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Aula 2: Aspectos neurológicos e


anatômicos da orelha

Material de Preparação

ASPECTOS NEUROLÓGICOS DA ORELHA


O pavilhão auricular, em suas faces anterior e posterior,
é sulcado por inúmeros filetes nervosos e por uma circulação
sanguínea constituída por extensa malha de vasos capilares.
Estes são numerosos na superfície da aurícula, enquanto os
filetes nervosos são mais profundos.
O pavilhão auricular recebe quatro pares de nervos,
distribuídos entre a face e o dorso auricular. Cada par se divide
em quatro outros pares de nervos sensitivos e um par de
nervos motores, perfazendo então vinte ramos nervosos
terminais.
Na face anterior do pavilhão os nervos sensitivos se
originam no nervo trigêmeo. Que dá origem ao ramo do nervo
patético e do nervo supra orbital, os quais se distribuem pela
região craniana anterior. Uma segunda malha do nervo

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zigomático-temporal se distribui pelo osso temporal. O terceiro
filete auriculotemporal distribui-se pela parte lateral do crânio,
pelo pavilhão auricular e pelo conduto auditivo externo.

Figura 1: Algumas inervações do pavilhão auricular. (Fonte:


ROMOLI, 2013).

A inervação da aurícula vinda dos quatro arcos viscerais


e do plexo cervical, para inervação cerebrospinal, e do plexo
perivascular simpático.
Do ponto de vista embriológico, a orelha representa uma
zona de convergência de diferentes arcos viscerais que
explicam por que a aurícula é inervada pelos quatro nervos
mistos e pelo plexo cervical. Mais especificamente, o arco
hióideo e o arco mandibular desenvolvem seis pequenas
elevações ao longo da primeira fissura ectodermal, crescendo

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ao redor da invaginação ectodérmica, que depois produzirá o
meato auditivo externo, indo para o placóide e os
componentes mesoblásticos da parte mediana da orelha.
Portanto, a aurícula é uma parte original do corpo, feita de pele
e cartilagem, na qual há um plexo neurovascular muito rico,
cominando fibras vegetativas mielinizadas e não mielinizadas,
capazes de gerar reação vascular intensa (orelha vermelha) em
várias circunstâncias. A aurícula pode realmente ser
considerada como um órgão neurovascular.

ANATOMIA DO PAVILHÃO AURICULAR

O pavilhão auricular está situado em ambos os lados da


cabeça, atrás da articulação temporomandibular e da região
parotídea, antes da região mastoidea e abaixo do temporal,
unindo-se a cabeça pela parte média do seu terço anterior.
Constituído por um tecido fibrocartilaginoso, com
sustentação de suas estruturas anatômicas, está formado
também por ligamentos, tecido adiposo e músculos. A parte
inferior do pavilhão, é rica em nervos, vasos sanguíneos e
linfáticos, mas os terços superiores deste são formados,
basicamente, por cartilagem, e o lóbulo da orelha é

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constituído, em sua maior parte, por tecido adiposo e
conjuntivo.
O pavilhão da orelha é coberto de pele aderente à
fibrocartilagem na face externa e é móvel na face interna. A
pele do pavilhão está separada da fibrocartilagem por um
tecido celular subcutâneo muito denso sobre a face externa
enquanto é frouxo sobre a face interna. A derme do pavilhão é
comparativamente mais espessa e, nesta se distribuem
glândulas sebáceas, sudoríparas, capilares, nervos e vasos
linfáticos. O tecido adiposo e as glândulas sebáceas são muito
abundantes nas imediações do conduto auditivo.

Figura 2: Nomenclatura anatômica (Fonte: Arquivo pessoal do


autor)

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Figura 3: Pavilhão da Orelha (Fonte: ROMILI, 2013).

O pavilhão é dividido, para seu estudo, em duas faces e


uma circunferência. Na sua face anterior se observa uma série
de proeminências alternando com depressões, que
circunscrevem uma escavação profunda, a concha, no fundo
da qual se abre o canal auditivo externo. As proeminências
presentes no pavilhão auricular são: hélix, anti hélix, trago e
antitrago. Além destes, o pavilhão da orelha é formado por:
lóbulo, raiz do hélix, tubérculo auricular, fossa triangular, fossa
escafóide, incisura supra trago etc.

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FACE ANTERIOR DO PAVILHÃO AURICULAR
Hélix: - O hélix é a mais excêntrica das proeminências do
pavilhão. Começa na cavidade da concha por uma crista
oblíqua para cima e para frente, a raiz do hélix; margeia em
seguida, a metade superior da circunferência do pavilhão,
primeiro para frente. depois para cima e logo para trás, e por
fim, termina na parte superior do lóbulo.
Raiz do hélix - Uma proeminência horizontal que divide as
conchas e que constitui o extremo ínfero-anterior do hélix.
Tubérculo auricular - Proeminência pequena na parte póstero
superior do hélix.
Anti-hélix - O anti-hélix: concêntrico à hélix ascende
paralelamente ao segmento posterior desta e se divide na
parte superior em dois ramos que limitam uma depressão
conhecida com o nome de fosseta do anti-hélix, fosseta
navicular ou triangular.
Fossa triangular- A depressão formada entre os ramos
superior e inferior do anti-hélix.
Fossa escafoide - Entre o hélix e o anti-hélix corre um sulco
curvilíneo, chamado canal do hélix, goteira do hélix ou fossa
escafoide.
Trago- O trago é uma proeminência aplanada, triangular
colocada antes da concha e debaixo do hélix. Que se projeta

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como um opérculo, para diante e por fora do orifício do
conduto auditivo externo. A base do trago está dirigida, para
diante e para dentro; o vértex livre, arredondado, olha para trás
e para fora.
Incisura superior do trago (supra-trago) - Uma depressão
formada pelo hélix e o bordo superior do trago.
Antitrago - O antitrago é igualmente uma pequena
proeminência triangular, situada abaixo do anti-hélix e por trás
do trago, do qual está separado por uma profunda
chanfradura, a chanfradura da concha.
Incisura do inter-trago - A depressão formada entre o trago e
antitrago.
Fossa superior do antitrago - Depressão pequena que se
forma entre o antitrago e o anti-hélix.
Lóbulo da orelha - Porção carnosa inferior do pavilhão da
orelha.
Concha - É uma profunda escavação limitada para frente pelo
trago e por trás pelo anti-hélix e o antitrago. A raiz do hélix
divide a concha em duas partes: uma superior e estreita
denominada concha cimba e outra inferior muito mais larga,
que é contínua como conduto auditivo externo chamada
concha cava.

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Orifício do conduto auditivo externo

FACE POSTERIOR DO PAVILHÃO AURICULAR

A face posterior do pavilhão está formada por quatro


eminências, quatro sulcos e três faces.

As três faces são:

1. Face dorsal do hélix.

2. Face dorsal do lóbulo.

3. Face que se localiza entre a parte dorsal da fossa


escafóide e o dorso do lóbulo

Os quatro Sulcos são:


1. Sulco posterior do anti-hélix
2. Sulco da cruz inferior do anti-hélix
3. Sulco da raiz do Hélix
4. Sulco do antitrago

As quatro eminências são:


1. Sulco posterior da fossa escafoide
2. Eminência posterior da fossa triangular
3. Eminência posterior da concha cava
4. Eminência posterior da concha cimba

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VASCULARIZAÇÃO DO PAVILHÃO AURICULAR

As artérias que irrigam o pavilhão auricular se originam da


artéria temporal superior e da artéria auricular posterior, ambos
ramos da artéria carótida externa.
ARTÉRIA TEMPORAL SUPERFICIAL (ramos auriculares
anteriores), irrigam a face anterior da orelha abrangendo o
trago, as conchas, a fossa triangular e parte da hélice.
ARTÉRIA AURICULAR POSTERIOR Irriga a face anterior e
posterior do pavilhão da orelha abrangendo as regiões do
lóbulo, hélice, anti hélice, escafa e parte do ramo superior.

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Figura 4: Principais ramos de irrigação e suprimento
sanguíneo do pavilhão auricular. (Fonte: UFSC, 2106).

MÚSCULOS AURICULARES

Os músculos auriculares se dividem em extrínsecos e


intrínsecos. Os extrínsecos conectam a orelha ao crânio e
couro cabeludo e movem a orelha como um todo. Os
intrínsecos conectam as diferentes partes da orelha.

Os músculos extrínsecos são os músculos: auricular


anterior, auricular superior e auricular posterior e os intrínsecos

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são os músculos: maior da hélice, transverso da orelha e
oblíquo da orelha.

Figura 5: Principais Músculos do Pavilhão Auricular (Fonte:


Arquivo do autor).

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Figura 6: Principais Músculos do Pavilhão Auricular (Fonte:
UFSC, 2016).

INERVAÇÃO DO PAVILHÃO AURICULAR

A inervação sensorial do pavilhão auricular é bastante


complexa e abundante. A orelha é inervada por 3 nervos
principais:

1. Nervo auricular magno (maior) do plexo cervical.


2. Ramo auricular do nervo vago (10º par de nervos
cranianos)
3. Ramo auriculotemporal do nervo trigêmeo (5º par de

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nervos cranianos).

Completa ainda a inervação da orelha: nervo occipital menor,


nervo facial, nervo glossofaríngeo.

Figura 7: Nervos Auriculares (Fonte: UFSC, 2016).

REPRESENTAÇÃO EMBRIOLÓGICA DAS REGIÕES


AURICULARES

Esse princípio terapêutico ocorre da hipótese


embriológica de que os órgãos e tecidos se desenvolvem a

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partir das 3 camadas germinativas do feto, o endoderma,
ectoderma e o mesoderma.
A orelha é uma das poucas estruturas anatômicas que
são constituídas por cada um desses 3 tipos de tecido
encontrado no embrião.

Figura 8: Tecido Auricular (Fonte: UFSC, 2016).

MESODERMA Temos a origem dos músculos esqueléticos,


músculos lisos, vasos sanguíneos, ossos, cartilagem,
articulações, tecido conjuntivo, glândulas endócrinas, córtex
renal, músculo cardíaco, órgãos urogenitais, útero, tubas

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uterinas, testículos e células sanguíneas da medula espinhal e
tecido linfático.

ENDODERMA Temos a origem da maioria dos órgãos internos


(exceto o coração e os rins) como: o estômago e os intestinos,
pulmões, tonsilas palatinas (amígdalas) fígado, pâncreas,
sistema urinário, glândula tireóide, glândulas paratireoides e o
timo.

ECTODERMA Origina a pele, medula espinhal, regiões


subcorticais e os nervos, glândula pineal, hipófise, medula
renal, cabelo, unhas, glândulas sudoríparas, córnea, dentes,
mucosa nasal e lentes oculares.

Do ponto de vista embriológico, podemos observar que


o pavilhão auricular é uma zona de convergência complexa e
rica, capaz de gerar uma reação reflexa em várias regiões do
corpo.

ZONAS REFLEXAS

As chamadas zonas reflexas se baseiam no conceito


do pavilhão auricular como microssistema em que é

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encontrada a representação de todos os órgãos e estruturas
do corpo humano.
De acordo com a representação embriológica e a inervação do
pavilhão auricular, a distribuição dos pontos e zonas reflexas
corresponde à posição de um feto invertido no pavilhão
auricular.

Figura 9: Posição Fetal (Fonte: UFSC, 2016).

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Figura 10: Zonas auriculares (Fonte: UFSC, 2016).

Esta nomenclatura foi estabelecida em 1990 pela OMS. Cada


zona auricular baseia-se na subdivisão proporcional das
principais estruturas anatômicas. Cada zona auricular é
identificada por uma abreviatura de duas letras para região
anatômica e um número que indica a subseção da área
anatômica.
Exemplo: LO = corresponde a estrutura anatômica Lóbulo da
orelha.

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Leitura Básica

Na obra Manual Prático de Auriculoterapia do Prof. Dr.


Marcos Lisboa Neves, você encontra o tema Fundamentos
da Auriculoterapia e poderá compreender melhor a
quantidade de ramificações nervosas auriculares.

Estudo complementar

Acesse o artigo ``Auriculoterapia: terapia milenar e


eficiente no tratamento de enfermidades ``e leia mais sobre
os benefícios dessa terapia e conheça os pontos auriculares.

Curiosidade

Nossos sentimentos demonstram sinais através do


corpo, e a Auriculoterapia pode agir como prevenção para
problemas emocionais e ajudar pacientes com questões
psicossomáticas. Acesse o vídeo Auriculoterapia: Entenda

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como os sentimentos mostram seus sinais no corpo da Rede
Vida e saiba mais.

Referências Bibliográficas

ROMOLI, M. Diagnóstico da Acupuntura Auricular. Editora


Roca. 2013.

UFSC. Formação em Auriculoterapia para profissionais de


saúde da Atenção Básica. Universidade Federal de Santa
Catarina, 2016.

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