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"ARTIGO DE OPINIÃO"

Tudo será (quase) igual, até a vacina para a Covid-19 chegar.

Por Hugo Eduardo Meza Pinto

[05/06/2020] [19:12]"Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Pesquisador trabalha em uma vacina contra o novo coronavírus no laboratório de pesquisa da


Universidade de Copenhague, na Dinamarca| Foto: Thibault Savary/AFP

Nada será como antes, o "novo normal" está aí dizem os futurólogos, os mesmos que não
conseguiram prognosticar a pandemia que estamos vivendo. Nem de perto estava nas previsões
desses Nostradamus 4.0, vaticinar a recessão (ou depressão) econômica e suas consequências
que estamos vivendo, nem quando a Covid-19 já era uma realidade no mundo, nem, quando o
vírus chegou ao Brasil.

Atualmente, esses iluminados consultores do futuro se atrevem a vislumbrar "novas" formas de


trabalho, novos modos de fazer negócios e inovadores procedimentos econômicos. Dizem que, a
partir de agora, as empresas terão que se reinventar, ser inovadoras, ser resilientes, repensar seu
modelo de negócios, "Pivotar" (diversificar e reestruturar seus negócios) etc. Analise comigo, caro
leitor, desde quando as empresas não precisaram fazer isso tudo para se mantiverem vivas e
crescerem ao longo do tempo?

Evidentemente, há muito tempo, as empresas, os governos e as pessoas não eram colocados


nessa situação. Talvez desde a Peste Negra (1.347 - 1.351), que matou mais de 200 milhões de
pessoas ou do surgimento da Varíola em 1.520 ou a Gripe Espanhola, entre os anos de 1.918 e
1.919 (cada uma matou mais de 50 milhões de habitantes), as pessoas não sintam tamanha
sensação de insegurança com respeito ao futuro. Entretanto, o discurso vigente de alguns
analistas que tentam analisar essa situação, é de que nada será como antes porque a pandemia
criou condições. Isso não é ao todo verdadeiro, numa análise ampla, analisando as relações
econômicas e de trabalho. Podemos, por exemplo, ver que o home office já existia e era uma
tendência, assim como as compras on-line e o delivery já estavam no ritmo crescente. As aulas
remotas e o ensino à distância já eram um modo de ensino, o uso de robôs e da inteligência
artificial já têm diminuído os postos de trabalho. Os governos dos países desenvolvidos já
pensavam em políticas de renda mínima para pessoas que não conseguissem se inserir no
mercado. Tudo isso antes da pandemia.

Nada será como antes, o "novo normal" está aí dizem os futurólogos, os mesmos que não
conseguiram prognosticar a pandemia que estamos vivendo. Nem de perto estava nas previsões
desses Nostradamus 4.0, vaticinar a recessão (ou depressão) econômica e suas consequências
que estamos vivendo, nem quando a Covid-19 já era uma realidade no mundo, nem, quando o
vírus chegou ao Brasil.

Pesquisa recente da McKinsey & Company M&S sobre os impactos da Covid-19 no Brasil
mostram algumas tendências interessantes. Está ocorrendo um aumento das compras on-line em
40%, apesar do corte de renda da população, e a perspectiva é a manutenção dessas compras
on-line pós Covid-19. Além disso, a pesquisa revela que 35% das pessoas entrevistadas reduzirá
suas idas às lojas físicas. O varejo está migrando com força para a internet!

Nessa mesma tendência, as pessoas que, antes da crise, ainda iam às agências bancárias ou
lotéricas para pagar suas contas e, agora utilizam internet, não duvidarão em continuar realizando
suas transações on-line pós-pandemia.

No âmbito dos novos negócios, talvez os grandes fundos de capital que atuam no mercado
cobrem mais resultados positivos às empresas que ainda não dão lucro, são consideradas
promissoras, como o Uber que, no primeiro trimestre de 2020, teve US$2,9 bilhões de prejuízo e
queda de 18% no faturamento.

Aos poucos a atividade econômica está voltando a funcionar nos países que já controlaram a
pandemia. Fotos de restaurantes e de teatros que mostram como o distanciamento social passa a
ser uma prática recorrente, nos dizem que, dar viabilidade econômica a esses negócios, será
cada vez mais desafiador. Esse comportamento da sociedade é natural, afinal, todos os seres
humanos lutarão sempre para se mantiverem vivos. Ao respeito, Albert Einstein dizia: “Estranha
criatura o homem; não pede para nascer, não sabe viver, e não quer morrer”. Foi assim o
comportamento humanos nas outras pandemias, não será diferente agora. Tudo isso até a vacina
para a Covid-19 surgir e voltar tudo ao “quase” normal."

Hugo Eduardo Meza Pinto, economista e doutor, é professor da Faculdade Estácio Curitiba e
associado da empresa de Economia Criativa Amauta."

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