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Ana Manuel João

René Descartes

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2023

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Ana Manuel João

René Descartes

O presente trabalho é de carácter


avaliativo a ser entregue no
Departamento de Letras e
Ciências Sociais na cadeira de
Introdução a Filosofia. 1o Ano/ Io
Semestre

Docente: dr. Faruque Abdul Amede

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2023

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Índice

Introdução......................................................................................................................4

René Descarte, Vida e obra............................................................................................5

Infância e Adolescência.................................................................................................5

Pensamento Cartesiano..................................................................................................7

Teoria Cartesiana do sistema circulatório......................................................................7

O Discurso Sobre o Método...........................................................................................8

O Método nas Meditações Metafísicas..........................................................................9

Frases de René Descartes:..............................................................................................9

Principais obras............................................................................................................10

Outras obras são:..........................................................................................................10

Descartes e a Filosofia.................................................................................................11

Principais Ideias de Descartes......................................................................................11

Geometria.....................................................................................................................13

O Método de Descartes e o Problema de Pappus........................................................14

Medicina......................................................................................................................15

Teoria do ato de reflexo...............................................................................................15

Conclusão.....................................................................................................................16

Referencias Bibliográficas...........................................................................................17

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Introdução

O presente trabalho tem como tema a Vida e obra de René Descartes. René Descartes
(1596-1650) foi um filósofo e matemático francês. Criador do pensamento cartesiano,
sistema filosófico que deu origem à Filosofia Moderna.

Ele é autor da obra “O Discurso sobre o Método”, um tratado filosófico e matemático


publicado na França em 1637. Uma das mais famosas frases do seu Discurso é “Penso,
logo existo”. Sua preocupação era com a ordem e a clareza. Propôs fazer uma filosofia
que nunca acreditasse no falso, que fosse fundamentada única e exclusivamente na
verdade.

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René Descarte, Vida e obra

Muito do que esta escrito sobre o início da vida de Descartes vem de uma biografia em
dois volumes, La Vie de Monsieur Descartes, escrita por Adrien Baillet em 1691.

René Descartes (1596 - 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês. Autor da
frase: "Penso, logo existo". É considerado o criador do pensamento cartesiano, sistema
filosófico que deu origem à Filosofia Moderna.

Sua preocupação era com a ordem e a clareza. Propôs fazer uma filosofia que nunca
acreditasse no falso, que fosse fundamentada única e exclusivamente na verdade.

René du Perron Descartes nasceu em La Hayne, antiga província de Touraine, hoje


Descartes, na França, no dia 31 de Março de 1596. Seu pai, Joachim Descartes, era
advogado e juiz, proprietário de terras, com o título de escudeiro, primeiro grau de
nobreza. Era também conselheiro no Parlamento de Rennes na vizinha cidade de
Bretanha1.

Infância e Adolescência

René Descartes estudou no Colégio Jesuíta Royal Henry Le Grand, que era estabelecido
no castelo De La Flèche. Sua mãe, Jeanne Brochard (1566 - 1597) morreu quando ele
tinha um ano2.

Doado aos jesuítas pelo rei Henrique IV, era o colégio mais prestigiado da França, tinha
com objectivo treinar as melhores mentes.

Segundo Duelci (2011) Os jesuítas foram os primeiros, na Europa, a


sistematicamente avaliar o trabalho dos alunos, classificando-os de bom a
ruim, do melhor ao pior. Eles o faziam atribuindo letras ou números e
consideravam não apenas o trabalho dos estudantes, mas também as
atitudes mentais e aptidões que o trabalho evidenciava como esforço,
assiduidade, inteligência, interesse, etc. E não apenas isso, mas os
professores também classificavam os estudantes em rankings de acordo
com as notas que obtinham. Isso ocorria em cada disciplina e em cada

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https://www.ebiografia.com/rene_descartes/ acessado em 22 de Abril de 2023.
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Idem

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turma. De fato, os professores iam ainda mais longe: instituíram signos
de honra e de desonra conforme as notas que os alunos alcançavam
Atribuíam lugares na sala de aula de acordo com o ranking e, ao final do
ano, havia celebrações nas quais as escolas homenageavam publicamente
os mais bem posicionados nesse ranking “dias de premiação”, como eram
chamados. Ao final do ano, havia também exames para decidir quais
alunos seriam promovidos para a classe mais avançada.

Descartes reconheceu que lá havia certa liberdade; no entanto, no seu "Discurso sobre o
método", declara a sua decepção, não com o ensino da escola em si, mas com
a tradição escolástica, cujos conteúdos considerava confusos, obscuros e nada práticos.

Em carta a Mersenne, diz que "os Conimbres são longos, sendo bom que fossem mais
breves (crítica já então corrente, mesmo nas escolas da Companhia de Jesus).

Descartes esteve em La Flèche por cerca de nove anos (1606-1615), "Descartes não
mereceu, como se sabe, a plena admiração dos escolares jesuítas, que o consideravam
um deficiente filósofo".

Em 1615, formou-se em Direito pela Universidade de Poitiers, mas não exerceu a


profissão. Decepcionado com o ensino, afirmava que só a matemática demonstrava
aquilo que afirmava.

Em 1617, René Descarte ingressou no exército do príncipe Maurício de Nassau, na


Holanda. Estabeleceu contacto com as descobertas recentes da Matemática estudando
com o cientista holandês Isaac Beeckman. Aos 22 anos, começou a formular sua
"geometria analítica" e seu "método de raciocinar correctamente".

Descartes rompeu com a filosofia de Aristóteles, adoptada nas academias. Em 1619,


propôs uma ciência unitária e universal, lançando as bases do método científico
moderno.

Descartes tomou parte da Guerra dos Trinta Anos, combatendo sob as ordens de Tilly
na Batalha do Monte Branco, em 1621. Regressou depois à França, quando empreendeu
viagens pela Itália, Holanda e Espanha. De 1629 a 1649 permaneceu nos Países-Baixos.

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René Descartes realizou diversos trabalhos na área da filosofia, ciências e
matemática. Relacionou a álgebra com a geometria, fato que fez surgir a
geometria analítica e o sistema de coordenadas, conhecido hoje como
“Plano Cartesiano” (Duelci, 2011).

Aperfeiçoou a álgebra, sugerindo notações mais simples, fez diversas descobertas no


terreno da física e criou a teoria das refracções da luz através das lentes.

Pensamento Cartesiano

René Descartes fundou o sistema filosófico denominado “Racionalismo”


ou “Pensamento Cartesiano” (o termo vem de Cartesius, nome alatinado
de Descartes). Segundo ele, se o homem pretende investigar a verdade,
deve examinar seu próprio intelecto, o conhecimento é o mesmo para
todos os objectos e o universo espiritual, contém o universo cognitivo da
coisa em si (Claret, 2002).

Descartes parte do ponto de vista, de que na vida se deve duvidar, por princípio, de
todas as opiniões recebidas. O fundamento de que parte não é outro senão a
autoconsciência.

Teoria Cartesiana do sistema circulatório

Descartes explica o funcionamento do sistema sanguíneo e como chegou a suas


conclusões: “Desejo dar aqui a explicação do movimento do coração e das artérias o
qual, sendo o que mais geralmente se observa nos animais, se julgará mais facilmente o
que se deve pensar dos outros e, a fim de termos menos dificuldades em compreender o
que vou dizer, desejava que os não versados em anatomia se resolvessem, antes de ler, a
colocar ante eles o coração de qualquer grande animal que tenha pulmões, porque ele é
em tudo bastante semelhante ao do homem”.

Desejo adverti-los que este movimento que acabo de explicar resulta


necessária e somente da disposição dos órgãos que se podem observar a
olho nu no coração, e do calor que lá se pode sentir com os dedos, e da
natureza do sangue que se pode conhecer por experiências, da mesma
maneira que o movimento de um relógio resulta da força, da situação e
da forma dos seus contrapesos e das rodas” (Claret, 2002).
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Observe-se que a teoria de Descartes, apesar de errada, é coerente com a nova visão
mecanicista da natureza, como mostra a metáfora feita com o relógio. “A explicação
cartesiana do corpo, considerado como máquina, necessita de um motor que possibilite
todas as funções fisiológicas, e esse motor tem por base o fogo cardíaco que, por um
processo semelhante à fermentação, faz com que o sangue entre em ebulição e distribua-
se pelo corpo por meio das artérias. A defesa da fermentação, como estando na base do
movimento do coração e do sangue, não sofre alteração ao longo da obra de Descartes”.
Para Descartes, o batimento cardíaco era uma consequência do movimento do sangue e
não a sua causa: o coração é obrigado a contrair-se quando não contém sangue; volta a
inchar quando tem novamente sangue.

O Discurso Sobre o Método

A principal obra de Descartes, "O Discurso Sobre o Método", é um tratado matemático


e filosófico, publicado na França em 1637 e traduzida para o latim em 1656, na qual
apresenta o seu método de raciocínio, "Penso, logo existo", base de toda a sua filosofia e
do futuro "racionalismo científico". Nessa obra expõe quatro regras para se chegar ao
conhecimento:

 O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu


não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente
a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se
apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito, que eu não tivesse
nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.
 O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em
tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para
melhor resolvê-las.
 O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando
pelos objectos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco
a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e
supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente
uns aos outros.
 E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e
revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir (Descartes
citado por Lopes, 2001).

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René Descartes foi considerado o pai do racionalismo e ao mesmo tempo, o fundador da
moderna metodologia da ciência em sentido crítico.

Em 1649, foi convidado para trabalhar como instrutor da rainha Cristina na Suécia,
já com uma saúde frágil. Em “O Tratado do Mundo”, uma obra de física, Descartes
aborda a tese do heliocentrismo. Porém, em 1633 abandona o plano de publicá-la,
devido à condenação de Galileu pela Inquisição. No dia 11 de Fevereiro de 1650, René
Descartes falece, acometido por uma pneumonia.

O Método nas Meditações Metafísicas


Segundo Lopes (2001), Descartes pede aos leitores de suas meditações
que as levem a sério sob pena de não lhes compreenderem o sentido
exacto. Esta advertência liga-se profundamente à especificidade do
conteúdo destas meditações: as questões metafísicas. Por ser uma área da
filosofia na qual as noções oriundas dos sentidos não têm nenhum efeito
explicativo ou demonstrativo, a Metafísica exigiria um verdadeiro
exercício ascético contra as habituais crenças fundadas na experiência
sensível.

Frases de René Descartes:


Além de sua frase mais célebre "Penso, logo existo", segue abaixo algumas sentenças
do filósofo, as quais traduzem parte de seu pensamento.

 Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver
tentado abrir.”
 Se quiser buscar realmente a verdade, é preciso que pelo menos um vez em sua
vida você duvide, ao máximo que puder, de todas as coisas."
 Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis.”
 Não há nada no mundo que esteja melhor distribuído do que a razão: toda a
gente está convencida de que a tem de sobra.”
 Para examinar a verdade, é necessário, uma vez na vida, colocar todas as
coisas em dúvida o máximo possível.”
 Não é suficiente ter uma boa mente: o principal é usá-la bem.”
 "Penso, logo existo."

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Principais obras
René Descartes é conhecido como um pensador de grande volume
produzido. Ele realizou diversas obras de enorme importância nas áreas
de filosofia e matemática. Sua principal obra geralmente é apontada
como o livro “Meditações Metafísicas”, lançado em 1641, pois até os
dias atuais é extremamente relevante no estudo da filosofia. Sua
importância está no fato de Descartes desapegar-se do rigor
metodológico para lidar com questionamentos essenciais para o
pensamento, que vão além de concepções estruturais (Gillies, 1992).

Descartes é conhecido por ser um fervoroso católico além, é claro, de um temente à


Igreja, em um período no qual pensadores proeminentes poderiam ser forçados a
desmentir-se ou mortos na fogueira.

Por isso, o filósofo sempre viveu entre a necessidade de defender suas ideias e
pensamentos e garantir que sua obra fosse suficientemente “aprazível” aos olhos da
Igreja. Exemplo disso está no fato de que o pensador retirou um de seus livros, no qual
apoiava a tese de Galileu a respeito do modelo celeste heliocêntrico. Em função destes
cuidados e da relação mais próxima com a Igreja, Descartes não chegou a ser
considerado herege durante sua trajectória.

Outras obras de enorme destaque são o “Compêndio de Música”, escrito ainda em 1618
pelo jovem filósofo, “O mundo ou tratado da luz”, “Discurso sobre o método” –
importante obra publicada em 1637, mesmo ano em que foi publicado o livro
“Geometria”, uma de suas grandes publicações no campo matemático. Além disso,
destacam-se “Princípios de Filosofia”, datado de 1641 e, no ano de sua morte, o
lançamento de “As paixões da alma”.

Outras obras são:

 Regras Para Orientação do Espírito, 1628

 O Discurso Sobre o Método, 1637

 Geometria, 1637

 Meditações Sobre a Filosofia Primeira, 1641

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 Princípios da Filosofia, 1644

 As paixões da Alma, 1649

Descartes e a Filosofia
Descartes propôs uma filosofia que nunca acreditasse no falso, que fosse totalmente
fundamentada na verdade. Sua preocupação era com a clareza. Sugeriu uma nova visão
da natureza, que anulava o significado moral e religioso da época. Acreditava que a
ciência deveria ser prática e não especulativa.

Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas


também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a
geometria, fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje
leva o seu nome. Por fim, foi também uma das figuras-chave na Revolução Científica.

Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o


"pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais
importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou
contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da
filosofia escrita a partir de então foi uma reacção às suas obras ou a
autores supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam
que, a partir de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade
Moderna (Donatelli, 2003).

Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento filosófico que, de certa
forma, seria o seu oposto, o empirismo, com John Locke e David Hume.

Principais Ideias de Descartes


O Discurso sobre o Método, obra de 1637 de Descartes, é um tratado filosófico e
matemático que lançou as bases do racionalismo como a única fonte de conhecimento.

Acreditava na existência de uma verdade absoluta, incontestável. Para atingi-la


desenvolveu o método da dúvida, que consistia em questionar todas as ideias e teorias
preexistentes.

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Descartes criou o método da dúvida. Ao duvidar de tudo o quanto for possível,
alcançaria o conhecimento verdadeiro, algo seguro que não pode ser duvidado
(indubitável).

Inicialmente, o filósofo duvida dos sentidos, pois os sentidos podem ser fontes de
engano.

A seguir, chama a atenção para a impossibilidade de reconhecer um sonho. Deste modo,


tudo o que chamamos de realidade pode ser apenas elementos integrantes de um sonho.

Mas, percebe que mesmo nos sonhos as regras matemáticas não são alteradas. Descartes
afirma que a matemática é um conhecimento um pouco mais puro. Entretanto, podemos
estar sob a influência de um génio maligno, um deus enganador, que nos faz acreditar
em certas coisas (por exemplo, 2 + 2 = 4 ou que um triângulo possui três lados).

Descartes convenceu-se de que a única verdade possível era sua capacidade de duvidar,
reflexo de sua capacidade de pensar.

Assim, a verdade absoluta estaria sintetizada na fórmula “eu penso”, a partir da qual
concluiu sua própria existência. Sua teoria passou a ser resumida na frase “Penso, logo
existo” (em latim, Cogito, ergo sum)3.

Segundo Donatelli, (2003) em relação à Ciência, Descartes


desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser
superada pela metodologia de Newton. Ele sustentava, por
exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo.
Acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias
inerentes, mas apenas qualidades primárias de extensão e
movimento.

Ele dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e rex extensa (matéria).
Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção
vertical e que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então.

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https://www.ebiografia.com/rene_descartes/ acessado em 22 de Abril de 2023.
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Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria
analítica. Antes de Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos
completamente separados da matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas
de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de
coordenadas.

A teoria de Descartes forneceu a base para o cálculo de Isaac Newton e Gottfried


Leibniz, e então, para muitos outros da matemática moderna. Isso parece ainda mais
incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo
no seu "Discurso Sobre o Método".

Geometria
O interesse de Descartes pela matemática surgiu cedo, no College de la Flèche, escola
do mais alto padrão, dirigida por jesuítas, na qual ingressara aos oito anos de idade.

Mas por uma razão muito especial e que já revelava seus pendores filosóficos: a certeza
que as demonstrações ou justificativas matemáticas proporcionam. Aos vinte e um anos
de idade, depois de frequentar rodas matemáticas em Paris (além de outras), já graduado
em Direito, ingressa voluntariamente na carreira das armas, uma das poucas opções
“dignas” que se ofereciam a um jovem como ele, oriundo da nobreza menor da França.
Durante os quase nove anos que serviu em vários exércitos, não se sabe de nenhuma
proeza militar realizada por Descartes.

A geometria analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno


texto chamado Geometria, como um dos três apêndices do
"Discurso do Método", obra considerada o marco inicial da
filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o método
matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em
todos os campos (Simons, 1987).

Como disse, A Geometria de Descartes foi publicado inicialmente como um apêndice


de O Discurso do Método, em 1637. Essa obra é considerada um marco na história da
Matemática. Talvez, por isso muitos, sem aprofundar na questão, consideram Descartes
como o pai da Geometria Analítica e há aqueles que consideram Fermat (1601-1665)
como o realizador dessa façanha, veja por exemplo ( Simons, 1987).

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Existem diversos artigos que falam sobre a origem da Geometria
Analítica, como por exemplo o artigo The Birth of the Analytic
Geometry ( FORBES, 1977). O conteúdo da Geometria pode ser
dividido em três livros. Livro primeiro: Dos problemas que
podem ser construído sem usar mais do que círculos e linhas
rectas. Livro segundo: Da natureza das linhas curvas. Livro
terceiro: Da construção dos problemas sólidos ou mais que
sólidos.

O livro I Descartes nos fala como as operações aritméticas se relacionam com operações
geométricas. Ilustra como realizar a multiplicação, a divisão e a extracção da raiz
quadrada geometricamente, isto é, com o uso de régua e compasso apenas, para tanto,
introduz o segmento unitário. Como empregar-se letras em Geometria. Como resolver
problemas geométricos ou o método de Descartes em Geometria.

O Método de Descartes e o Problema de Pappus


Descartes estabelece um método que, segundo ele, resolve todos os problemas em
Geometria. O método pode ser resumidamente dividido em três etapas: nomear,
equacionar, construir.

Nomear: consiste em assumir que o problema já está resolvido e, a partir daí, nomear
todos os segmentos conhecidos e desconhecidos necessários para a resolução do
problema.

Equacionar: estabelecer uma equação envolvendo essas variáveis. Construir: construir


as soluções geometricamente, fazendo uso de régua e compasso. Descartes aplica o seu
método pela primeira vez para resolver o problema de Pappus, como veremos a seguir.
O problema de Pappus já era conhecido pelos gregos.

Euclides (322-285 a.C.) citado por Mancosu, (1996) o resolveu para três e quatro rectas.
Pappus de Alexandria o generalizou para um número arbitrário de rectas. O Problema:
Sejam dadas as quatro linhas AB, AD, EF, GH, encontrar um ponto C tal que, dados
ângulos x, y, z, t linhas podem ser traçadas de C até AB, AD, EF, GH fazendo ângulos
z, y, z, t respectivamente, tal que CB.CF = CD. CH,. Mais ainda, traçar e conhecer a
curva contendo tais pontos. Descartes inova no tratamento desse problema reduzindo-o
a duas variáveis, o que permite, atribuindo-se valores a uma delas, determinar os valores

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correspondentes da outra variável e, a partir daí, conhecer o lugar geométrico dos
pontos.

Medicina

Segundo Descartes, o corpo é formado de matéria física e, por isso, tem propriedades
comuns a qualquer matéria, como tamanho, peso e capacidade motora. Assim, as leis
que regem a física, também regem o corpo humano. Incita, assim, a separação do corpo
e da alma.

Teoria do ato de reflexo

Pela linha de raciocínio mecânica da anatomia, Descartes observava que alguns robôs,
na época criados para entreter as pessoas, tinham seus movimentos realizados através de
canos por onde passava água sob pressão, fazendo com que as partes móveis dos robôs
(pernas, braços e cabeça) ganhassem movimentos que imitavam o do ser humano.

Porém, percebeu que, mesmo parecendo um movimento humano, os robôs apenas se


movimentavam por causa da água que circulava em seus tubos, não sendo resultado da
acção voluntária da máquina. Assim, o ser humano é algo muito mais complexo do que
movimentos, podendo executar acções independente de sua vontade.

Essa questão fez com que Descartes elaborasse a ideia da undulatio


reflexa, modernamente conhecida como teoria do ato de reflexo, segundo
a qual um estímulo externo pode gerar um movimento corporal que não
depende da vontade do sujeito, como por exemplo, a perna se mover
quando um médico bate no joelho com um pequeno martelo (reflexo
patelar). Por essa teoria, o comportamento reflexo não envolve
pensamento (Mancosu, 1996).

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Conclusão
René Descartes (1596 - 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês. Autor da
frase: "Penso, logo existo". É considerado o criador do pensamento cartesiano, sistema
filosófico que deu origem à Filosofia Moderna. Sua preocupação era com a ordem e a
clareza. Propôs fazer uma filosofia que nunca acreditasse no falso, que fosse
fundamentada única e exclusivamente na verdade.

Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria


analítica. Antes de Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos
completamente separados da matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas
de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de
coordenadas.

A teoria de Descartes forneceu a base para o cálculo de Isaac Newton e Gottfried


Leibniz, e então, para muitos outros da matemática moderna. Isso parece ainda mais
incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo
no seu "Discurso Sobre o Método

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Referencias Bibliográficas

https://www.ebiografia.com/rene_descartes/ acesso em 22 de Abril de 2023

Donatelli, M. (2003). Descartes e os médicos. [S.l.]: Scientic Studia

Descartes, R. (2001). A Geometria. Trad. Emídio César de Queiroz Lopes. Lisboa:


Editorial Prometeu.

Claret, Martin. (2002). O Discurso do Método. Trad. Pietro Nasseti. São Paulo.

Forbes, E. G. (1977). Descartes and the Birth of Analytic Geometry. London.

Gillies, D. (1992). Revolutions in Mathematics. N. York: Nova York Oxford University


Press.

Mancosu, P. (1996). Philosophy of Mathematics and Mathematical Practice in the


Seventeenth Century. N. York: New York Oxford University Press.

Simons, G. F. (1987). Cálculo com Geometria Analítica. Trad. Seijin Hariki. São Paulo:
Mac Graw Books.

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Você também pode gostar