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Conceitualmente numa economia aberta há relações comerciais com o resto

do mundo, nesse caso temos questões a serem resolvidas como a taxa de câmbio,
déficit no balanço de pagamentos, por exemplo. Segundo Rosseti (1995) as
transações econômicas com o resto do mundo interferem no fluxo de produção, na
apropriação da renda e no processo de acumulação. Para elucidar melhor, logo abaixo
será apresentado um quadro com a estrutura do Balanço de pagamentos:

Quadro 1: Balanço de pagamentos


Transações Correntes
1. Balança comercial
1.1 Exportações de mercadorias
1.2 Importações de mercadorias
2. Balança de serviços
2.1. Viagens internacionais
2.2. Transportes
2.3. Seguros
2.4. Rendas de capitais
2.5. Serviços governamentais
2.6. Serviços diversos
3. Transferências unilaterais
Movimento de capital
1 Investimentos estrangeiros líquidos
2 Empréstimos a médio e longo prazo
3 Empréstimos a curto prazo
4 Amortizações
Fonte: Rosseti, 1995.p.140

Conforme relatório apresentado pelo IPEA 2022 o balaço de pagamentos


apresentou déficit. Somente a conta balança comercial teve bom desempenho. O
Fluxo financeiro disposto na conta balança de serviços, não teve bom desempenho.
Isso influencia diretamente na taxa de câmbio, a menor entrada de moeda estrangeira
no Brasil, no caso o dólar, diminui a oferta, logo o preço desse ativo aumenta.
A tendência inflacionária pelo mundo, os bancos centrais aumentado a taxa de
juros, enxuga a oferta de dólar de uma forma geral. Na balança de serviços, as contas
viagens, transportes foram impactadas diretamente pela COVID, o que ajudou a
reduzir a entrada de dólar no país. Por outro lado essa desvalorização da moeda
estrangeira viabiliza as exportações, o que explica parte do desempenho da balança
comercial, entretanto como o maior responsável por esse resultado são produtos
agrícolas, mesmo numa desaceleração da econômica esse item não tem sua
necessidade de consumo reduzida, pois são produtos de primeira necessidade, o que
pode explicar o superávit até no período pandêmico.
Portanto, numa análise simples, o saldo de transações correntes, não deve ter
grandes alterações, no sentido de alcançar grandes superávits, devido as incertezas
mundiais. A guerra da Rússia, por exemplo, não se sabe qual a proporção pode
chegar esse conflito, boa parte da Europa depende do carvão russo, uma crise
energética pode levar esse conflito a escalas maiores. Como sabemos, crise de
energia leva um encolhimento da produção, o que seria mais um fator de pressão
inflacionária. A pressão sobre os preços na economia mundial atualmente, indica
elevação dos juros, como forma de contrair a quantidade de moeda.
São razões, pelo menos no presente momento, pra acreditar que não haverá
uma maior valorização cambial nesse momento. Há também fatores internos, como a
política fiscal a ser adotada pelo atual governo, indicando uma expansão nos gastos
públicos, fatores que indicam aumento de juros internos e desvalorização dólar.
Segundo o relatório apresentado pelo Ipea o câmbio até fim de 2023 chega a $5,30.
Um outro lado desse cenário é que passado a pandemia, o fim das restrições
sanitárias a balança de serviços pode voltar a ser superavitária, aumentando a entrada
de dólares no Brasil, pressionando o valor pra baixo. Mas isso só o longo prazo
mostrará. No cenário atual tudo indica uma taxa acima de R$5,20.
Gráfico 1: média mensal da taxa de câmbio

5,25 5,25
5,24

5,22

5,20

5,17

OUT/22 NOV/22 DEZ/22 JAN/23 FEV/23 MAR/23

Fonte: Banco Central do Brasil


Elaboração do autor

Referência bibliográfica
ROSSETI, José Paschoal. Contabilidade Social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1992p.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Cotações e Boletins. Disponível em:
<https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/historicocotacoes>. Acesso em 16 de
abril de 2023.

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