cada um (por exemplo, o
artesão deveria receber um suprimento de argila e
combustível do forno para seu trabalho, além do
pagamento). O locatário poderia até mesmo se utilizar de
mão de obra de terceiros quando necessário.

Estipulava também o tempo de sua vigência e quando


deveria o artesão devolver a oficina (que deveria ser
entregue limpa).

Alguns estudiosos entendem que, na verdade, Claudianus


seria um tipo de escravo "privilegiado" que poderia prestar
serviços a terceiros, pagar seu dono e ficar com parte do
dinheiro de seu trabalho. Esse tipo de escravidão não era
muito comum em Roma, mas era um pouco mais na Grécia.
O contrato em questão nos mostra alguns pontos do
trabalho livre em Roma, se considerarmos Claudianus como
trabalhador livre, claro.

Nele, podemos perceber que o trabalho era mais


considerado dentro do direito obrigadcional civil, no qual
uma pessoa contrata com outra a prestação de um serviço
(até hoje existe o contrato civil de prestação de serviço,
que tem características específicas e que têm raízes
profundas no Direito Romano). Isso tem profundas
implicações no tratamento e julgamento de questões
relacionadas ao trabalho.

O ápice da produção jurídica Romana também acompanhou


o ápice do escravismo. Desta forma, o trabalho livre era algo
secundário na sociedade.

O Direito Romano forneceu ao mundo uma imensa


quantidade de jurisprudência e leis que basearam grande
parte do Direito Civil contemporâneo, além de outras áreas.
O Direito do Trabalho, portanto, quase não foi trabalhado
pelos romanos. Não haviam muitos julgados, leis ou
pareceres sobre esta área.

Ludovico Barassi em seu livro "A Codificação do Contrato


de Trabalho" (em tradução simples) aponta que o trabalho
inicialmente era extremamente mal visto, o que só veio a
mudar muito recentemente, com a visão de que o trabalho
é muito importante para a sociedade.

Ele demonstra que era parte do Direito das Obrigações e


que, com a complexificação da sociedade e das relações
comerciais, foi se especializando cada vez mais tornando-
se um ramo autônomo principalmente após a revolução
industrial e o grande uso da mão de obra assalariada
muitas vezes com caráter exploratório.

Por fim, o autor faz uma reflexão sobre como os Códigos


Trabalhistas atuais são fracos e falhos, o que é devido,
além do conflito de interesses dos patrões, à pouca base
que o Direito Romano ofereceu aos juristas do Trabalho,
diferentemente das demais áreas jurídicas.
DÚVIDAS?
EXTRA
Momento para tirarmos dúvidas sobre os fóruns ou itens gerais da faculdade.

FÓRUNS

Escrita: (i) simples, (ii) ordem direta, (iii) revisão, (iv) coesão e coerência, (v) dividir
em parágrafos separados por espaço e (vi) limite de palavras.

Assunto: (i) identificar os elementos essenciais da pergunta, (ii) citar o texto lido.

FACULDADE
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, J. F. R. M. Manual de História do Direito. 10a ed. São Paulo: Saravia Jus,
2022.

ALVES, J. C. M. Direito Romano. 20a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021

CORBINO, A. Diritto Privato Romano. Milão: Wolters Kluwer Italia S.r.l., 2019.

L. Barassi, Sui limiti di una codificazione del contratto di lavoro, in Il Filangieri,


XXIV, 1899, pp. III-XVII.

MEROLA, F. R. Lo Schiavo a Roma: strumento di lavoro e persona. Napoli: Satura


Editrice, 2022.

Você também pode gostar