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SISTEMAS DE

INFORMAÇÕES
GERENCIAIS
Sumário

1. Apresentação l.......................................................................07
2. Breve história da perícia contábil...........................................08
3. Perícia contábil: conceitos e objetivos...................................13
4. Necessidade e importância da perícia contábil.....................18
5. Tipos e modalidades de perícia contábil................................23
6. Responsabilidade do perito contábil......................................27
7. Perfil profissional do perito contábil.......................................32
8. Procedimentos gerais da perícia contábil..............................37
9. Funções fundamentais e complementares da
contabilidade..........................................................................42
10. Normas brasileiras de contabilidade para a perícia
contábil..................................................................................47
11. Resumo I................................................................................54
12. Apresentação II......................................................................55
13. Perícia contábil no código de processo civil..........................56
14. Ação: Meio processual..........................................................61
15. Atos de execução da perícia contábil judicial: estrutura do
processo................................................................................67
16. Atos preparatórios: nomeação/indicação do perito e do
assistente técnico...................................................................72
17. Impedimento e suspeição de nomeação/indicação...............78
18. Modelo de escusa/renúncia/recusa de nomeação................83
19. Contrato prestação de serviços de perito-contador assistente
técnico...................................................................................87
20. Resumo II...............................................................................92
21. Apresentação III.....................................................................93

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22. Organização e planejamento da perícia................................94
23. Quesitos dos autos e suas respostas....................................99
24. Modelo de cronograma e termo de diligência......................107
25. Diligências............................................................................114
26. Atos de execução do trabalho pericial: obtenção das
provas..................................................................................119
27. Produção da prova pericial...................................................124
28. Prova pericial e sua interação com as demais provas..........129
29. Laudo pericial, parecer técnico e termo de audiência..........134
30. Modelo de laudo pericial.......................................................139
31. Esclarecimentos sobre o laudo pericial................................144
32. Resumo III............................................................................148
33. Apresentação IV...................................................................149
34. Remuneração da perícia contábil judicial.............................150
35. Perícia extrajudicial..............................................................156
36. Remuneração da perícia contábil extrajudicial e arbitral......160
37. Perspectivas da perícia contábil...........................................165
38. Resumo IV............................................................................170
39. Glossário..............................................................................172
40. Referências..........................................................................174

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Apresentação da Disciplina

Olá, estimado estudante!

É com muita satisfação que iniciamos esta disciplina.

A perícia contábil é uma função de competência estritamente


exclusiva a profissionais da contabilidade que se encontram
em situação de registro regular no Conselho Regional de
Contabilidade de seu respectivo estado de jurisdição.

É uma função que exige constante atualização e aprimoramento


por parte de quem a executa e atrai bastante atenção de
profissionais que se interessam por oferecer os serviços
contábeis de perícia ao setor jurídico em contextos específicos.

A perícia é um meio de prova no meio jurídico, mostrando que a


contabilidade pode estar presente na justiça oferecendo
laudos profissionais para atender ao processo.

Aproveite os conteúdos da disciplina. Certamente, irão


contribuir para o seu crescimento profissional na contabilidade.

Bons estudos!

Ementa

- Breve história da perícia contábil;

- Perícia contábil: conceitos e objetivos;

- Aspectos legais, sociais e profissionais;

- Funções e responsabilidades do perito contábil;

- Normas, legislação e Código do Processo Civil;

- Técnicas de perícia contábil;

- Perícia contábil e o meio processual;

- Processos e operação da perícia contábil;

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- Relatórios Periciais: laudos e pareceres;

- Perícia extrajudicial;

- Remuneração da perícia contábil.

Objetivo da disciplina

Proporcionar conhecimento teórico e noções práticas sobre


perícia contábil.

Objetivos específicos

Apresentar o histórico da perícia contábil, as responsabilidades


da perícia contábil inerentes ao profissional da contabilidade, as
técnicas utilizadas na execução dos trabalhos, as normas legais
que envolvem a profissão, os diferentes tipos de perícia contábil,
remuneração da perícia contábil e a relação do profissional de
perícia contábil com os processos judiciais e extrajudiciais.

Habilidades e Competências a serem alcançadas

Ao aprender os conteúdos da disciplina, dentre elas: normas,


legislação, conceitos, organização e planejamento da perícia
contábil, você terá a capacidade de:

- identificar as formas de provas de perícia contábil no direito;

- abordar os temas acerca de perícia contábil;

- constatar e identificar as características de atuação na perícia


contábil;

- exercitar o desenvolvimento dos trabalhos da perícia contábil.

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Seção 1 – INTRODUÇÃO À PERÍCIA CONTÁBIL

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Olá, estudante!

Esta é a primeira unidade da disciplina, em que você vai


conhecer como que a função da perícia contábil evoluiu no
mundo, antes mesmo de ser associada à contabilidade.

Esse é um conteúdo interessante e tranquilo de ser


aprendido e eu espero que você desfrute do aprendizado!

A partir de agora, vou te guiar por uma breve história da perícia


contábil, que é tão antiga como a própria contabilidade e,
atualmente, tem implicações legais relevantes e importantes
para o exercício da atividade. Vamos juntos!

As evidências mais antigas de atividades de perícia contábil já


encontradas na história são datadas desde o Egito Antigo,
mas não somente. Muitas civilizações organizadas que haviam
distribuição de terra, controle de produção e tributação, tinham
algum tipo de autoridade e, por consequência, uma figura
que atuava como fiscalizador.

Diversas civilizações antigas tinham atividades profissionais


que se assemelham à perícia devido ao seu poder e dever de
verificação de fatos através de provas e arbitragem. Esses
profissionais, através de demonstrações técnicas,
autenticavam a veracidade de fatos ou atos de diversas
naturezas.

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Em civilizações mais antigas onde não havia a figura do
judiciário, os árbitros ou peritos da época, se reportavam
diretamente ao rei ou líder indicado. Esses profissionais
sempre estiveram aliados aos personagens de maior poder nas
sociedades, pois eram consideradas atividades de confiança.

Alguns pesquisadores encontraram documentos que evidenciam


que, em algumas civilizações antigas, quando o rio, em sua
época de cheia, fazia com que algum agricultor perdesse uma
parte de sua área cultivável, fato que rapidamente reportava
ao rei. Este, então, enviava ao local um de seus inspetores
para que averiguasse a situação, medindo a área para
identificar o quanto foi reduzido da área cultivável do
agricultor. Então, após a devida evidenciação, o agricultor
teria uma redução parcial no seu pagamento de tributos.

Bom, você percebeu que mesmo não sendo uma atividade


oficial de perícia contábil, a ideia do propósito do trabalho de
perícia já existe desde as civilizações mais antigas, não é
mesmo?

Isso mostra o quanto a atividade do perito contábil é importante


para a sociedade. Ela funciona como prova e evidenciação
entre governo, cidadãos, empresas e o sistema judiciário. Além
disso, ela funciona como uma ferramenta de verdade e de
conciliação. Quando há alguma divergência ou a possibilidade
de que o líder julgador não consiga averiguar o fato, a figura de
confiança dele assume a análise.

Nos tempos antigos, a função de periciar fatos relacionados a


dinheiro, bens, patrimônio e tributos muito provavelmente tinha
nomes diferentes em culturas diferentes. Apesar de não
podermos identificar se havia um nome específico para a
função, podemos identificar que mesmo em tempos longínquos,
sempre houve a necessidade de que situações precisassem ser
averiguadas por profissionais capacitados, experientes e de
confiança de quem julga, para que pudesse fazer análise e
voltar com um relato.
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Hoje, em nossa situação atual, damos nomes a cada um
destes personagens. Temos o juiz, o perito, as provas e o laudo
pericial. Entretanto, conceitualmente, a estrutura da busca pela
verdade através da investigação pericial sempre existiu de
diferentes maneiras através da história.

Como muitos autores da contabilidade já afirmaram, a


contabilidade está presente na vida humana desde que o ser
humano começou a contar, cultivar e armazenar. Desde lá a
arte de contabilizar foi evoluindo até chegar onde estamos.
Figura 1 – Papiro Egito Antigo

Fonte: Pixabay
Mas e no Brasil atual?
Você já sabe que a legislação brasileira tem diversas
ramificações, momentos históricos e aplicações. Com a perícia
contábil não é nada diferente. Mas mesmo diante de muitas
leis que existiram durante a história do Brasil moderno, hoje
temos normas bem diretas e objetivas a que seguir.

A perícia contábil no Brasil foi institucionalizada oficialmente


com o Decreto-lei nº 9.295/46, que criou o Conselho Federal
de Contabilidade (CFC) e definiu as atribuições de um contador.
Ainda assim, algumas regras de perícia contábil já podiam ser
encontradas na legislação brasileira desde o Código de
Processo Civil (CPC) de 1939.
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Desde a primeira aparição de normas legais relacionadas à
perícia contábil na legislação brasileira, em 1850, no Código
Comercial da época, as atividades de perícia evoluíram
conforme as aplicações e o contexto econômico social do país.

No ano de 1930, foi criada a primeira Câmara de Peritos


Contadores no Brasil. No mesmo ano, o curso que antes se
chamava Curso de Perito-contador foi alterado para Contador,
através do decreto-lei nº 1.535/39.

Hoje em dia, seguimos o Novo Código de Processo Civil, de


2015, que juntamente com o Código de Processo Penal (CPP),
a Lei Processual Trabalhista (LPT), a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) e a jurisprudência processual formam um
conjunto de atualizações às informações existentes desde o
primeiro CPC.

Mas é muito importante que você, estudante, observe que as


normas técnicas da perícia contábil estão, principalmente, nas
normas divulgadas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Através de materiais educativos e normativos, o CFC fornece
informações sobre os requisitos, a execução e regras a
respeito das atividades dos peritos-contadores.

Atualmente, as normas a serem seguidas e estudadas pelo


contador que decide atuar como perito são:

- Novo Código de Processo Civil, de 16 de março de 2015;

- NBC TP 01, resolução do CFC de 19 de março de 2015;

- NBC PP 01, resolução do CFC de 19 de março de 2015;

- NBC PP 02, resolução do CFC de 28 de outubro de 2016.

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As normas contábeis anteriormente mencionadas serão muito
mencionadas na disciplina que estamos começando, estudante.
Portanto, sugiro que faça o download destes materiais no
site oficial do Conselho Federal de Contabilidade e vá se
familiarizando com o conteúdo de maneira leve.

A respeito do Código de Processo Civil, existem apenas alguns


artigos que são relacionados à perícia judicial, os quais
conheceremos mais à frente na disciplina.

Para fazer o download das normas contábeis


disponíveis no site do Conselho Federal de
Contabilidade, acesse o link:
https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
contabilidade/

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Parabéns, estudante!

Você já começou a avançar nos seus estudos da disciplina de


perícia contábil!

Nesta seção, iremos conhecer a perícia contábil em seus


conceitos mais teóricos para, então, partir para os conteúdos
práticos!

Vamos juntos!

Nesta seção, iremos conhecer os principais conceitos e


objetivos da perícia contábil, de forma que quando chegarmos
às unidades de conteúdos práticos, você já saberá o que
exatamente é e para que serve a perícia contábil.

Então, para começar, o significado da palavra perícia


caracteriza habilidade, destreza, maestria e avaliação
minuciosa, geralmente realizada por especialistas. Aqui
você já pode perceber que, de fato, a perícia contábil não
pode e nem deve ser realizada por profissionais inabilitados.

O que nos leva à definição da palavra perito, que remete à


pessoa que possui especialização, prática ou experiência
em um ramo de atividade. Ainda, a palavra pode ter
conotação jurídica específica, que diz respeito ao indivíduo
designado pelo juiz para avaliar e opinar sobre determinada
matéria em juízo em uma ação.

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A alta qualidade e detalhada atenção aos detalhes do trabalho
pericial contábil, por si só, apresentam-se como características
de um trabalho específico e altamente sério. Por isso, é
exigido dos profissionais que atuam na atividade que tenham o
preparo técnico e profissional adequado.

A perícia contábil é utilizada principalmente no sistema judiciário


brasileiro, onde funciona como uma ferramenta para
produção da prova pericial. A prova pericial nada mais é do
que o laudo pericial produzido pelo perito contador. O laudo
pericial é o resultado de uma profunda análise sobre todos os
aspectos disponíveis a respeito do objeto do caso. Esta breve
definição de perícia contábil judicial nos leva a uma das
primeiras formas de identificar e definir a perícia contábil:
profunda análise de uma situação específica.

A perícia contábil não teria como fazer uma análise tão


detalhada em todos os fatos contábeis de uma empresa, por
isso, ela só é utilizada nos casos em que há a necessidade e
uma averiguação mais detalhada.

O Conselho Federal de Contabilidade - CFC afirma que os


trabalhos de perícia contábil, judicial ou extrajudicial, são de
exclusividade do profissional contábil registrado em um
Conselho Regional de Contabilidade – CRC, ou seja, caso
você, estudante, no futuro deseje trabalhar como perito
contábil, tenha em mente que você precisará não só da
graduação em Ciências Contábeis, mas também do registro
profissional no CRC do seu estado.

Para entender de forma bem simples e rápida,


o contador Valdeci Novelli Theodoro explica,
em um vídeo de seu canal de YouTube, quem
pode ser perito contábil. Você pode assistir o
vídeo que tem duração de menos de dois
minutos no seguinte link: https://www.youtube.
com/watch?v=0uU7ga11yFw

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O vídeo sintetiza as informações sobre o que é perícia e
quem pode realizar o trabalho. É importante enfatizar que em
diversas profissões vão existir peritos. Em cada profissão
haverão diferentes regras de trabalho e exigências profissionais.
Este conteúdo enfatiza apenas as normas para os peritos
contábeis.

E aí, o que está achando?

Essas informações são bem básicas e servem como ponto de


partida para os conteúdos de prática. Está conseguindo
acompanhar?

Vamos continuar!

Não podemos esquecer do Código de Ética Profissional do


Contador, ao qual o profissional deve ser totalmente respeitoso,
além de que esclarece a respeito dos possíveis conflitos de
interesse dos quais o perito contábil deve prevenir que
aconteçam durante a realização dos trabalhos.

O trabalho contábil pericial talvez seja onde o código de


ética da contabilidade seja mais conscientemente utilizado,
uma vez que o ambiente jurídico ou de decisões corporativas
sérias traz a responsabilidade que o perito tem de ser assíduo
com seu trabalho e com a profissão.

Toda e qualquer informação que sair do laudo pericial será lida


com confiança, por isso, o contador deve ser muito cauteloso,
respeitoso e correto em seu trabalho pericial.

Se desejam conhecer o Código de Ética


Profissional do Contador, instituído pela NBC PG
01, publicada no dia 07 de fevereiro de 2019,
pode acessar através do site do CFC, ou pelo
seguinte link:
http://www.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG01.pdf

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Segundo a NBC TP 01, a Norma Técnica de Perícia Contábil,
publicada pelo CFC:
A perícia contábil constitui o conjunto de
procedimentos técnicos e científicos
destinados a levar à instância decisória
elementos de prova necessários a subsidiar à
justa solução do litígio, mediante laudo
pericial e/ou parecer pericial contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e
profissionais, e a legislação específica no
que for pertinente.

Como você deve recordar de seus estudos anteriores, a


contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio, seja de
empresas ou pessoas naturais, certo?

Sendo assim, a perícia contábil, naturalmente, sempre irá ser


aplicada, quantitativa ou qualitativamente sobre elementos
objetivos, constitutivos, prospectivos, internos ou externos, do
patrimônio de qualquer entidade, seja ela física ou jurídica,
formalizada ou não, privada ou estatal. (ALBERTO, V. L. P.,
1996 apud ORNELAS, M., 2011).

A maioria dos conteúdos que iremos encontrar na literatura


sobre perícia contábil irá abordar a perícia judicial, mas
devemos nos lembrar, que apesar de menos conhecidas ou
menos comuns, existem outros tipos de perícia contábil que
podem acontecer em diversos espaços do âmbito corporativo
ou público.

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Figura 2 – Perícia Contábil

Fonte: Pixabay
Durante esta disciplina teremos enfoque na perícia
judicial, que é mais detalhada a respeito dos procedimentos
judiciais, mas os parâmetros da realização prática da
perícia é a mesma adotada nas outras modalidades de
perícia contábil. A maior diferença entre elas se dá nos
contextos onde acontecem.

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Olá, estudante!

Agora você vai entender o porquê de haver perícia contábil, o


quão ela é importante na nossa sociedade e como ela se
diferencia de outras funções na contabilidade.

Espero que este conteúdo te inspire sobre a riqueza da


perícia contábil.

Boa aula!

Perícia, por si só, define uma investigação específica e


profunda sobre algum tema de qualquer área do
conhecimento e atuação humana. Muitas vezes, é utilizada
para solucionar conflitos e situações que geram dúvida. No
Poder Judiciário, a perícia é insubstituivelmente realizada
pelo perito da área específica da matéria do caso. O perito
deve ainda conhecer conceitos básicos sobre processos do
direito, uma vez que terá que adequar a sua investigação
técnica profissional com o contexto judicial.

A perícia contábil, em sua aplicação mais básica, estará


presente em situações em que há alguma inadequação,
imperfeição ou desacordo. Para fazer parte do âmbito de
conhecimento da contabilidade, essas situações devem
envolver temas contábeis ou administrativos.

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A perícia tem como objetivo informar a verdade real dos fatos
alegados nos autos do processo. A investigação do perito irá
abordar toda e qualquer movimentação via provas materiais
que possam trazer luz ao fato. A informação produzida no
laudo pericial é fonte de prova, e não opinião, como é o caso da
auditoria.

A fundamentação filosófica da contabilidade é onde o


profissional tem sua independência de juízo científico, que é
onde o perito se situa em sua atuação. A prática contábil,
muitas vezes, limita o profissional a normas, modelos,
sequências e datas. O profissional experiente e capacitado a
estar na posição de perito consegue transitar entre estes
dois mundos: a filosofia contábil e a contabilidade prática.

A partir desta ideia, conseguimos concluir que o perito é um


profissional que consegue fazer juízo de valor da realidade a
partir de uma visão científica e prática. Consegue analisar o
conceito por trás da operação e conseguir avaliar se a sua
manifestação no fato investigado está de acordo.

O trabalho do perito judicial é reconhecido como uma atividade


honrosa e que revela altruísmo e parceria em relação à
justiça. Sua força de trabalho, movimentada pela busca pela
verdade oferece à sociedade e à coletividade benefícios
relacionados à segurança jurídica e econômica. Ao ser
nomeado como um auxiliar do juiz, utiliza seu conhecimento
sobre contabilidade para garantir direitos e a revelação da
verdade.

A perícia contábil nas empresas privadas tem como objetivo a


revelação da verdade, seja por motivo de resolução de
problemas em sociedades, ou mesmo como ferramenta para
tomada de decisões que dependam de informações específicas.

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Figura 3 – Homem investigando documento

Fonte: Freepik
A análise dos fatos é baseada em investigações, avaliações,
indagações, exames, vistorias e outros procedimentos que
sejam necessários para produzir a opinião contábil.

Diferente da perícia contábil judicial, a perícia contábil em


empresas privadas normalmente não é seguida de um
julgamento, mas sim um esclarecimento, ou tomada de
decisão posterior. O perito é contratado para fazer uma
avaliação profunda e emitir uma opinião sobre a matéria.

A contadora e professora Tânia Gurgel fala


sobre a perícia contábil e suas manifestações
na vida real do contador em um vídeo leve e
esclarecedor sobre o tema e sobre a raiz da
perícia. Bom vídeo!

https://www.youtube.com/watch?v=DnV0santEUc

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Durante a produção da prova pericial na perícia contábil
judicial, o perito tem um número de quesitos para serem
respondidos com base na investigação que será realizada.
Mas o valor do trabalho do perito está na contribuição do
laudo para a decisão do juiz. Os quesitos são formulados
como perguntas a serem respondidas acerca do tema de
controvérsia presente no caso, mas afinal, o objetivo da
ação judicial é esclarecer a questão e o juiz tomar uma
decisão em favor de uma das partes. A perícia é solicitada
como forma de facilitar esta decisão, uma vez que o juiz de
direito não tem domínio sobre os temas da contabilidade.

O perito deve evitar emitir qualquer opinião ou resposta que


não esteja na matéria do tema abordado no caso, ou dar
respostas tendenciosas. Entretanto, deve avaliar se as
respostas aos quesitos são suficientes para que o juiz
tenha uma opinião real formada sobre o que realmente se
sucedeu no caso analisado. O perito deve produzir
informações na etapa de “considerações finais” em seu
laudo a fim de que o juiz possa confiar nessa informação e
sustentar o seu julgamento.

Os profissionais que atuam na perícia contábil são cada vez


mais solicitados pela justiça na busca por auxílio na
revelação dos fatos reais. Portanto, é responsabilidade
desses profissionais manterem-se atualizados e cada vez mais
especializados, pois sua atuação profissional depende desse
conhecimento avançado, o qual é intrínseco à sua profissão e
capacitação pessoal.

O perito contábil na perícia contábil judicial é um cargo de


confiança do juiz que atua como investigador de temas que
estão fora do conhecimento do juiz, ou seja, a palavra do
perito contador tem peso sobre o julgamento do juiz no caso,
revelando a importância e seriedade do trabalho.

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Assim como em outras áreas do conhecimento, a perícia é
determinante para a justiça brasileira, no sentido de que sem
ela, o juiz, que é especialista em direito, não seria capaz de
fazer julgamentos exatos e justos sobre temas que não
domina. A perícia garante o direito de todos os entes da
sociedade que buscam o sistema judicial para reclamar seus
direitos.

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Olá, estudante!

Lhe dou as boas-vindas a mais uma unidade da disciplina de


perícia contábil.

Estas primeiras unidades abordam os temas teóricos que


sustentam os conhecimentos que serão abordados nas
seções seguintes da disciplina.

Se no futuro você tiver dúvidas, volte nas unidades anteriores e


tire suas dúvidas!

Bons estudos!

Segundo Maurício Gomes (2011), a perícia contábil sempre


atuará em situações em que é necessário solucionar questões
contábeis que originalmente apresentam controvérsias e
dúvidas. O autor ressalta que, além disso, a perícia contábil é
obrigatória em casos que, alguma ação judicial demanda
apuração de fatos e valores contábeis. Nesses casos, por
determinação judicial, o juiz responsável pela ação solicita a
intervenção da perícia contábil.

Perceba como a perícia contábil está sempre ligada ao direito,


uma vez que sua atuação é diretamente em casos judiciais ou
extrajudiciais.

A perícia contábil pode se apresentar em diversos tipos:


judicial, extrajudicial, arbitral, oficial, estatal e voluntária.

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Vamos conhecer um pouco de cada uma delas nos próximos
parágrafos, ok?

Perícia judicial tem origem em ação ajuizada, ou seja, ela é


exercida dentro do poder judiciário, sob tutela da justiça,
podendo ser de ofício ou por requerimento de alguma ou
ambas as partes envolvidas no processo.

A perícia extrajudicial acontece fora de um processo judicial,


não envolve o poder judiciário, mas é solicitada a um
profissional habilitado, que executa seu trabalho no âmbito
arbitral ou corporativo.

Perícia arbitral é aquela que é exercida sob a Lei da


Arbitragem, a lei 9.307 de 23 de setembro de 1996. Esta
espécie de perícia acontece fora dos âmbitos judiciários, de
forma a desafogar as demandas judiciais, ao mesmo tempo
que permite administrar conflitos, litígios e demandas a
respeito do direito patrimonial, de natureza privada, ou seja, de
empresas privadas.

As perícias oficiais e estatais são executadas sob o


controle de órgão do Estado, como por exemplo, perícia
administrativa ou criminal de órgãos públicos.

E, finalmente, a perícia voluntária é contratada


espontaneamente por partes interessadas em obter
esclarecimentos sobre questões contábeis de forma
espontânea.

Esses conceitos são bem simples de compreender, certo? O


que você achou?

Mas você sabe qual a diferença entre perícia e auditoria?

A auditoria elabora um parecer a partir de uma amostragem,


ou seja, apenas um percentual de todo o material disponível
para análise. Já a perícia, analisa todo o caso, para só depois,
emitir o seu parecer.

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No vídeo a seguir, você pode entender de
forma simples como a perícia acontece no
âmbito judiciário e porque ela não é
considerada uma forma de auditoria.

https://www.youtube.com/watch?v=hjO-eBAGB2Y

Depois de assistir ao vídeo, me responde uma coisa: você


sabe por que o vídeo só mencionou perícia judicial e
extrajudicial, e não os demais tipos?

A definição de extrajudicial é “fora da justiça”, ou seja, a


perícia pode ser definida em dois tipos: dentro e fora da
justiça. Na perícia judicial, temos também a perícia estatal e
oficial. Já na extrajudicial, existem também a perícia arbitral e
voluntária.

Agora que você conhece os diferentes tipos de perícia


contábil, vamos conhecer as diferentes modalidades em que
elas podem acontecer.

Mas você pode se perguntar: “qual a diferença entre os


tipos e as modalidades”?

Bem, os tipos de perícia dizem respeito sobre quais os


contextos em que elas podem acontecer, já as modalidades,
falam sobre em que consistem os trabalhos.

Está pronto para conhecer as diferentes modalidades de


perícia contábil agora?

Vamos juntos!

Segundo o artigo 420 do Código de Processo Civil – CPC, a


perícia contábil consiste em exame, vistoria ou avaliação.

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Ornelas (2011) afirma que estas são modalidades de perícia
contábil desenvolvidas na fase de instrução do processo
judicial. Basicamente, elas existem para trazer técnica
contábil ao processo e poder oferecer um parecer seguro a
respeito das alegações feitas pelas partes durante o processo.

Figura 4 – Execução de perícia contábil


Fonte: Freepik

O exame pericial é a forma de perícia contábil mais comum.


Ele se dá a partir da análise de livros contábeis e documentos.
Também pode envolver questionamentos e investigações.

A vistoria pericial não é tão comum na perícia contábil, mas


pode ocorrer. Ela consiste em analisar e observar determinada
situação, coisa ou fato e constatar o seu estado. Ou seja,
emitir a partir de análise, um parecer sobre o estado de um
objeto de análise.

A avaliação pericial, consiste em avaliar em moeda, ou seja,


valorizar (colocar valor) em algo. Essa modalidade ocorre,
normalmente, em ações de inventário, dissolução ou
liquidação de sociedades.

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Seja bem-vindo a mais uma unidade da disciplina de perícia
contábil, estudante!

Nesta unidade, você conhecerá as responsabilidades que um


contador tem quando decide atuar como perito.

A perícia contábil exige do profissional constante educação


continuada, uma vez que o seu trabalho trata sobre o
direito de pessoas físicas e jurídicas e impacta as pessoas e a
sociedade em geral. Portanto, ter consciência de suas
responsabilidades morais, éticas, sociais e legais é determinante
durante a execução dos trabalhos periciais aos quais está
envolvido.

A responsabilidade que aqui se fala, trata necessariamente da


obrigação que o perito tem de respeitar todas as regras que
regem sua profissão, assim como a responsabilidade moral e
social sobre a qual o seu trabalho está rodeado.

Perícia, por definição, diz respeito a revelar a verdade dos


fatos com base em análise e investigação e a responsabilidade
moral do perito está alinhada com essa máxima.

A responsabilidade moral do perito é o resultado de um


conjunto de regras sociais, culturais, educacionais, históricas
e do cotidiano da sociedade. Basicamente, a responsabilidade
moral ilustra por meio de regras diversas o que o perito contador
deve e não deve fazer no exercício de sua profissão.
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O perito-contador presta um serviço à justiça ou às entidades
privadas com o fim de elucidar questões que, por algum motivo,
consideram-se como controversas ou avessas à verdade. O
seu papel em qualquer processo pericial, seja ele judicial ou
extrajudicial, é de trazer luz à situação exposta no processo,
sempre fiel à verdade e à realidade, baseada em análises de
documentos reais com métodos teóricos e científicos.

O perito-contador deve pautar o seu trabalho com o dever de


verdade e lealdade, sendo totalmente responsável pelas
afirmações que incluir em seu laudo e prestando todos os
esclarecimentos que forem necessários a respeito do laudo. O
perito deve ser totalmente imparcial e independente na
realização de seus trabalhos, e caso algum fato pessoal ou
profissional o impeça de realizar o seu trabalho sem viés de
interpretação, deve recusar a nomeação ou contratação.

Figura 5 – Responsabilidade global do contador


Fonte: Freepik
O contador, enquanto profissional público, privado, empresa
contábil, profissional autônomo ou em qualquer forma que
exerce sua profissão, produz informações contábeis que
afetam a sociedade no geral. Desde a apuração de impostos,
que afeta o empresário que o paga, o governo que irá

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administrar este tributo e a sociedade que receberá o
retorno deste valor em serviços públicos, até a correta
apuração de lucros de uma empresa privada, que pode levar
ao enriquecimento ou não, de um empresário.

Essa reflexão nos leva à responsabilidade social do perito-


contador, no que toca ao fato de que seu trabalho contribui
para uma sociedade mais justa, onde a verdade prevalece e a
responsabilização é eficaz. Essa é uma responsabilidade que
vai além do que a profissão exige do profissional, mas fala
também sobre aquilo que a profissão representa e que o
profissional deve espelhar isso em sua vida pessoal, como
executor dos valores de sua profissão.

Quando falamos valores profissionais que estão diretamente


ligados ao comportamento do profissional, também estamos
falando de ética. Ética é um tema sobre o qual se fala muito
nos tempos atuais, onde os códigos de éticas de diversas
profissões são temas de discussão, o que é muito importante
para que este tema seja levado a sério pelos profissionais.
Muitas vezes, não é isso que acontece e esse tema é
totalmente ignorado pelos profissionais, que podem até não ter
conhecimento dos valores éticos que regem sua profissão.

Estudante, tenho certeza que você já ouviu falar sobre


ética profissional do contador e, inclusive, se não já
estudou, ainda irá estudar o tema em seus estudos
de graduação. Mas me responda uma coisa? Você
conhece o código de ética do profissional contábil?
Sabe quais são os valores éticos que nós, contadores,
devemos prezar em nosso trabalho diário? Já refletiu
sobre o porquê de cada um destes valores?

No link abaixo, você poderá encontrar o Código de


Ética do profissional Contábil, emitido pelo CFC,
através da NBC PG 01. Boa leitura!

http://www.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG01.pdf

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A responsabilidade ética do perito-contador é descrita pelo
próprio Código de Ética profissional do Contador. As regras
éticas para os profissionais contábeis, independentemente do
contexto profissional em que se encontram.

Quando qualquer profissional desconsidera a ética profissional


em seu trabalho, isso representa queda na qualidade do
trabalho. As máximas éticas de cada profissão não são mero
puritanismo, mas sim, zelo pela qualidade da informação
produzida por aquela pessoa enquanto representante de sua
profissão.

Na mais recente versão do Código de Ética Profissional do


contador, o CFC incluiu a regra da educação continuada. Ou
seja, não mais o título da graduação e o registro profissional
são suficientes para determinar a responsabilidade
profissional do contador. Agora, todo contador deve
cumprir com os programas de educação continuada
regulamentados pelo CFC, com o fim de manterem-se
atualizados e, consequentemente, mantendo a qualidade dos
serviços que prestam.

A legislação civil e penal brasileiras também determinam


responsabilidades profissionais ao perito, assim como
penalidades na ausência de cumprimento das regras
determinadas, podendo acometer em multa, indenização,
inabilitação e até reclusão. Com isso, podemos afirmar que o
perito-contador tem responsabilidades civis e penais a
cumprir.

No exercício de sua profissão, o perito-contador pode se


relacionar com outros profissionais da contabilidade, que
podem ou não, ter o mesmo objetivo em um processo. Ainda
assim, todos devem zelar pelo zelo, a honestidade, a sua

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capacidade técnica em todo o processo e devem, ainda,
respeitar-se mutuamente em qualquer situação, evitando
elogios e ofensas, limitando-se aos aspectos técnicos de suas
profissões.

Estudante, observe que as responsabilidades do perito contábil


não são regras somente descritas em normas, mas também
responsabilidades surgidas do aspecto global da contabilidade,
de sua relação com os clientes, empresas e o mundo.

Devemos sempre lembrar que a contabilidade não é uma


bolha, mas também a importância de analisar como a atuação
contábil reflete no mundo à sua volta.

Quando relacionando-se com profissionais da contabilidade


ou de outras áreas em um processo pericial contábil, o
contador deve recordar-se do Código de Ética Profissional do
Contador, regulamentado pela NBC PG 01, que apresenta
pontualmente como o profissional deve se comportar em
relação ao respeito ao trabalho alheio e à proteção do respeito e
prestígio sobre o seu trabalho e sobre a atuação contábil.

Nesse momento, o perito contador deve ter em mente que


não está representando somente a si mesmo, mas também
toda a classe contábil.

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Mais uma unidade a estudarmos nesta disciplina.

Você já parou para pensar no que é necessário a um


profissional que deseja atuar na perícia contábil?

Ao final da unidade, reflita sobre o quanto você se identifica


com esta atuação do contador.

Antes de traçar o perfil profissional de um perito-contador,


devemos nos lembrar do que é a função do perito contador
nos contextos em que se encontra.

Quando retornamos às primeiras unidades da disciplina,


podemos encontrar os principais conceitos de perícia, que é o
que nos auxilia a traçar e compreender o perfil profissional do
perito contábil.

Por definição, o perito contábil é uma pessoa que possui


qualidades especiais de natureza científica ou técnica, que
supre as insuficiências do juiz do caso no que tange ao
tema da controvérsia apresentada no caso. Por sua vez, é um
profissional que detém um conhecimento profundo em uma
área diferente da área de domínio do juiz, no caso do perito
contábil, seu domínio é a contabilidade. É importante
lembrar que a perícia existe em todas as profissões em que
seja necessária a opinião de um profissional experiente.

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Apenas com essa breve explanação sobre perícia, já é
possível identificar duas características que o profissional
deve ter para assumir a posição de perito: experiência e
conhecimento profundos sobre contabilidade do ponto de
vista científico e técnico.

A partir disso, podemos entender que não basta ter títulos de


graduação ou especializações para ser um perito contábil,
apesar de serem estritamente necessários. O profissional
pericial deve ter a experiência que lhe garanta a habilidade de
determinar o que é necessário investigar a fim de solucionar o
tema da controvérsia no caso em que irá trabalhar.

Outra característica indispensável do profissional contábil que


deseja atuar como perito, é a habilitação profissional. A
experiência sozinha não é suficiente para que um contador se
torne um perito-contador, também é necessário que o mesmo
obtenha o registro profissional para tal.

Para o profissional contábil atuar como perito, ele deve buscar


uma habilitação profissional específica para tal, que é obtida
através de um exame realizado pelo Conselho Federal de
Contabilidade.

O exame do CFC para profissionais que


desejam atuar como peritos contábeis
acontece anualmente. Se você deseja obter
mais informações, visite o seguinte link e
conheça as provas anteriores:

https://cfc.org.br/desenvolvimento-profissional-e-
institucional/exames/exame-de-qualificacao-
tecnica/

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Mas não é suficiente que o profissional detenha conhecimentos
só sobre contabilidade. A perícia exige que o profissional tenha
conhecimento e experiências nas áreas correlatas à
contabilidade, tais como: matemática financeira, estatística,
tributação, práticas de negócios, relações comerciais, noções
de direito, principalmente processo civil e outras. Qualidades
que permitam que o profissional consiga analisar a situação
em sua completude, considerando o contexto de negócio em
que as partes da ação estão situadas. Em um caso que o
perito nomeado ou contratado não detenha conhecimento que
considere suficiente para analisar o caso, deve recusar a sua
participação no caso.

A perícia constitui uma atividade de investigação de um


determinado caso, o que revela a necessidade de algumas
características pessoais do profissional. Características essas
que irão complementar as habilidades técnicas que o
profissional contábil detém.

Figura 6 – Profissional de negócios executando várias


habilidades
Fonte: Freepik
A própria ação de investigação da perícia já denota a
capacidade de observação e crítica que o profissional
deve ter. Crítica no sentido de ter uma visão completa do

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contexto e ter conhecimento suficiente para poder ter uma
opinião independente sobre o tema, podendo opinar sobre
aquilo que realmente é e não ser influenciado pela realidade
que enxerga apenas por não ter conhecimento.

O perito deve ser crítico e exigente a ponto de apenas opinar


sobre aquilo que há evidências reais. Um perito jamais pode
presumir ou acreditar que algo é sem a presença de provas
que sustentem sua afirmação.

A perícia também exige do contador imparcialidade. O


profissional precisa ser capaz de realizar uma investigação
de um caso, analisando documentos e livros (evidências) de
ambas as partes envolvidas e emitir um parecer (ou laudo)
sem qualquer tendenciosidade ou qualquer temor de ferir
sentimentos ou interesses. O perito não ofende ninguém
quando contraria uma afirmação de uma parte, ele apenas
relata a realidade conforme as evidências produzidas no caso.

Todas essas características somadas refletem uma postura


moral integral, de um profissional que tem função de auxiliar
da justiça, papel que exige honestidade, boa-fé e total
observância das normas e regras que circundam a atividade.

É pertinente lembrar que o Código de Ética do Profissional


Contador, a NBC PG 01, lista os deveres do contador em
relação à sua profissão e em relação aos colegas de classe, os
quais todos nós, contadores formados e em formação
devemos acompanhar e respeitar.

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Após conhecer o perfil do contador que deseja
atuar com perícia contábil, o que você acha de
conhecer a perspectiva de profissionais que já
atuam na área?

O Contador Ricardo Terroso conta 5 motivos


para se tornar perito contador no vídeo abaixo!
https://www.youtube.com/watch?v=wxuSoMksSoM

Quando está participando de uma perícia judicial, o profissional


contábil é nomeado pelo juiz para realizar a perícia do caso.
Quando aceita, o profissional se compromete com as suas
responsabilidades judiciais dentro do caso, que incluem:

- Cumprir os prazos determinados pelo juiz e pela legislação


brasileira na realização da perícia e apresentação do laudo
pericial;

- Prestar os devidos esclarecimentos sobre o laudo;

- Responsabilizar-se sobre as informações analisadas e


produzidas no laudo pericial.

Ainda, nos casos em que o perito contador decide utilizar uma


equipe técnica para a análise de todas as informações do
caso e produção do laudo pericial, responsabiliza-se por
todos os profissionais envolvidos. O perito tem a possibilidade
de contratar auxiliares, mas toda a execução e resultado do
trabalho são apresentados sob seu nome e responsabilidade.

Podemos concluir que a perícia contábil exige imenso respeito e


seriedade do profissional contábil que decide assumir este posto.
Afinal, assim como todo e qualquer profissional contábil, produz
informações que impactam diretamente a tomada de decisão
por parte de pessoas físicas, jurídicas e governo.

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Ei estudante!

Você está conhecendo os principais conceitos de perícia


contábil. Nesta primeira seção da disciplina, os conteúdos
serão mais generalizados e menos específicos, para que você
caminhe no conteúdo de forma organizada e tranquila!
Mantenha o ritmo dos estudos e atente-se aos exercícios!

Boa aula!

A perícia contábil sempre irá culminar em um laudo pericial ou


parecer técnico. Todos os procedimentos e etapas do
processo que acontecem entre o início da perícia e o laudo
pericial visam fundamentar, total ou parcialmente, estes
documentos técnicos a partir das ações periciais: exame,
vistoria, avaliação, indagação, certificação, entre outras.

Todas essas ações periciais, ou seja, os procedimentos da


perícia contábil, são realizados pelos profissionais de perícia
contábil (contadores habilitados a realizar perícia). Os peritos
sempre são pessoas especializadas e experientes não somente
em contabilidade, mas também na matéria sobre a qual trata o
caso.

A perícia normalmente é realizada quando, em algum caso, é


necessário realizar uma avaliação específica ou uma apuração
profunda de fatos antes de se tomar uma decisão em uma
situação específica. Seja em um ambiente judicial ou em
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situações particulares, a perícia sempre está presente nos
momentos em que não é possível ter certeza da verdade dos
fatos sem uma investigação profunda.

Considere como exemplo, a partilha de bens em casos de


inventário. A avaliação desses bens, assim como sua valoração
podem ser objetos de perícia. Outro exemplo de situação em
que uma perícia contábil é importante são os processos de
incorporação, cisão ou fusão de sociedades. A avaliação do
patrimônio, a avaliação dos livros contábeis e outras informações
precisam ser avaliadas com extrema precisão e cuidado.

No momento em que a perícia contábil é realizada, o perito


sempre irá observar a correta aplicação da contabilidade nos
fatos analisados, se estão em conformidade com as normas
brasileiras de contabilidade.

As provas analisadas podem ser de qualquer natureza, desde


que sejam provas relacionadas com a matéria do caso. No
caso da perícia contábil, usualmente são analisados os livros
contábeis, notas fiscais, livros fiscais, contratos sociais,
obrigações acessórias fiscais, livros comerciais, arquivos
internos e administrativos das partes envolvidas, etc.

As provas analisadas podem ser provas favoráveis ou


desfavoráveis a uma das partes do caso. Isso depende da
conformidade com a qual os fatos contábeis foram registrados e
com a realidade do fato. Cabe ao perito analisar o que
alegam as partes e o que aconteceu de fato. Lembrando que o
perito deve sempre se pautar em provas reais, por isso a
análise dos documentos e provas é essencial. Caso contrário,
é apenas opinião.

O profissional contábil é habilitado a perito através de uma


prova, a qual é regulamentada pela NBC PP 02, a Norma
Brasileira de Contabilidade que trata sobre o Exame de

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Qualificação Técnica para Perito Contábil. Para tal habilitação, o
profissional deve demonstrar vasto conhecimento sobre
contabilidade e direito, uma vez que o perito contador está
profundamente conectado com o direito em suas diversas
modalidades.

A habilitação profissional não torna um perito-contador


automaticamente competente para qualquer perícia. Outro
fator que deve ser observado é a área de especialização do
profissional. Por exemplo, um profissional especialista em
contabilidade tributária e que tem muito conhecimento em
procedimentos fiscais e governamentais. Suponha que esse
profissional seja nomeado para uma perícia que trate de um
tema societário de um grupo de empresas em processo de
cisão. Talvez esse profissional não tenha tanta experiência
nesta específica área da contabilidade, o que não o torna
inabilitado para o caso, pois ele é um perito-contador, mas o
faz não ser o profissional ideal para tal perícia. Esta avaliação
deve ser feita pelo próprio profissional, que tem responsabilidade
profissional de se autodeclarar impedido de participar de uma
perícia por qualquer motivo, conforme norma específica que
você conhecerá no futuro desta disciplina.

A perícia contábil pode acontecer dentro da justiça (perícia


judicial) ou fora dela (perícia extrajudicial). Em ambos os
casos, ela tem a função de auxiliar um outro personagem a
obter clareza sobre alguma situação específica.

Em qualquer perícia, o profissional tem a responsabilidade de


fornecer um laudo ou parecer, o que reflete a sua conclusão
sobre a situação analisada. Situação esta que está limitada a
um caso isolado. Diferente da contabilidade empresarial, que
analisa todas as movimentações e fatos contábeis de um
determinado período, a perícia contábil analisa uma situação
específica, buscando todas as informações possíveis que
possam esclarecer e confirmar os fatos relatados no caso.

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Figura 7 – Ilustração demonstra diversas áreas da
contabilidade
Fonte: Freepik
Em nenhuma situação, o perito-contador julga ou determina
quaisquer ações futuras a respeito do que foi analisado. O
juiz (no caso da perícia judicial) ou o contratante (no caso da
perícia extrajudicial) irá utilizar o laudo do perito para tomar as
decisões.

Aí você deve se perguntar, estudante, “mas se o perito não


pode dar opinião, para que serve a perícia”?

A função da perícia contábil é analisar a situação e oferecer a


sua avaliação com base nas normas da contabilidade, nos
conceitos técnicos e teóricos da contabilidade, pois o
contratante ou juiz, não detinha conhecimento suficiente
para opinar em uma matéria que não é de seu domínio.

A perícia em qualquer profissão funciona como forma de


auxiliar outros profissionais ou pessoas a esclarecerem
situações com base em verdades técnicas e não opiniões.

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Estudante, reflita sobre as similaridades e
diferenças do papel da contabilidade
tradicional e da perícia contábil. A
contabilidade analisa as transformações do
patrimônio e produz informações para a
tomada de decisão por parte dos
administradores. A perícia contábil analisa um
caso específico e produz informações para a
tomada de decisão por parte do juiz. Diante
disso, o que você pensa sobre o papel da
contabilidade para as instituições?

Conforme você aprendeu na unidade anterior, estudante, o


perito contador é totalmente responsável pelas informações
produzidas em seu laudo pericial. Sendo assim, até que o
juiz do caso faça o julgamento e encerre o caso, o perito
pode ser solicitado a esclarecer questões acerca de seu
laudo. Já na perícia extrajudicial, que não necessariamente
objetiva um julgamento, o perito produz apenas o laudo
pericial, sem a necessidade de futuros esclarecimentos, a
menos que esteja estabelecido em contrato.

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Estudante, antes de adentrarmos na prática da perícia contábil,
você irá conhecer as funções fundamentais e complementares
da contabilidade.

De nada adianta praticarmos a contabilidade sem sabermos


seus objetivos teóricos.

Um perito contábil deve ter maestria de ambas teoria e prática.

Portanto, aprecie esse conteúdo que servirá como base não só


para o seu aprendizado de perícia contábil, mas também de
todo o seu desenvolvimento no curso de Ciências Contábeis.

Primeiramente, no quadro a seguir está o conjunto das funções


da contabilidade, separado em funções fundamentais e
complementares. Nos parágrafos seguintes você será
apresentado às definições e usos de cada uma dessas funções.

Quadro 1 – Funções da contabilidade


Funções Subfunções
Escritural
Fundamentais Expositiva
Interpretativa
Administrativa
Complementares Revisora
Pericial
Fonte: gerado pela autora

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Basicamente, a contabilidade tem função descritiva, ou seja,
seu objetivo é descrever os fatos contábeis. No entanto,
devido à complexidade dos fatos e os impactos que estes fatos
geram no patrimônio da empresa, a partir de inúmeros tipos de
diferentes componentes da contabilidade, a contabilidade é
desmembrada em três subfunções fundamentais. São elas:
função escritural, expositiva e interpretativa.

A subfunção escritural é a mais comum e mais básica da


contabilidade. Trata dos registros fiéis e contínuos de todos
os fatos que ocorrem na administração do patrimônio das
entidades. O processo escritural se inicia na observação do
fato, ou seja, constatação do fato e, em seguida, a análise do
que aconteceu, para após identificar os componentes do fato e
proceder com o seu registro, a escrituração.

A subfunção expositiva é o resultado do registro de todos os


fatos e a sua reprodução nos relatórios contábeis, ou seja, sua
exposição de forma organizada e planejada a fim de fornecer
uma informação completa, categórica e resumida da situação
do patrimônio diante dos fatos administrativos. Como exemplo,
podemos citar o balanço patrimonial e os fluxos de caixa.

A subfunção interpretativa é a função que a contabilidade


exerce ao interpretar estas informações expostas em formatos
de relatórios organizados, transformando estas informações
categóricas em conteúdos de valor para a gestão do negócio.
É um parâmetro situacional para a contextualização temporal do
negócio, posicionando o resultado da empresa em relação às
ações passadas e as previsões e planejamentos futuros.

Observe, estudante, que as funções da contabilidade vão se


ramificando, entre as mais básicas, até as mais sofisticadas
que derivam umas das outras, conforme as diversas
aplicabilidades da contabilidade no cotidiano das empresas.

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Figura 8 – Reunião administrativa de planejamento
Fonte: Freepik
As funções complementares foram organizadas e classificadas
assim, pois são derivativas que complementam a utilidade da
contabilidade nas entidades. Elas são divididas em três
funções: função administrativa, função revisora e função
pericial.

Estas três funções são claras derivações das transações e


rotinas que se desdobram nas entidades. Em uma observação
mais pontual, a contabilidade se apresenta no registro e
observação de fatos diários, tais como: vendas, orçamentos,
previsões e autorizações de despesas, controle de faturas de
clientes, créditos e outros. Em seguida, é natural que a
contabilidade passe a uma compilação temporal de tais
fatos, que resultam em uma análise global e transformação dos
dados em informações. Para isso, os profissionais da
contabilidade revisam os métodos, registros e os
direcionamentos dados a cada tipo de informação, pois é com
elas que serão produzidos os relatórios contábeis.

Pontualmente e quando necessário, a contabilidade está pronta


para analisar situações do passado ou do futuro que terão ou
tiveram um tratamento que precisa de um segundo olhar, uma
reanálise a fim de determinar se tudo se apresenta da forma
como deve ser.

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Para entendermos melhor o que cada uma destas funções
complementares representa, vamos dedicar atenção separada a
cada uma delas.

A função administrativa é a união da contabilidade com a


gestão empresarial. Ela acontece nos momentos em que a
contabilidade reúne informações administrativas e as transforma
em informações patrimoniais. Seja na elaboração de um
orçamento, organizações de controles internos fiscais,
financeiros, administrativos e outros, cálculos tributários e
operacionais, enfim, toda e qualquer atividade administrativa da
entidade que deva ser traduzida em informação contábil. Em
uma outra interpretação, a função administrativa da
contabilidade representa a interseção entre ambas as
profissões: administração e contabilidade. É quando uma
profissão depende da outra para atingir o resultado final.

A função revisora é uma característica muito forte da


contabilidade, a de confirmar a realidade do fato. Todo registro
contábil, seja ele um lançamento de despesa no sistema contábil,
uma entrada de caixa, uma baixa de estoque ou qualquer
outro fato contábil registrado no sistema, que irá impactar o
patrimônio da empresa deve ser conferido, examinado e
verificado.

Estudante, se você já trabalha na área contábil, você deve


conhecer o período em que a contabilidade passa pela
“conciliação” mensal, ou seja, a conferência de tudo que foi
feito naquele mês. Esta é uma representação clássica da
função revisora da contabilidade.

Esta função é muito mais do que apenas revisar. Trata de uma


responsabilidade ética e técnica do contador perante o seu
trabalho. A responsabilidade de registrar os fatos reais e na
forma como devem ser captados pela contabilidade, o respeito

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ético pelo papel do contador de realizar o seu trabalho com total
idoneidade e cuidado, prezando pela qualidade da informação
produzida.

Finalmente, a função pericial se manifesta na necessidade


de o contador certificar de que determinado fato contábil
relativo à determinada situação administrativa está de acordo,
representando fidedignamente uma a outra. Nessa função, o
profissional contábil faz uso do seu conhecimento de todas as
funções da contabilidade mencionados anteriormente,
culminando em uma análise que não é apenas leitura de
relatórios contábeis, mas uma análise global e holística de um
fato que impactou o patrimônio da entidade.

Os estudos da função pericial contemplam o conhecimento


integral da matéria que está sendo tratada, baseando-se nos
conhecimentos e princípios da contabilidade e relacionando,
conforme a necessidade, aos conhecimentos relacionados à
outras disciplinas, como: administração, economia, direito,
engenharias e outras. Sempre buscando os conhecimentos
específicos para a situação analisada, levando a análise de
um episódio único, detalhadamente, até a solução.

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Estudante, te recebo para mais uma unidade de estudo de
perícia contábil!

Nesta primeira seção, você será apresentado a conceitos


amplos sobre a perícia contábil antes de seguirmos para os
estudos práticos! Bons estudos!

As responsabilidades profissionais que cabem ao perito-contador


são as mesmas que cabem ao perito-contador assistente, ou
assistente técnico. Ambos são profissionais com as mesmas
qualificações e registrados sob a mesma categoria profissional.
O que diferencia estes profissionais é apenas o seu papel
dentro de um processo pericial.

Enquanto o perito-contador é responsável por toda a


avaliação do caso, fatos, provas e produção do laudo pericial, o
assistente técnico tem como responsabilidade fazer a mesma
avaliação e produzir um parecer técnico sobre o laudo pericial
produzido pelo colega que foi nomeado o perito do caso.

Em um cenário judicial, o perito-contador, também comumente


chamado de perito do caso, é nomeado pelo juiz, trabalha de
forma independente de qualquer parte, emitindo uma opinião
técnica totalmente imparcial.

O perito-contador assistente, também chamado de assistente


técnico, é contratado diretamente por uma das partes, analisa o
mesmo material que o perito do caso, emite um parecer técnico

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sobre o laudo do colega, mas tem a liberdade de solicitar
esclarecimentos e fazer sugestões ao seu cliente, em sua
vantagem.

Essa é a principal diferença que estes profissionais têm


dentro de um processo judicial. Entretanto, pelo fato de
fazerem parte da mesma categoria profissional, a dos peritos
contábeis, ambos devem prezar pelas mesmas normas
profissionais estabelecidas pela lei e órgãos responsáveis.

O Conselho Federal de Contabilidade, órgão profissional dos


contadores, publicou duas normas que regem os trabalhos dos
peritos contábeis: NBC PP 01 e NBC PP 02, além do Código
de Ética Profissional do Contador que também deve ser
respeitado pelos peritos contábeis.

A NBC PP 01 trata sobre a atuação do perito contador e a NBC


PP 02 aborda sobre o exame de qualificação técnica para
perito contábil. Além destas normas, o perito contábil ainda deve
observar o Código de Processo Civil, nas partes que remetem a
sua atuação profissional.

O Blog ContabilidadeNaTV produziu um vídeo


muito esclarecedor e bem rápido em que
entrevista o perito Paulo Cordeiro de Mello e
explica as principais normas e procedimentos
da perícia contábil.

https://www.youtube.com/watch?v=kro8LZFq544

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• NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

NBC PP 01 – NORMA PROFISSIONAL DO PERITO

Os profissionais peritos contábeis devem, primariamente, ter


competência profissional para realizar as atividades,
mostrando habilidade e certificação para tal. A relação entre
perito e assistente técnico deve ser pautada em espírito de
solidariedade profissional, jamais permitindo que tal parceria
seja justificativa para participação ou conivência com erros e
infrações à profissão.

A competência profissional que deve ser detida pelos


profissionais também é acompanhada de educação
continuada e experiência profissional. Nenhuma perícia
contábil é igual à outra, o que já determina que no exercício
de sua profissão, o perito deverá manter-se em estudo sempre,
mas isso não invalida a necessidade de cumprir com estudos
acadêmicos conforme regulamenta o órgão profissional sob o
qual está registrado.

O profissional perito contábil também deve ter independência


em suas atividades, evitando ou denunciando qualquer possível
interferência que comprometa sua independência na realização
do trabalho.

Quando nomeado ou contratado para um trabalho pericial, o


profissional deve sempre estar atento e respeitar as regras de
suspeição e impedimento. São regras que determinam que o
contador não pode realizar a perícia no papel de perito quando
tiver qualquer relação profissional, comercial, financeira,
pessoal ou familiar com qualquer parte, pessoa jurídica ou
física envolvida nos autos.

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Sob regência do Código de Ética profissional e também da
NBC PP 01, o profissional deve sempre respeitar total sigilo na
realização de suas atividades periciais, salvo quando houver
obrigação legal de fazê-lo.

O perito deve conhecer suas responsabilidades sociais,


éticas, profissionais e legais, às quais está sujeito quando
aceita participar de um processo pericial judicial, extrajudiciais
ou arbitrais.

Os profissionais contábeis que trabalham com perícia devem


manter o zelo profissional, que se refere ao cuidado que
deve dispensar em todas as tarefas que executam, desde
cuidado com documentos, atenção aos detalhes, prazos do
processo, respeito profissional com todos envolvidos no
processo, incluindo autoridades, partes e outros, além de
prezar por qualidade, verdade e prudência na produção de
qualquer material de trabalho que lhe seja solicitado por sua
função.

Quando os honorários profissionais não forem estabelecidos


pelo juiz do caso, o perito tem a liberdade e dever de elaborar
uma proposta de honorários. Para tanto, deve observar alguns
critérios sobre o trabalho a ser realizado: a relevância, o
vulto, o risco, a complexidade, a quantidade de horas, o
pessoal técnico, o prazo estabelecido, a forma de
recebimento, os laudos interprofissionais e demais fatores que
estiverem presentes.

A relevância de um trabalho está relacionada com a


importância da referida perícia no contexto social. O vulto está
relacionado com o valor da causa quanto ao objeto da
perícia, ou seja, o volume de trabalho e a abrangência das
áreas técnicas envolvidas. O risco está relacionado com a
possibilidade do não-recebimento dos honorários, o tempo

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para o recebimento dos mesmos, além das possíveis
implicações cíveis, sociais, profissionais e penais às quais o
perito pode estar sujeito. A complexidade trata sobre a
dificuldade do tema do caso pericial. O número de horas
deverá ser estipulado, uma vez que não é possível determinar
com exatidão. O perito deve avaliar se o caso apresenta
necessidade, ou não, da contratação de pessoal especializado
como mão de obra auxiliar no caso, que estará sob sua
supervisão em todas as atividades. A avaliação quanto ao
prazo deve ser considerada devido ao volume de trabalho,
pois pode exigir dedicação exclusiva do profissional.

Ainda sobre os honorários, o perito deve ressaltar em sua


proposta de honorários que, caso haja a necessidade de
esclarecimentos de quesitos suplementares por solicitação do
juiz ou das partes, poderá haver incidência de honorários
suplementares. O profissional poderá, ainda, solicitar que
eventuais despesas de viagens, estadas ou outras, envolvidas
no processo de produção da prova pericial sejam pagas pelo
contratante, caso não estejam estabelecidas na proposta inicial.

A norma ainda oferece ao perito-contador modelos de petições


de impedimento, suspeição e proposta de honorários.

A norma que será abordada a seguir trata sobre o exame de


qualificação para perito contábil, exame exclusivo aos
profissionais contábeis já habilitados a trabalharem como
contadores, ou seja, já aprovados no exame de suficiência do
Conselho Federal de Contabilidade.

O Conselho Federal de Contabilidade tem dois tipos de


exames: um de suficiência, que é exigido de todo profissional
que deseja atuar com contabilidade e que, normalmente,
todos os alunos de Ciências Contábeis fazem ao terminar a

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faculdade, e o exame de qualificação, que permite o profissional
habilitado a trabalhar com contabilidade possa executar serviços
como perito contábil.

Figura 9 – Preenchimento de gabarito de prova


Fonte: Freepik
NBC PP 02 – EXAME DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA PARA
PERITO CONTÁBIL

A referida norma apresenta à classe o Exame de qualificação


Técnica (EQT) para perito contábil. O objetivo do exame é que o
contador, já registrado no CRC possa comprovar que tem
qualificação técnica para exercer a atividade de perito-contábil,
que é, por essência, uma atividade de extrema especialização
e experiência.

Ao ser aprovado no exame, o contador é registrado no


Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), que é parte do
CFC.

O exame é administrado por membros do CFC com experiência


em perícia contábil. Estes profissionais são responsáveis por:
estabelecer as condições e conteúdo dos exames, eliminar
possíveis dúvidas que existam sobre a realização do exame,
zelar pela confidencialidade do mesmo e emitir um relatório com
todos os aprovados após a realização do exame.

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A prova é composta por questões objetivas e discursivas e é
aplicada nos CRCs de cada estado em que houver inscritos. A
prova é aplicada, no mínimo, uma vez por ano e para
aprovação, o profissional deve ter, no mínimo, 60% de
sucesso na prova. Os conhecimentos exigidos dos
profissionais na realização da prova são:

- Legislação profissional;

- Ética profissional;

- Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnicas e Profissionais,


editadas pelo CFC, inerentes à perícia contábil;

- Legislação Processual Civil aplicada à perícia;

- Língua portuguesa e redação; e

- Direito Constitucional, Civil e Processual Civil relacionados à


perícia e prova pericial.

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Olá estudante, finalizamos aqui nossa primeira seção, onde
fizemos uma introdução à perícia contábil de forma bem ampla.
Começamos apresentando um breve histórico da perícia
contábil, e em seguida seus conceitos básicos, o objeto de
trabalho da atividade de perícia, seus tipos e em que momentos
ela pode acontecer, e ainda estudamos sobre quem pode ser
perito contábil. Sobre a habilitação para ser perito contábil,
vimos que o Conselho Federal de Contabilidade - CFC define
que os trabalhos de perícia contábil, judicial ou extrajudicial,
são de exclusividade do profissional contábil registrado em um
Conselho Regional de Contabilidade – CRC. Discutimos ainda
sobre a responsabilidade do perito contábil e finalizamos
tratando das Normas Brasileiras de Contabilidade para a
perícia contábil, quando discutimos que o Conselho Federal de
Contabilidade, publicou duas normas que regem os trabalhos
dos peritos contábeis: NBC PP 01 e NBC PP 02, além do
Código de Ética Profissional do Contador que também deve
ser respeitado pelos peritos contábeis. Finalizada essa
introdução, na próxima seção trataremos dos atos preparatórios
da perícia contábil. Até lá!

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SEÇÃO 2 – ATOS PREPARATÓRIOS DA PERÍCIA CONTÁBIL

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Estudante, mais uma unidade começa e nesse momento, você
terá acesso a um conteúdo que irá lhe mostrar como a
perícia contábil foi instituída na legislação brasileira. Bons
estudos!

Na legislação brasileira, a perícia contábil surgiu em 1939,


com o Decreto-lei nº 1.608, que estabeleceu regras básicas
para a execução da perícia contábil válidas em todo o país.
Neste momento, as bases para as regras da perícia contábil
foram escritas e mantidas quase que em sua totalidade, desde
então.

A próxima aparição da perícia contábil brasileira se deu em


1946, com o Decreto-lei nº 8.570, que promoveu alterações
relevantes. Neste decreto, foram extintas as figuras de
assistentes técnicos, que já existiam desde 1939, além de
promover alterações na forma de nomeação e prazos do
processo, concedendo mais autoridade à figura do perito do
caso.

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Figura 10 - Legislação
Fonte: Freepik
Em 1973, o Código de Processo Civil restaurou a maioria das
regras da perícia contábil do ano de 1939, devolvendo a
autoridade de todo o processo ao juiz do caso e
regulamentando as primeiras definições efetivamente legais da
perícia contábil.

Entre 1992 e 2005, houve outras leis que promoveram alterações


às regras de perícia contábil, tratando sobre prazos, critérios
de nomeação, escusa e impedimento, assim como honorários.

Atualmente, temos em vigor no Brasil o Novo Código de


Processo Civil, divulgado em 2015, que trouxe algumas
mudanças ao processo pericial contábil, as quais vamos
conhecer a seguir:

1. A possibilidade de prova simplificada. O § 2º do art. 464 no


CPC/2015 diz que quanto menor for a complexidade da
controvérsia do caso, menor pode ser o esclarecimento,
possibilitando a substituição de uma perícia por uma simples
inquirição a um especialista por parte do juiz.

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2. O acompanhamento das diligências por parte dos
assistentes técnicos deve ser concedido pelo perito, sempre
com comunicação prévia de cinco dias, comprovado nos autos,
conforme o § 2º do art. 466 do CPC/2015.

3. A possibilidade da perícia consensual, que acontece quando


ambas as partes, de comum acordo, podem escolher um perito
para o caso, sem a interferência do juiz, conforme o art. 471
do CPC/2015.

4. A divulgação da análise técnica e científica realizada pelo


perito deve indicar o método utilizado, explicando-o e indicando
os especialistas da área que difundiram o método, além de
explicitar a necessidade de uma linguagem objetiva, clara e
coerente na fundamentação das respostas, conforme art. 473
do CPC/2015.

5. Alterações nos prazos para manifestação do perito e


assistentes, conforme art. 477 do CPC/2015.

6. Instituição da possibilidade de a perícia ser realizada por


pessoa jurídica, órgão técnico ou científico especialista no
tema, conforme § 1º do art. 156 do CPC/2015.

7. Caso o perito não realize o trabalho ao qual foi nomeado,


deve restituir o valor no prazo de 15 dias, conforme § 2º do art.
468 do CPC/2015.

8. O perito deve agora comprovar sua especialização para


realização do trabalho pericial, conforme inciso I, § 2º do art.
465 do CPC/2015.

9. Sempre que questionado sobre qualquer divergência ou


quesito do parecer, o perito deve responder aos assistentes
técnicos, conforme § 2º do art. 477 do CPC/2015.

10. O laudo pericial deve seguir padrão determinado, conforme


art. 473 do CPC/2015.
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11. Os honorários pagos ao perito agora podem ser
parcialmente antecipados, conforme art. 95 do CPC/2015.

Observe que, a cada nova legislação que entra em vigor sobre a


última, as mudanças são pequenas, como ajustes ao ritual da
perícia contábil junto à justiça brasileira. Entretanto, o formato
da perícia contábil mantém a ideia original instituída em 1939.

O conhecimento da normalização existente no CPC sobre a


perícia contábil é essencial, principalmente porque o ramo do
direito não é totalmente dominado pelos contadores, mas não é
somente esta norma que deve ser observada.

Os contadores que desejam atuar como peritos contábeis


devem estudar o direito para conhecerem as regras judiciais
que regem o trabalho pericial enquanto parte de uma ação
judicial. Muito além do que conhecer os passos de uma ação
judicial, o perito deve conhecer as regras e os impactos de
cada movimento em uma ação judicial, além das regras a
respeito do trabalho pericial, que vão desde o respeito aos
prazos, até os limites de cada personagem em uma ação.

Ainda que seja preciso conhecer o direito, o perito contábil é


um contador que trabalha sob o regimento das normas da
profissão contábil, ou seja, o profissional que trabalha na
interseção entre duas profissões tem importância e
responsabilidade duplicadas.

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Estudante, o CPC é um documento que é
consultado diariamente por todas as pessoas
que trabalham com o direito. Visite o link e
conheça a abrangência e importância deste
documento para o sistema judiciário brasileiro.

Link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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Olá, estudante!

Nesta unidade você se sentirá mais perto dos conteúdos do


Direito, mas isso é para que você consiga entender os
termos e processo que a perícia judicial atravessa!

Boa aula!

Ação é o meio processual pelo qual é possível recorrer à


justiça para obter reconhecimento, declaração, atribuição,
efetivação ou punição através das leis. Através de uma ação
judicial, qualquer pessoa pode solicitar que o poder jurisdicional
do Estado para reclamar alguma situação que acredita estar
em seu direito.

Qualquer pessoa pode buscar a justiça para reivindicar seus


direitos, mas para tanto, é necessário ter interesse processual,
possibilidade jurídica do pedido e legitimidade das partes.
Estes são três pontos determinantes para que uma ação
judicial exista e tenha validade na legislação brasileira.

O interesse processual é a demonstração de que a ação


judicial é realmente necessária, pois a máquina jurídica não
deve ser utilizada para casos que podem ser solucionados
sem a presença de um juiz de direito. Ou seja, não se pode
movimentar a justiça sem que ela seja estritamente necessária.

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Alguns casos podem ser resolvidos de outras maneiras,
como por exemplo, através de órgãos como o PROCON,
processos administrativos diretamente com agências e
órgãos do governo ou até em conciliações particulares.

A legitimidade revela a relação entre o sujeito da ação e o


objeto, ou seja, uma ação legítima é aquela em que o sujeito
que tem interesse processual sobre algum objeto, também tem
legitimidade sobre os direitos relativos a ele, por exemplo, a
reivindicação de uma dívida vencida só pode ser feita pelo
credor da dívida, pois esse tem legitimidade sobre esse direito.

Este ponto trata sobre a responsabilidade que o requerente


(sujeito que dá início à ação) tem sobre o objeto da ação.
Não é possível uma pessoa abrir uma ação judicial para outra
pessoa sobre um tema que não lhe diz respeito. Uma ação
judicial não pode ser realizada em nome de terceiros.

A possibilidade jurídica refere-se à necessidade de aquele


pedido de ter providências jurídicas que permitam que o
pedido seja julgado, ou seja, devem haver leis e normas que
regulem a matéria sobre a qual o pedido da ação trata.

A legislação brasileira é extremamente ampla e complexa,


característica que lhe dá fama mundial. Entretanto, para que
um caso seja julgado, é necessário que exista legislação, ou
jurisprudência sobre aquele tema. Por isso, é sempre
recomendado que ao buscar a justiça, qualquer indivíduo deva
buscar ajuda jurídica, para que sua reivindicação seja feita de
acordo com as possibilidades jurídicas no país.

A iniciativa da ação judicial é da pessoa interessada e


através da oficialização do caso, é dado início ao processo.
Em seguida, o juiz do caso determinará quais serão as provas
necessárias para julgar o mérito.

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É sempre intenção do Estado que as ações sejam resolvidas de
forma consensual, através de conciliação, mediação ou outros
métodos que permitam que haja conciliação entre as partes.
Todos os membros de qualquer processo judicial devem ser
estimuladores da conciliação para solução de conflitos judiciais.
Ou seja, apesar de ser uma impressão comum, não é intenção
da justiça brasileira que ações judiciais sejam cenários de
disputas, mas sim de soluções civilizadas sobre temas de
direito de toda a população.

Uma ação é composta por três elementos: as partes, a


ação e o objeto.

Normalmente, uma ação irá ser composta por duas partes


(requerente e requerida), duas pessoas (físicas, jurídicas ou
públicas), mas existem casos em que existe um grupo de
pessoas (como em casos de processos trabalhistas de um
grande número de trabalhadores reivindicando o mesmo direito),
que normalmente não é o caso da perícia judicial. As partes
são os personagens envolvidos juridicamente na ação,
requerente e requerida. A requerente é quem está buscando
que o seu direito seja garantido e a requerida é a parte que
deve cumprir com o direito da requerente.

O objeto é a matéria sobre a qual a ação versa, o pedido que


motivou a ação por parte do requerente. Em outras palavras, o
objeto é “o quê”, a ação é o “por que” e as partes são “quem”.

É dever de todas as partes envolvidas no processo comportar-se


de acordo com a boa-fé e cooperar entre si para que o
julgamento do caso seja obtido de forma justa, efetiva e no
menor tempo possível, com a solução integral do mérito.

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De acordo com o Código de Processo Civil, todos os
personagens envolvidos nos processos, sejam partes,
advogados, procuradores e outros:

I – Expor os fatos em Juízo conforme a verdade;

II – Não formular pretensão ou de apresentar defesa quando


cientes de que são destituídas de fundamento;

III – Não produzir provas e não praticar atos inúteis ou


desnecessários à declaração ou à defesa do direito;

IV – Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de


natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação;

V – Declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos


autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão
intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer
qualquer modificação temporária ou definitiva;

VI – Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou


direito litigioso.

Figura 11 – Ilustração de uma audiência


Fonte: Freepik

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Existem diversos tipos de ações, que são classificadas
conforme o tipo de solicitação que é feita, tais como: apuração
de haveres, cobrança, dissolução de sociedade, prestação de
contas, perdas e danos, trabalhista, usucapião, entre outras.
São inúmeras, motivo que justifica a não menção a todas. Em
todos os momentos que o juiz fizer algum pronunciamento no
processo, isso é chamado de despacho, sempre divulgados no
Diário de Justiça.

De forma geral, toda ação é composta por vários passos, que


revelam o estágio em que o processo se encontra. Entretanto,
não é sempre uma regra que um processo siga determinados
estágios, pois tudo depende dos resultados de cada uma das
próprias etapas.

Ainda, devemos lembrar que a cada caso judicial, se aplicam


os processos que a ele são cabíveis, portanto, não devemos
ser rígidos quanto às informações de processos judiciais, pois
devemos sempre seguir as orientações do juiz do caso que
participarmos.

Como exemplos de algumas etapas, podemos citar: peça


inicial, despacho liminar; contestação, decisão, reconvenção,
respostas à reconvenção, audiência de conciliação, perícia,
quesitos do juiz, quesitos das partes, sentença, apelação etc.

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Estudante, observe como o meio jurídico é
muito mais complexo do que imaginamos.
Apenas ao tratarmos sobre conceitos básicos,
percebemos o quanto este tema carrega
tamanha seriedade. Esta é uma constatação
que nos leva a refletir sobre o quão séria é a
presença do contador neste cenário. Mostra a
importância que a contabilidade tem para a
justiça, que assumidamente não tem domínio
do tema. Assim como em outras áreas do
conhecimento, a perícia é o braço direito do
juiz em casos em que o objeto trate de temas
que não estão limitados ao direito.

Observe como um processo judicial pode ter inúmeras


possibilidades de desdobramentos e o quanto não devemos
tentar encaixar um processo de perícia judicial em uma regra,
pois não há. É importante conhecermos a forma como uma
ação judicial acontece, mas não há como prevê-la.

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Estudante, te apresento ao conteúdo que irá iniciar os
conteúdos práticos desta disciplina. Iremos conhecer como
funciona, na prática, a perícia contábil judicial!

Mãos à obra!

Para começar, abaixo está listada, em ordem, como se dá a


rotina processual prática de uma perícia contábil, ou seja, a
produção da prova pericial, conforme o livro do Professor
Antônio de Deus Farias Magalhães (2017).

Assim como mencionado na unidade anterior, esta é uma


sequência básica das rotinas de execução de um processo
pericial. Entretanto, é possível que por ordens do juiz do caso,
algumas etapas sejam realizadas simultaneamente, substituídas
ou até mesmo não realizadas, conforme as necessidades do
caso em questão.

Rotinas das práticas processuais durante a execução da


prova pericial

1. Juiz nomeia o perito e determina as diligências.

2. Secretaria recebe e elabora a intimação ao perito e às


partes: (2a) expede a intimação ao perito; (2b) expede
intimação às partes.

3. Secretaria recebe e inclui nos autos o orçamento elaborado e


protocolado pelo perito e as manifestações de autoria das partes.

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4. Juiz analisa e determina as diligências.

5. Secretaria dá cumprimento à decisão do juiz; (5a) faz o


encaminhamento da decisão do perito; (5b) faz o
encaminhamento da decisão às partes.

6. Secretaria recebe e inclui nos autos as provas periciais,


que são: (6a) laudo de auditoria do perito; (6b) pareceres de
auditoria dos assistentes técnicos, quando houver.

7. Juiz agenda audiência de conciliação e julgamento e


determina diligências.

8. Secretaria prepara as intimações, que são: (8a) dá


conhecimento ao perito, às partes e aos assistentes
técnicos do agendamento da audiência; (8b) recebe das
partes os quesitos de esclarecimentos, quando houver.

9. Secretaria prepara as intimações, que são: (9a) intima o


perito dos quesitos de esclarecimentos; (9b) intima os
assistentes técnicos dos quesitos de esclarecimentos.

10. Juiz preside a audiência de instrução e julgamento onde é


gerado o Termo de Audiência.

Figura 12 – Entrega de documentação


Fonte: Freepik

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A partir deste roteiro, estudante, você já consegue ter uma
visão de como o processo da perícia contábil judicial se dá.
Perceba, que o juiz organiza todo o trabalho, a secretaria
executa as intimações e trabalha com canal de comunicação
oficial entre o perito, as partes e os assistentes técnicos
durante todo o processo, os peritos e assistentes executam a
perícia e o juiz, finalmente, promove a decisão final na
audiência final.

A parte inicial de todo processo pericial é a nomeação dos


peritos e a determinação das diligências, que são as
instruções acerca dos elementos necessários para a
execução da perícia, ou seja, identificação dos peritos,
assistentes técnicos e partes, além dos documentos
necessários para estudo.

A nomeação dos peritos e dos assistentes técnicos segue um


rito bem específico, o qual estudaremos na unidade seguinte,
que é de enorme importância. Portanto, estudante, siga os
estudos com bastante dedicação!

Após a nomeação, a secretaria intima as partes e é


comum que após a nomeação, o perito do juízo entre em
contato com os assistentes técnicos para conhecer seu
envolvimento no processo.

Os assistentes técnicos são como os “peritos das partes”


que vão avaliar os mesmos documentos que o perito do
caso e vão opinar sobre a prova pericial produzida pelo
perito do juízo. Assim, as partes têm uma segunda opinião,
uma que trabalha diretamente para elas, juntamente com os
advogados.

Após a nomeação, ainda é comum que seja feito o pagamento


prévio dos honorários do perito.

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Em seguida, o perito e os assistentes técnicos (quando
houver) desenvolvem as diligências para obtenção das
provas a serem analisadas. As diligências consistem em
todos os meios lícitos e necessários para obter as provas que
estejam fora do processo, como por exemplo, acesso aos
livros comerciais, fiscais e outros arquivos que possam estar
em posse das partes, terceiros ou órgãos públicos.

Nem sempre as provas que já estão no processo são


suficientes para que os peritos possam fazer uma avaliação
completa e produzir uma prova pericial com sustentação
técnica. O profissional tem o direito e dever de solicitar os
demais documentos que são necessários para a execução
correta da prova pericial.

Atenção, estudante! A produção da prova pericial também


será estudada com maiores detalhes em unidades seguintes!
Mantenha o foco!

Após o juiz aprovar e determinar as diligências, o perito é


recomendado a iniciar a produção da prova pericial,
normalmente acompanhado dos assistentes técnicos.

A produção da prova pericial consiste no estudo dos


documentos e provas obtidos durante as diligências e/ou
que já estavam disponíveis nos autos do processo. O fato de o
perito fazer este processo acompanhado dos assistentes
técnicos não significa que os assistentes técnicos contribuirão
com o laudo pericial do perito. Os peritos assistentes (ou
assistentes técnicos) devem realizar as mesmas análises
que o perito a fim de terem a possibilidade de julgar o laudo
pericial posteriormente.

Após todo o estudo e produção da prova pericial, o perito


desenvolve um parecer pericial, onde inclui as conclusões
de seu trabalho após o estudo desenvolvido na análise das
provas periciais.
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Quando o perito do juízo apresenta o seu parecer pericial,
existe um prazo para que as partes, apoiadas por seus
advogados e assistentes técnicos solicitem esclarecimentos,
caso queiram.

Ainda, quando as partes contrataram assistentes técnicos,


estes devem produzir seus pareceres técnicos a respeito da
prova pericial do perito, onde irão apresentar suas
considerações sobre o trabalho realizado pelo perito. Ou
seja, o assistente técnico funciona como um “revisor” do
trabalho do perito, porém, este faz uma análise sempre
considerando os interesses da parte que foi contratado, a fim
de que nenhum aspecto deixou de ser analisado.

Finalmente, o juiz preside a audiência final, onde é feito o


seu julgamento a respeito do processo e é desenvolvido o
Termo de Audiência.

Estudante, observe que o papel do perito em todo o processo


que envolve a análise pericial é de extrema importância, pois o
juiz somente solicita uma perícia quando sua capacidade de
análise precisa de um apoio técnico específico. Ainda assim,
estudante, a determinação final do julgamento é de
responsabilidade do juiz. O perito oferece o seu parecer
pericial, ou seja, sua conclusão após a análise de todas as
provas periciais. Entretanto, o juiz dá a palavra final após
analisar o parecer que foi oferecido pelo perito.

Nem mesmo qualquer argumentação a favor das partes


pode ser feita pelos assistentes técnicos, que são os “peritos
das partes”. Estes devem fazer sugestões e debates internos
com os advogados das partes, mas sua função no processo
deve ser somente técnica.

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Olá, estudante!

Nesta seção, estudaremos aspectos práticos da perícia contábil.

Os conteúdos ficam menos teóricos e é possível entender a


logística da perícia contábil.

Bons estudos!

Neste ponto dos estudos da disciplina, você já deve saber


que a atividade pericial contábil só pode ser executada por um
profissional contábil devidamente registrado por um Conselho
Regional de Contabilidade – CRC.

Agora, você deve saber que há duas formas de se atuar na


perícia contábil: como perito contador ou como assistente
técnico.

A oportunidade de trabalho como perito contador acontece


quando um profissional contábil é nomeado pelo magistrado
ou pelo Tribunal Arbitral para assumir o papel de perito contador,
judicial ou arbitral.

Já o assistente técnico, é indicado por uma das partes


envolvidas no processo que considera importante ter um
profissional para avaliar o material investigado como assistente
técnico.

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O assistente técnico também pode ser chamado de perito-
assistente. Ambas as formas estão corretas. O termo assistente
refere-se ao fato de este perito atuar como assistente da parte
em relação à interpretação do laudo pericial e dos demais
fatos do processo pericial. O perito-assistente NÃO é assistente
do perito-contador.

Vamos conhecer melhor sobre o trabalho do assistente técnico?


Atenção aos próximos parágrafos!

ASSISTENTE TÉCNICO

Observe que o assistente técnico é diferente do perito


contador, uma vez que seu trabalho acontece por indicação
das partes, e não nomeação do magistrado, como é o caso do
perito.

Por esse motivo, a indicação de um profissional contábil para


atuar como assistente técnico em uma determinada ação deve
passar por aprovação do juiz responsável, podendo ser
aceito ou recusado. No caso de uma recusa, ele será
substituído por outro profissional.

Quando na posição de assistente técnico, o perito contábil atua


antes, durante e depois da realização de uma perícia.

Mesmo antes do deferimento da prova pericial, o assistente


técnico já pode ser convidado a trabalhar produzindo as
estratégias das provas técnicas, ou seja, o planejamento para a
execução das provas que serão utilizadas e trabalhadas durante
o processo pericial.

Assim que a perícia é diferida, o assistente técnico já deve


conhecer todo o conteúdo do processo: a Inicial, a
Contestação, a Réplica e até a Tréplica, se houver.

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Esse profissional tem extrema importância em um processo
pericial no apoio à parte pela qual foi indicado. Sua função é
avaliar, verificar e acompanhar todo o processo, oferecendo
apoio, sugestões e debatendo questões técnicas com os
advogados responsáveis pela defesa da parte a que está
atendendo. Sua função é de defesa técnica no processo.

Durante todo o processo pericial, o assistente técnico deve


acompanhar o perito contador (indicado ao processo pelo juiz)
no desenvolvimento dos trabalhos. Deve acompanhar as
diligências agendadas, examinar os mesmos documentos,
assim como pode sugerir e requerer ao perito o exame de
outros documentos ou livros.

Sua contribuição pode acontecer durante todo o processo,


propondo e questionando os pleitos sugeridos pela outra parte,
visto que é possível que alguns documentos importantes de
defesa poderiam não ser examinados ou até omitidos pela
parte contrária no processo.

Após o fim da diligência e a entrega da perícia final, cabe ao


assistente técnico avaliar o documento oficial e elaborar um
parecer pericial sobre o conteúdo do trabalho realizado pelo
perito nomeado pelo juiz. Neste momento, o assistente técnico
pode debater com os advogados questões que devem ser
esclarecidas, e em alguns casos, sugerir que seja feita uma
petição questionando o posicionamento do perito nomeado.

Veja, a função do assistente técnico não é questionar e ir


contra o trabalho do perito nomeado, mas sim, trabalhar na
defesa técnica de sua parte, sempre respeitando o código de
ética profissional.

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Vocês podem assistir ao vídeo do professor
Wilson, no link a seguir, em que ele explica
qual o papel do assistente técnico de perícia
contábil, sua função diante do processo e das
partes e, também, como deve lidar com o
parecer produzido pelo perito nomeado.

https://www.youtube.com/watch?v=xe7KsouSZJM

Figura 13 – Oficialização de acordo legal


Fonte: Freepik

NOMEAÇÃO DO PERITO CONTÁBIL

O perito contábil é um aliado da justiça a fim de buscar a


verdade dos fatos. Sendo assim, é primordial que o perito seja
um profissional habilitado, experiente e de confiança, visto que
sua principal função é fornecer ao juiz todos os elementos
necessários para esclarecimento da questão analisada, de
forma precisa e com exatidão.

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Um registro de todos os profissionais legalmente habilitados
para a execução da função é mantido pelo tribunal ao qual o
juiz está vinculado. O perito será nomeado entre os
profissionais registrados no tribunal. Caso na localidade onde o
juiz esteja vinculado não haja cadastro de peritos disponíveis, o
juiz terá livre escolha na nomeação de um profissional, desde
que o mesmo esteja legalmente habilitado para realizar a função.

As nomeações de peritos ocorrem, mais frequentemente, de


forma individual, ou seja, apenas um perito é nomeado, exceto
nos casos de perícia consensual ou complexa, mas ainda
existem casos em que são formadas equipes multidisciplinares
de perícia.

Dentre os atos preparatórios da perícia, ou seja, aqueles que


antecedem o início de uma perícia, podemos citar seis
possíveis cenários: nomeação de ofício, nomeação
requerida, indicação simultânea, indicação de assistente,
intimação e escusa.

A nomeação de ofício é realizada por um juiz de direito, quando


este sente a necessidade de ser apoiado por um profissional
em algum assunto técnico, o que ocorre mais frequentemente no
momento da interpretação dos fatos, para auxiliar na decisão,
na apuração de haveres, avaliação de quotas e valores, entre
outros.

A nomeação requerida acontece quando uma ou ambas as


partes, considera que é necessária uma orientação técnica ou
científica a respeito da ação para auxiliar nos esclarecimentos
de dúvidas e questões. Nesse caso, a parte faz um
requerimento de perícia ao juiz, que decide se defere, ou
não, o pedido.

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A indicação simultânea ocorre quando ambas as partes,
indicam um perito e os assistentes técnicos. Nesse caso, o
juiz não faz a nomeação, mas cabe a ele o diferimento do
requerimento da indicação, assim como a definição dos
prazos para perícia.

A indicação de assistente é livre a qualquer uma das partes


que considerem a necessidade de um profissional para lhes
auxiliar na revisão das provas periciais, pareceres e
interpretações. O assistente tem o papel do “perito da parte”.
Este é o caso do assistente-técnico mencionado anteriormente
nesta unidade. Este profissional é contratado pela parte,
independentemente e de forma voluntária e opcional.

A intimação acontece após a nomeação do perito, quando o


juiz intima as pessoas envolvidas na ação de que foi nomeado
um perito, abrindo prazo para indicação de assistentes, prazos
para aceitação e recusa e demais informações do processo.

Finalmente, a escusa ou declinatória, é o ato realizado pelo


perito, caso não possa executar o trabalho para o qual foi
indicado/nomeado por motivos legais. Nesse caso, o
profissional tem o prazo de 15 dias para manifestar sua escusa.

MOTIVOS PARA NOMEAÇÃO/INDICAÇÃO

Estudante, observe que o papel do perito contador é de


extrema importância, mas não é sempre necessária.

Para que haja a nomeação ou indicação de um perito


contador, deve haver um motivo legal para isso, que é de
julgamento do juiz da ação.

A prova pericial é justificada quando há necessidade de


inspeção de coisas ou pessoas, decisão de liquidação por
parte do juiz, resolução de sociedades com apuração de
haveres, inventário e partilha de bens, levantamento de
curatela ou nova perícia.

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Seja bem-vindo a mais uma aula, estudante!

Iremos aprender em quais situações um profissional contábil


não pode exercer a função.

Todo o conteúdo é baseado nas normas profissionais da


perícia contábil e estão totalmente ligadas aos conceitos de
perícia aprendidos no início da disciplina.

Então você vai tirar de letra! Bons estudos!

A nomeação ou indicação para perito contábil deve ser


considerada um reconhecimento profissional da capacidade e
honorabilidade do profissional. O contador que não atender
aos critérios técnicos, profissionais e éticos da função de
perito deve escusar-se dos serviços, ou seja, responder à
nomeação ou indicação declinando o aceite à função, seja por
motivos profissionais, ou pessoais.

Segundo a NBC PP 01, algumas são as situações em que


um contador não pode exercer a função de perito em uma ação.

Em todos os casos em que o contador esteja impedido de


cumprir a função para a qual foi indicado ou nomeado, deve
dirigir-se à parte ou ao juiz através de petição ou em carta
escrita com cópia ao juízo, dentro do prazo de 15 dias, pois o
silêncio do profissional é considerado a aceitação ao cargo.

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Dentre as situações que impedem um contador de exercer
uma função de perito para a qual foi nomeado ou indicado,
são se o contador:

I. for parte do processo;

II. tiver atuado como perito contador contratado ou prestado


depoimento como testemunha no processo;

III. t iver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em


linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau,
postulando no processo ou entidades da qual essas
façam parte de seu quadro societário ou de direção;

IV. tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por


si, por seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, no
resultado do trabalho pericial;

V. exercer cargo ou função incompatível com a atividade do


perito-contador, em função de impedimentos legais ou
estatutários;

VI. receber dádivas de interessados no processo;

VII. subministrar meios para atender às despesas do


litígio;

VIII. receber quaisquer valores e benefícios, bens ou


coisas sem autorização ou conhecimento do juiz ou
árbitro;

IX. a matéria em litígio não ser sua especialidade;

X. constatar que os recursos humanos e materiais de sua


estrutura profissional não permitem assumir o encargo;
cumprir os prazos nos trabalhos em que o perito contador
for nomeado, contratado ou escolhido; ou em que o
perito contador assistente for indicado;

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XI. ter o perito contador assistente atuado para a outra parte
litigante na condição de consultor técnico ou contador
responsável, direto ou indireto em atividade contábil ou
em processo no qual o objeto de perícia seja semelhante
àquele da discussão, sem previamente comunicar ao
contratante.

A NBC PP 01 é a norma publicada pelo CFC


que rege o exercício profissional do perito
contábil. Consulte a norma divulgada no site do
CFC, no link a seguir: https://cfc.org.br/wp-
content/uploads/2016/02/NBC_PP_01.pdf

ATENÇÃO!
Estudante, observe!
Saiba que você não precisa memorizar todas
estas situações específicas.
É importante que você as conheça e
entenda que a norma profissional do
contador estabelece situações de
impedimento que estão sempre baseadas
nos principais conceitos da profissão do
perito contábil.

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Figura 14 – Juiz oficializando documento
Fonte: Freepik
A atividade do perito contábil é de extrema seriedade,
confiança, expertise, além de estar intimamente ligada aos
aspectos judiciais, ou seja, nessa atuação do contador, não
há espaços para incertezas.

Ainda, diante de uma nomeação ou indicação para uma


perícia, um contador deve observar se ele não é considerado
suspeito em uma ação. Neste caso, ele também deve
escusar-se dos serviços.

A suspeição está muito ligada à imparcialidade e


independência do profissional no caso. Portanto, os casos de
suspeição são:

I. Se o contador é amigo íntimo de qualquer das partes;

II. Se o contador é inimigo capital de qualquer das partes;

III. Se o contador é devedor ou credor em mora de qualquer


das partes, dos seus cônjuges ou parentes, consanguíneo
ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro
grau, postulando no processo ou entidades da qual essas
façam parte de seu quadro societário ou de direção;

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IV. Se o contador é herdeiro presuntivo ou donatário de
alguma das partes ou dos seus cônjuges;

V. Se o contador é parceiro, empregador ou empregado de


alguma das partes;

VI. Se o contador aconselhar, de alguma forma, parte


envolvida no litígio acerca do objeto da discussão;

VII. Se houver qualquer interesse no julgamento da


causa em favor de alguma das partes;

VIII. Motivo íntimo.

O perito contador que se encontrar legalmente inabilitado,


impedido ou suspeito de realizar uma perícia e decide seguir
com as atividades pode ser punido pelas vias legais.

O compromisso com a verdade faz parte das responsabilidades


do perito contábil, portanto, todo perito deve considerar
todos os critérios e avaliar se está legalmente e
profissionalmente apto para a nomeação. Após total certeza
de sua habilidade para o caso e não estar em nenhuma
categoria de suspeição e/ou impedimento, o profissional pode
aceitar a posição para a qual foi nomeado, retirar os autos e
iniciar as próximas etapas do trabalho.

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Estudante, como você está absorvendo as informações da
prática da perícia contábil?

Tem observado o quanto a profissão da contabilidade se


interliga com o direito nesta modalidade da profissão?

Precisamos ter conhecimentos das formalidades necessárias


ao lidar com a justiça brasileira! É parte de nossa
responsabilidade profissional!

Boa aula!

Como foi estudado na unidade anterior, o perito deve respeitar


algumas condições para fazer parte de um processo pericial.

Existem algumas situações que o profissional se encontra


profissionalmente, pessoalmente e em relação ao processo,
que podem ser motivos de que o mesmo seja considerado
suspeito ou impedido de aceitar a nomeação, sendo sua
responsabilidade profissional escusar-se, renunciar ou recusar a
nomeação.

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Estudante, como você sabe, todas as regras e
normas que regem a perícia contábil podem ser
encontradas no CPC e nas Normas Brasileiras
de Contabilidade. A NBC PP 01 rege as Normas
Profissionais do Perito. Você pode encontrar o
documento completo no link do CFC abaixo:

https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/
NBC_PP_01.pdf

A seguir, serão apresentados três modelos de petição do


perito-contador nomeado dirigindo-se ao juiz do caso em três
situações:

- Escusa/renúncia/recusa em perícia judicial (em caso de


impedimento ou suspeição do perito contador);

- Escusa/renúncia/recusa em perícia judicial (em caso de


impedimento ou suspeição do perito-contador assistente);

Figura 15 – Homem recusando contrato


Fonte: Freepik

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MODELO DE ESCUSA/RENÚNCIA/RECUSA EM PERÍCIA
JUDICIAL (impedimento ou suspeição do perito-contador)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ..........................

Autor:

Réu:

Ação:

Processo nº:

................(Nome completo do profissional), contador(a)


registrado(a) no CRC..........................., na condição de
perito-contador nomeado no processo acima referido, vem à
presença de Vossa Excelência comunicar, nos termos do
art. ......... do Código de Processo Civil (citar o nº do item de
impedimento técnico, legal ou suspeição) e da Norma
Brasileira de Contabilidade NBC PP 01, do Conselho Federal
de Contabilidade, o seu impedimento para a produção da
prova pericial contábil, pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no art. .........


do Código de Processo Civil e nos itens do Impedimento Legal
ou Impedimento Técnico da NBC PP 01.

Termos em que pede deferimento.

................................., ....... de .................................. de ...........

Nome do perito-contador(a)

Nº de registro no CRC

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MODELO DE ESCUSA/RENÚNCIA/RECUSA EM PERÍCIA
JUDICIAL (impedimento ou suspeição do perito-contador
assistente)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ..........................

Autor:

Réu:

Ação:

Processo nº:

.........................................., contador(a) registrado(a) no


CRC..........................., na condição de perito-contador
assistente indicado pela parte (requerente ou requerido) no
processo acima referido, vem à presença de Vossa Excelência
comunicar, nos termos do art. ......... do Código de Processo
Civil (citar o nº do item de impedimento técnico, legal ou
suspeição) e da Norma Brasileira de Contabilidade NBC PP
01, do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento
para a produção da prova pericial contábil, pelos motivos
esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no art. .........


do Código de Processo Civil e nos itens do Impedimento
Legal ou Impedimento Técnico da NBC PP 01.

Termos em que pede deferimento.

................................., ....... de .................................. de ...........

Nome do perito-contador(a)

Nº de registro no CRC

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Estudante!

Seja bem-vindo a mais uma unidade da disciplina de perícia


contábil!

Como está desenvolvendo o aprendizado com as aulas?

Espero que bem!

Já vimos que o perito-contador trabalha em um caso de perícia


judicial por nomeação do juiz ou indicação simultânea em
comum acordo de ambas as partes, certo?

Mas e como funciona a contratação do assistente técnico?

Vamos ver agora? Acompanhe!

Comecemos esta unidade nos relembrando do papel do


perito-contador assistente em um processo pericial judicial.

O perito-contador assistente ou assistente técnico, tem como


principal objetivo escrever o seu parecer técnico do laudo
produzido pelo perito. Observe com atenção, o assistente
técnico escreve o seu parecer técnico opinando sobre o laudo
produzido pelo perito, ou seja, após ter analisado as mesmas
provas, o assistente “revisa” o trabalho do perito. Além da
produção do parecer técnico, o assistente técnico deve
auxiliar a parte pela qual foi contratado a fazer os
questionamentos que sejam necessários a respeito do laudo
do perito e/ou sobre questões importantes do processo.

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O perito do caso e o assistente técnico não são um mais
importante do que o outro em um processo. Ambos promovem
suas análises com base nas mesmas provas e, inclusive,
costumam realizar as análises em diligências ao mesmo tempo.
Entretanto, o que os diferencia é que o perito-contador, ou
perito do caso, é nomeado pelo juiz para auxiliá-lo no julgamento
através da produção do seu laudo pericial. O assistente-técnico
é contratado, por cada uma das partes, para auxiliar a
compreender o laudo do perito e identificar formas de
defender-se tecnicamente com objetivo de ganhar o caso.

Figura 16– Assinatura de contrato entre profissionais de


negócios
Fonte: Freepik
Em um processo judicial pericial, nenhuma parte é obrigada a
fazer a contratação de assistentes técnicos para o caso.
Entretanto, caso decidam utilizar da mão de obra de
profissionais especializados para auxílio técnico no caso, a
parte pode entrar em contato com um profissional perito
contador habilitado.

Conforme determinado pela NBC PP 01, é dever do perito


formalizar sua contratação quando indicado por terceiros. O
contrato deve indicar, entre outros aspectos:

- A natureza dos trabalhos a serem realizados;

- O valor dos honorários fixados;

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- Os direitos e deveres do profissional e do contratante;

- Forma de pagamento;

- Demais itens importantes.

A seguir, é apresentado um modelo de contrato de prestação


de serviços de perito-contador assistente que pode ser
modificado conforme as necessidades de cada situação.

MODELO DE CONTRATO PARTICULAR DE PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS

PROFISSIONAIS DE PERITO CONTADOR ASSISTENTE

Contrato Particular de Prestação de Serviços Profissionais


que entre si fazem, com matriz estabelecida na.............,
devidamente inscrita no CNPJ n ............representada pelo
sócio: (qualificar o sócio), residente e domiciliado na.......
doravante denominado CONTRATANTE, e, do outro lado,
como PERITO CONTADOR ASSISTENTE, ........... brasileiro,......,
contador e perito judicial, inscrito no Conselho Regional de
Contabilidade do ......... sob o nº e C.P.F. nº .......com endereço
profissional no ......., se obrigam mediante as cláusulas e
condições seguintes:

CLÁUSULA 1ª - DO OBJETO

O objeto do presente é a prestação dos serviços profissionais


do PERITO CONTADOR ASSISTENTE, no acompanhamento
da perícia judicial determinada nos autos da Ação ...., Processo
nº .......... que tramita perante a Vara Cível da Comarca
Judiciária......, estado do.....

CLÁUSULA 2ª - DAS OBRIGAÇÕES

O PERITO CONTADOR ASSISTENTE obriga-se a examinar o


laudo pericial contábil a lavra da Dra. Perita Judicial e emitir
PARECER PERICIAL CONTÁBIL sobre o mesmo, bem como

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estar presente em todas as instâncias judiciais no Estado
do....., quando houver necessidade legal, bem como assistir
ao(a) advogado(a) da CONTRATANTE nas orientações que se
fizerem necessárias a respeito do trabalho ora contratado. As
viagens necessárias para a cidade de......, para a realização
dos serviços profissionais serão custeadas pelo
CONTRATANTE, acrescidas das despesas inerentes, inclusive
de alimentação e estada. O PERITO CONTADOR
ASSISTENTE obriga-se a protocolar no Cartório da Vara
Cível de........seu PARECER PERICIAL CONTÁBIL inerente ao
processo mencionado na cláusula 1ª, no prazo previsto do
artigo 433, parágrafo único do C.P.C., ou conforme
determinação do juízo.

CLÁUSULA 3ª - DO PREÇO E DO PAGAMENTO

A CONTRATANTE pagará ao PERITO CONTADOR


ASSISTENTE, a título de prestação de serviços profissionais,
o valor de R$ ........da seguinte forma: R$ ...... em moeda
corrente do país no ato da assinatura deste contrato e o
restante na entrega do PARECER PERICIAL CONTÁBIL;

Parágrafo primeiro. Caso ocorra a composição amigável


entre as partes litigantes, judicial ou extrajudicialmente, ou
ainda as hipóteses de novação, transação, sub-rogação, dação
em pagamento, quitação, troca ou permuta, compromisso, ou
qualquer outra espécie de extinção ou modificação da
obrigação, o pagamento pela prestação dos serviços
profissionais será devida pelo CONTRATANTE ao PERITO
CONTADOR ASSISTENTE.

Parágrafo segundo. O PERITO CONTADOR ASSISTENTE não


arcará com o pagamento de honorários sucumbenciais que
porventura o CONTRATANTE venha a ser condenado, em
razão das manifestações de concordância com o Laudo

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Pericial Contábil da Dra. perita oficial, que poderá ocorrer de
forma parcial ou total, no livre exercício profissional do PERITO
CONTADOR ASSISTENTE.

Parágrafo terceiro. Por mera tolerância do PERITO CONTADOR


ASSISTENTE, que não importa em novação, o pagamento de
seus serviços profissionais poderá ser pago por intermédio de
bens imóveis ou móveis, desde que precedidos de avaliação,
por profissional habilitado para tanto, indicado pelas partes ora
contratantes.

Cláusula 4ª - DO FORO

As partes elegem o foro da Comarca de ..........., renunciando


neste ato a qualquer outro, por mais privilegiado que seja.
Estando assim ajustado e contratado, firmam o presente
instrumento em duas vias, perante as testemunhas abaixo.

Cidade, data completa por extenso.

Contratante
_______________________

Perito Contador Assistente – Contratado

Testemunhas

1. C.I.

2. C.I.

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Olá estudante, finalizamos aqui nossa segunda seção, e
concluímos mais da metade do estudo dessa disciplina. Nesta
seção, tratamos dos atos preparatórios da perícia contábil.
Iniciamos discutindo sobre como a perícia contábil é tratada no
Código de Processo Civil, depois tratamos dos preparatórios
para que a perícia se realize. E claro, falamos das situações
em que um profissional contábil é considerado impedido ou
suspeito em uma ação pericial, e citamos 11 situações em
que o mesmo deve escusar-se das atividades. Em seguida,
apresentamos modelos de documentos para a escusa/
renúncia/recusa de nomeação e por fim, fechamos a seção
apresentando um exemplo de contrato de prestação de
serviços de perito-contador assistente técnico. Bem, com
esse conhecimento já sistematizado, na próxima seção
trataremos da prática da perícia contábil. Até lá!

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SEÇÃO 3 - PRÁTICA DA PERÍCIA CONTÁBIL

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Após o aceite da nomeação e tomar conhecimento dos
autos, o perito do caso deve proceder com o planejamento
dos trabalhos a serem realizados. Para tanto, é necessário
que o perito crie um cronograma, uma representação gráfica
com uma previsão de execução do trabalho.

Para tanto, é primordial que o perito estude os autos, conheça o


caso, os quesitos para esclarecimentos, as partes, a legislação
envolvida e as matérias profissionais relativas aos quesitos.

É importante que o profissional se dedique à pesquisa pontual


sobre as questões que envolvem o caso, incluindo pesquisa
científica, artigos técnicos e as legislações envolvidas.

Presume-se que o perito é um profissional extremamente


experiente, mas a pesquisa faz parte da atualização
profissional, assim como zelo pela total qualidade do trabalho
realizado.

Uma vez que sua pesquisa intelectual foi feita, o profissional


deve partir para planejar como que a execução do trabalho se
dará, incluindo datas, provas que serão avaliadas, em quais
locais serão feitas as avaliações, equipe técnica,
deslocamentos, quais respostas precisarão ser respondidas
nos autos, prazo para comunicar-se com os assistentes, prazo
para entrega do laudo e todas as demais atividades que
realizará desde o recebimento do auto até a entrega do laudo
final.

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Estudante, observe agora!

Esta é uma parte do trabalho que é de total autonomia do


perito do caso!

É nesse momento, após avaliar todas as atividades que serão


necessárias para a execução da perícia, que o perito
elabora 3 itens importantes:

- Proposta de honorários (nos casos em que o juiz não tenha


fixado previamente);

- Termos de Diligências;

- Cronograma de trabalho.

De acordo com a NBC TP 01, a proposta de honorários que o


perito deve apresentar ao juiz só pode ser feita após o
planejamento do trabalho pericial. Uma vez que quando
apresentar a proposta, o perito deve justificar os valores
expostos conforme cada uma das etapas do trabalho a
serem realizadas, seu grau de dificuldade, tempo que cada
etapa tomará para ser realizada, necessidade ou não de
deslocamento, equipe técnica e demais ferramentas de trabalho.

Figura 17 – Planejamento de atividades


Fonte: Freepik

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Para o próprio cronograma de trabalho, conhecendo os
autos e os quesitos para esclarecimento, o perito deve
planejar quais documentos precisará para a realização da
perícia. Considerando que se trata de uma perícia contábil,
o perito deve considerar quais documentos deverão estar à
sua disposição para solução do caso diante de todo o sistema
contábil das empresas.

Deve, com base no seu conhecimento, determinar quais


tipos de documentos, livros contábeis, fiscais, registros de
vendas, inventário, controles internos e demais registros
auxiliares que podem lhe servir na análise do caso. Tenha em
mente que se trata de um planejamento, ou seja, nem tudo
pode correr como o planejado, para tanto, o perito deve
considerar que alguns documentos podem não ser obtidos ou
outros que não havia considerado podem ser utilizados.

O profissional também deve ter em mente que não vai realizar


uma auditoria das partes, ou seja, não há a necessidade de
analisar todo e qualquer documento produzido pelas partes. A
perícia contábil constitui uma análise pontual, acerca de uma
situação específica, que deve ser analisada em sua totalidade.

Após planejar o trabalho técnico que deverá ser realizado, o


perito deve planejar o trabalho de campo, ou seja, a realização
das diligências.

O Termo de diligências, por si só, é o documento que inclui


datas, prazos e conteúdo das visitas às partes, realização de
pesquisas e avaliações das provas. Esse documento é
oficial e faz parte do processo, uma vez que o trabalho
pericial não deve ser realizado de forma privada, inclusive, é
dever dos assistentes técnicos participarem de todas as
diligências, uma vez que analisam as mesmas provas que o
perito.

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De acordo com a NBC TP 01, o Termo de diligência deve ser
escrito pelo perito-contador e ser apresentado diretamente à
parte, ou ao seu procurador ou a terceiro, por qualquer meio
escrito que permita que a entrega também seja documentada.

O Termo de diligências também serve como uma forma de


facilitar a comunicação entre o trabalho pericial e as partes,
uma vez que ali já inclui as datas, locais e conteúdo das
diligências, permitindo que a parte se prepare para receber o
perito com a documentação solicitada, mesmo que isso não
seja uma regra.

O diligenciado é a pessoa física ou jurídica, inclusive de


direito público, que detenha posse de documentos, coisas,
dados ou informações úteis e indispensáveis para a
realização da perícia e elaboração do Laudo Pericial
Contábil ou do Parecer Técnico. O diligenciado, por deter
elemento necessário a um processo pericial judicial é
intimado a colaborar com o processo por meio de
fornecimento de provas.

Por conhecerem os prazos a que estão sujeitos para a


produção do laudo pericial, o perito responsável pela elaboração
dos Termos de Diligências deve citar no termo o prazo
máximo ao qual o diligenciado tem para cumprir a solicitação.
Para tanto, o perito deve mencionar no termo a relação de
documentos, coisas, dados e informações que deverão ser
fornecidas pelo diligenciado, assim como as datas e locais
onde as visitas para coleta das provas acontecerão.

Qualquer negativa da entrega de provas, insuficiência de


informações ou falta de colaboração com o processo por
parte dos diligenciados deve ser diretamente reportado ao
juiz ou autoridade que o nomeou ou contratou para o caso,
como forma de evitar que seja punido por omissão de suas
responsabilidades profissionais, uma vez que a ausência de
provas não foi sua culpa.
www.esab.edu.br 97
Na próxima unidade iremos conhecer modelos de:

- Cronograma de atividades da perícia pré-operacional;

- Cronograma de atividades da execução da perícia;

- Modelo de Termo de Diligência.

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Olá, estudante! Agora vamos conhecer os quesitos que
compõem os autos e que devem ser respondidos pelo perito
em seu laudo.

Bons estudos!

Os autos do processo são compostos por todos os


documentos, atos, fatos e registros de tudo que aconteceu
dentro do processo, tais como: petições, termos de audiências,
certidões, entre outros.

Quando nomeado a um cargo, o perito retira o auto para


análise. Neste auto, constarão os dados das partes, da ação
e os quesitos para esclarecimentos, os quais alimentarão a
força de trabalho do perito-contador.

Os quesitos dos autos são perguntas técnicas ou científicas


fixadas pelo magistrado a serem respondidas pelo perito.
Quesitos que não fazem parte do tema da lide normalmente
são evitados para evitar indagações desnecessárias que
prolongariam ou dificultariam o processo.

Existem dois tipos de quesitos: os pertinentes e os


impertinentes.

Os quesitos pertinentes têm como objetivo esclarecer as


questões patrimoniais vinculadas aos pontos de controvérsias
fixados pelo juiz do caso dentro do âmbito da lide proposta, ou
seja, que buscam esclarecer o tema da ação judicial.

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Os quesitos impertinentes, geralmente, abordam temas
que não estão relacionados com o tema que se debate no
processo, portanto não serão utilizados para solucionar a
controvérsia que envolve o caso, porém, são perguntas que
buscam a opinião pericial fora de sua competência legal.

A respeito dos quesitos impertinentes, cabe ao perito, em


sua competência profissional, manifestar-se sobre a
impertinência de um quesito. A decisão de manifestar-se ao
juiz do caso, por petição, a respeito de quesitos impertinentes
pode ser crucial para o sucesso de sua perícia, uma vez que é
perigoso, senão imprudente responder a quesitos aos quais o
profissional não tem domínio do tema ou não está
contextualizado no caso.

Os quesitos são formulados pelo juiz, ou pelas partes. Estas,


almejam constituir provas periciais a favor de sua
manifestação no caso, ou seja, elas têm um objetivo claro
que é constituir provas suficientes para que tenham uma
decisão a seu favor.

O perito-contador Gilberto Mendes explica no


vídeo a seguir, de forma bem resumida e
clara o que são os quesitos, como eles são
formulados e como eles fazem parte do
processo pericial! Vídeo curto de apenas 5
minutos em que você pode entender mais
sobre o tema!

https://www.youtube.com/watch?v=0VYn1-YFPDc

www.esab.edu.br 100
Os quesitos de um processo pericial dificilmente serão os
mesmos em dois processos, uma vez que sempre buscam
esclarecer uma questão específica sobre um determinado
caso. Pode acontecer de processos sobre temas parecidos
incluírem quesitos com temas similares, mas dificilmente
iguais. Motivo pelo qual o estudo dos autos é tarefa
extremamente importante para a produção das provas
periciais. A partir dos estudos dos autos e da análise dos
quesitos o perito poderá criar sua estratégia de perícia a fim de
responder todos os quesitos pertinentes de forma completa,
objetiva e esclarecedora, identificando quais são os
documentos e livros corretos e ideais a serem solicitados via
diligências.

O perito deve dedicar atenção aos quesitos que tratem sobre


temas do direito. Conforme vimos em unidades anteriores, o
perito deve eximir-se de opinar sobre questões que não
são de seu domínio técnico, portanto, deve apenas esclarecer
pontos jurídicos que sejam extremamente essenciais para a
resposta ao quesito, eximindo-se de opinar ou argumentar com
temas do direito em sua prova pericial.

Independente do conteúdo dos quesitos, todos devem ser


respondidos pelo perito, inclusive os indeferidos. Ornelas (2011)
cita alguns exemplos de quesitos e respostas aos mesmos
em seu livro e utilizaremos estes exemplos para que a
compreensão do tema seja completa.

EXEMPLO 1

Quesito: Os livros contábeis e fiscais da Autora estão


revestidos das formalidades legais, extrínsecas e intrínsecas,
de modo a merecer fé em juízo?

www.esab.edu.br 101
Resposta: Sim. Os livros contábeis e fiscais compulsados pela
perícia, do período do objeto da lide, foram aqueles
especificados no anexo nº 1. Os mesmos contêm as
formalidades legais, extrínsecas e intrínsecas, sendo,
portanto, merecedores de fé em juízo.

Agora, observe!

Trata-se de um quesito com resposta positiva, baseada nas


verificações feitas pelo perito durante o trabalho pericial. O
quesito indagava sobre os livros, mas não especificou qualquer
período. Entretanto, a resposta do perito deixou claro que os
livros do período da lide, que foram os que analisou no
trabalho pericial, estavam de acordo com as devidas
formalizações.

Esta resposta mostra a cautela que o perito deve sempre ter


em seu trabalho, uma vez que respostas ambíguas, amplas ou
sem objetividade podem caracterizar má qualidade de seu
trabalho e produzir provas periciais irreais.

Os quesitos são formulados pelo magistrado e também por


ambas as partes (autora ou ré), ou seja, é possível que haja
quesitos que, independente de escrita diferente, perguntem
sobre a mesma questão. Neste caso, o perito pode responder a
um dos quesitos e referir-se a ambos que representarem a
mesma pergunta, como forma de evitar trabalho
desnecessário ou gerar repetição na prova pericial. Um
exemplo de resposta para este caso seria:

EXEMPLO 2

Resposta: O presente quesito aborda o mesmo conteúdo do


quesito nº ......, da série da Autora; por isso, a perícia pede
vênia para se reportar à resposta oferecida àquele quesito.

www.esab.edu.br 102
Existem quesitos que podem receber uma resposta prejudicada
devido às constatações do perito. Lembre-se que o perito
deve ser totalmente independente em sua avaliação e
produção da prova pericial, sendo portador da informação
com base em suas análises.

EXEMPLO 3

Quesito: Qual o percentual de lucro admitido e praticado no


mercado de produtos químicos “cipados”?

Resposta: Prejudicada a resposta ao presente quesito, eis


que os preços dos produtos objeto da lide, à época dos
fatos, não eram “cipados”. A Requerente apenas encaminhava
ao Conselho Interministerial de Preços (CIP) as listas com os
preços que iria praticar, como pode ser observado nos
documentos nº ..........

Quando algum quesito for indeferido pelo juiz do caso, o perito


deve responder sempre com a mesma resposta.

EXEMPLO 4

Resposta: Prejudicada a resposta ao presente quesito, pois o


mesmo foi indeferido pelo MM Juízo, conforme despacho de
fls. ............

Podem haver quesitos que fazem perguntas dúbias, ou seja,


que permitem mais de uma resposta. Normalmente, esta é
uma estratégia dos advogados de alguma das partes, que ao
fazer esse tipo de pergunta, espera que o perito possa
responder ao quesito de forma tendenciosa. Entretanto, o perito
deve sempre estar atento aos detalhes da pergunta e à
qualidade de sua resposta, para tanto, deve responder de
forma condicional, utilizando-se o “se”, quando necessário,
evitando que sua resposta possa ser questionada por alguma
das partes.

www.esab.edu.br 103
Ainda, existem aqueles quesitos que podem fazer perguntas
que dizem respeito às matérias do direito, que como já vimos
aqui, não está sob domínio do perito-contador por profissão ou
autoridade no processo. Portanto, o perito deve responder ao
quesito deixando claro sua escusa da resposta.

EXEMPLO 5

Quesito: Face às respostas oferecidas aos quesitos anteriores,


pede-se ao Sr. Perito e Assistentes Técnicos que informem
se é ou não procedente o auto de infração do objeto da lide.

Resposta: Prejudicada a resposta ao quesito, pois o indagado


envolve mérito, matéria de exclusiva competência do MM
Juízo, fora, portanto, da função legal da Perícia Contábil.

Caso o perito-contador não se atente à matéria fora de sua


competência profissional e a responda, inadvertidamente,
permite que a parte argumente ao magistrado em seu favor,
por motivo de que o perito se exorbitou em sua competência
profissional.

Figura 18 – Advogado analisa provas documentais


Fonte: Freepik

www.esab.edu.br 104
Como regra geral, o perito deve utilizar os mesmos termos
utilizados por qualquer das partes na formulação do quesito.
Ainda, é totalmente inadmissível que existam respostas curtas
como “sim” ou “não”. Tanto as respostas positivas ou negativas
devem ser acompanhadas de justificativas técnicas. Assim
como também não é recomendado que sejam utilizadas
respostas demasiadamente longas, com chance de perder a
objetividade e falta de clareza.

Após a finalização da prova pericial e sua apresentação ao


juiz, podem surgir aspectos que não haviam sido observados
antes, quando da determinação dos quesitos iniciais, e que
podem ser agora questionados, em forma de quesitos
suplementares.

É neste momento em que os peritos-assistentes, que


trabalham independentemente para cada uma das partes,
sugerirem aos advogados das partes, quesitos que haviam
identificado no momento das diligências, juntamente com o
perito, mas que não haviam sido mencionadas no questionário
inicial.

Esta não é uma atitude de confronto ao relatório do perito, e


sim, a função dos assistentes técnicos de auxiliarem os
advogados das partes a identificarem questões que são
relevantes ao caso, em favor da parte a qual dedica seu
trabalho.

Os pedidos de esclarecimentos devem ser feitos de forma


formal, profissional e cordial e o perito deve respondê-las
conforme ordem do magistrado. Entretanto, existem casos em
que os presentes no momento da audiência exaltam-se e
ofendem o relatório pericial, e por sua vez, o perito. O mesmo
deve manter o profissionalismo, responder aos esclarecimentos,
conforme a ordem dada pelo juiz, mas sem jamais silenciar-se,
permitindo o destrate do seu trabalho.

www.esab.edu.br 105
Alguns esclarecimentos sobre o relatório pericial, a prova
pericial, podem ser feitos quando o perito é ouvido, mas alguns,
podem mudar completamente o rumo da decisão judicial, motivo
pelo qual devem ser elaborados quesitos suplementares. Caso
sejam necessários promover novos esclarecimentos, por
meio de quesitos suplementares, o perito pode peticionar ao
magistrado nova proposta de honorários periciais.

Finalmente, recomenda-se ao perito que, apesar de se


tratar de um relatório profissional técnico e científico, não se
deve fazer uso demasiado de termos técnicos contábeis, o
que dificultaria a interpretação da prova pericial pelas partes
que não dominam o tema.

www.esab.edu.br 106
Estudante, boas-vindas a mais uma unidade!

Nesta seção estamos focando nas atividades práticas da


perícia contábil, certo?

Nesta unidade, iremos estudar modelos que servem como


padrão para produção de cronograma de perícia contábil
judicial e também de Termo de Diligência.

Com esta unidade, você deve se sentir cada vez mais íntimo da
perícia contábil e entender como que cada situação teórica
acontece na vida real! Boa aula!

Como foi apresentado na unidade anterior, os planejamentos


das atividades periciais devem incluir etapas e épocas de
cada atividade e prazos, assim como locais, datas, documentos
solicitados e possíveis deslocamentos.

Figura 19 – Documento sendo assinado


Fonte: Freepik

www.esab.edu.br 107
Abaixo, você terá conhecimento de modelos de planejamento das
atividades pré-operacionais e de execução das atividades periciais.

MODELO DE PLANEJAMENTO PARA PERÍCIA JUDICIAL

a) Fase pré-operacional
TEMPO PRAZO
ITEM ATIVIDADE AÇÕES
ESTIMADO REAL ESTIMADO REAL

Após
receber
Carga ou
intimação do
recebimento XX/XX/
1 juiz, retirar o h h XX/XX/XX
do XX
Processo no
processo.
Cartório/
Vara.

Conhecer os
detalhes do
Leitura do XX/XX/
2 processo, h h XX/XX/XX
Processo. XX
estudando
os autos.

Após estudo
do caso,
após avaliar
que se há,
ou não, caso
Aceitação de
XX/XX/
3 ou não da impedimento h h XX/XX/XX
XX
perícia. ou
suspeição,
responder à
intimação
com aceite
ou escusa.

www.esab.edu.br 108
Com base
no estudo
do caso,
avaliação
dos métodos
e materiais
Proposta de XX/XX/
4 necessários, h h XX/XX/XX
honorários. XX
estimar as
horas de
trabalho e
propor uma
proposta de
honorários.

MODELO DE PLANEJAMENTO PARA PERÍCIA JUDICIAL

a) Execução da perícia
TEMPO PRAZO
ITEM ATIVIDADE AÇÕES
ESTIMADO REAL ESTIMADO REAL

Com base na
documentação
existente nos
autos, elaborar
sumário com XX/XX/
5 Sumário h h XX/XX/XX
tipo de XX
informações e
páginas onde
podem ser
encontrados.

Após aceita a
participação
de Assistentes
Assistentes XX/XX/
6 técnicos, h h XX/XX/XX
Técnicos XX
ajustar forma
de acesso aos
trabalhos.

www.esab.edu.br 109
Com base no
estudo do
caso, elaborar
Termos de
Diligências
XX/XX/
7 Diligências com a h h XX/XX/XX
XX
documentação
que não existe
no auto e que
precisará ser
solicitada.
Caso
necessário e
conforme
processo,
determinar XX/XX/
8 Viagens h h XX/XX/XX
datas, locais e XX
prazos de
deslocamentos
para acesso
às provas.

Com base nas


necessidades
do caso,
XX/XX/
9 Pesquisa determinar as h h XX/XX/XX
XX
pesquisas a
serem
efetuadas.

Determinar
prazos, locais e
datas para o
exame da
Programa documentação, XX/XX/
10 h h XX/XX/XX
de Trabalho vistorias, XX
cálculos e
demais
atividades
necessárias.

www.esab.edu.br 110
Providenciar a
revisão do
laudo,
Revisões XX/XX/
11 evitando erros h h XX/XX/XX
Técnicas XX
de escrita,
interpretação e
formalização.

Caso o perito
considere que
o prazo
estipulado no
Prazo processo não XX/XX/
12 h h XX/XX/XX
Suplementar seja suficiente, XX
deve requerer
prazo
suplementar
ao juiz.

Após a
finalização do
trabalho
Entrega do pericial,
Laudo devolver os XX/XX/
13 h h XX/XX/XX
Pericial autos ao XX
Contábil processo e
entregar a
versão final do
laudo.

Estudante, observe que o modelo, conforme determinado pela


NBC TP 01, indica as atividades que devem ser executadas e
em qual ordem, entretanto, os prazos para a realização das
mesmas estão a cargo do perito do caso, sempre respeitando
os prazos legais determinados pela lei e pelo juiz do caso.

A seguir, você será apresentado ao modelo do Termo de


Diligência, que deverá sempre ser utilizado pelo perito do caso
quando da solicitação de quaisquer provas necessárias para a
perícia, mas que porventura não estejam presentes nos autos,

www.esab.edu.br 111
como é comum. Ainda, o mesmo deve informar datas e locais
onde serão feitas as entregas e comunicar as partes, assim
como assistentes técnicos participantes do caso.

MODELO DE TERMO DE DILIGÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL

Termo de Diligência Nº XXX/ Processo Nº XXX

Identificação do Diligenciado

Vara:

Partes:

Perito-contador: (Nº de registro e categoria)

Perito-contador assistente: (Nº de registro e categoria)

Na condição de perito-contador, nomeado pelo juízo em


referência e/ou perito-contador assistente indicado pelas
partes, nos termos do art. 429 do Código de Processo Civil
e das Normas Brasileiras de Contabilidade, solicita-se que
sejam fornecidos ou postos à disposição, para análise, os
documentos indicados a seguir:

1.

2.

3.

etc.

Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para


elaboração e entrega do laudo pericial contábil ou parecer
pericial contábil, é necessário que os documentos solicitados
sejam fornecidos ou postos à disposição deste perito-contador
ou perito-contador assistente até o dia XXXX, às XXX h, no
endereço XXX (do perito-contador ou do perito-contador
assistente). Solicita-se que seja comunicado quando os
documentos tiverem sido remetidos ou postos à disposição
para análise.
www.esab.edu.br 112
Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o
signatário no telefone e endereço indicados.

Local e data

Assinatura

Nome do perito-contador ou perito-contador assistente

Contador – Nº do registro profissional

www.esab.edu.br 113
Olá, estudante!

O que está achando dos conteúdos sobre a prática da perícia


contábil?

Existem muitos conteúdos novos, principalmente aqueles que


tratam sobre temas do direito, que é a interseção que a perícia
faz com a contabilidade.

Continue firme!

Boa aula!

Após o planejamento do processo pericial, o perito irá fazer a


obtenção das provas dos fatos que são pertinentes ao caso.
Para tanto, em um processo judicial, a obtenção das provas é
formalizada através das diligências.

Como já foi falado aqui, em um processo judicial, todo e


qualquer fato ou ação que se passa deve ser devidamente
formalizado. O perito não pode realizar uma visita informal à
fonte das provas e solicitar que lhe sejam entregues quaisquer
documentos. As visitas para solicitação e análise das provas é
oficializada através das diligências.

Conforme o CPC, as diligências são todos os meios lícitos e


necessários para a obtenção das provas que não estejam nos
autos. Os autos do processo, muitas vezes, incluem as provas
iniciais que acompanham a questão controversa sobre a qual

www.esab.edu.br 114
versa o processo. Entretanto, o papel da perícia contábil é
desenvolver uma investigação profunda do tema, de forma a
esclarecer toda e qualquer dúvida ou controvérsia no caso,
que são ilustradas pelos quesitos.

A investigação desenvolvida pelo perito envolve toda e


qualquer documentação necessária para o esclarecimento dos
quesitos, podendo incluir livros contábeis, comerciais, fiscais,
arquivos administrativos das partes, documentos de registros
sociais, patrimoniais, comerciais, e até documentos oficiais que
possam estar em posse de órgãos públicos.

As diligências devem ser realizadas a partir da formalização


das mesmas através do Termo de Diligência, conforme
exemplificado na unidade anterior. Este termo é a comunicação
oficial do perito com as partes, o juiz e o perito assistente, a
respeito da obtenção das provas. Assim, as partes se
preparam para receber o perito e fornecer as informações
solicitadas.

O CPC regulamenta que é obrigação do perito assegurar


que os assistentes técnicos possam acompanhar as diligências e
acessar os documentos obtidos, e para tanto, serem
comunicados da realização das diligências com antecedência
mínima de 5 dias úteis.

O perito assistente pode e deve acompanhar o perito na


coleta e análise das provas, uma vez que o parecer técnico
do perito assistente leva em consideração as mesmas provas
que o perito analisa. Caso uma das partes não forneça a
informação solicitada, o perito deve comunicar-se com o juiz
através de petição esclarecendo o acontecido.

www.esab.edu.br 115
Durante o período de diligências, ou seja, preparação dos
Termos de Diligências e a realização das mesmas, o perito
deve:

- Registrar datas, horários, locais das diligências, assim como os


nomes e cargos das pessoas que o receberem para entrega
dos documentos;

- Documentar, através de papéis de trabalho, os elementos


relevantes que servirão de suporte à conclusão que o perito
irá produzir e formalizar em seu laudo pericial (no caso do
perito do caso) ou parecer técnico (no caso do perito-assistente);

- Evitar escutar testemunhas, pois como já foi mencionado em


unidades anteriores, esta é uma função que cabe somente ao
magistrado.

Figura 20 – Profissionais analisando documentação


Fonte: Freepik
A partir da avaliação do caso, considerando complexidade,
volume de trabalho e outros critérios, o perito pode decidir
que é necessária a colaboração de profissionais especialistas
para auxiliarem na realização das diligências e análise das
provas. Caso o perito decida por ter especialistas em sua
equipe para realização da perícia, estes profissionais têm de ser

www.esab.edu.br 116
acompanhados pelo perito em todas as suas atividades, pois o
perito pode solicitar ajuda especializada, mas a responsabilidade
sobre o laudo é totalmente individual do perito, uma vez que a
perícia judicial não é delegável. Portanto, o perito pode obter
ajuda para realização do trabalho, mas nenhuma atividade
pode ser feita sem a sua supervisão.

Durante a realização das diligências, o perito do caso pode


compartilhar atividades com o perito assistente. O perito
assistente acompanha as diligências de forma a tomar
conhecimento de todas as provas e atividades realizadas
pelo perito, mas seu trabalho é em favor de uma das partes, ou
seja, ele não oferece nenhuma colaboração para a produção
do laudo pericial do perito. Inclusive, o perito assistente deverá
produzir um parecer sobre o laudo técnico do perito, o que
pode ser contraditório caso o perito assistente auxilie o perito
em suas atividades periciais. Portanto, durante a realização
das diligências, as colaborações entre perito-contador e perito
assistente devem observar alguns aspectos que podem ser
positivos ou negativos, tais como:

- Agilidade no processo;

- Reflexão conjunta sobre pontos de controvérsias;

- Superação das possíveis divergências;

- Mais rapidez nos procedimentos;

- Interpretações divergentes sobre uma matéria da perícia;

- Diferenças no grau de imparcialidade dos profissionais;

- Possível incompatibilidade profissional e dificuldade de


relacionamento;

- Risco de comprometer a independência de ambos os


profissionais.

www.esab.edu.br 117
É importante observar que o perito-contador e os assistentes
técnicos devem manter cordialidade e parceria profissional,
realizando as diligências em conjunto, analisando os mesmos
documentos e provas, mas ao final, o perito irá produzir o seu
laudo pericial de forma independente do assistente técnico,
que produzirá o seu parecer técnico, ou seja, mesmo que estes
profissionais compartilhem informações e reflexões sobre o
tema da perícia, ao final, têm objetivos diferentes.

www.esab.edu.br 118
Estudante, sejam bem-vindo a mais uma aula!

Como estão os estudos da fase prática da perícia contábil?

Mantenha os estudos e anotações e caso precise reforçar os


conteúdos, assista aos vídeos sugeridos em algumas unidades!

Boa aula!

Dentro dos atos de execução do trabalho pericial, a obtenção


das provas acontece logo após a nomeação dos peritos e
assistentes. A solicitação das provas acontece através das
diligências periciais. Mas antes de adentrarmos no tema, vamos
conhecer os conceitos de prova pericial e diligência pericial.

A perícia contábil judicial, trabalha especificamente com a


análise da verdade baseada em fatos, provas. Ou seja, ao
perito, cabe a análise da verdade que pode ser vista e
comprovada com documentos e relatórios reais, que são as
peças que serão utilizadas para formar uma conclusão após a
apuração das informações.

É claro, que nem todos os fatos reais estarão devidamente


documentados ou concretizados, mas à profissão da perícia
contábil, não cabe especulação ou análise instintiva. Os
resultados do trabalho pericial devem ser 100% pautados em
provas. Ou seja, caso não haja provas, não é possível haver
uma conclusão muito concisa.

www.esab.edu.br 119
A prova pericial, segundo o art. 464 do CPC “consiste em
exame, vistoria ou avaliação”. Para estes procedimentos, a
NBC TP 01 enumera como: exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e
certificação. Sendo suas definições:
O exame é a análise de livros, registros de
transações e documentos.

A vistoria é a diligência que objetiva a


verificação e constatação de situação, coisa
ou fato de forma circunstancial.

A indagação é a busca de informações


mediante entrevista com conhecedores do
objeto de fato relacionado à perícia.

A investigação é a pesquisa que busca


trazer ao laudo pericial contábil ou parecer
técnico-contábil o que está oculto por
quaisquer circunstâncias.

O arbitramento é a determinação de
valores, quantidades ou a solução de
controvérsia por critério técnico-científico.

A mensuração é o ato de qualificação e


quantificação física de coisas, bens, direitos e
obrigações.

A avaliação é o ato de estabelecer valor de


coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e
receitas.

A certificação é o ato de atestar a


informação trazida ao laudo ou ao parecer
pelo perito.

www.esab.edu.br 120
A obtenção de provas é justificada pelo fato de que os
esclarecimentos de alguns fatos não são possíveis somente
com os documentos que já se encontram incluídos nos autos,
ou seja, na documentação já disponível no processo, em seu
início. Esta ação, por parte da perícia, permite que os fatos
sejam efetivamente esclarecidos a partir de provas reais,
mesmo que ainda não estivessem presentes nos autos.

“Os autos do caso” é a nomenclatura do direito para os


documentos iniciais que dão abertura a uma ação judicial, ou
seja, as provas iniciais a respeito do objeto do caso. Não é
problema que o caso seja aberto sem todas as provas. Como já
aprendemos em unidades anteriores, após a abertura do
caso, o juiz determinará quais as provas são necessárias
para o julgamento do caso.

A obtenção dessas provas, nos casos em que o juiz solicita


uma perícia judicial, é feita através de diligências periciais.
Essas diligências são realizadas pelo perito na presença dos
assistentes técnicos, caso desejem estar presentes, sua
presença não sendo obrigatória. As diligências são a
forma de o perito obter acesso às provas, mas não garante
que haverá sucesso. Em caso de negativa de alguma parte
na entrega das provas, o perito deve reportar-se ao juiz
relatando a falta na entrega da prova, de forma a proteger a
qualidade de seu trabalho, que poderá sofrer danos com a
ausência de provas.

Observe estudante, que aqui a capacidade técnica do perito


mostra-se eficaz e necessária, uma vez que a partir de sua
experiência profissional e técnica, consegue mostrar que a
situação não poderia ser levada a cabo sem a análise
aprofundada do caso, sensibilidade técnica que só tem
devido à sua profissão.

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Figura 21 – Exame de documentos
Fonte: Freepik
O perito realiza seu trabalho em meio às pessoas físicas e
jurídicas, as quais estão envolvidas a situação elucidada no
caso ao qual foi nomeado a periciar.

Seu trabalho tem cunho científico, baseado na coleta dos


dados necessários e sua posterior transformação em
informações que serão utilizadas para obter esclarecimentos e
conclusões a respeito do caso.

A parte técnica do trabalho é baseada em todas as práticas


técnicas profissionais desenvolvidas em toda a profissão
contábil, de acordo com o tema estudado no caso.

A diligência pericial consiste em todos os meios lícitos para


obtenção das provas que possam estar fora dos autos, uma
vez que em muitos casos, a prova pericial não pode ser
gerada somente a partir das informações fornecidas nos
autos, por serem insuficientes. Nesse caso, os peritos podem
buscar dados e provas junto às repartições públicas, solicitar
visitas e acesso a demais documentos e arquivos junto às
partes. Quando os documentos solicitados estão em posse das
partes, o perito irá solicitar os respectivos documentos às
partes através de diligências. As partes devem fornecer tais
documentos aos peritos, entretanto, esta é uma ação voluntária.
www.esab.edu.br 122
Para tanto, conforme a NBC TP 01, o perito deve solicitar, por
escrito, através do Termo de Diligência, onde informará os
documentos que irá solicitar, assim como os prazos para tal.
No caso de as partes, ainda assim, não fornecerem as
informações solicitadas via Termo de Diligência, o perito deve
peticionar ao juiz com esclarecimentos.

Para a execução das diligências, o perito deve:


I. Registrar as datas, horários e locais das
diligências, bem como os nomes e cargos das
pessoas que o atenderam;
II. Documentar em papéis de trabalho os
elementos relevantes que servirão de
suporte à conclusão formalizada no laudo ou
parecer pericial;
III. Evitar ouvir testemunhas, pois tal prática
só tem validade quando reproduzida na
presença do juiz, ou seja, o perito não deve
executar tarefas que saiam da função
técnica a qual deve dedicação.

Em alguns casos, segundo o CPC, o perito pode obter ajuda


técnica para realização do trabalho pericial. Entretanto, tais
tarefas só podem ser realizadas por especialistas capacitados e
sob total e iminente supervisão direta do perito, uma vez que a
função de perito é indelegável, ou seja, jamais pode ser
repassada a outro profissional, uma vez que um contador
aceita a nomeação.

www.esab.edu.br 123
Começamos mais uma unidade sobre as práticas da perícia
contábil.

Como está acompanhando o conteúdo até aqui?

Se tiver dúvidas, consulte os links adicionais e vídeos que


estão inclusos em algumas aulas e revise o conteúdo teórico!

Estamos avançando no conteúdo prático e isso é essencial


para conhecermos bem o trabalho pericial contábil!

Boa aula!

O exercício da função de perito contábil é um trabalho


interdisciplinar, que mescla saberes contábeis com o exercício
judicial. Por esse motivo, é importante que o profissional
perito conheça alguns conceitos a respeito do que é a prova
pericial, qual sua função em um processo e suas formas de
validação.

O perito deve conhecer bem sua função contábil, pois é com o


conhecimento de contabilidade que irá produzir a prova
pericial, a partir de temas que fazem parte de seu domínio
profissional a fim de ajudar os profissionais do direito a
promoverem um julgamento correto.

A respeito da prova pericial, iremos abordar conceitos formais,


utilizados e discutidos na interseção entre a perícia contábil e o
direito.

www.esab.edu.br 124
Na literatura de perícia contábil e jurídica, existem dois
conceitos de prova: prova real e prova formal. Neste contexto,
podemos entender a prova real como a verdade, e a prova
formal, aquela que pode ser efetivamente pautada em provas
reais, palpáveis.

No contexto jurídico da perícia contábil, faz-se uso da perícia


formal. Ou seja, uma verdade que não foi documentada, não é
considerada uma prova para a perícia contábil. É necessário
que existam registros formais, documentos e provas
substanciais de que aquele fato, é real, verdadeiro, para
assim, ser considerado uma prova. Esse conceito reforça que o
perito contábil deve se limitar às funções técnicas em um
processo pericial. Provas testemunhais não são provas formais,
portanto, não pertencem ao campo de atuação do perito e não
devem ser utilizadas em seu trabalho.

Estudante, observe que o perito trabalha como auxiliar do


juiz, ou seja, não procura beneficiar qualquer parte, diferente
dos assistentes técnicos, que trabalham para cada uma das
partes.

Sendo assim, um perito deve ser totalmente independente e


imparcial em seu trabalho. A busca pelas provas periciais visa
trazer convicção ao juiz sobre um julgamento, ou seja, o
perito coleta, avalia e conclui as provas periciais, mas o
julgamento ainda cabe ao juiz, somente.

www.esab.edu.br 125
Figura 22 – Análise de documentos
Fonte: Freepik
ATENÇÃO!
Já os assistentes técnicos, que trabalham
para cada uma das partes visam acompanhar
o trabalho do perito, revisando e buscando
verificar se tudo está sendo feito de forma
correta. Ainda, o assistente técnico pode
fazer sugestões ao perito de documentos
adicionais que podem ser avaliados, além de
sugestões às partes e seus advogados de
questões que podem ser questionadas,
posteriormente.

Então, revisando, o perito é independente e imparcial no


processo, trabalha auxiliando o juiz. Enquanto os assistentes
técnicos trabalham verificando o trabalho realizado pelo perito e
contribuindo com as partes e seus advogados.

www.esab.edu.br 126
Os conceitos de provas são essenciais para o
profissional perito-contador e a forma de lidar
com as provas de um processo devem seguir à
risca a norma contábil e a legislação brasileira.

No vídeo a seguir, o Professor Wilson Zappa


Hogg explica como perito deve lidar com as
provas em um processo pericial.

https://www.youtube.com/watch?v=tMkWrI0wz1g

PROVA PERICIAL

A função primordial da prova pericial é reunir fatos relativos


ao processo e, com base em técnica profissional e científica,
transformá-los em verdade formal, certeza jurídica.

Basicamente, o perito reúne, dentre os documentos, relatórios e


arquivos, registros dos fatos que provem a verdade, ou não,
do fato que está sob olho jurídico no caso.

A partir do resultado desse trabalho de investigação do perito, o


juiz irá receber e analisar o parecer do perito e efetivar um
julgamento com base nas provas. Observe, tampouco pode o
juiz tomar decisões com base em convicções pessoais ou
contato com as partes. A função do perito traz o caso às
claras e permite que a decisão final seja feita de forma correta.

Mas de onde vêm as provas?

Você deve estar se perguntando...

Dentro do direito, existe uma palavra que se chama “ônus”.


Quem afirma ou nega determinado fato no processo, é quem
tem o ônus de prová-lo, ou seja, produzir as provas
necessárias para confirmar sua afirmação ou negação.
www.esab.edu.br 127
De fato, ninguém está obrigado a produzir qualquer prova,
entretanto, ao se isentar de fazê-lo, não se isenta do processo.

O Código de Processo Civil trata a questão do dever de


produção de provas da seguinte maneira em seu art. 333:
“O ônus da prova incumbe:
I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de
seu direito;
II – ao réu, quanto à existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.

Cada parte deve produzir as provas conforme sua posição


dentro do processo em andamento. Ainda assim, cabe ao
perito analisar todas as provas fornecidas e ainda solicitar
mais provas, conforme sua avaliação do caso, a fim de
chegar à conclusão mais verossímil possível.

Como você pôde observar no art. 333 do CPC, existem


alguns fatos jurídicos que podem afetar um processo, e o perito
devem conhecê-los perfeitamente. São eles: fato impeditivo,
fato modificativo e fato extintivo.

O fato impeditivo inclui todas as circunstâncias que impedem


que o fato decorra com seus efeitos normais, por sua razão de
ser.

O fato modificativo é aquele que, mesmo sem excluir ou


impedir a relação jurídica do fato, a modifica de forma que é
preciso lhe dar um novo status.

O fato extintivo é o que tem o poder de cessar a relação jurídica.

Dentro dos interesses da perícia contábil, os livros contábeis,


notas fiscais, informações repassadas ao governo e relatórios
corporativos estão entre os meios de prova mais utilizados.

www.esab.edu.br 128
Estudante!

Seja bem-vindo a mais uma unidade de conteúdo da sua


disciplina de perícia contábil!

Nesta aula, você irá conhecer quais são os outros tipos de


provas que podem existir em um processo judicial.

Ah, nunca é demais lembrar que ao perito só cabe a produção


da prova pericial e a emissão de laudo pericial acerca dos
temas dispostos nos quesitos presentes nos autos.

Em todo processo judicial, o autor que propõe a ação contra o


réu apresenta as suas alegações acerca do seu direito
infringido. O réu, quando é intimado ao caso, apresenta a sua
resposta.

Um juiz de direito segue um ritual para a solução do impasse


judicial, e é claro, para que as alegações sejam acatadas pelo
juiz, é preciso que as partes apresentem provas que
confirmem a veracidade de suas alegações.

Nesse momento, o objetivo do processo de execução é


direcionado para a obtenção e apreciação das provas
apresentadas pelos litigantes, de forma que somente suas
alegações não são suficientes para o juiz tomar qualquer
decisão.

www.esab.edu.br 129
A prova deve ser apresentada ao processo demonstrando a
existência do fato, seja através de documentos, testemunhas ou
perícia.

Estudante, você deve ter observado que em


alguns momentos usamos o termo “prova” e
“prova pericial”. A prova é um conceito do
direito, que inclui várias espécies de
documentos e materiais que constituem prova
de um fato. A “prova pericial” é o laudo pericial
do perito, produzido a partir das análises da
perícia e que também é um tipo de “prova”,
adicionalmente às demais já existentes.

Em um processo que envolve perícia, normalmente as partes


apresentam suas alegações e documentações comprobatórias
iniciais. A necessidade da perícia surge quando as
informações disponíveis no processo não são suficientes
para que o juiz tome uma decisão, ou que o juiz não detém
conhecimento suficiente para tomar a decisão sozinho.

Existe um grande número de processos em que a sentença é


julgada improcedente por falta de provas. Esta é uma
realidade que prova que não é suficiente que haja provas
do fato, mas que as provas contenham elementos que sejam
capazes de convencer o juiz da veracidade alegada.

Para a produção das provas, as partes podem produzir


provas de diferentes tipos e alguns deles iremos conhecer nos
próximos parágrafos.

www.esab.edu.br 130
A prova documental, ou seja, o documento, é um elemento
capaz de transmitir a informação que registra tal fato. Mas a
prova documental não é limitada a documentos escritos,
também podem ser provas: desenhos, projetos, fotografias,
gravações etc.

Este é um tipo de prova que tem enorme prestígio, mas na


justiça brasileira, não há hierarquia de provas, de forma que o
juiz pode e deve analisar livremente as provas disponíveis e
decidir como elas interagem e formam o convencimento ou não
das alegações feitas.

Para a perícia contábil, os documentos mais comuns a serem


analisados incluem: notas fiscais, livros fiscais, obrigações
acessórias, registros de caixa, relatórios de sistema operacional,
extratos bancários, contratos e documentos assinados em
cartório ou digitalmente.

Figura 23 – Juiz analisa documentação


Fonte: Freepik
A prova pericial, que é o foco desta disciplina, é produzida
por um profissional independente, de confiança do juiz e que
detém conhecimentos específicos sobre a matéria do caso.

Esta é umas das provas de maior importância, pois faz uso de


exames, investigações, pesquisa, análise e vistoria dos
elementos e quesitos que causam a controvérsia no caso.

www.esab.edu.br 131
As partes e o juiz são convidados a produzirem questionamentos
aos quais o perito deve responder em seu laudo pericial.

Nesse momento, ambas as partes têm a liberdade de incluir


quesitos que considerem importantes para que ganhem o
caso, ou seja, que ajudem a provar que estão corretas no
caso. O juiz elabora quesitos que julga importantes para o
julgamento do caso.

Os quesitos são espécies de perguntas, as quais servirão de


guia para a produção do laudo pericial, a prova pericial.

Espera-se que com a análise da prova pericial, o juiz tenha


clareza suficiente para fazer o julgamento. Há casos em que
não, e é necessário convocar uma nova perícia ou
esclarecimentos sobre o laudo pericial.

Uma boa prova pericial fornece informações suficientes para


que, juntamente com as demais provas produzidas no caso, o
perito consiga analisar o caso de uma perspectiva e tome sua
decisão. Entretanto, a prova pericial (laudo pericial) sempre irá
focar nas respostas dos quesitos, ou seja, a elaboração dos
quesitos é fase de imensa importância para o sucesso do
julgamento do caso.

Ainda existe a prova testemunhal, que é aquela em que


uma testemunha do caso presta seu depoimento na presença
do juiz e das partes. A testemunha deve ter conhecimento do
caso e prestar seu depoimento sob promessa de dizer a
verdade.

Esta é uma prova que cabe ao juiz julgar se acata ou não o


depoimento da testemunha como verdadeiro ou não. Para
tanto, o juiz deve analisar a coerência da testemunha, a
relação dos relatos com as demais provas e/ou depoimentos.

www.esab.edu.br 132
Ou seja, o juiz irá analisar o laudo pericial, juntamente com os
possíveis depoimentos obtidos e os documentos anexados
aos autos. O juiz sempre terá acesso a todas as provas
disponíveis no caso.

Ainda, é permitido ao juiz dispensar a oitiva da testemunha


nos casos em que existem provas de outras espécies
suficientes para seu julgamento.

www.esab.edu.br 133
Estudante!

Te desejo boas-vindas a mais uma unidade de estudo!

Você está cada vez mais próximo de deter um vasto


conhecimento sobre perícia contábil!

Mantenha o ritmo!

Boa aula!

As provas periciais são compostas por laudo pericial,


parecer técnico e termo de audiência. O laudo pericial e o
parecer técnico são documentos que expõem e documentam a
opinião do perito e dos assistentes em um caso. O termo de
audiência é utilizado para registrar eventuais esclarecimentos a
respeito do laudo e/ou parecer, além dos argumentos das
partes e testemunhas.

O laudo pericial, em especial, é elaborado pelo perito do


juízo, ou seja, o perito nomeado para o caso. Nele se
encontram todos os documentos analisados, assim como
materiais de trabalho, operações realizadas que, juntos,
permitiram com que o perito chegasse à conclusão.

A elaboração do laudo deve ser objetiva e clara em sua


redação, permitindo que as interpretações das informações
sejam possíveis facilmente, evitando a possibilidade de
respostas ambíguas.

www.esab.edu.br 134
A forma de apresentação do laudo, talvez seja tão importante
quanto a própria perícia, uma vez que mesmo diante de um
trabalho executado de forma correta, um laudo com defeitos,
erros de contexto, gramática ou interpretação podem não
contribuir para a resolução do caso. Portanto, a revisão para
quaisquer possíveis erros no laudo é imprescindível.

A construção do laudo deve respeitar uma estrutura mínima que


apresente os seguintes dados:

1. Identificação, do auto, da comarca e vara onde o caso se


sucede, dados das partes, do perito e dos assistentes;

2. Síntese dos autos, juntamente com sumário das


informações contidas no laudo;

3. Objetivo da perícia, que está especificado na própria


nomeação do perito;

4. Diretrizes, legais às quais o trabalho pericial está


submetido;

5. Diligências, com todas as ações de perícia que foram


tomadas para a realização do trabalho pericial;

6. Quesitos/respostas, com a transcrição dos quesitos a


serem analisados que foram disponibilizados nos autos,
assim como suas respostas fundamentadas com base
nos resultados do trabalho pericial;

7. Encerramento, incluindo a conclusão da análise do caso


após o trabalho finalizado, assim como as informações
de comunicação com os assistentes, local, número de
folhas do documento, data, assinatura e lista de
apêndices e anexos.

www.esab.edu.br 135
Esta é uma estrutura básica e mínima, que pode ser alterada,
sem prejuízo de qualquer item, conforme a necessidade do
caso ao qual o perito foi nomeado. Ou seja, podem ser
adicionadas informações a esta estrutura mínima, mas nunca
retiradas.

Para a entrega do laudo, o perito deve se reportar diretamente


ao juiz do caso, através de petição, sempre respeitando os
prazos estipulados pelo mesmo no processo. O laudo pericial
deve contar, ainda, com a assinatura dos assistentes técnicos, e
recomenda-se que caso existam dois assistentes técnicos, um
para cada parte, que ambos assinem o laudo pericial, e não
apenas um, para evitar qualquer tipo de insinuação de conluio.

Nesse momento, os assistentes técnicos, assinam o laudo do


perito para mostrar ciência do mesmo. Ou seja, eles não tiveram
nenhuma influência ou responsabilidade sobre a produção do
laudo, apenas estão cientes das informações ali contidas. Os
assistentes técnicos não são obrigados a acompanhar a
produção do laudo pericial, mas é recomendado que assim
seja feito a fim de que, futuramente, eles não tenham a
possibilidade de questionar informações ali contidas.

Após a protocolização da entrega do laudo, que acontece


20 dias antes da audiência de julgamento, os assistentes
técnicos de ambas as partes têm um prazo de 15 dias para
elaborarem e entregarem o seu parecer técnico.

Em seus pareceres, os assistentes técnicos irão produzir um


documento que tem a mesma estrutura do laudo pericial,
onde irão emitir a sua opinião sobre o que o perito citou em
seu laudo.

www.esab.edu.br 136
Figura 25 – Documento oficial

Fonte: Freepik
O parecer técnico dos assistentes pode ser mais abrangente
do que o laudo pericial, pois seu objetivo é responder aos
quesitos dos autos e, se necessário, contrapor a opinião
apresentada pelo perito no laudo. A estrutura do parecer
técnico é idêntica à do laudo pericial incluindo resposta a
todos os quesitos, identificando, quando necessário, respostas
inadequadas no laudo do perito.

Este é o documento em que o assistente técnico tem a


possibilidade de manifestar sua opinião, se própria autoria,
com base na análise dos mesmos documentos aos quais o
perito teve acesso, além de poder contrapor a opinião do perito.

Já o termo de audiência, nada tem relação com o parecer de


qualquer dos profissionais. O termo de audiência é um
documento produzido na audiência de julgamento, onde
perito e assistentes respondem a todos os quesitos de
esclarecimentos. Quando intimados a tal, os mesmos devem
prestar os esclarecimentos 10 dias antes da audiência. Em
alguns casos o juiz decide convocar os esclarecimentos antes
mesmo da audiência ocorrer, como forma de otimização do tempo.

www.esab.edu.br 137
Lembro a você estudante, que todas estas informações podem
ser encontradas nos documentos legais que regem a prática da
perícia contábil. São eles:

- Novo Código de Processo Civil, de 16 de março de 2015;

- NBC TP 01, resolução do CFC de 19 de março de 2015;

- NBC PP 01, resolução do CFC de 19 de março de 2015;

- NBC PP 02, resolução do CFC de 28 de outubro de 2016.

www.esab.edu.br 138
Estudante, como está o andamento dos seus estudos?

A disciplina já está se aproximando do fim e, agora, você já é


capaz de demonstrar bastante conhecimento sobre perícia
contábil. Boa aula!

Agora que você já conhece as características de um laudo


pericial, todas as informações que um laudo deve conter, o
objetivo que deve ser alcançado com o conteúdo e a
linguagem que deve ser utilizada na produção do texto do
laudo, você será apresentado a um modelo de laudo incluindo
todas estas informações.

Figura 25 – Oficialização de documento judicial

Fonte: Freepik

www.esab.edu.br 139
O modelo que será apresentado nesta unidade pode e
deve ser alterado conforme a necessidade, particularidades e
conteúdo de cada processo, pois como já foi falado na
disciplina, cada processo pericial contábil é diferente do outro.
Mesmo que abordem o mesmo tema, cada processo pericial
deverá focar, principalmente, nos pontos de controvérsia citados
nos quesitos e nos relatos das análises, onde deverá detalhar
com objetividade a forma como desenvolveu os estudos das
provas durante a produção do laudo.

O perito Gilberto Mendes fala sobre como é


escrever um laudo pericial contábil e sobre a
estrutura do laudo pericial a partir de sua
experiência profissional. Assista ao vídeo no
link a seguir!

https://www.youtube.com/watch?v=o7FZAmWBmVg

O laudo pericial é um documento oficial que será adicionado


aos autos do processo. Deve ser direcionado ao juiz, uma vez
que sua principal função é auxiliar o juiz do caso no julgamento
do caso. Ainda que seja direcionado ao juiz, todas as partes e
assistentes técnicos também têm acesso ao laudo pericial,
uma vez que também irão fazer uso das informações ali
existentes.

MODELO DE LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ DE


DIREITO DA VARA .............. DA COMARCA DE ........................

LAUDO PERICIAL

Nº do processo: ..........

www.esab.edu.br 140
Requerente: ............

Requerido: ............

(Nome completo do (a) perito (a)), brasileiro (a), (estado civil do


perito), estabelecido no (endereço completo, seja pessoal ou
profissional), perito judicial nomeado nos autos do processo
supramencionado, tendo encerrado seu trabalho pericial,
vem mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
apresentar o seu laudo pericial.

A) OBJETO

O presente laudo tem como objetivo apresentar o resultado da


Perícia Contábil realizada em face do litígio existente entre
requerente e requerido com fins de ................... (pontuar os
objetivos da perícia) face às leis e normas brasileiras.

B) CRITÉRIOS METODOLÓGICOS

No presente laudo pericial, em atendimento ao disposto nos


quesitos formulados por requerente e requerido, efetuar as
devidas avaliações (citar as investigações/cálculos/
esclarecimentos realizados).

C) LIMITAÇÕES IMPOSTAS À PERÍCIA

(Aqui o perito deve citar caso alguma documentação tenha


sido negada ou não apresentada, caso alguma parte
decidiu não formular quesitos para esclarecimentos ou
qualquer outro fato que tenha sido determinante na
produção do laudo pericial e que pode ter afetado os
resultados do trabalho pericial.)

D) DESCRIÇÃO DAS ANÁLISES

(Aqui o perito deve citar cada um dos cálculos, análises e


outras atividades realizadas e explicar cada uma das
planilhas, quadros, listas ou qualquer outro material

www.esab.edu.br 141
produzido para chegar à conclusão do laudo e incluir
todos estes materiais aos anexos do laudo, como forma de
comprovar e manter transparência sobre o seu trabalho.)

E) QUESITOS FORMULADOS

E.1) QUESITOS DO MM. JUIZ

(Caso o juiz do caso tenha formulado algum quesito


para o caso, o perito deve mencionar cada um destes
seguido da devida resposta ao quesito produzida a
partir da análise das provas. A apresentação das respostas
aos quesitos deve seguir o modelo já apresentado na
disciplina.)

E.2) QUESITOS DA REQUERENTE

(Caso o juiz do caso tenha formulado algum quesito


para o caso, o perito deve mencionar cada um destes
seguido da devida resposta ao quesito produzida a
partir da análise das provas. A apresentação das
respostas aos quesitos deve seguir o modelo já
apresentado na disciplina.)

E.3) QUESITOS DO REQUERIDO

(Caso o juiz do caso tenha formulado algum quesito para o


caso, o perito deve mencionar cada um destes seguido da
devida resposta ao quesito produzida a partir da análise das
provas. A apresentação das respostas aos quesitos deve
seguir o modelo já apresentado na disciplina.)

F) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os autos do processo, juntamente com as


documentações obtidas através das diligências realizadas e a
análise dos quesitos apresentados pelas partes e pelo MM.
Juiz, procedeu-se a produção das conclusões da prova pericial.

www.esab.edu.br 142
Foi observado que (mencionar de forma bem objetiva e
clara a conclusão à qual o perito chegou a respeito das
controvérsias do caso).

Terminado seu trabalho pericial, este perito (a) coloca-se à


disposição do Juízo e de ambas as partes litigantes para
dirimir eventuais questionamentos.

(Cidade), ............ de .................... de ....................

(Assinatura)

(Nome completo do(a) perito(a))

Perito(a) do juízo

Nº de registro profissional no CRC

Dentre os tópicos do laudo pericial, não há um que seja mais


importante que outro. Existem apenas os tópicos que são
mais determinantes para a decisão do juiz, que são as
respostas aos quesitos e as considerações finais.

Ainda, para a qualidade do trabalho do perito, os detalhes


sobre os critérios metodológicos, as análises e as limitações à
perícia são de enorme importância e não devem ser
menosprezadas.

O perito deve ser extremamente cuidadoso e responsável na


produção do laudo pericial, pois qualquer informação
incompleta ou incorreta pode colocar todo o seu trabalho em
risco.

Devemos sempre lembrar que, apesar de neutro diante da


justiça, o perito está contribuindo para uma decisão judicial, o
que sempre acarretará em uma das partes insatisfeitas,
que é de onde podem surgir as insatisfações e possíveis
retaliações a respeito do laudo a fim de buscar recursos para
ganhar a causa.

www.esab.edu.br 143
Seja bem-vindo a mais uma aula, estudante!

O trabalho do perito-contador não acaba na apresentação do


laudo, mas sim no encerramento do processo.

Portanto, fique atendo às informações que esta aula irá lhe


oferecer!

Boa aula!

A entrega do laudo pericial pode acontecer de duas formas:


antes da audiência de julgamento ou apresentada no
dia da audiência, sempre por determinação do juiz.

Caso o laudo deva ser apresentado no dia da audiência, o


perito não deve entregar a versão final do laudo com
antecedência, pois nesse caso, ele deverá apresentar na
audiência tudo que foi feito durante a produção da prova
pericial, como o trabalho foi executado e quais as
conclusões às quais chegou. Dessa maneira, o perito será
questionado sobre os pontos de sua conclusão que ficaram
pendentes de esclarecimentos. É importante frisar que em
uma audiência, somente o juiz pode se dirigir ao perito, por
isso, caso os advogados de alguma parte desejem solicitar
esclarecimento sobre algum quesito, deve solicitar ao perito
por meio do juiz, que pode vetar o questionamento, se julgar
apropriado.

www.esab.edu.br 144
Caso o laudo seja apresentado antes da audiência, o perito
deve prestar esclarecimentos sobre os questionamentos
requeridos pelas partes no prazo determinado pelo juiz, antes
da audiência.

Os questionamentos sobre o laudo pericial são naturais, não


devem ser considerados como críticas pessoais ou ao
trabalho do perito. As eventuais dúvidas ou questionamentos
que surgirem poderão ser superadas pelas partes ou pelo
juiz a partir dos esclarecimentos oferecidos pelo perito.

Neste momento, o perito deve se reforçar dos objetivos,


deveres e direitos da sua atuação profissional como perito,
pois caso sofra alguma ofensa pessoal ou profissional, ou
qualquer violação de seus direitos, deve utilizar das normas
profissionais para proceder em tais situações.

Após a entrega do laudo pericial, a conclusão à qual o perito


chegou sempre será apoio para a decisão judicial do caso.
Dessa maneira, uma das partes pode perceber que não será
vitoriosa no caso e proceder com pedidos de esclarecimentos
que possam permitir recursos ou reversão do julgamento.

A qualidade de um laudo pericial comumente é medida pelo


número de esclarecimentos e/ou a espécie dos esclarecimentos
solicitados. No entanto, alguns pedidos de esclarecimentos
têm a intenção de invalidar o laudo pericial pela parte que está
sendo desfavorecida.

Não é permitido que pedidos de esclarecimentos sobre o laudo


pericial envolvam questões contábeis ou de quaisquer outras
matérias que não se referem à matéria do caso, que não
estejam relacionadas aos quesitos de controvérsias do
caso ou que não sejam de domínio técnico do perito. Os
advogados das partes podem proceder a solicitar
esclarecimentos que estejam fora do âmbito do caso de

www.esab.edu.br 145
forma a conseguirem alguma maneira de reverter o resultado
do julgamento do juiz. Nesse caso, o perito deve estar
bastante atento aos esclarecimentos solicitados e não
responder questionamentos que possam ferir o resultado de
seu laudo pericial, ou mesmo, ferir os limites de sua função
pericial.

Figura 26 – Juiz dá veredito em audiência

Fonte: Freepik
Nesse caso, o perito deve peticionar ao juiz que avalie a
natureza do questionamento. O juiz do caso pode decidir
indeferir o pedido de questionamento da parte, ou determinar
que o esclarecimento seja oferecido. Quando o esclarecimento
foge do tema ou questões analisadas durante o processo
pericial, o juiz pode solicitar uma nova perícia para avaliar tal
questão, a qual incorrerá em um novo orçamento de honorários
adicionais e extensão do prazo de encerramento do processo.

É cada vez mais comum que os magistrados determinem um


prazo para as partes solicitarem seus questionamentos
antes da audiência de julgamento, para que o perito possa
preparar seus esclarecimentos, sejam por escrito ou fala no
dia da audiência. Assim, os peritos têm prazo para produzir os
devidos esclarecimentos e avaliar a matéria dos esclarecimentos
e reportar-se ao juiz.
www.esab.edu.br 146
Os esclarecimentos podem ser meras dúvidas a respeito do
conteúdo do laudo, mas podem ser questões capazes de
mudar todo o rumo do julgamento do caso.

Após a entrega do laudo e a resposta do perito aos


esclarecimentos das partes, é possível que o juiz dê seu
julgamento ou solicite uma nova perícia, caso o juiz
determine que não tenha sido possível obter um julgamento
correto.

www.esab.edu.br 147
Olá! Nessa seção apresentamos a prática da perícia contábil.
Iniciamos falando da organização e do planejamento da
perícia, tratamos de diligências, discutimos sobre a prova
pericial e percebemos a importância de documentos e
relatórios reais, uma vez que ao perito, cabe a análise da
verdade que pode ser vista e comprovada com documentos e
relatórios reais, que são as peças que serão utilizadas para
formar uma conclusão após a apuração das informações.
Apresentamos por fim, um exemplo consistente de um
modelo de laudo pericial contábil, confrontando os aspectos
teóricos mencionados com a prática. Assim, finalizamos nossa
seção. Na próxima seção, que já será a última discutiremos
alguns pontos adicionais sobre a perícia, ligados à
remuneração e outras perspectivas. Até lá!

www.esab.edu.br 148
SEÇÃO 4 – OUTRAS PERSPECTIVAS DA PERÍCIA CONTÁBIL

www.esab.edu.br 149
Estudante! Parabéns!

Você está chegando ao final da sua disciplina de perícia


contábil!

O que achou de todos os conhecimentos que você adquiriu até


aqui?

Tenho certeza que muitas coisas aprendidas aqui foram


novidade para você e espero que você tenha absorvido toda a
informação!

Continue firme, você está quase lá!

Toda perícia realizada é sempre diferente de qualquer outra.


Devemos ter em mente que os honorários de perícia contábil
mudam também em relação ao papel que o contador-perito
está executando no processo. A remuneração do perito-
contador nomeado pelo juiz se dá de uma maneira, diferente da
remuneração do assistente técnico. Ambas se diferenciam da
remuneração da perícia extrajudicial. Nesta unidade, iremos
estudar a remuneração do perito-contador judicial.

A cada caso poderão haver diferentes temas, diferentes


partes, diferentes valores, setores de atuação, conhecimento,
elementos, números de quesitos, complexidade e técnicas a
serem aplicadas na perícia. Todos estes fatores influenciam no
número de horas a serem dedicados em cada perícia, na
avaliação das provas, na resposta dos quesitos e elaboração
da prova pericial, o que dificulta que exista um valor previamente
fixado para este tipo de trabalho.
www.esab.edu.br 150
A proposta de honorários para os serviços de perícia contábil
deve ser elaborada com muito cuidado e atenção. Deve
representar um valor justo, digno e adequado aos trabalhos
que serão realizados. Não existe uma fórmula específica
para a determinação dos valores, portanto, fica a cargo do
profissional fazer a avaliação correta e justa.

Após ser nomeado para atuar como perito em um processo, o


perito deve retirar os autos para fazer a avaliação do
processo. A partir da análise do processo, da natureza da
matéria, das partes e dos quesitos, o perito pode elaborar a
sua proposta de honorários. Como já foi mencionado nesta
disciplina, a NBC PP 01 estabelece critérios que devem ser
analisados quando da elaboração da proposta de honorários.
Entre outros, são eles: o local da prestação dos serviços, a
natureza, a complexidade, a peculiaridade, a relevância, o
vulto, o risco, a quantidade de horas, o pessoal técnico, o
tempo estimado para realizar o trabalho, o prazo e a forma de
recebimento dos honorários.

Observe que o trabalho pericial é um trabalho extremamente


valioso e de grande responsabilidade, por isso, deve ser
remunerado de forma razoável e compatível com o trabalho a
ser despendido.
Figura 27 – Profissional fazendo cálculos

Fonte: Freepik

www.esab.edu.br 151
Após a avaliação, o perito deverá, por meio de petição,
demonstrar o custo do seu trabalho pericial, constando cada
etapa do trabalho a ser realizado, a quantidade de horas que
cada etapa tomará e seu respectivo custo, sempre levando em
consideração as recomendações determinadas pelo Conselho
Federal de Contabilidade.

Após receber a petição do perito sobre os honorários, o juiz


decide fixar o valor determinado pelo profissional, ou ouvir as
partes sobre o valor, como forma de evitar possíveis impugnações.

De qualquer maneira, todos os despachos dos magistrados


são publicados no Diário Oficial da União, o que permite
que as partes se manifestem. Podendo, através de petição,
discordar do valor alegando exagero ou silenciar-se diante da
petição, o que representa aceite.

O perito Rui Juliano explica de forma bem


descontraída a remuneração de um perito
contador com bastante referências a casos
reais. Quer saber mais? Assista ao vídeo no
link a seguir. É bem rapidinho e muito
informativo!

https://www.youtube.com/watch?v=X3wh3X-I2L8

O pagamento dos honorários é feito, dentro do prazo


determinado pelo juiz e sempre através de depósitos judiciais.
Jamais um perito judicial deve receber o pagamento de seus
honorários diretamente da parte responsável pelo pagamento,
pois trata-se de um ato financeiro envolvido no processo
judicial e que deve estar comprovadamente incluso nos
autos do processo.

www.esab.edu.br 152
Independente de qual parte é a autora ou a ré e
independente de quem fizer o pagamento do adiantamento
dos honorários, a responsabilidade do pagamento fica a
cargo da parte que perder a causa na ocasião da liquidação
da sentença. Sendo assim, caso a parte que fez o
adiantamento do valor, por ocasião, seja a vencedora da
causa, deverá ser ressarcida pela parte contrária.

O pagamento dos honorários acontece em dois tempos:


depósito prévio, de uma parte do valor total do orçamento de
honorários, antes do início da execução dos trabalhos periciais e;
depósito complementar, após a entrega do laudo pericial.

Caso haja algum tipo de solicitação de análise de quesitos


adicionais, que não constavam no auto original, o perito tem a
liberdade de adicionar honorários ao seu orçamento original.
Para tanto, o profissional deve deixar cláusula específica em
sua proposta de honorários original para a possibilidade de
solicitações adicionais.

Toda a comunicação que acontece entre perito e juiz, partes e


perito, partes e juiz, deve ser feita por meio de petição.
Entretanto, a justiça brasileira tem diversas ramificações,
que podem apresentar diferenças na forma de comunicação
entre os personagens do processo. Por isso, é recomendado
que o perito busque conhecer os meios formais de se
comunicar com o magistrado que o nomeou.

Abaixo, você será apresentado a um modelo simples de


orçamento para honorários periciais.

MODELO DE PETIÇÃO PARA HONORÁRIOS PERICIAIS


CONTÁBEIS

EXCELENTÍSSIMO SR.(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) ........................


DA (especificar a vara) VARA ............. DA ............... (COMARCA,
CIRCUNSCRIÇÃO, SEÇÃO JUDICIÁRIA), (especificar a cidade e
estado).

www.esab.edu.br 153
Processo nº:

Ação:

Autor/Requerente:

Réu/Requerido:

Perito:

................................................................., perito-contador(a),
habilitado(a) nos termos do artigo 145 do Código de
Processo Civil, conforme certidão do Conselho Regional do
Estado (identificar o Estado), cópia anexa, estabelecido na
rua, (especificar endereço completo do escritório do perito),
tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado,
vem à presença de Vossa Excelência apresentar proposta de
honorários para a execução dos trabalhos periciais na forma
que segue:

Para a elaboração desta proposta, foram considerados: a


relevância, o vulto, o risco e a complexidade dos serviços a
executar; as horas estimadas para a realização de cada
fase do trabalho; a qualificação do pessoal técnico que irá
participar da execução dos serviços e o prazo fixado.
(Acrescentar os laudos interprofissionais e outros inerentes ao
caso, se for o caso).
CUSTO DA PERÍCIA HORAS TOTAL
ESPECIFICAÇÃO DO TRABALHO PREVISTAS R$/HORA R$

Retirada e entrega dos autos


Leitura e interpretação do processo
Preparação dos Termos de Diligência
Realização das diligências
Pesquisa e exame de livros e
documentos técnicos
Laudos interdisciplinares

www.esab.edu.br 154
Elaboração do laudo
Reuniões com contadores-peritos
assistentes, quando for o caso
Revisão Final
Subtotal
Impostos e encargos
TOTAL

Os honorários propostos para a realização da perícia levaram


em consideração o valor da hora sugerido pela (sindicato,
associação, federação etc.) que é R$...................... (por extenso),
por hora trabalhada, totalizando R$................... (por extenso).

É importante comunicar que, do valor acima, haverá ainda a


responsabilidade do perito quanto ao pagamento dos
impostos e dos encargos referentes ao quantum dos
honorários periciais.

O valor desta proposta de honorários não remunera o perito


para responder quesitos Suplementares, art. 425 do Código de
Processo Civil, fato que, ocorrendo, garante ao profissional
oferecer nova proposta de honorários na forma deste
documento.

Por último requer de Vossa Excelência aprovação da


presente proposta de honorários, e na forma dos artigos 19
e 33 do Código de Processo Civil, determinação do depósito
prévio, para início da prova pericial.

Termos em que pede deferimento,

Cidade e data.

Nome completo

Contador(a) CRC ............................ nº ....................................

www.esab.edu.br 155
Estudante! Bem-vindo a mais uma unidade da disciplina de
perícia contábil!

Nesta unidade você conhecerá a perícia extrajudicial e terá


contato com outras formas em que o perito-contador pode
atuar profissionalmente.

Boa aula!

A perícia contábil nem sempre acontece no contexto judicial.


Existe a modalidade extrajudicial da perícia contábil, que
pode ser subdividida em três categorias: perícia estatal,
perícia arbitral e perícia voluntária.

Como já foi falado no início da disciplina, a maior parte da


literatura em perícia contábil trata somente de perícia judicial,
mesmo existindo outras modalidades. O motivo desta
realidade é que as demais modalidades de perícia contábil
não acontecem com grande frequência e seguem os mesmos
moldes da perícia judicial, alternando somente o contexto do
caso. Os procedimentos da prática pericial são os mesmos.

A perícia arbitral é regida pelas mesmas normas contábeis


que as demais modalidades e os seus objetos de análise são
definidos pela Lei da Arbitragem. Em regra, a perícia arbitral
acontece quando duas partes decidem que uma questão
entre elas deve ser resolvida através de arbitragem. Para
isso, procuram um Tribunal Arbitral, onde um árbitro deverá
decidir se há, ou não, a necessidade de uma perícia.

www.esab.edu.br 156
Basicamente, a perícia arbitral funciona nos mesmos moldes
da perícia judicial. Entretanto, é regida pela Lei da Arbitragem,
que é uma forma de conciliação que não passa pela justiça.

A Lei da Arbitragem, a Lei nº 9.307, publicada


no dia 23 de setembro de 1996, que rege a
atividade de arbitragem no Brasil e sob a qual
acontecem as perícias arbitrais, pode ser
consultada no seguinte link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm

A perícia estatal acontece sob controle dos órgãos estatais,


incluindo perícias criminais, as Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs) e as perícias que são conduzidas pelo
Ministério Público da União (MPU).

A perícia voluntária é realizada “por encomenda”, ou seja,


por escolha de consulta ao conhecimento pericial do
profissional, quando alguma situação demanda uma avaliação
pericial, seja ela de: valores, inventário, reavaliações
patrimoniais, determinadas situações em sociedades
empresariais, apurações de valores patrimoniais, revisão de
cláusulas contratuais, aplicação de lucros ou reservas, ou
afinal, qualquer outra matéria que esteja dentro do âmbito de
conhecimento do profissional contábil.

Ao profissional perito-contador que desejar trabalhar em algum


processo de perícia extrajudicial deve se atentar às mesmas
normas contábeis que regem a perícia contábil judicial: NBC
PP 01, NBC PP 02 e a NBC TP 01, todas disponíveis para
acesso através do site do Conselho Federal de Contabilidade.

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Na perícia extrajudicial, o perito deve se comunicar com as
partes, inclusive para o envio do laudo pericial, através de
carta protocolada ou registrada, datada, rubricada e assinada
pelo perito, onde deve constar todos os dados do profissional e
seu registro no CRC.

Ainda existe a possibilidade de a perícia extrajudicial tratar de


levantamentos físicos e consultas a outros profissionais, por
exemplo, em casos que envolvam a avaliação de máquinas,
imóveis, equipamentos, patrimônio e outros.

A perícia contábil extrajudicial deverá desenvolver a sua


operacionalização de forma idêntica à perícia judicial, uma
vez que ambos os trabalhos são regidos pelas mesmas
normas profissionais. Além disso, o perito-contador,
independentemente de onde estará atuando, deverá seguir as
recomendações profissionais de sua categoria.

Figura 28 – Equipe de profissionais avalia dados de


empresa

Fonte: Freepik
Para a realização da perícia, o profissional deve examinar,
pelo menos:

- O sistema contábil;

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- Os livros de registros contábeis;

- Documentos auxiliares.

É com base nestes documentos que o profissional irá


fundamentar os seus comentários periciais que estarão
presentes no laudo pericial, que por sua vez, deverá ter a
seguinte estrutura:

- Introdução, onde identifica o perito-contador responsável, a


matéria sobre a qual a perícia se debruçou e as principais
características do contrato de serviços;

- Visão do conjunto, onde o profissional cita a matéria


estudada, os métodos utilizados e os recursos técnicos e
humanos empregados no trabalho pericial;

- Documentos e livros examinados;

- Comentários periciais, onde o profissional emite sua opinião


profissional, limitada às competências profissionais do contador,
sempre fundamentando suas falas com legislação e teorias
cabíveis;

- Enceramento, onde o profissional assina o laudo


individualmente, ou em conjunto, quando o laudo contou com
uma equipe multiprofissional.

Ornelas (2011) enfatiza que a perícia contábil extrajudicial


deve ser muito valorizada e utilizada na sociedade em um
futuro próximo, pela sua excelência e possibilidade de atuação
fora do meio judicial, em uma forma de consultoria.

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Chegando ao final da disciplina, estudante!

Parabéns! Essa vitória é sua!

Espero que tenha se familiarizado com o tema da disciplina e


que tenha tido sucesso com o aprendizado!

Bons estudos na reta final!

Quando o perito-contador presta serviços em uma perícia


extrajudicial significa que ele é contratado por entes privados
interessados em seus trabalhos periciais. Portanto, o perito
tem liberdade para negociar o valor dos seus honorários e
forma de pagamento.

Neste caso, recomenda-se que a prestação de serviços seja


oficializada via contrato escrito, onde devem ser especificados:

- O escopo dos serviços a serem realizados;

- Honorários;

- Forma de pagamento;

- Prazo de execução;

- Direitos e obrigações do perito e das partes;

- Diretrizes determinadas pelas Normas Brasileiras de


Contabilidade; e

- Demais especificações necessárias.

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Dentro da perícia extrajudicial, também existe a modalidade da
perícia arbitral. Neste caso, o profissional deve apresentar
petição ao Tribunal Arbitral, expondo e justificando os
honorários solicitados. O tribunal pode concordar ou não
com os honorários e fixar o plano de valores apresentado.

Figura 29 – Representação de contato entre duas partes

Fonte: Freepik
Após a entrega do trabalho pericial finalizado, o perito deve
emitir uma nota fiscal ou fatura dos serviços realizados como
pessoa jurídica ou profissional autônomo e requerer o
montante a ser recebido.

Para a comunicação entre o perito e o tribunal arbitral referido,


Ornelas (2011) recomenda o seguinte modelo de petição de
orçamento de honorários:

MODELO DE PETIÇÃO DE ESTIMATIVA OU ORÇAMENTO DE


HONORÁRIOS PERICIAIS

EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DA


......................ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE .................

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(Nome completo do perito(a)), bacharel em Ciências Contábeis
registrado no CRC (especificar o Estado) sob o nº..............
Perito(a) nomeado(a) nos autos do processo nº ................. –
ORDINÁRIA – em que são partes:

(citar nome da parte)

Requerente

(citar nome da parte)

Requerido

Vem, mui respeitosamente, submeter à apreciação de V.


Excelência, em atendimento ao determinado (citar legislação
referente), o orçamento dos honorários periciais do Laudo
Pericial Contábil que elaborará.

O valor orçado, como demonstrado em anexo, é de R$.............


(por extenso).

Ressalta-se que a quantia a ser depositada em caráter


provisório pela Requerente ficará à disposição do MM. Juízo
até a entrega do Laudo Pericial Contábil.

Para a oferta da estimativa da verba honorária, foram


levados em consideração os procedimentos técnicos a
serem enumerados:

1. Leitura dos autos do processo e o exame da documentação


juntada, no sentido de buscar elementos que permitissem
identificar o que demandam as partes;

2. Os trabalhos periciais, como emana do que consta dos


autos, abrangerão o período de ......................., envolvendo
aspectos técnicos contábeis relativos a .....................;

www.esab.edu.br 162
3. Portanto, para cumprir o honroso mandato de perito judicial,
consubstanciado em laudo pericial contábil a ser oferecido,
será necessário realizar diligências à sede..............., onde
serão compulsados os livros contábeis e respectivo suporte
documental e demais procedimentos periciais inerentes ao
desenvolvimento do trabalho pericial contábil;

4. As horas profissionais estimadas nas várias fases do


trabalho pericial, como demonstrado em anexo que
ocasionou a presente proposta de honorários periciais
levaram em consideração as recomendações da Associação
dos Peritos Judiciais do Estado de ....................... homologadas
pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado
de......................

Finalmente, aguardar-se-á o depósito, em conta judicial, da


verba honorária orçada, para então dar-se início aos trabalhos
periciais.

Termos em que pede juntada e deferimento.

(Cidade e Estado), data completa

Nome do contador-perito

Perito Contábil

Estudante, todas as atividades e procedimentos técnicos


citados no modelo devem ser ajustadas conforme a
necessidade de cada processo ao qual o perito-contador foi
contratado/nomeado a realizar.

A relação do perito contábil com as partes e autoridade


referentes ao caso, independentemente de ser na modalidade
judicial, extrajudicial ou arbitrária deve ser sempre formalizada e
seguir as recomendações das normas relativas à atividade da
perícia contábil e ao Código de Processo Civil, no que diz
respeito à perícia contábil.
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Sobre a determinação das tarefas a serem realizadas e
orçamento, devem seguir o mesmo modelo da perícia
judicial já abordada na disciplina. Após avaliar todo o caso e as
análises necessárias, o profissional elabora um orçamento
contendo todas as etapas do processo, atividades a serem
realizadas, estimativa de horas de trabalho a serem gastas e
seus respectivos honorários.

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Olá, estudante!

É com muita alegria que recebo você a esta que é a última


unidade da disciplina de Perícia Contábil!

Espero que o conteúdo tenha enriquecido seu conhecimento


sobre o tema e que tenha te inspirado a conhecer mais
sobre a função pericial da contabilidade.

Bons estudos!

A perícia contábil é comumente citada como o estágio mais


avançado do exercício da contabilidade. É quando o profissional
atingiu um enorme conhecimento sobre a matéria, desde as
normas contábeis, a legislação pertinente, os conceitos
teóricos, a experiência de campo, o conhecimento das
práticas das empresas, dos diferentes setores da economia,
ramos de atuação das empresas etc.

Nem todo profissional altamente experiente em contabilidade


decide atuar como perito e nem todo perito é altamente
experiente em contabilidade, apesar de este ser o cenário ideal.

Hoje, no Brasil, para se tornar um perito contábil, é preciso


ser um contador registrado no Conselho Regional de
Contabilidade de sua federação. Além disso, este profissional
registrado deve prestar o Exame de Qualificação Técnica
Para Perito Contábil, organizado e realizado pelo Conselho
Federal de Contabilidade. Ao ser aprovado na prova, o

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profissional recebe o seu registro como perito contábil. Mas
não para por aí. O profissional registrado como perito contábil
deve apresentar comprovantes anuais de educação
continuada, ou seja, deve manter o ritmo de estudo todos os
anos, de forma a manter seu registro profissional.

O programa de educação continuada do CFC pretende


fazer com que os profissionais mantenham o alto nível de
conhecimento e também atualização profissional, visto que a
contabilidade vem sendo altamente impactada pelas tecnologias
nos últimos anos. O impacto tecnológico é extremamente
positivo, mas provoca mudanças para as quais os contadores
precisam estar preparados.

Estudante, após conhecer todo o percurso da prática e


conhecer do que se trata a perícia contábil, você já pensou na
responsabilidade e prestígio que este profissional tem na sua
classe?

O contador-perito, quando trabalha em uma perícia judicial,


carrega imensa responsabilidade. Assumir a nomeação de
produzir um laudo pericial contábil que será a base para uma
decisão de uma ação judicial pode parecer amedrontador
para alguns profissionais. Entretanto, quando o profissional
tem a capacidade verdadeira de estar nessa posição, ele é
capaz de exercer a profissão a qual escolheu para sua vida ao
mesmo tempo em que trabalha com o sistema judiciário
brasileiro em nome da verdade contábil.

Quando o profissional decide vestir a camisa da perícia


contábil e mergulhar neste mundo, ele vai enfrentar diversos
aspectos diferentes da prática contábil mais comum. Os
processos nunca serão iguais, a remuneração é variável,
embora possa ser muito alta. O ritmo de trabalho pode sofrer
alterações entre muito baixo e muito alto conforme a demanda

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de cada processo. Os estudos são constantes, uma vez que o
profissional precisará estudar novamente e profundamente
cada caso ao qual for nomeado. Seu currículo é altamente
enriquecido a cada processo que trabalha.

É possível, inclusive, trabalhar somente com perícia contábil,


mas não espere fazer isso logo que sair da graduação.
Qualquer profissional contábil habilitado pode e deve
exercer a profissão de perito-contador, mas é imprescindível
que se considere apto para a função, visto que esta é uma de
suas responsabilidades éticas profissionais.

Figura 30 – Jovem acaba de receber seu diploma de


graduação

Fonte: Freepik
A cada ano, a justiça brasileira apresenta mais espaço para a
perícia contábil, assim como de outras áreas. A cada ano que
passa, temas de ética, responsabilidade social, ambiental e
corrupção estão sendo mais discutidos. Todos estes temas
têm aspectos em comum com a perícia, seja ela contábil ou de
outras áreas do conhecimento técnico.

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Para a contabilidade, ainda podemos pensar que a perícia
pode ser segmentada entre áreas da atuação da
contabilidade e também da justiça, tais como: trabalhista,
tributária, societária, contabilidade de pessoas físicas,
comercial etc.

Não é muita ambição almejar se tornar um perito contábil, é


uma honra para qualquer profissional deter tamanho
conhecimento e ao mesmo tempo poder oferecer os
benefícios de sua habilidade à sociedade na forma de
auxílio à justiça.

Qualquer profissional contábil que desejar atuar como perito


deve preparar toda a documentação necessária e dirigir-se às
varas da justiça federal e solicitar que seja feito um cadastro
em seu nome para a lista de peritos contábeis disponíveis. A
seleção é feita pelo próprio juiz, que irá considerar a habilitação
profissional, assim como o currículo profissional que também
deverá ser adicionado ao cadastro. Este currículo servirá de
apoio à escolha do perito por parte do juiz, que irá selecionar o
perito que detenha maior experiência no ramo do tema do
processo, ou seja, o perito escolhido para cada caso já é a
melhor opção, uma vez que não há entrevista, mas sim
nomeação com base em fatos já existentes no histórico deste
contador-perito.

A maior sabedoria de um profissional que deseja se tornar


um perito contábil é a autoavaliação e responsabilidade.
Uma vez que você se coloca em um cadastro de uma vara da
justiça para realização de perícia judicial, você está sujeito
a ser nomeado. Por isso, você deve ter responsabilidade até
na decisão de se cadastrar na secretaria de justiça.
Responsabilidade em estar pronto para o desafio, em saber se
reportar de forma correta com a justiça, em ter a experiência
necessária para assumir a posição! A perícia contábil é uma
profissão muito honrosa, mas de enorme responsabilidade!

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Chegamos ao fim da nossa última unidade! Acompanhe o
resumo da seção abaixo para concluirmos o conteúdo!

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Olá! Estamos finalizando nosso estudo. Na nossa quarta e
última seção, discutimos sobre à remuneração dos peritos e
outras perspectivas. Bem, a proposta de honorários para os
serviços de perícia contábil deve ser elaborada com muito
cuidado e atenção, pois não existe uma fórmula específica
para a determinação dos valores, portanto, fica a cargo do
profissional fazer a avaliação correta e justa. Estudamos
também que a perícia contábil nem sempre acontece no
contexto judicial. Existe a modalidade extrajudicial da perícia
contábil, que pode ser subdividida em três categorias: perícia
estatal, perícia arbitral e perícia voluntária. Por fim, discutimos
como se tornar um perito contábil no Brasil, onde destacamos
que é preciso ser um contador registrado no Conselho Regional
de Contabilidade de sua federação, e além disso, prestar o
Exame de Qualificação Técnica Para Perito Contábil,
organizado e realizado pelo Conselho Federal de
Contabilidade. Ao ser aprovado na prova, o profissional
recebe o seu registro como perito contábil. Mas não para
por aí. O profissional registrado como perito contábil deve
apresentar comprovantes anuais de educação continuada, ou
seja, deve manter o ritmo de estudo todos os anos, de forma a
manter seu registro profissional.

Estudante, PARABÉNS!

Você chegou ao final da disciplina!

Não foi fácil, pois a disciplina de perícia contábil contém


muitas informações novas para você, certo?

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Principalmente os conhecimentos que se relacionam com o
direito!

Excelente trabalho! Revise os exercícios e materiais baixados


durante toda a disciplina! Também não esqueça de rever os
vídeos para relembrar os conteúdos de forma tranquila!

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Assistente técnico – Profissional contábil contratado para
auxiliar uma das partes em um caso de perícia judicial R

CFC – Conselho Federal de Contabilidade R

CLT – Código das Leis de Trabalho R

CPC - Código de Processo Civil R

CPP – Código de Processo Penal R

CRC – Conselho Regional de Contabilidade R

Compilação – junção de vários fatos R

Destreza – habilidade R

Diligência – Execução de atividade judicial fora do tribunal a


fim de obter provas ou outras funções R

Dúbia – Ambígua; incerta. R

Evidenciação – comprovação R

Impertinente - impróprio, inoportuno, maçante R

Indelegável – Responsabilidade que não pode ser transferida

LPT – Lei Processual Trabalhista R

Magistrado - juiz R

NBC – Norma Brasileira de Contabilidade R

Nomeação – Designação de um cargo R

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Perito-contador – Profissional contábil nomeado a atuar
em um caso de perícia judicial, também chamado de “perito do
caso” R

Petição – pedido judicial R

Suspeição - desconfiança, suspeita, suposta influência R

www.esab.edu.br 173
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Código de ética
profissional do Contador – NBC PG 01. Disponível em: <
http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/
content/id/63361653/do1-2019-02-14-norma-brasileira-de-
contabilidade-nbc-pg-01-de-7-de-fevereiro-de-2019-63361329>,
acesso em 01/04/2020

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Normas


Brasileiras de Contabilidadedo Perito Contábil – NBC PP 01.
Disponível em: < http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/norma-
brasileira-de-contabilidade-nbc-pp-n-1-r1-de-19-de-marco-
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BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Normas


Brasileiras de Contabilidadedo Perito Contábil – NBC PP 02 <
http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2016/NBCPP02&arquivo=NBCPP02.doc> acesso
em 12/04/2020

BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Normas


Brasileiras de Contabilidade Perícia Contábil – NBC TP 01.
Disponível em:< https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/
NBC_TP_01.pdf> Acesso em: 14/04/2020

BRASIL. Lei nº. 13.105/15, de 16 de março de 2015, que


instituiu o Código de Processo Civil. In: Palácio do Planalto.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm, acesso em: 01/04/2020

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo:


Atlas, 2010.

www.esab.edu.br 174
MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias. Perícia Contábil:
uma abordagem teórica, ética, legal, processual e
operacional, Casos Praticados. São Paulo: Atlas, 2017.

MOURA, Ril. Perícia Contábil Judicial e Extrajudicial. Rio


de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2017.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil.


São Paulo: Altas, 2011.

SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. São Paulo. Atlas,


2011.

www.esab.edu.br 175

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