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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Controle Interno - de Olho na Transparência do Município

ESCOLA DE CONTAS E CAPACITAÇÃO PROFESSOR PEDRO ALEIXO

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

FICHA TECNICA
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

PRESIDENTE
Conselheiro Mauri José Torres Duarte

VICE-PRESIDENTE
Conselheiro José Alves Viana

CORREGEDOR
Conselheiro Gilberto Pinto Monteiro Diniz

OUVIDOR
Conselheiro Durval Ângelo

CONSELHEIROS
Wanderley Geraldo de Ávila
Sebastião Helvécio Ramos de Castro
Cláudio Couto Terrão

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DIRETORIA
Naila Garcia Mourthé

COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Evandro Martins Guerra

COORDENADORIA DE CAPACITAÇÃO
Henrique Lima Quites

COORDENADORIA DE BIBLIOTECA E GESTÃO DO CONHECIMENTO


Ana Marta Accoroni Gonçalves Araújo

SECRETARIA ACADÊMICA
Cristina Maria Montenegro de Menezes

PROFESSORA CONTEUDISTA
Regina Lopes de Assis Bernardo

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Legenda

Definição Exemplo Importante

Saiba mais Reflexão Material complementar

Atividade
Dica Referências

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Fases do Trabalho de Auditoria, Procedimentos


de Auditoria e Papel de trabalho

I Fases do Trabalho de Auditoria

A atividade de auditoria interna constitui importante instrumento para garantir a


consecução dos objetivos da entidade com eficiência, eficácia e efetividade,
além de ser ferramenta indispensável para a revisão da adequação dos controles
internos.

O Conselho Federal de Contabilidade apresenta o seguinte conceito de auditoria


interna:

A auditoria interna compreende os exames, análises, avaliações,


levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para
a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e
economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de
controles interno integrados ao ambiente, e de gerenciamento de
riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no
cumprimento de seus objetivos. (NBC TI 0, 2003).

Observa-se, portanto, que as atividades de auditoria interna são


metodologicamente estruturadas e têm o propósito de assistir à administração
da entidade no cumprimento de seus objetivos, o que corrobora a importância
da atividade para as entidades públicas.

As auditorias subdividem-se em (Manual TCE, 2013 p.10):


 Auditorias de regularidade, que abrangem as auditorias de conformidade
e as financeiras ou contábeis, e
 Auditorias de desempenho ou operacionais.

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Segundo as Normas de Auditoria do TCU – NAT (2011,


p.14) as auditorias de regularidade “objetivam examinar a
legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos
responsáveis sujeitos à jurisdição do Tribunal, quanto aos
aspectos contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial”.

A auditoria operacional é assim definida (ISSAI 3000):

É o exame independente, objetivo e confiável que analisa se


empreendimentos, sistemas, operações, programas, atividades ou
organizações do governo estão funcionando de acordo com os princípios
de economicidade, eficiência e efetividade1 e se há espaço para
aperfeiçoamento. (2016, p. 3)

Portanto, a auditoria que possibilita verificar a relação entre os critérios


determinados pela legislação aplicável à transparência e à anticorrupção e as
situações encontradas nos portais de transparência dos municípios é a auditoria
de conformidade, em concordância com o Manual de Auditoria do Tribunal de
contas do Estado de Minas Gerais:

A auditoria de conformidade pode ser conceituada como o trabalho de


auditoria cujo objetivo é verificar a relação entre os critérios
determinados e as situações encontradas. Esses critérios se referem
aos parâmetros de conformidade que determinam a situação desejada,
e podem ser leis, padrões de qualidade, princípios e convenções
técnicas.

A atividade de auditoria de conformidade consubstancia-se em 3 grandes fases:

1
Planejamento

2
Execução
3
Elaboração
do relatório

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A reunião de todas as fases da auditoria é denominada ciclo da auditoria.


Entenda com mais detalhes as três fases:

a. Planejamento

O planejamento compreende o estudo, exames e avaliação do ambiente (áreas,


atividades, produtos e processos) e do objeto a ser auditado, com vistas a definir
os recursos, os procedimentos, a extensão, a época a ser realizada, de acordo
com as diretrizes estabelecidas pela administração da entidade.

Na fase do planejamento deve-se elaborar a matriz de planejamento, onde serão


evidenciados o objetivo da auditoria, as questões de auditoria, as informações
requeridas, as fontes de informações, os procedimentos e detalhamento dos
procedimentos, membros responsáveis, limitações e os possíveis achados.

b. Execução

A fase da execução consiste na colocação em prática do que foi planejado e,


portanto, compreende a aplicação e o registro, em papéis de trabalho, dos
procedimentos previamente definidos, com o intuito de atingir o objetivo da
auditoria.

Na fase da execução deve-se elaborar a matriz de achados, onde serão


elencados os objetivos do trabalho, a descrição do achado, a situação
encontrada, os critérios de auditoria, as evidências e análises, as causas, os
efeitos e as recomendações.

c. Elaboração do relatório

A fase da elaboração do relatório da auditoria compreende a documentação, por


meio de relatório, dos resultados da auditoria. O relatório deve ser específico na
sua forma e conteúdo, levando em consideração o tipo de auditoria executada.
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A Norma Brasileira de Contabilidade NBC TI 01 da Auditoria Interna, do


Conselho Regional de Contabilidade (2003), prevê que o relatório da auditoria
deve ser redigido com objetividade e imparcialidade. Quanto à forma de
expressão, a mesma norma dispõe que no relatório deve-se expressar,
claramente, suas conclusões, recomendações e providências a serem tomadas
pela administração da entidade.

II Procedimentos de Auditoria

Os procedimentos são as técnicas utilizadas para


atingir o objetivo da auditoria. De acordo com a NBC
TI 01, os procedimentos constituem exames e
investigações que permitem ao auditor obter
subsídios suficientes para fundamentar suas
conclusões e recomendações à administração da Fonte:
Disponível em: http://www.partner-br.com
Acesso em: 15/06/2018
entidade.

Na mesma Norma destaca-se a finalidade da auditoria interna como sendo a de


agregar valor ao resultado da entidade, contribuindo para o aperfeiçoamento dos
processos, da gestão e dos controles internos, mediante a recomendação de
ações para as inconformidades indicadas no relatório.

São Procedimentos de auditoria (ATTIE, 2012):

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Exame Físico

Confirmação ou circularização

Exame dos documentos originais

Conferência de cálculos

Exame de escrituração

Investigação minuciosa

Inquérito ou entrevista

Exame dos registros auxiliares

Correlação das informações obtidas

Observação

Check List

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O rol de procedimentos apresentados não é exaustivo. Existem outros


procedimentos que podem ser utilizados com vistas a atingir, com efetividade, o
objetivo proposto. Entenda em que consiste cada um dos procedimentos citados:

1 Exame físico: consiste na verificação no local (in loco) da existência física do objeto
auditado, além da constatação do estado de conservação, quantidade, identificação,
e autenticidade do bem. Exemplo: a contagem de numerários em caixa, o inventário
de estoques e de ativo imobilizado.

2 Confirmação ou circularização: consiste na validação formal, por terceiros, por


meio de carta registrada ou e-mails assinados digitalmente, da existência ou não de
saldos, valores, operações, transações comerciais.

O pedido de confirmação pode ser negativo ou positivo.

O pedido positivo requer a resposta formal de quem está sendo solicitado a


informação e pode ser de duas formas: pedido em branco, quando não são arrolados
os valores para os quais se deseja a confirmação ou em preto, quando são
apresentados os valores e saldos para serem confirmados.

O pedido negativo requer resposta formal de quem se deseja obter a confirmação,


caso haja discordância em relação ao item a ser confirmado. Na ausência de resposta
o auditor considera que houve concordância quanto aos valores ou saldos
apresentados para a confirmação.

3. Exame de documentos originais: consiste na verificação da documentação


comprobatória de transações comerciais ou de controle. Quando da verificação da
documentação o auditor atesta a autenticidade, a normalidade da transação em
função da atividade da entidade, a aprovação da operação pelos responsáveis
hierárquicos e o adequado registro contábil.
Exemplo: o exame da Nota fiscal de aquisição de bem para o ativo imobilizado.

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4. Conferência de cálculos: consiste na validação dos variados cálculos que


envolvem as transações objeto da auditoria. Exemplo: cálculo de juros a receber ou
a pagar; cálculo das receitas de aplicação financeira.

5. Exame da escrituração: consiste na verificação da veracidade da adequação dos


registros contábeis. Este procedimento deve ser realizado. Exemplo: conciliação
bancária; análise das diárias de viagem.

6. Investigação minuciosa: consiste no aprofundamento sobre o objeto auditado


com o propósito de verificar se há inconformidades. Exemplo: o exame minucioso
da conta de manutenção e reparos.

7. Inquérito ou entrevista: consiste na elaboração de quesitos e a obtenção de


resposta com o propósito de atingir o objetivo da auditoria. Exemplo: Entrevista sobre
os controles internos existentes.

8. Exame dos registros auxiliares: consiste na verificação dos registros auxiliares,


como controle de estoques, contas a receber e a pagar, com o objetivo de identificar
inconformidades. Exemplo: arquivo ou ficha de controle de bens do ativo imobilizado.

9. Correlação das informações obtidas: consiste na verificação da relação


harmônica das contas do sistema contábil que é estruturado com base nas partidas
dobradas. Exemplo: registro da depreciação do imobilizado, que afeta o resultado e
as depreciações acumuladas.

10. Observação: consiste na verificação atenta, com base na experiência e


conhecimento do auditor, com o objetivo de identificar inconformidades no processo
ou item observado. Exemplo: acompanhamento da contagem de estoque.

11. Checklist: consiste na elaboração e aplicação de lista de verificação composta


de itens preparados com baseados nos critérios da auditoria.

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III Papéis de Trabalho

Os papéis de trabalho da auditoria, também denominados “documentação de


auditoria” (NBC TA 230, 2016), são os registros do emprego dos procedimentos
de auditoria previamente definidos com vista ao atingimento do objetivo
proposto.

A NBC TA 230 define documentação de auditoria, como sendo “o registro dos


procedimentos de auditoria executados, da evidência de auditoria relevante
obtida e conclusões alcançadas pelo auditor.”

Os papéis de trabalho, que são a documentação de auditoria, podem ser


elaborados por meio físico ou virtual. Veja suas finalidades:

1. Fornecer as evidências para a conclusão do auditor em relação ao


cumprimento de seu objetivo;
2. Fornecer evidência de que a auditoria foi planejada e executada de acordo
com as normas e legislação pertinente;

Os papéis de trabalho têm como característica:

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Completabilidade: refere-se à característica do que é


completo. Os papéis de trabalho devem ter início, meio e
fim.

Objetividade: os papéis de trabalho devem ser sucintos,


elaborados na extensão adequada, com quantidade e
qualidade certas.

Concisão: informações claras, suficientes e fundamentadas.

Lógica: deve ser elaborado de acordo com a sequência.

Limpeza: diz respeito ao cuidado na sua elaboração,


eliminando as imperfeições e incorreções.

Eles podem ser divididos como:

 Pasta ou arquivo de papéis de trabalho permanentes: são as


documentações utilizáveis em mais de uma auditoria. Podemos citar como
exemplo dados históricos, contratos e planejamento de longo prazo.

 Pasta ou arquivo de papéis de trabalho em curso: constituem as


documentações utilizáveis somente na auditoria em curso.

Os papéis de trabalho podem ser organizados da seguinte forma:

a. Layout
O desenho do papel de trabalho dever ser estrategicamente elaborado para
facilitar a execução e a compreensão dos trabalhos registrados.

b. Codificação

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A codificação dos papéis de trabalho, com a utilização de números e letras


(codificação alfanumérica), é um artifício utilizado pelo auditor com a finalidade
de organizar os trabalhos desenvolvidos e registrados nos papéis de trabalho,
além de possibilitar o atrelamento ou amarração dos papéis por meio das
referências cruzadas.

Neste sentido, o papel de trabalho principal ou mestre, o que resume ou


sintetiza o trabalho, recebe um código, que pode ser uma sigla, uma
abreviatura ou uma letra. Os demais papéis, os subsidiários, poderão ser
codificados com letra maiúscula e números. Os papéis de trabalhos
elaborados por meio virtual são facilmente atrelados por meio de links.

c. Indicação dos exames

Tiques, letras ou notas explicativas são utilizados para indicar que


determinado item foi devidamente examinado, e devem estar esclarecidos por
meio de legendas. Podem ser utilizadas cores diferentes para melhor
visualização.

Terminamos aqui o nosso tema. Falamos sobre os procedimentos de auditoria e


papéis de trabalho.

Lembrem-se: Os procedimentos de auditoria são as


técnicas utilizadas pelo auditor para a obtenção de
informações e formação de sua opinião imparcial sobre o
objeto auditado. E os papéis de trabalho constituem a
reunião de documentos e formulários onde o auditor
registra as informações, apontamentos, provas e
descrições dos procedimentos efetuados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATTIE, William. Auditoria interna. 2. ed. 4 Reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

BRASIL. Portaria TCU n. 280, de 8 de dezembro de 2010 (alterada pela Portaria


TCU n. 168, de 30 de junho de 2011), que dispõe sobre as Normas de Auditoria
do Tribunal de Contas da União (NAT). Disponível em:
<https://portal.tcu.gov.br/comunidades/fiscalizacao-e-controle/normas-de-
auditoria-do-tcu/> Acesso em: 4 maio 2018.

BRASIL. Issai 3000 - Norma de Auditoria Operacional. Norma Internacional das


Entidades Fiscalizadoras Superiores (Issai) aprovada pela Organização
Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai) em 2016 e
traduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2017. Disponível em:
<http://portal.tcu.gov.br/fiscalizacao-e-controle/auditoria/normas-
internacionais/> Acesso em: 4 maio 2018.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de


Contabilidade TA 230 – documentação de Auditoria. Resolução NBCTA230(R1).
Dispõe sobre a documentação de auditoria. Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA23
0%28R1%29> Acesso em: 4 maio 2018.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de


Contabilidade NBC TI 01 da Auditoria Interna. Esta norma trata da atividade e
dos procedimentos de Auditoria Interna Contábil, doravante denominada
Auditoria Interna. Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2003/000986&ar
quivo=Res_986.DOC > Acesso em: 4 maio 2018.

MINAS GERAIS. Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Resolução n.


02/2013. Aprova o Manual de Auditoria, institui o Comitê de Auditoria do Tribunal
de Contas do Estado de Minas Gerais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.tce.mg.gov.br/projetoauditar/Manual.shtml> Acesso em: 4 maio
2018.

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