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Petróleo
2013
Capítulo 1 – Origem do petróleo
A origem do petróleo é um dos mistérios mais bem guardados pela natureza. Séculos de
especulações e experimentações propiciaram numerosas hipóteses e teorias, muitas delas
antagônicas e passíveis de discussões tão acaloradas quanto estéreis. Estas teorias podem ser
classificadas em inorgânicas e orgânicas. As teorias inorgânicas atribuem ao petróleo uma origem
a partir de processos exclusivamente inorgânicos, isto é, sem a intervenção dos organismos vivos
de qualquer espécie. Já as teorias orgânicas atribuem aos organismos vivos um papel
fundamental no processo de geração do petróleo. Abordaremos brevemente algumas destas
teorias até chegarmos a teoria orgânica moderna que é a que melhor se destaca na comunidade
científica.
O petróleo é conhecido desde a mais remota antiguidade, uma vez que, tem a tendência
de escapar para a superfície sob a forma de exsudações, expondo-se à curiosidade dos homens.
Desta forma, a utilização do petróleo pelas civilizações antigas está bem documentada na
literatura. A Bíblia, por exemplo, apresenta diversas citações, como a calafetagem da arca
lendária por Noé, em preparação para o advento do dilúvio. Os fenícios utilizaram largamente o
“betume” para calafetamento de suas magníficas embarcações. Na Mesopotâmia e no Egito, o
petróleo era bastante utilizado como argamassa nas construções, na pavimentação das estradas
e outras finalidades, como no processo de embalsamento, muito difundido no Egito.
No Novo Mundo, o petróleo também era conhecido desde tempos remotos. Índios pré-
colombianos, como os Karnkawa dos Texas (E.U.A), utilizavam este produto para decorar e
impermeabilizar seus potes de cerâmicas. Os incas, os maias e outras civilizações índias antigas
também estavam bem familiarizadas com o petróleo, dele se aproveitando para diversos fins
(remédios, combustível, artefatos bélicos etc.).
Com tantas ocorrências em todo o mundo não é de se estranhar a utilização do petróleo
desde épocas imemoriais. O homem, certamente, passou a especular sobre a origem deste fluido
desde a primeira vez que veio a utilizá-lo, por curiosidade ou intuição. Entretanto, somente a partir
dos três últimos séculos, é que o assunto mereceu tratamento aprofundado e de caráter científico.
Rocha com poros mas com pouca conectividade Rocha com poros e com alta conectividade entre
entre eles (baixa permeabilidade). eles (alta permeabilidade).
Hidrogênio 11-14%
Carbono 83-87%
Enxofre 0,06-8%
Nitrogênio 0,11-1,7%
Oxigênio 0,1-2%
Metais Até 0,3%
Ex.:
Ex.:
Resinas e asfaltenos
Moléculas grandes com alta relação C/H e S, O e N (de 6,9 a 7,3%). São constituídas de 3
a 10 ou mais anéis, geralmente aromáticos, em cada molécula.
Os asfaltenos não estão dissolvidos no petróleo mas sim dispersos na forma coloidal,
quando puros são sólidos escuros e não voláteis; já as resinas são facilmente solúveis, sendo
líquidos viscosos ou sólidos pastosos e tão voláteis quanto hidrocarbonetos de mesma massa
molecular. As resinas de alto peso molecular são avermelhadas, enquanto as mais leves são
menos coloridas.
Compostos Nitrogenados
Compostos Sulfurados
Compostos Oxigenados
Aparecem no petróleo de forma mais ou menos complexa, tais como ácidos carboxílicos,
fenóis, cresóis, ésteres, amidas, cetonas e benzofuranos. De modo geral tendem a se
concentrar nas frações mais pesadas e são responsáveis pela acidez e coloração (ácidos
naftênicos), odor (fenóis), formação de goma e corrosividade das frações do petróleo.
Compostos Metálicos
Podem ocorrer no petróleo o Fe, Zn, Cu, Pb, Mo, Co, As, Mn, Cr, Na, Ni e V, onde os
dois últimos apresentam maior incidência. O teor varia de 1 a 1200 ppm.
Apresentam- se como sais orgânicos dissolvidos na água emulsionada ao petróleo e na
forma de compostos organometálicos complexos, que tendem a se concentrar nas frações
mais pesadas.
Nesta classe os óleos apresentam 75% ou mais de parafinas, são leves, fluidos ou de alto
ponto de fluidez exceto nos casos onde o óleo apresenta n-parafinas de alto peso molecular
(alto ponto de fluidez). Os aromáticos presentes apresentam um ou dois anéis e o teor de
enxofre é baixo. Encontrado na região nordeste do Brasil. Os petróleos de várias regiões do
recôncavo baiano são ricos em cêras parafínicas dissolvidas que chegam a causar problemas
como entupimento nas tubulações dos poços e oleodutos.
3.1.2- Parafínico-naftênica:
Nesta classe os óleos apresentam de 50% a 70% de parafinas e mais de 20% de naftenos
(25% a 40%). A densidade e a viscosidade ainda são maiores que nos da classe parafínica. A
maioria dos petróleos produzidos na Bacia de Campos é deste tipo.
Estes óleos são derivados dos parafínicos e parafínico-naftênicos que apresentam mais de
35% de compostos naftênicos, podendo conter mais de 25% de resinas e asfaltenos e teor de
S entre 0,4% e 1%. Alguns óleos do Ocidente Africano são assim classificados.
3.1.6- Classe Aromático-asfáltica:
3.2.2 – Densidade:
Varia entre 0,75 e 0,95 considerando o óleo cru. Os mais profundos e mais antigos
costumam ser os menos densos, pela cisão mais pronunciada das moléculas e
consequentemente aumento das frações mais leves. O petróleo árabe é leve pois é o mais velho
do mundo.
No mundo do petróleo a densidade (massa específica) é medida em uma escala arbitrária
criada pela American Petroleum Institute conhecida como grau API. Essa escala está relacionada
com a massa específica do petróleo pela fórmula:
141,5
API = − 131,5
ρ
No Brasil, existe uma classificação baseada no °API para os petróleos produzidos:
°API Classificação
Acima de 30 Leve
Entre 22 e 30 Médio
Abaixo de 22 Pesado
Abaixo de 10 Extrapesado
Um petróleo classificado como leve apresenta maior valor de mercado devido a se obter
uma maior quantidades de derivados leves numa simples “destilação”; a ter elevada abundância
de n-parafinas; a possuir menor teor de enxofre; a possuir menos impurezas; a ser mais claro e
de fácil refinamento.
3.2.3 – Viscosidade:
A descoberta de uma jazida de petróleo é uma tarefa que envolve longo e dispendioso
estudo e análise de dados geológicos e geofísicos das bacias sedimentares. A fase de estudos
preliminares para localização da jazida é chamada de prospecção.
Após exaustivo prognóstico do comportamento das diversas camadas do subsolo, os
geólogos e geofísicos decidem propor a perfuração de um poço, que é a etapa que exige mais
investimento em todo o processo de prospecção.
4.2.2- Magnetometria
Baseia-se nas variações locais do magnetismo terrestre. Essas variações são causadas
pela maior ou menor presença de magnetita (Fe3O4) nos diferentes tipos de rocha.
Nas rochas sedimentares são comuns os elementos Na e K - provenientes de cinzas de
plantas; Si, Al e Ca – geralmente sob forma de SO4= e CO3=; P – proveniente de ossos e Fe
– apenas traços.
A unidade de medida em levantamentos magnéticos é o gamma, que equivale a 10-5
gauss, unidade criada em homenagem ao matemático alemão Karl F. Gauss (1777 – 1855). O
campo magnético da Terra é da ordem de 50000 gammas e as anomalias de interesse na
pesquisa do petróleo são da ordem de 1 a 10 gammas.
As anomalias produzidas por diferentes rochas, podem ser comparadas com a quantidade
de magnetita distribuída nessas rochas. As rochas sedimentares apresentam, em geral, valores
de susceptibilidade magnética muito baixos. A presença de maiores quantidades de magnetita
indica ausência de petróleo.
4.2.3- Sismografia
Do grego seismós que significa abalo, agitação, tremor de terra, a sísmica é o método da
geofísica que se utiliza da produção artificial de abalos para determinar a distribuição das
velocidades de propagação das ondas nas rochas e suas estruturas geológicas.
A sísmica tornou-se pouco a pouco uma ferramenta indispensável a pesquisa do petróleo
que baseia-se no fato da velocidade de propagação das ondas sísmicas variar de rocha para
rocha, em função entre outras propriedades da densidade das mesmas.
O método sísmico de reflexão fornece alta definição das feições geológicas em
subsuperfície propícias à acumulação de hidrocarbonetos. Mais de 90% dos investimentos em
prospecção são aplicados em sísmica de reflexão.
O levantamento sísmico inicia-se com a geração de ondas elásticas, através de fontes
artificiais, que se propagam pelo interior da Terra. Tais ondas são refletidas e refratadas nas
interfaces que separam rochas de diferentes constituições petrofísicas, e retornam à superfície
onde são captadas por sofisticados equipamentos de registro.
Tendo com parâmetro a economia, em função do detalhe necessário aos objetivos do
levantamento sísmico, critérios são pré-estabelecidos como por exemplo resolução e
profundidade de interesse.
Como exemplo, o tempo de registro determina a profundidade máxima da pesquisa. No
instante t=0 (detonação) o sismógrafo inicia a gravação até o tempo estabelecido pelo operador
(geofísico). Em levantamentos terrestres o tempo é geralmente de 4 segundos. Considerando que
a velocidade média de propagação das ondas sísmicas nas rochas é de 3000 m/s, para t=4s a
profundidade máxima de pesquisa será de 6000 metros (dois segundos para a ida e dois para a
volta). No mar devido à lâmina d’água onde as ondas se propagam mais lentamente (1500 m/s) o
tempo de registro varia de 6 a 12 segundos.
A análise destes registros (sismogramas) permite a elaboração de mapas que podem
evidenciar estruturas favoráveis — armadilhas — ao acúmulo de petróleo.
O fluido de perfuração é uma suspensão aquosa de vários tipos especiais de argila, a lama
de perfuração vai sendo injetada continuamente à medida que a broca se aprofunda. O fluído de
perfuração é bombeado através da coluna de perfuração até a broca, retornando pelo espaço
anular até a superfície, trazendo consigo os cascalhos das rochas cortados pela broca de
perfuração. Na superfície o fluído permanece dentro de tanques, após receber o tratamento
adequado.
Um dos componentes da lama ou fluido de perfuração é um tipo de argila ativada chamada
bentonita ou betonita que é um silicato de alumínio e que durante agitação apresenta-se fluido e
quando em repouso apresenta consistência gelatinosa sem solidificar-se.
Esse fluido tem algumas funções durante a perfuração, tais como:
• Limpar, esfriar e lubrificar a broca e a coluna de perfuração, reduzindo o desgaste da
broca.
• Controlar a pressão de subsuperfície – caso a “lama” não fosse utilizada ao final da
perfuração o óleo jorraria violentamente.
• Transportar até a superfície os fragmentos rochosos triturados pela broca ou provenientes
de desmoronamentos.
• Prevenir desmoronamentos das formações perfuradas, à medida em que forma um
reboco (provisório) de consistência ao longo das paredes do poço. Além de minimizar a
ocorrência de desmoronamentos, reduz a filtração em camadas mais permeáveis.
• Transmitir potência à broca uma vez que reduz o atrito.
• Prevenir a corrosão da coluna de perfuração.
• Reduzir ao mínimo, o risco de acidentes com as equipes de perfuração bem como o perigo
de incêndios.
• Manter a suspensão durante possíveis paralisações.
CIRCULAÇÃO PELOS
IMPULSÃO CANAIS DA COLUNA DE
FLUIDO PERFURAÇÃO
ATRAVÉS DE
BOMBAS
REBOCO
ANÁLISE * DESCARTE PROVISÓRIO NAS
PAREDES DO POÇO
ARRASTE DE
PENEIRAÇÃO DETRITOS ROCHOSOS RETORNO À
PROVENIENTES DA SUPERFÍCIE
PERFURAÇÃO
5.2- BROCAS
As características de uma broca para determinado objetivo devem variar em função do tipo
de rocha a ser perfurada:
Em terrenos duros (quartzo, mica, feldspato) utiliza-se brocas de diamantes ou carbeto de
tungstênio (WC), já em terrenos macios (arenito, calcário) utiliza-se brocas de dentes ou lâminas
de aço ou de diamante artificial (PDC). As brocas para terrenos duros perfuram por
esmerilhamento e as brocas de terrenos macios perfuram por raspagem e possuem altas taxas de
penetração.
5.3 – POÇOS
O primeiro poço é o chamado poço pioneiro, que mesmo se não entrar em produção
contribui nas pesquisas pois nessa etapa a rocha é trazida à superfície.
Outros poços, chamados poços de extensão ou delimitação são perfurados nas
proximidades do primeiro (pioneiro) para auxiliar na coleta de dados utilizados na determinação
das características da jazida, permitindo inclusive uma estimativa sobre a quantidade de petróleo
acumulado naquele campo.
Os poços de delimitação ou de extensão se classificam em:
a) Estratigráfico perfurado para obtenção de dados sobre a formação e a
disposição dos terrenos sedimentares permitindo futuras
Estratos = camadas estimativas sobre a quantidade de petróleo acumulado naquele
campo.
c) Jazida mais rasa perfurado dentro dos limites de um campo para determinar
ou mais profunda maior e/ou menor profundidade do reservatório.
5.6- COMPLETAÇÃO
A completação consiste no conjunto de serviços efetuados no poço desde o momento em
que, na fase de perfuração, a broca atinge o topo da zona produtora até o momento que o poço
entra em produção. Corresponde a transformação do esforço de perfuração e avaliação em uma
unidade produtiva; o poço passa a produzir óleo e/ou gás, gerando receitas.
A completação abrange as seguintes fases:
1- Instalar coluna de produção na superfície => o poço estava com uma coluna de perfuração
instalada e esta deve ser substituída por uma coluna de produção provida de todos os
equipamentos e aparatos necessários para o controle e manutenção da produção de petróleo.
2- Avaliar qualidade da cimentação => antes do poço ser liberado para produzir, a cimentação
realizada deve ser avaliada para que não venha a gerar problemas durante ou no início da
produção, uma vez que após substituir a sonda por uma unidade de produção, qualquer
intervenção no poço necessita do auxílio de um barco.
3- Substituir fluido de perfuração pelo de completação => o fluido de perfuração é “sujo” e está
carregando cascalho proveniente da formação. A unidade de produção não é apta para receber e
tratar um fluido com essas características, assim se deve remover todo este fluido e preencher o
poço com um fluido “limpo” que mantenha a segurança do poço estável até o início da produção.
4- Canhonear intervalo de interesse => a região da formação onde está o petróleo é a área de
interesse, como o poço está todo cimentado, esta área não pode mandar fluido para dentro do
poço. Para permitir esse comando, canhoneamos o poço, isto é, explodimos áreas da cimentação
em frente a formação que contém petróleo.
5- Avaliar intervalo de interesse => Estando o poço apto a produzir, a equipe de engenharia
realiza alguns testes para confirmar a previsão feito com o poço pioneiro e a retirada dos
testemunhos. Os testes de formação a poço revestido, teste de produção e teste de injetividade
são os mais comuns.
6- Instalar contenção de areia (gravel pack) => o gravel pack é uma técnica de preenchimento
da área canhoneada com areia ou cerâmica e tela com o objetivo de diminuir a produção de areia
da formação.
7- Instalar árvore-de-natal => o poço até o momento possui um BOP instalado na sua cabeça e
esse equipamento é feito para não deixar fluidos descontrolados passar para a plataforma. Como
neste momento queremos produzir fluidos, trocamos o BOP por um conjunto de válvulas de
controle de produção chamado de árvore-de-natal. Esse equipamento pode ser instalado no solo
marinho (árvore-de-natal molhada) ou no convés de plataformas fixas de produção (árvore-de-
natal seca) de acordo com o tipo de unidade de produção utilizada na região.
8- Induzir surgência => a última fase da completação é a de tentar fazer com que o poço
produza por surgência, isto é, utilizando-se da sua própria pressão para elevar o petróleo a
plataforma.
Capítulo 6- Recuperação do petróleo
A engenharia de reservatório elabora um plano de exploração da jazida de petróleo com
o objetivo de recuperar, isto é, retirar o máximo de petróleo da rocha reservatório deslocando-o
para dentro do poço.
Para que o maior percentual de petróleo seja recuperado, a engenharia de reservatório
precisa conhecer o fluido contido no reservatório, atentando para os estados físicos, °API e
viscosidade; conhecer as propriedades da rocha-reservatório, principalmente porosidade e
permeabilidade; estudar o comportamento do fluido na rocha e na superfície, analisando quanto a
formação de gás, óleo volátil ou não, formação de LGN (líquido de gás natural) ou não; explorar
os mecanismos de produção e gerenciar o reservatório.
Os métodos de recuperação do petróleo podem ser naturais e/ou artificiais, a saber.
O petróleo depois de ser recuperado precisa ser elevado a unidade produtora, mas para tal
ele precisa possuir pressão suficiente para vencer o peso da coluna hidrostática. Quando o
reservatório apresenta pressão suficiente para elevar esses fluídos até a superfície o poço é
denominado surgente e produz por elevação natural. No caso do reservatório não possuir pressão
suficiente para elevar esses fluidos até a superfície ou se a vazão de produção for muito inferior a
capacidade de produção será utilizado métodos de elevação artificial.
7.2.4- Gás-lift
Esse método de elevação por ter um custo relativamente baixo para produzir em poços
profundos e devido a sua excelente continuidade operacional, é bastante utilizado. Sendo propício
para poços produtores de fluidos com alto teor de areia, elevada razão gás – liquido.
O contínuo e intermitente são os principais tipos de gás-lift utilizados nos poços de
petróleo. O gás-lift contínuo consiste na injeção de gás a alta pressão continuamente na coluna de
produção, tendo como objetivo de gaseificar o fluido desde o ponto de injeção até a superfície. O
aumento da quantidade de gás na coluna de produção diminui o gradiente médio de pressão,
tendo como conseqüência a diminuição da pressão de fluxo no fundo e aumento da vazão.
O gás-lift intermitente é produzido através da injeção de gás a alta pressão, necessário
para o deslocamento do petróleo a base das golfadas (fluxo para a superfície de forma
inconstante). Esta injeção de gás é feita através de tempos bem definidos e é normalmente
controlada na superfície por um intermitor de ciclo e uma válvula controladora (motor valve).
As principais desvantagens são a necessidade de injetar gás comprimido e o gás não
pode ser corrosivo.