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Operador/a de Jardinagem

UFCD – 3061 FATORES EDAFO-


CLIMÁTICOS
MANUAL DE APRENDIZAGEM

2021

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1. SOLO AGRÁRIO

O solo é a camada de terra sobra a qual as plantas se


desenvolvem. Podendo ter uma espessura considerável, só se
considera, no entanto, a camada em que geralmente se desenvolvem as
raízes. Constitui para a planta não apenas um meio de suporte, mas
também o principal sistema de armazenamento (reservatório) de
nutrientes minerais e de água.
Os solos diferem na sua capacidade de fornecer os nutrientes às
plantas. Um solo fértil é aquele que é capaz de fornecer à planta os
nutrientes em quantidades e proporções adequadas ao seu bom
desenvolvimento.
Não basta que um solo seja fértil, é necessário que seja produtivo,
isto é, que possa dar origem a boas produções, já que podem haver solos
férteis, que não são produtivos.

Definição do Solo: “O Solo é um corpo natural, vivo e


dinâmico formado à superfície da crosta terrestre, a partir da alteração da
Rocha- mãe, sob a influência do clima, relevo e organismos, ao longo do
tempo, não esquecendo a intervenção do próprio Homem.”

2. FUNÇÕES DO SOLO

 Suportar a planta: ser estável (não deve estar sujeito a perdas por
erosão ou degradação); contínuo; penetrável às raízes; o mais
profundo possível.
 Satisfazer as necessidades Alimentares e Fisiológicas das
plantas: dar acesso à água e drenar os excedentes; permitir o
desenvolvimento radicular; reter elementos nutritivos; permitir a
atividade dos microrganismos.

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3. PERFIL DO SOLO OU PERFIL PEDOLÓGICO

Perfil do solo ou perfil pedológico: “ é um corte no solo desde a


superfície até à rocha-mãe, onde se observa uma sobreposição de
camadas que diferem pela cor, pelo tamanho dos constituintes e pela
disposição. Estas camadas sobrepostas denominam-se de horizontes.”

Horizontes

O – Camada de matéria orgânica


A – Camada superficial

B – Camada subsuperficial ou profunda

C – Material originário do solo

R – Rocha – mãe

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4. CONSTITUIÇÃO DO SOLO

O Solo é formado por vários materiais que lhe conferem


propriedades características, segundo a maior ou menor quantidade
(proporção) em que se encontram presentes.
Num Solo existe sempre:
 45 % de Matéria Mineral: areia, argila ou barro, cascalho, etc.;
 5% de Matéria Orgânica: resto de plantas, húmus, etc.;
 30% de Água;
 20% de Ar.

Constituintes de um Solo
Equilibrado

20%
45%

30%
5%

Matéria MineralMatéria OrgânicaÁguaAr

4.1 MATÉRIA MINERAL (45%)

A matéria mineral é formada por:


 Areia: é a parte mais grossa, depois de retiradas as pedras e
cascalho; é semelhante à areia da praia. Facilita os trabalhos de
mobilização do solo, o seu arejamento, a penetração das raízes.
 Argila: é a parte mais fina, como o pó que fica no ar durante muito
tempo quando há vento, retém com facilidade os nutrientes e a água.
Quando em grande quantidade impede a infiltração da água, o
arejamento, dificulta a penetração das raízes.
 Limo: com o tamanho intermédio entre a areia e a argila

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 Calcário: não se encontra em todos os solos. Existem em
partículas de várias dimensões que conferem características muito
especiais à terra.

4.2 MATÉRIA ORGÂNICA (5%)

A Matéria Orgânica é formada por restos de plantas e outros seres


vivos, parcial ou complemente decompostos. Normalmente reserva-se
o nome de Húmus para a parte da Matéria Orgânica resultante da sua
decomposição intensa e que atingiu um elevado grau de estabilidade.

4.3 ÁGUA (30%) E AR (20%)

A Água e o Ar ocupam os espaços que se encontram entre as


partículas Minerais e de Matéria Orgânica ou entre os seus agregados.
Estes espaços, de tamanho muito variável, recebem o nome de poros. A
Água é retida com facilidade pelos poros mais pequenos (microporos), o
que já não acontece com os grandes (macroporos), que permitem a sua
infiltração rápida.
Um Solo fértil, com Água nos poros mais pequenos e Ar nos
maiores, oferece um bom ambiente para o desenvolvimento das raízes e
para a vida dos microrganismos que vivem no Solo. Nestes casos, a Água
que é utilizada pelas plantas é substituída pelo Ar. Com nova entrada de
Água no Solo, da chuva ou rega, o Ar é expulso a Água volta a ocupar os
espaços vazios, ficando novamente retida nos poros mais pequenos.
O arejamento é fundamental para as raízes das plantas
respirarem. Poucas são as culturas capazes de produzir em solos
pouco arejados, geralmente sujeitos a encharcamento.
O arejamento do solo é condicionado pela textura e estrutura.

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5. PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO

5.1 TEXTURA DO SOLO


A constituição em matéria mineral de um solo condiciona uma das
propriedades físicas do solo, designada de textura:” representa a proporção
relativa dos diferentes partículas minerais existentes numa camada de solo,
ou seja, os elementos grosseiros e a terra fina, subdividida em classes de
diversos diâmetros”.
A textura indica as quantidades relativas de Areia, Limo e Argila que
existem no solo:
 Solos de Textura Grosseira ou Ligeira: Arenosos, Areno-
Francos;
 Solos de Textura Pesada ou Fina: Francos, Franco-Limosos;
 Solos de Textura Média: Argilosos, Franco-Argilosos, Argilo-
Arenosos;

Classificação das Constituintes Minerais quanto às dimensões


Elementos Designação dos Lotes Diâmetro das Partículas (mm)
Blocos  200
Calhaus 200-100
Grosseiros Pedras 100-50
Pedras Miúdas 50-20
Cascalho 20-5
Saibro 5-2
Areia Grossa 2-0,2
Terra Fina
Areia Fina 0,2-0,02
Limo 0,02-0,002
Argila  0,002

Mediante a proporção e tipo de constituintes da Matéria Mineral assim se


podem ter diferentes tipos de solos:

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 Solos arenosos (90% areia, 5% limo, 5% argila): são solos em que a matéria
mineral é formada principalmente por areias. São muito pobre

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em nutrientes e não conservam a água, secando com muita facilidades. São
muito fáceis de trabalhar. Para se tornarem produtivos necessitam de ser bem
estrumados e exigem regas frequentes no tempo seco.
 Solos argilosos (60% argila, 25% limo, 15% areia): são solos em
que a matéria mineral predominante é a argila. São solos pesados, difíceis
de trabalhar, conservando bem a água. Podem ser muito férteis.
 Solos francos (50% de areia, 30% de limo, 20% de argila): são
solos onde o teor de areia, argila e limo estão mais equilibrados. São
solos geralmente férteis, arejados e fáceis de trabalhar.

Como existem grandes variações entre os teores de areia, argila e


limo, surgem outros tipos de solo, com características intermédias: solo
franco- argilosos, argilo-arenosos, franco-argilo-arenosos, etc.

5.2 ESTRUTURA

As partículas de Matéria Orgânica ligam-se entre si formando


agregados com forma e tamanho variáveis, mediante o tipo de solo. À
forma, tamanho e modo como se encontram unidas as partículas dá-se
o nome de estrutura, constituindo uma das propriedades físicas do
Solo mais importantes. Dela depende, em grande parte, a quantidade
de Ar e Água que o Solo pode reter ou fornecer à planta, a facilidade
de penetração das raízes, etc.

Estrutura - característica física do solo expressa pelo tamanho,


forma e arranjo das partículas da matéria mineral e orgânica e
respetivos vazios, considerando não só as partículas individuais como
as partículas compostas (agregados).
A estrutura do solo afeta:
 A retenção e movimentação da água;
 As condições de arejamento;
 A facilidade de trabalhar o solo;

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 A suscetibilidade à erosão;

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 A aptidão cultural;
 A eficiência dos adubos aplicados;
 A capacidade produtiva.

Como manter uma boa estrutura do solo


 Aplicar Matéria Orgânica ao Solo: estrume, palha, etc.;
 Não realizar trabalhos de mobilização – lavouras, cavas, gradagens,
etc. – quando o solo apresentar humidade excessiva, em especial nos
solos pesados;
 Evitar o número excessivo de mobilizações do Solo;
 Incluir prados nas rotações das culturas;
 Proteger o solo contra a erosão;
 Realizar a correção do acidez – calagem – quando necessário.
A manutenção de um teor adequado de matéria orgânica no solo
constitui um dos melhores processos de manter a sua produtividade.

Como aumentar ou manter o teor de Matéria Orgânica no Solo?


 Pela incorporação de estrumes, matos, palhas, restos de culturas,
etc.;
 Pela aplicação de Adubos e Corretivos de acordo com as Análises
de Terra. Quanto maior é o desenvolvimento das culturas, maior é a
quantidade de resíduos que deixam no Solo: raízes, folhas, caules, etc.,
segundo o tipo de planta e natureza da exploração;
 Pela inclusão de prados na rotação de culturas. Pela grande
quantidade de resíduos vegetais deixados no solo, a par da sua
excelente ação no controlo da erosão, os prados constituem um dos
melhores meios para elevar o teor da Matéria Orgânica do Solo;
 Pelo combate à erosão. A Matéria Orgânica é arrasta pela água ou
pelo vento ao mesmo tempo que a Matéria Mineral.

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5.3 POROSIDADE

É a propriedade física do solo que está relacionada intimamente com


a estrutura e a textura. É avaliada como a percentagem de espaços vazios
ocupados pelo ar e pela água num dado volume de solo.

5.4 PERMEABILIDADE

É a característica física que um solo possui de permitir a


passagem da água com maior ou menor velocidade. Além de crescer
com a porosidade, está intimamente relacionada com a granulometria
e de modo especial com a presença de partículas de limo e argila.
A porosidade e permeabilidade são propriedades físicas associadas
ao comportamento da água no solo:
 O solo desempenha o papel de reservatório de água para a planta;
 Enche-se no período das chuvas e esvazia-se progressivamente entre
as chuvas;
 Durante uma chuvada, a água que cai no solo infiltra-se, escorre ou
evapora-se;
 A água de infiltração é a mais importante para a atividade agrária.

A quantidade de água infiltrada depende:


- Declive do Terreno: quando o declive é acentuado favorece o
escoamento da água;
- Compactação do Solo: um solo muito compacto facilita o escoamento
da água;
- Relevo da Superfície: a água escorre mais facilmente sobre um solo
plano do que um solo lavrado (mobilizado);
- Humidade do Solo: a água penetra melhor num solo ligeiramente
húmido;
- Cobertura Vegetal: a água penetra mais facilmente num solo coberto
de vegetação; num solo nú há um maior escoamento de água;

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- Regime da Chuva: uma chuva demasiado fraca é em grande parte
evaporada; uma chuva demasiado violenta não tem tempo para se

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infiltrar; A chuva mais eficaz é aquela cuja intensidade é de cerca de
1mm/hora;
- Temperatura do ar e do vento: o vento e uma temperatura do ar mais
ou menos elevada facilitam a evaporação da água.

6. PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO

6.1 COMPLEXO DE TROCA


É a capacidade que o solo possui para levar ou reter os elementos
nutritivos que contém no estado assimilável para as plantas.

6.2 REAÇÃO DO SOLO (PH)

Quando o Cálcio (Ca), o Magnésio (Mg) e o Potássio são arrastados pela


água, fica no seu lugar o Hidrogénio (H). Este fenómeno é mais intenso
nas zonas de grande pluviosidade, agravando-se naquelas em que a
Rocha- mãe é naturalmente pobre nestes elementos;
- O Hidrogénio (H) tem características Ácidas, isto é, uma maior
concentração deste elemento no solo, diminui o valor do pH do solo;
- O Cálcio (Ca), o Magnésio (Mg) e o Potássio são Bases e têm
características Básicas ou Alcalinas, isto é, uma maior concentração
destes elementos no solo associada a uma concentração mais reduzida
de Hidrogénio (H), eleva o valor de pH do solo;
- Para determinarmos a Reação de uma Solo medimos o valor do seu pH:
* O valor do pH varia de 0 a 14, mas o mais vulgar nas nossas Terras é
entre 3 e 10-11.

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* Ácido  0 a 6,5 (tanto mais ácido quanto mais próximo de 0);
* Básico ou Alcalino  7,5 a 14 (tanto mais básico ou alcalino quanto
mais próximo de 14);
* O solo com pH compreendido entre 6.5 e 7.5 é definido como neutro.

O que favorece a Acidez de um Solo

1. Origem em rochas eruptivas ácidas;


2. A lixiviação dos catiões (bases) pelas águas das chuvas;

3. O uso contínuo de adubos e o seu efeito acidificante (Sulfatos e


Superfosfatos).
4. A redução das bases, como consequência da extração pelas
culturas.

7. FERTILIDADE E NUTRIÇÃO MINERAL

Um solo fértil é aquele que é capaz de fornecer às plantas


nutrientes em quantidades e proporções adequadas e que possui
propriedades favoráveis ao crescimento e desenvolvimento das plantas
como boa profundidade, arejamento, permeabilidade, reação do solo –
ph adequado para cada planta, bom teor de matéria orgânica e bom
teor em nutrientes minerais.

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Os nutrientes minerais estão ligados à matéria mineral e à matéria
orgânica ou delas fazem parte integrante; podem também estar
dissolvidos na água que humedece a terra, em condições de serem
facilmente absorvidos pelas raízes das plantas. As plantas ao crescer
absorvem os nutrientes e, mais tarde, depois de mortas, a matéria
orgânica vai libertando esses mesmos nutrientes que outras plantas
podem voltar a absorver.

7.1 NECESSIDADES ALIMENTARES DAS PLANTAS

As plantas não utilizam os nutrientes em quantidades iguais:


 Macronutrientes: são os nutrientes que a planta necessita e
absorve em maiores quantidades:
o Macronutrientes Principais ou Elementos Nobres
o Macronutrientes Secundários
 Micronutrientes: são os nutrientes que a planta necessita e
absorve em menores quantidades e que quando em excesso se
tornam tóxicos para a plantas.
 Nutrientes gratuitos: existem no ar (carbono, hidrogénio e
oxigénio).

Macronutrientes Principais Macronutrientes Secundários


 Azoto – N  Cálcio – Ca
 Fósforo – P
 Potássio – K  Magnésio – Mg
 Enxofre – S

Micronutrientes
 Ferro – Fe  Boro – B
 Manganês – Mn  Molibdénio – Mn
 Zinco – Zn  Cloro – Cl
 Cobre – Cu

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A carência ou o excesso destes nutrientes pode conduzir ao
aparecimento de sinais ou sintomas nas plantas.

7.2 FUNÇÕES E SINTOMAS DE CARÊNCIA OU EXCESSO DOS NUTRIENTES NAS


PLANTAS

Azoto (N)
Principais Funções
 Dá à planta a cor verde;
 Proporciona um crescimento rápido;
 Aumenta a produção;
 Geralmente está em falta no Solo  Adubação Azotada.

Principais Sintomas da Carência


 Plantas amarelas e pouco vigorosas;
 Crescem pouco  Raquitismo;
 As primeiras folhas a ficarem amarelas são as folhas mais velhas.

Principais Sintomas de Excesso em Azoto (N)


 Atraso na Maturação;
 Plantas ficam mais fracas e tombam com facilidade  Acama
 Resistência às doenças diminui.

FÓSFORO (P)
Principais Funções do Fósforo (P)
 Proporciona robustez à planta;
 Favorece o enraizamento;
 Favorece e facilita o amadurecimento dos frutos;
 Favorece o arranque rápido e vigoroso das plantas.

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Principais Sintomas da Carência
 Folhas mais velhas avermelhadas ou violáceas;
 Atraso na Maturação dos frutos;
 Atrofiamento do sistema radicular;
 Caules mais delgados e curtos.

POTÁSSIO (K)
Principais Funções
 Proporciona resistência à Acama e a certas doenças;
 Melhora a qualidade dos frutos;
 Favorece o enchimento das sementes;
 Encontra-se em certa abundância nos solos.

Principais Sintomas da Carência


 Aparecimento de manchas cloróticas, junto às margens das folhas,
 Enrolamento da folha para a página inferior.

CÁLCIO (Ca)
Principais Funções do Cálcio
 Influente mas propriedades do Solo (pH, estrutura, etc.);
 Constituinte da Parede Celular.

Principais Sintomas da Carência


 Aparecimento de manchas necróticas nas folhas mais novas;
 Redução do crescimento da parte área;
 Atrofiamento do sistema radicular (raízes atrofiadas).

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MAGNÉSIO (Mg)
Principais Funções
 Constituinte da clorofila;
 Constituinte e ativador de enzimas.

Principais Sintomas de Carência


 Aparecimento de cloroses entre as nervuras das folhas mais velhas.

ENXOFRE (S)
Principais Funções
 Constituinte e ativador de enzimas;
 Associado ao Metabolismo do Azoto.

Principais Sintomas de Carência


 Aparecimento de clorose geral das folhas;
 Amarelecimento mais acentuado nas folhas mais jovens.

7.3 MICRONUTRIENTES
Os seus sintomas manifestam-se nas folhas mais novas.
 Ferro (Fe): Clorose ou embranquecimento das folhas mais novas,
mas com nervuras verdes;
 Manganês (Mn): Distingue-se das outras carências pelo aspeto
irregular das manchas cloróticas;
 Zinco (Zn): Cloroses nas folhas mais novas; morte dos ramos
terminais; os rebentos apresentam forma de roseta;
 Cobre (Cu): Distorção dos ramos terminais e laterais, seguido de
queda das folhas e morte dos ramos; cloroses nas folhas mais novas;
 Molibdénio (Mo): Deformações das folhas, ficando amarelas.
 Boro (B): Morte dos gomos e ramos terminais; frutificação
afetada, sintomas mais acentuados no verão e anos secos

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8. INFLUÊNCIA DO CLIMA

Apesar dos recentes avanços tecnológicos e científicos, o clima ainda


é a variável mais importante na produção agrícola. Isto deve-se aos
elementos e fatores climáticos e às influências que o clima exerce sobre
todos os momentos da produção agrícola, incluindo, colheita,
armazenamento, transporte e comercialização.

Clima - É o conjunto dos fenómenos atmosféricos de uma


determinada região geográfica considerados na sua evolução. É
caracterizado por diversos elementos que se podem-se medir e são
também aqueles que nós mais facilmente conseguimos sentir os seus
efeitos por um motivo ou outro. São os seguintes:
 Pressão atmosférica;
 Radiação solar;
 Temperatura;
 Humidade do ar;
 Vento;
 Precipitação;
 Nebulosidade.

Os fatores do clima, ao contrário dos elementos, exercem uma


influência localizada no clima, mas não é fácil quantificá-la, porque as
massas montanhosas e a sua disposição não é igual, a latitude, a
altitude, a distância ao oceano, a distribuição das massas continentais
também é diferente, e por isso só conhecemos a sua influência onde se
localizam.
 Latitude;
 Altitude;
 Proximidade do Mar.
Meteorologia - Estudo dos fenómenos que se manifestam
na atmosfera e que determinam o clima.

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Tempo – Estado da atmosfera num determinado local.

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8.1 ELEMENTOS DO CLIMA
8.1.1 PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Força que o ar exerce sobre a terra. A pressão atmosférica varia de
lugar para lugar e depende dos movimentos da atmosfera. A atmosfera é
invólucro gasoso que circunda o globo terrestre e é constituído por:

 Azoto (78%)
 Oxigénio (21%)
 Dióxido de carbono (0.03%)
 Outros gases e vapor de água (0.97%)
Quando a pressão atmosférica é elevada provoca anticiclone, mas
quando a pressão atmosférica é baixa há depressão.

 Unidade de medida: atmosfera


 Instrumento de medição: barómetro

A influência da pressão atmosférica nas plantas não é direta mas é


um fator determinante nas condições atmosféricas.

8.1.2 RADIAÇÃO SOLAR

A radiação solar é caracterizada pelos seguintes parâmetros:

 Intensidade luminosa;
 Duração da iluminação;
 Tipo de radiação.

Intensidade luminosa: Conhecida de maneira indireta pela


determinação da duração da insolação, isto é, do número de horas de
sol num determinado local e durante o intervalo de tempo
considerado.

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 Mede-se em heliógrafos.
 Depende do declive, da exposição, da latitude, da nebulosidade,
etc.

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Tipo de radiação

 Raios ultravioletas (UV) e raios X


 10% da energia radiante do sol com menor comprimento de onda;
 Radiações retidas em grande parte pela camada superior da
atmosfera;
 Influenciam indiretamente a germinação e a qualidade da
semente.
 Raios infravermelhos (IV)
 50% da energia radiante do sol e com maior comprimento de
onda;
 O seu principal efeito é de ordem térmica.
 Radiação visível
 Fonte de energia fundamental para a fotossíntese (40% da
radiação solar).

Classificação das plantas quanto á necessidade de luz:

 Plantas de luz ou heliófilas – espécies que necessitam de grande


exposição aos raios de luz. Tendem a situar-se nos estratos superiores
das florestas ou em terrenos abertos como as pradarias.
 Plantas de sombra ou esquiáfitas – espécies que precisam de
pouca luz. Encontram-se nos estratos inferiores das florestas ou nas
fendas das rochas.

Classificação das plantas de acordo com o fotoperíodo necessário à


floração e frutificação:

Fotoperíodo - Número de horas de luz durante um dia


 Plantas de dia longo – florescem e frutificam quando o fotoperíodo é
maior que 12 horas. Espécies que provêm das regiões mais frias.
- Exemplos: trigo, cevada, centeio, ervilha, luzerna, esteva.

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 Plantas de dia curto – Florescem e frutificam somente quando o
fotoperíodo é inferior a doze horas. Provêm de climas tropicais e
subtropicais.
- Exemplos: Milho, soja, tabaco, arroz, sorgo, crisântemo.

 Plantas indiferentes ou neutras – Florescem independentemente


da duração do fotoperíodo, dependendo de outros fatores sobretudo da
temperatura.
- Exemplos: Cravo.

Uma elevada intensidade luminosa provoca uma maior formação de


órgãos de reserva e de frutos de melhor qualidade. O crescimento é
menor, mas as plantas ficam mais robustas.

Quando a intensidade luminosa é baixa, o crescimento dos órgãos


aéreos das plantas é favorecido, mas as plantas ficam amareladas e de
aspeto frágil.

8.1.3 TEMPERATURA

A radiação solar é a principal fonte que influencia a temperatura e


mede a quantidade de calor recebida. A temperatura varia:

 Dos pólos para o equador;


 Dos ambientes aquáticos para os terrestres;
 Ao longo do dia Amplitude térmica diária.

 Termómetro – Aparelho utilizado para medir a temperatura

 Unidade de medida – grau Celsius (ºC)

A atividade dos seres vivos é fortemente influenciada pela temperatura.


A vida só é possível dentro de certos limites. As necessidades térmicas de
cada planta limitam a sua cultura a determinadas zonas do globo devido
às épocas de sementeira e colheita.

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Nas plantas a temperatura afeta a:

 Germinação;

 Crescimento;

 Floração;

 Maturação dos frutos e das sementes.

Zero de vegetação - Limiar da temperatura abaixo do qual paralisa o


desenvolvimento da planta.

Exemplos: Ervilha – 0 ºC; Trigo – 0ºC; Sorgo – 8ºC; Milho - 9 ºC;


Soja - 10ºC; Batata – 10ºC

Temperatura Mínima – Temperatura abaixo da qual não ocorrem


determinadas fases de desenvolvimento.

Exemplos: Trigo – 10 ºC; Milho – 19 ºC

Temperatura ótima – temperatura à qual se obtém máxima


velocidade de crescimento.

Exemplos: Azevém – 20 ºC; Milho – 30 ºC; Maioria das plantas –


20 a 25 ºC

Temperaturas críticas

Temperatura crítica Mínima – Abaixo do zero de vegetação a


planta deixa de crescer, se a temperatura descer claramente a planta pode
ser destruída. A geada origina a formação de cristais de gelo entre as
células, levando à desidratação das células provocando a morte destas.

Temperatura crítica máxima: A temperatura elevada também


provoca a morte da planta através da transpiração exagerada desta.

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8.1.4 HUMIDADE DO AR

Quantidade de vapor de água existente na atmosfera. Depende da


evaporação da água:

 Dos mares, oceanos, cursos de água e lagos;


 Do solo e transpiração das plantas.

 Higrómetro – Aparelho que mede a humidade

 Unidade: Gramas de vapor por metro cúbico de ar (g/m3)

Humidade relativa – Razão expressa em % entre a quantidade de


vapor existente na atmosfera num dado momento e a quantidade que se
o ar estivesse saturado.

Humidade de saturação – quantidade de vapor de água máxima


que o ar pode conter a uma determinada temperatura.

Regula a evapotranspiração e o excesso de humidade nas


plantas dificulta a polinização e atrasa a maturação das sementes e
provoca o desenvolvimento de doenças míldios e oídios.

8.1.5 VENTO

O vento é a deslocação do ar provocada pelas diferenças de pressão


ou de temperaturas de várias camadas atmosféricas. Caracteriza-se por
força ou velocidade e direção.

As ações do vento podem ser:

 Físicas – Quando se faz a renovação das camadas do ar,


aumentando a evapotranspiração;
 Mecânicas – Quando se dá a acama dos cereais, erosão eólica e a
quebra de árvores;
 Biológicas – Transporte de pólen, sementes e parasitas.

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Para contrariar as ações do vento pode-se construir um quebra-
vento que é uma cortina de árvores plantadas perpendicularmente aos
ventos dominantes. Este deve ser permeável ao ar, pois é mais eficaz
do que uma cortina densa, que tem o risco de provocar fenómenos de
turbulência.

8.1.6 PRECIPITAÇÃO

A água que cai da atmosfera e pode ser no estado líquido, constituindo


a chuva, ou em estado sólido, formando a neve e a saraiva. Ambos os casos
são compreendidos pela designação de precipitação. Esta inclui ainda o
orvalho e a geada. Em Portugal é a fonte de água mais importante.

Exprime-se pela espessura, em milímetros, da camada de água que se


manteria numa superfície horizontal se não houvesse nenhuma perda por
escoamento, evaporação ou penetração do solo. 1 mm de chuva corresponde à
entrada de 1 litro de água por metro quadrado. Mede-se através do udómetro.

Características da precipitação do ponto de vista agrícola

 Quantidade total:
 + 2500 mm – Gerês.
 - 300 mm – Alentejo.
 Frequência – número de dias de chuva durante o ano.
 Maiores frequências de precipitação favorecem os solos com fraca
capacidade de armazenamento.
 Distribuição – precipitação ao longo do ano.

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 O clima mediterrâneo do nosso país é caracterizado por um
semestre seco abril/setembro) e um semestre húmido outubro/março.
 Intensidade – quantidade de chuva por unidade de tempo.
 Precipitações intensas compactam o solo, diminuem a
infiltração, aumentando a escorrência e a erosão do solo.

A água nas plantas

Quantidade de água % Órgãos/Plantas

0-20 Sementes

21-60 Frutos Oleaginosos

61-70

71-76 Batata

77-80 Cenouras

81-85 Luzerna

96-98 Bodelha

As plantas assumem características adaptativas de acordo com as


zonas onde se desenvolvem. Nas zonas húmidas as folhas são bem
desenvolvidas e grandes e libertam grande quantidade de vapor de
água para o exterior. Nas zonas secas as folhas reduzem-se a
espinhos evitando a perda de água.
A deficiência em água na planta provoca stress hídrico o que reduz
a produção das plantas. O excesso de água provoca asfixia radicular,
dificulta as operações culturais e provoca a lixiviação de nutrientes e
erosão.

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NEVE
Resultado da passagem direta do vapor de água ao estado sólido. As
vantagens agrícolas da neve sobre o solo são:
 Infiltração facilitada devido ao derretimento lento, diminuindo o
escorrimento e a erosão;
 Proteção das culturas das temperaturas baixas no inverno;
 Proteção das culturas das geadas
primaveris. As desvantagens são

 Compactação apreciável do solo;


 Redução das trocas gasosas com a
atmosfera. Os prejuízos provocados pela neve
são:

 Quebra de ramos;
 Derrube de árvores.

GRANIZO E SARAIVA

O granizo é a precipitação formada por grãos de gelo regulares,


esféricos, translúcidos e transparentes com 2-5 mm de diâmetro.

A saraiva é a precipitação formada por grãos de gelo irregulares


com um diâmetro superior, podendo ultrapassar 1 cm.

Os prejuízos causados pela queda de granizo e saraiva são:


 Folhas – pequenas feridas que podem levar à desfoliação;
 Frutos – pequenas lesões que provocam desvalorização comercial
e até queda de frutos;
 Jovens lançamentos – quebras;
 Troncos – perfuração da casca até ao lenho o que pode originar
uma porta de entrada doenças.

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ORVALHO
O orvalho são pequenas gotas de água que são o resultado da
condensação da humidade do ar sobre superfícies frias. É muito vulgar
quando acontecem variações acentuadas das temperaturas diurnas e as
noturnas.

GEADA
Forma-se em condições semelhantes ao orvalho, mas a
temperaturas inferiores a 0ºC. A geada não é orvalho congelado, pois
os cristais de gelo formam-se através da passagem do vapor de água
diretamente à forma de gelo sobre a vegetação e sobre os objetos que
se encontram no solo.
Os fatores que favorecem a ocorrência de geadas são:
 Baixas temperaturas;
 Céu limpo durante a noite e vento fraco ou calmo;
 Solo mobilizado e seco.
Existem dois tipos de métodos de combate a geadas

 Diretos:
 Uso de ventiladores;
 Aquecimento;
 Rega por aspersão;
 Tratamentos químicos.

 Indiretos
 Cultivar espécies de variedades resistentes;
 Escolha adequada do local;
 Técnicas de cultivo adequadas: eliminar ervas, podar mais
tarde, semear mais cedo os cereais de inverno.

NEVOEIRO

Suspensão de pequeníssimas gotas de água na camada inferior da


atmosfera em contacto com a superfície terrestre, que geralmente
diminuem a visibilidade horizontal a mais de 1 km. Resulta do

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arrefecimento do ar húmido, ou da evaporação de água para o ar já
saturado, o que num caso ou noutro, produz a condensação do vapor
de água junto ao solo.

8.1.7 A NEBULOSIDADE
As Nuvens são formadas por gotas de água ou cristais de gelo em
suspensão. Nas de grandes dimensões, podem-se distinguir quatro
zonas em altitude. Na parte inferior, até ao nível de 0º C, a nuvem é
constituída por gotas de água. A seguir, a zona até ao nível de -15º C é
constituída por gotas de água em sobrefusão. A zona seguinte, até ao
nível de -40º C, é formada por gotas de água em sobrefusão e por
cristais de gelo. A zona superior é constituída apenas por cristais de
gelo.
As nuvens apresentam várias formas típicas, de acordo com a
altitude a que se formam e com o estado de tempo particular que
traduzem.
Distinguem-se dois tipos fundamentais. Os estratos são nuvens de
pequena espessura, mas de apreciável extensão. As correntes
ascendentes são pouco importantes. Os cúmulos são grandes nuvens de
grande espessura, mas de pequena extensão. As correntes ascendentes
são intensas.

8.2 FATORES CLIMÁTICOS


8.2.1 LATITUDE

Distância, em graus, de um lugar ao equador.

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Região Intertropical – os raios solares aquecem uma área menor e
incidem com pouca inclinação – Temperatura alta.

Região Temperada – a área aquecida e a inclinação dos raios é


maior – Temperatura média.

Regiões polares – a área aquecida e a inclinação dos raios são


ainda superiores – Temperatura é baixa.

8.2.2 ALTITUDE/RELEVO

Quanto maior for a altitude, menor é a temperatura. Esta diminui


cerca de 0,6ºC por cada 100 m que se subimos.
Os terrenos sem declive e expostos a sul recebem radiações solares
com menor inclinação, o que favorece o aquecimento mais intenso do
solo.

8.2.3 PROXIMIDADE DO MAR

A proximidade das massas de água exerce um efeito moderador


sobre o clima:

 No verão o mar aquece mais devagar que a terra;


 No inverno arrefece mais lentamente que a terra.

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8.3 CLIMA MEDITERRÂNEO

O clima temperado mediterrâneo, o que se faz sentir em Portugal (ou


subtropical seco), caracteriza-se por:
 Verãos quentes, longos, secos e luminosos e Invernos suaves;
 Amplitudes térmicas anuais moderadas. A ATA (Amplitude
Térmica Anual) não é significativa e fica próxima dos 15ºC. A média do
mês mais quente é superior a 20ºC, por sua vez, a média do mês mais
frio nunca é inferior a 0ºC. A TMA (Temperatura Média Anual),
também é próxima dos 15ºC (sendo inferior a 20ºC);
 Chuvas relativamente escassas e irregulares, concentradas
sobretudo no outono e no inverno sendo a precipitação de origem
frontal (associada à passagem das frentes);
 Quatro estações bem marcadas e distintas (primavera, verão,
outono e inverno);
 Fraca nebulosidade. Mesmo no
inverno, registam-se longos períodos de
céu limpo e brilhante (normalmente
associados à presença de anticiclones);
 Tem período seco no verão.
 Para o distinguir com alguma
facilidade dos restantes climas
temperados, é o único dos climas
temperados que apresenta período
seco

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9. BIBLIOGRAFIA

- Costa, J. B., “Caracterização e Constituição do solo”. Fundação


Calouste Gulbenkian. Lisboa. 1991.

- Ferreira, J.C.; Strecht, A.; Ribeiro, J. R.; Soeiro, A.; Cotrim, G.;
MANUAL DE AGRICULTURA BIOLÓGICA – Fertilização e proteção
das plantas para uma agricultura sustentável. 1999. AGROBIO.

-Lawrence E.; Loon B.V. “FENÓMENOS ATMOSFÈRICOS – Um


guia para conhecer os diferentes fenómenos atmosféricos e compreender
as suas causas”. Plátano-Edições Técnicas. 2000.

- Stell, E. P. “Segredos para um solo fértil – Comece com um solo


fértil e crie uma hora, um jardim e um pomar férteis”. Publicações
Europa- América. Mem-Martins. 2006.

-Nyle C. Brady, Ray R. Weil. “Elementos da Natureza e Propriedades


dos Solos”. Bookman. 2009.

Sites consultados:

-Determinação do tipo de solo. [Consulta a 2018-10-02].


Disponível em <https://www.phosphorland.pt/blogtipo-solo/>

- Estudo do solo. [Consulta a 2018-10-01]. Disponível em


<http://www.cise.pt/pt/images/Projetos/EA/pdf%20casal%20do%20re
i/4%20-%20Estudo%20do%20Solo.pdf>

34
1. Solo Agrário ……………………………………………………………… 2
2. Funções do Solo…………………………………………………………. 2
3. Perfil do Solo ou Perfil Pedológico……………………………………. 3
4. Constituição do 4
Solo…………………………………………………….
4.1 Matéria Mineral…………………………………………………………. 4
4.2 Matéria Orgânica……………………………………………………….. 5
4.3 Água e Ar…………………………………………………………………. 5
5. Propriedades Físicas do Solo………………………………………….. 6
5.1 Textura do solo………………………………………………………….. 6
5.2 Estrutura…………………………………………………………………. 7
5.3 Porosidade………………………………………………………………. 9
5.4 Permeabilidade…………………………………………………………. 9
6. Propriedades Químicas do Solo………………………………………. 10
6.1Complexo de troca………………………………………………………. 10
6.2 Reação do Solo (pH) 10
…………………………………………………...
7. Fertilidade e nutrição mineral………………………………………… 11
7.1 Necessidades alimentares das plantas……………………………. 12
7.2 Funções e Sintomas de Carências e Excessos dos Nutrientes
na Plantas…………………………………………………………………….. 13
7.3 Micronutrientes………………………………………………………… 15
8. Influência do clima………………………………………………………. 16
8.1 Elementos do 17
clima…………………………………………………….
8.1.1 Pressão atmosférica…………………………………………………. 17
8.1.2 Radiação solar………………………………………………………… 17
8.1.3 Temperatura…………………………………………………………... 19
8.1.4 Humidade do Ar……………………………………………………… 21
8.1.5 Vento…………………………………………………………………… 21
8.1.6 Precipitação…………………………………………………………… 22
8.1.7 Nebulosidade…………………………………………………………. 26
8.2 Fatores climáticos………………………………………………………. 26
8.2.1 Latitude………………………………………………………………… 26
8.2.2. Altitude/Relevo……………………………………………………… 27
8.2.3 Proximidade do 27
mar………………………………………………….
8.3 Clima Mediterrâneo……………………………………………………. 28
9. Bibliografia ……………………………………………………………….. 29

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