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2013 doi:
Artigo Original
Pontos de transição da frequência cardíaca em teste
progressivo máximo 1
Patrícia Guimarães Couto 1
Ana Paula Rodrigues 2
Antônio José Ferreira Júnior 3
Sandro Fernandes da Silva 2
Fernando Roberto de-Oliveira 2
1
Programa de Pós-graduação em Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, SP, Brasil
2
Departamento de Educação Física, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil
3
Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz
de Fora, MG, Brasil
Resumo: Foi realizada análise do comportamento da frequência cardíaca (FC) e identificação dos pontos
de inflexão (PIFC) e de deflexão da FC (PDFC) em teste progressivo máximo, em sujeitos do sexo feminino
e masculino. Vinte universitários foram submetidos ao teste em cicloergômetro. A FC foi monitorada para
posterior análise e identificação dos pontos de transição (PT). A FC apresentou comportamento sigmóide,
com identificação de PT em todos os sujeitos, sendo: a) em 65% PIFC (64 ± 27W; 29 ± 9%Pmáx e 126 ±
12bpm; 66 ± 5%FCmáx) e PDFC (177 ± 45W; 81 ± 10%Pmáx e 178 ± 8bpm; 93 ± 4%FCmáx); b) em 30%
apenas PIFC (80 ± 32W; 36 ± 14%Pmáx e 125 ± 13bpm; 66 ± 5%FCmáx) e c) em 5% o PDFC isolado
(103W; 57%Pmáx e 150bpm; 82%FCmáx). O PIFC foi encontrado em carga significativamente inferior ao
PDFC, sem diferenças na carga e FC relativas entre os sexos.
Palavras-chave: Exercício. Aptidão Física. Modulação Autonômica.
Abstract: Was analyzed the Heart Rate (HR) behavior and identified the HR inflection points (HRIP) and
deflection points (HRDP) in a maximum progressive test, using female and male subjects. Twenty university
students were submitted to a maximum progressive test. The HR was monitored to posterior analysis and
identification of the transition points (TP). The subjects’ HR showed sigmoid behavior, with TP identification
in all subjects, being: a) in 65% HRIP (64 ± 27W; 29 ± 9% Pmax and 126 ± 12bpm; 66 ± 5% HRmax) and
HRDP (177 ± 45W; 81 ± 10%Pmax and 178 ± 8bpm; 93 ± 4%Hrmax); b) in 30% only the HRIP (80 ± 32W;
36 ± 14%Pmax and 125 ± 13bpm; 66 ± 5%HRmax) and c) in 5% HRDP isolated (103W; 57%Pmax and
150bpm; 82%HRmax). The HRIP was found in significantly lower load than HRDP and there were no
differences in the load and HR relative between genders.
Keywords: Exercise. Physical Fitness. Autonomic Modulation.
Finlândia). Para que o teste fosse considerado encontrado, antes da mudança na direção da
máximo os sujeitos deveriam atingir pelo menos curva (Figuras 2 – 4)
90% da FCmáx predita (220 – idade). Para a
análise do comportamento da FC utilizamos o
programa Graphpad Prism, versão 5.00 (2007 -
®
Graphpad Software Incorporated ).
Os dados de FC e carga foram plotados a
cada minuto para que fossem identificados os
PIFC e PDFC através do modelo matemático de
Cambri et al. (2006). Neste modelo, todos os
valores FC – carga são ajustados por uma função
polinomial de terceiro grau e por uma equação
linear de primeiro grau derivadas dos dados de
cada um dos sujeitos (Figura 1). Para análise dos
dados foi utilizado o software statistica 7.0.
Figura 3. Curva da diferença dos valores de
frequência cardíaca (FC) obtidos por equação
polinomial de terceiro grau e equação linear de
primeiro grau, na qual foi observado apenas o
ponto de inflexão da FC (PIFC). Exemplo de um
indivíduo.
Análise estatística
Foi utilizada a estatística descritiva para a
apresentação dos resultados (média ± desvio
Figura 2. Curva da diferença dos valores de padrão). Os dados apresentaram distribuição
frequência cardíaca (FC) obtidos por equação
polinomial de terceiro grau e equação linear de normal quando verificados utilizando o teste de
primeiro grau, na qual foram observados o ponto Shapiro-Wilk. Para as comparações das variáveis
de inflexão da FC (PIFC) e ponto de deflexão da foi utilizada ANOVA two-way, seguido por post-
FC (PDFC). Exemplo de um indivíduo. hoc de Bonferroni quando necessário, assumindo
um nível de significância de p < 0,05.
Após, foi calculada a diferença dos valores de
FC obtidos pelas respectivas equações, e Resultados
projetada uma curva com estes valores. O PIFC
A frequência cardíaca apresentou
foi identificado como o menor valor encontrado da
comportamento sigmóide na curva FC x carga,
diferença dos valores de FC obtidos pelas
como pode ser observado na Figura 1. Em todos
equações e o PDFC como o maior valor
os sujeitos os PT foram identificados (Tabela 1).
No entanto, em treze foram identificados os dois maiores no PDFC comparado ao PIFC (p < 0,05).
PT – PIFC (64 ± 27 W; 126 ± 12bpm) e PDFC Em seis sujeitos foi verificado apenas o PIFC (80
(177 ± 45 W; 178 ± 8bpm) – em conjunto. Neste ± 32 W; 125 ± 13bpm) e em um sujeito o PDFC
caso, tanto a carga quanto a FC, em termos (103 W; 150bpm).
absolutos e relativos, foram significativamente
Masculino Feminino
Fcmáx (bpm)
Absoluto Relativo (%) Absoluto Relativo (%)
190 ± 7 95,6 ± 3,4 189 ± 8 94,8 ± 4,1
Wmáx (W) 259 ± 21 178 ± 20*
Ɨ
FC – PIFC (bpm) 124 ± 10 64,9 ± 5,0 128 ± 13 67,2 ± 4,8
FC – PDFC (bpm) 177 ± 7 92,0 ± 3,2 175 ± 13 92,6 ± 6,0
Valores em média ± DP. FCmáx: frequência cardíaca máxima; Wmáx: carga máxima; FC – PIFC:
Ɨ
frequência cardíaca no PIFC; FC – PDFC: frequência cardíaca no PDFC. Significativamente menor
que o PDFC. *Significativamente menor que o grupo masculino.
*/** p<0,05
Figura 5. Valores absolutos de carga (W) nos pontos de transição para o grupo feminino (F) e masculino
(M). * diferença significativa entre W no PIFC entre os grupos F e M. ** diferença significativa entre a W no
PDFC entre os grupos F e M.
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