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TEMA:

ORIGEM DA VIDA E A ACTIVIDADE CELULAR

ELABORADA PELA PROFESSORA: DENISE HELENA MONTEIRO ROSA

ESCOLA SECUNDÁRIA ABÍLIO DUARTE

ANO LECTIVO 2011/2012

SUB-TEMA I - O AMBIENTE PRÉ-BIÓTICO

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ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PROTO-TERRA

Vários modelos teóricos foram propostos para explicar a formação da Terra. Mas actualmente o
modelo mais aceite baseia-se na Hipótese Nebular, formulada no sec. XVIII por Laplace e
reformulada no sec. XX por Carlos Weizracker.

Hipótese Nebular - Segundo este modelo a Terra formou-se a partir da contracção gravítica da
enorme nebulosa de gases (hélio e hidrogénio) e poeiras cósmicas metálicas e rochosas.

A Terra formou-se em duas etapas: Acreção e Diferenciação

Acreção: processo pelo qual, na nebulosa solar primitiva, corpos sólidos se agregaram para
formarem planetas.

Diferenciação: processo pelo qual, os materiais constituintes da Terra fundiram com o aumento de
temperatura, permitindo a separação da Terra em várias zonas, com composição química e física
diferentes e densidade crescente:

 Crosta: com matérias mais leves tais como as poeiras;

 Manto: Com elementos menos densos (alumínio, cálcio e magnésio);

 Núcleo: com matérias de elevada densidade (Ferro e Níquel)

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ATMOSFERA TERRESTRE

A Atmosfera primitiva originou dos gases da nebulosa que deram origem a terra.

Durante o período da acreção a atmosfera era muito densa, constituída por hidrogénio (H2),
amoníaco (NH3), metano (CH4), hélio (He) e néon (Ne). Posteriormente a Terra sofreu um
aquecimento que provocou alterações na sua atmosfera. Erupções vulcânicas frequentes libertaram
para o espaço grandes quantidades de gases, formando uma atmosfera secundária menos densa
constituída por azoto (N), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (MO), vapor de água
(H2O (g)), mais os gases da atmosfera inicial, mas no entanto sem a presença de oxigénio no estado
livre – Atmosfera redutora.

Nota: Actualmente a composição da atmosfera é muito diferente, uma vez que contém os dois
principais constituintes que são o Azoto e o Oxigénio no estado livre – Atmosfera Oxidante.
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OBS: O O2 surgiu a partir da dissociação das moléculas de H2O e não só.

ORIGEM DOS OCEANOS

Os Oceanos originaram dos vapores de água libertados durante as erupções vulcânicas. O vapor de
água arrefeceu, condensou e formou grandes nuvens que ao caírem em forma de chuva,
acumularam e formaram pequenos mares. E com a sua acumulação surgiram os oceanos.

CARACTERISTICAS PARTICULARES DO PLANETA TERRA FAVORAVEL AO


APARECIMENTO DE VIDA

De todos os planetas do sistema solar, a Terra é o único onde se conhece a existência de vida,
devido a:

 Massa da Terra: massa suficiente para originar a força de gravidade necessária a retenção de
uma atmosfera;

 Existência da água no estado líquido;

 Distância ideal ao sol: essa distância permite a manutenção de temperatura moderada


favorável ao aparecimento e desenvolvimento de vida;

OBS: Os planetas exteriores recebem pouca energia solar. Os interiores mais próximos do sol do
que a terra, recebem excesso de radiações solares, condições essas, que não são compatíveis com o
desenvolvimento de vida.

1- PRIMEIRAS TEORIAS EXPLICATIVAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA

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Como surgiu a vida?

O aparecimento da vida na terra é um tema que desde antiguidade tem apaixonado o espírito
humano.

Várias teorias têm sido apresentadas:

1. TEORIA DO FIXISMO OU DE CRIAÇÃO ESPECIAL OU CRIAÇÃO DIVINA OU


SOBRENATURAL OU CRIADOR SUPREMO OU CRIACIONISMO

Defende que a vida foi criada por Deus no momento uno de criação, e as espécies por ele criado,
mantém-se fixa no tempo e não mudam.

Esta teoria foi rejeitada por não conseguir provar a existência de Deus.

2. TEORIA DA BIOGENESE

Defende que todos os seres vivos provêm de outros pré-existentes e da mesma espécie. Foi
formulada por Redi e defendida por Pasteur, Spallanzani, Fox, Oparin.

Esta teoria foi aceite, mas faltava aos seus defensores explicar como é que surgiu a primeira forma
de vida.

3. TEORIA COSMOZÓICA OU DA PANSPERMIA

Diz que a vida veio de espaço em forma de esporos, transportados pelos meteoritos. Foi defendida
por Arrhenius e Kelven.

Esta teoria foi rejeitada por dois motivos:

a) Não explicou como surgiu a vida no espaço;

b) Os esporos mesmo que tivessem surgido no espaço não suportariam as diferentes condições do
espaço durante a travessia;

4. TEORIA DA GERAÇÃO ESPONTÁNEA OU ABIOGENESE

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Considera que a vida surgiu de um modo súbito (repentino) e espontâneo a partir da matéria
inorgânica.

Ex: Ratos podem surgir de roupas sujas e velhas, Peixes de algas em decomposição e moscas e
mosquitos de lamas ou carnes em putrificação.

Esta teoria foi proposta por Aristóteles A.C. e defendida por Descartes, Newton e Van Helmont.

NOTA: Face a essas situações muitos cientistas começaram a abandonar o barco. E a ideia de que a
vida teria organizado na própria Terra foi partilhada por alguns deles. Mas, o problema que se
levantou foi se os primeiros organismos teriam sido Autotróficos ou Heterotróficos.

HIPÓTESE AUTOTRÓFICA

Defende que os primeiros seres vivos eram autotróficos, isto é, capazes de fazer a síntese dos
compostos orgânicos a partir de matérias inorgânicas.

Esta hipótese foi rejeitada porque o metabolismo envolvido na autotrofia é muito complexo e
certamente não ocorria em seres simples que na Terra existia.

HIPÓTESE HETEROTRÓFICA

Diz que os primeiros seres vivos eram heterotróficos simples e que resultaram de um longo
processo de evolução pré-biológico. Esses seres alimentavam de matérias orgânicas sintetizadas na
Terra primitiva.

2- NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA

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HIPÓTESE DE OPARIN (1924) – HALDANE (1929)

Dois cientistas OPARIN e HALDANE embora trabalhando independentemente, formularam uma


hipótese, idêntica, sobre a origem da vida. Tentaram pela primeira vez explicar cientificamente
como se teria formado os Compostos Orgânicos e mesmo os Seres Vivos, a partir da matéria
inorgânica.

Na formulação da hipótese, Oparin e Haldane admitiram que o ambiente da Terra primitiva seria
muito diferente da actual e basearam nas seguintes condições ou pressupostos que provavelmente
existia:

 Composição Química da atmosfera primitiva, provavelmente redutora, era constituída


essencialmente por Hidrogénio, Metano, Amoníaco e água.

 Ambiente árida e desértica da Terra primitiva;

 Quantidade de calor e gases libertado para o espaço durante as erupções vulcânicas.

 Forte aquecimento da superfície terrestre, por acção das radiações ultravioletas devido a
falta da camada protectora de Ozono;

Oparin - Haldane explicaram a origem da vida em 3 fases ou etapas:

1. SÍNTESE ABIÓTICA DAS PRIMEIRAS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS E EVOLUÇÃO


QUÍMICA OU MOLECULAR

Os gases da atmosfera primitiva hidrogénio (H2), amoníaco (NH3), metano (CH4) e vapor de água
(H2O (g)), sujeitos a acção de radiações muito intensas desencadearam numerosas reacções
químicas, das quais formaram vários compostos orgânicos simples chamados monómeros (Ex:
monossacarídeos, ácidos gordos, aminoácidos, bases azotadas e glicerol).

Os monómeros formados na Terra primitiva, foram arrastadas pela chuva, para os lagos e oceanos,
onde se acumularam e formaram compostos orgânicos complexos chamados polímeros (proteína,
lípidos, ácidos nucleícos e polissacarídeos).

A mistura de monómeros e polímeros no oceano primitivo formaria uma solução designada por
Haldane de Sopa Primitiva ou caldo quente primitivo e que terá servido de alimento dos
primeiros seres vivos.

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2. FORMAÇÃO DE ESTRUTURAS PRÉ-BIOLÓGICAS

As moléculas complexas ou polímeros reuniram-se espontaneamente e formaram sistemas


moleculares envolvidas por uma membrana semi-permeáveis que permitia a troca de substâncias
com o meio.

A essa agregação espontânea de moléculas orgânicas em soluções dispersas nos oceanos Oparin deu
o nome de Coacervados.

Por selecção natural muitos sistemas moleculares foram destruídos, mas outros evoluíram a
adquiriram:

 Capacidade de reproduzir;

 Capacidade de crescer;

 Capacidade de controlar as suas próprias reacções químicas;

3. EVOLUÇÃO DAS FORMAS PRÉ-BIOLÓGICAS – APARECIMENTO DOS


PRIMEIROS SERES VIVOS

Teriam sido esses sistemas moleculares que originaram os primeiros seres vivos, muito
rudimentares – Protobiotes ou Pré-biontes (são sistemas naturais que apresentam um certo grau de
organização), que utilizavam a fermentação para retirar a energia das substâncias orgânicas, não só
porque não havia oxigénio livre no meio, mas também porque é o meio mais simples de obter
energia e portanto o primeiro a aparecer.

NOTA: Com esta hipótese esses dois cientistas defenderam a hipótese heterotrófica.

E, segundo eles, os primeiros seres vivos eram heterotróficos e alimentavam de matéria orgânica
sintetizada na Terra primitiva e os compostos orgânicos podiam formar-se a partir de matérias
inorgânicas na ausência dos seres vivos;

3- AS EXPERIÊNCIAS DE STANLEY MILLER E DE SIDNEY FOX

AS EXPERIÊNCIAS DE STANLEY MILLER

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Nos anos 50 Miller tentou recriar no laboratório as condições da atmosfera primitiva postuladas por
Oparin e Haldane e montou um dispositivo e simulou num balão as condições da atmosfera
primitiva.

Extraiu todo o ar do dispositivo e introduziu água no primeiro balão

Aqueceu a água do balão até a ebulição;

O vapor de água passava para o


balão 3, onde estava uma
mistura de H2, NH3 e CH4 e onde
ele provocou descargas
eléctricas idênticas às faíscas das
trovoadas até obter monómeros.

O fluxo gasoso mantido pelo


vapor de água permanentemente
libertado no balão 1, ao passar
posteriormente pela zona de
refrigeração 4, condensa-se, à
semelhança do que aconteceria
nas camadas da atmosfera,
arrastando para a base do tubo em U todos os compostos formados.

Uma semana depois, examinou a água contida no tubo em “U” e verificou que este líquido tinha
passado de incolor a laranja avermelhado, apercebendo-se que tinha sintetizado numerosos
compostos orgânicos simples (Ex: monossacarídeos, ácidos gordos, aminoácidos, bases azotadas e
glicerol).

EXPERIÊNCIA DE SIDNEY FOX

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Fox tentou testar a possibilidade de os aminoácidos formados na atmosfera primitiva poderem
formar proteínas na ausência dos seres vivos. Para isso simulou no laboratório as condições que se
pensava terem existido na Terra primitiva. Colocou então uma mistura de 18 aminoácidos diferentes
e colocou-os sobre um pedaço de lava e introduziu-os num forno a 170ºc durante várias horas.

Os aminoácidos (considerados monómeros) ligaram entre si e formaram proteínas não biológicas, a


que ele chamou de proteinóides (considerados polímeros). Depois, por um processo abiótico,
introduziu os proteinóides em meio líquido adequado (água quente ligeiramente salgada), estes
reuniram-se em micro-sistemas, a que ele chamou de microsferas (forma esférica).

OBS: As microsferas são estruturas idênticas aos coacervados, dai a razão de serem designados de
microgotas.

4- FORMAÇÃO DE SISTEMAS MOLECULARES

Microgotas – sistemas moleculares naturais formados em meio aquoso como resultado da


agregação espontânea das macromoléculas sintetizadas abióticamente.

Características das microgotas (dos sistemas moleculares naturais)

 Constituem unidades individuais distintas do meio;

 Apresentam uma estrutura química própria, podendo ocorrer reacções químicas no seu
interior;

 Permitia troca de substância com o meio através das membranas semipermeáveis;

 Em consequência da sua estrutura pode persistir no meio, evoluir ou até desaparecer;

NOTA: As microgotas apresentavam características idênticas às das células vivas, mas eram
desprovidos do dinamismo energéticos que caracterizam a vida.

IMPORTÂNCIA DAS EXPERIÊNCIAS DE MILLER E FOX

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Miller ao simular em laboratório as condições que admitia ter existido na Terra primitiva, abriu
caminho a muitas investigações sobre e evolução pré-biológica.

Fox conseguiu provar que era possível a formação de substâncias mais complexas a partir de outras
mais simples – evolução química ou molecular.

OBS: Depois dos trabalhos de Miller e Fox em 1953, o caminho ficou aberto para mais
investigações sobre a evolução pré-biológica, isto é, outros investigadores têm aprofundado e
ampliado os trabalhos desses referidos cientistas, variando as fontes energéticas ou as misturas de
que partem de forma a obter as mesmas moléculas básicas da vida.

 Em 1960 Juan Oró conseguiu obter adenina;

 Em 1963 Cyril Ponnamperuma sintetizou ribose e desoxirribose;

 Em 1971 Juan Oró e A.P.Kimball conseguiu provocar a condensação de nucleótidos


obtendo oligonucleótidos.

5- EVOLUÇÃO BIOLÓGICA

Os primeiros seres eram heterotróficos e multiplicavam-se rapidamente por processo de auto-


reprodução, o que levou a um grande aumento dos seres nos oceanos. Estes seres alimentavam-se
das matérias orgânicas que havia no meio ambiente. A uma determinada altura os alimentos
começaram a escassear (o seu consumo era superior a sua produção) então aumentou a competição
pelas matérias orgânicas existente no meio ambiente.
As formas de vida menos competitivas foram eliminadas e as outras formas de vida que
conseguiram sobreviver tiveram que se adaptar aproveitando a luz solar, isto é, apareceram os
primeiros seres autotróficos. Estes, não eram dependentes das matérias orgânicas existentes no
caldo quente primitivo, mas obtinham a energia pelo processo de fermentação. Os seres autotróficos
desenvolveram e adquiriram a capacidade de realizar o processo de fotossíntese, isto é, passaram a
ser capazes de fabricar o seu próprio alimento. Isto constituiu um grande salto evolutivo.
Com o desenvolvimento da fotossíntese, a atmosfera passou gradualmente de redutora (sem
oxigénio livre) para oxidante (com oxigénio livre) e os seres vivos passara a obter a energia pelo
processo de respiração aeróbia.

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Os novos seres heterotróficos passaram a depender dos seres autotróficos e com novas
disponibilidades energética fizeram com que o grau de complexidade dos seres aumentasse tendo
surgido multicelularidade e consequentemente os seres pluricelulares.

Com o aumento de oxigénio na atmosfera e por acção das radiações ultravioletas, formou-se
acamada protectora de Ozono, e a partir daqui os seres vivos abandonaram a água iniciaram a sua
conquista do meio terrestre acabando por acontecer a expansão biológica.

EVOLUÇÃO BIOLÓGICA AO LONGO DOS TEMPOS

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SUB-TEMA II – ORGANIZAÇÃO CELULAR

1- ESTUDO DA CITOLOGIA

Citologia – é o ramo da biologia que se dedica ao estudo da célula.

Célula – é a unidade básica de estrutura e função de todos os seres vivos.

Biologia - é a ciência que estuda os seres vivos. Bio = Vida e Logia = Ciência.

Outros ramos da Biologia


Histologia – estuda os tecidos; Zoologia – estuda os animais;
Botânica – estuda as plantas; Embriologia – estuda os embriões; Genética – estuda a
hereditariedade;
Patologia – as doenças; Fisiologia – o funcionamento dos órgãos; Anatomia – a constituição do
organismo; Ecologia – estuda as relações entre os seres vivos e o seu meio ambiente;

2- AS CARACTERÍSTICAS DOS SERES VIVOS


 Composição Química - Nos seres vivos, os átomos estão agrupados em compostos
relativamente simples, formando as substâncias inorgânicas (também chamadas substâncias
minerais), como a água e vários sais. Mas, além de substâncias inorgânicas encontramos as
substâncias orgânicas que são formadas por átomos de carbono que se unem, podendo formar
longas cadeias contendo outros átomos, como os de oxigénio, nitrogénio e, obrigatoriamente, de
hidrogénio.

 Organização Celular - Nos seres vivos, uma enorme quantidade de moléculas inorgânicas e
orgânicas se reúne, formando a célula. A célula é a unidade fundamental dos seres vivos, sendo
capaz, por exemplo, de se nutrir, crescer e reproduzir. Alguns seres vivos são unicelulares, mas a
maioria é pluricelular. As células semelhantes se reúnem, formando um tecido. Tecidos semelhantes
formam um órgão. Órgãos com funções semelhantes se organizam em sistemas ou aparelhos. O
conjunto de sistemas forma um organismo. Organismos da mesma espécie agrupam-se numa
determinada região, formando uma população. A população mantém, relações com populações de
outras espécies que habitam o mesmo local, formando uma comunidade. Uma comunidade
representa o conjunto de todas as espécies vivas que habitam determinado ambiente, como uma
floresta. A comunidade influi nos factores físicos e químicos do ambiente – como chuva, o solo e a
temperatura – e esses factores também influi na comunidade.

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 Nutrição, Crescimento, Respiração e Metabolismo. Um organismo vivo é instável e frágil. A
nutrição não só garante ao ser vivo a reconstrução das partes desgastadas, mas também a formação
de novas células, durante o período de crescimento. o processo de reconstrução ou crescimento do
corpo é acompanhado pelo processo de respiração celular. Também, o organismo pode construir
grandes moléculas formadoras de partes de células – esse processo é chamado anabolismo (ana =
erguer), que são transformações de síntese ou construção. E quebrar moléculas de alimento, obtendo
energia – processo denominado catabolismo (cata = para baixo), que são transformações de análise
ou decomposição. O conjunto dos dois processos é chamado metabolismo (metabole =
transformar).

 Estímulos ao Ambiente - Todos os seres vivos são capazes de reagir a estímulos ou


modificações do ambiente, ou seja, todos possuem irritabilidade. Nos vegetais, as reacções aos
estímulos costumam ser mais lentas do que nos animais, por exemplo, pelo crescimento do caule
em direcção à luz. Em algumas plantas, como a sensitiva ou dormideira, a reacção pode ser mais
rápida, isto é, um simples contacto externo provoca o fechamento das folhas em segundos.
Mecanismos semelhantes ocorrem com plantas carnívoras, que capturam pequenos animais. Todos
os seres vivos têm irritabilidade, mas só os animais possuem sensibilidade. Sensibilidade é a
capacidade de reagir de diferentes formas aos estímulos ambientais. As formas que os seres vivos
têm de reagir ao ambiente são adaptativas, isto é, são formas que contribuem para a sobrevivência
ou a reprodução da espécie.

 Homeostase – é a propriedade que o ser vivo tem de se manter relativamente constante ao


seu meio interno. O ser vivo não muda sua composição química e suas características físicas.
Também conseguimos manter constantes, por exemplo, a temperatura, a quantidade de água no
organismo e a concentração de diversas substâncias presentes no corpo.

 Reprodução e Hereditariedade - O ser vivo envelhece e morre, mas antes disso ele se
reproduz. Os filhotes são semelhante aos pais, esse fenómeno chama-se hereditariedade. Quanto à
reprodução, ela pode ser:

- Assexuada - é quando um pedaço do corpo do ser vivo se separa, cresce e origina um novo
indivíduo. Na reprodução assexuada, os descendentes recebem cópias iguais do DNA do indivíduo
original e, consequentemente, possuem as mesmas características

- Sexuada - Nos animais, é quando acontece união de células especializadas, o gâmeta (óvulo e
espermatozóide). Nos vegetais, é quando acontece união de células especializadas, o gâmeta
(oosfera e anterozóide).

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 Evolução - É o processo pelo qual os seres vivos se transformam ao longo do tempo.

 Mutação - acontece quando o DNA produz cópias com erro, que pode ser causado tanto por
uma falha durante a duplicação, como pela exposição do organismo à radioactividade ou a certos
produtos químicos. Surge assim, uma molécula-filha, diferente da original.

 Selecção Natural - quando a mutação é vantajosa, ela tende a se espalhar pela população.
Mas quando ela é prejudicial ela fica rara e pode desaparecer. O processo pelo qual o ambiente
determina quais os organismos com maior possibilidade de sobrevivência são chamados de selecção
natural.

 Ainda temos outras propriedades tais como: Nascimento; Eliminação de excreções;


Adaptação; Movimentação; Longevidade; Morte;

3- A DESCOBERTA DA CÉLULA – TEORIA CELULAR

Desde antiguidade verificaram que lasca de cristal transparente e com superfícies curvas dão
imagens ampliadas dos objectos.

No sec. XVI Galileu inventou Telescópio a partir dos óculos usados para a leitura;

Acredita-se que o microscópio óptico composto com dois lentes tenha sido inventado em 1590 por
Hans Janssen e seu filho Zacharias Janssen.

O cientista inglês Robert Hooke (1635-1703), utilizou pela primeira vez um


microscópio. Realizou uma análise em um pedaço de cortiça e verificou que
a cortiça apresentava cavidades vazias, e deu-lhe o nome de Cellas da
qual derivou a palavra célula. Como a cortiça é um pedaço de tecido de
células mortas, na verdade o que ele visualizou foram somente os espaços
vazios outrora ocupados por células vivas.

Tudo indica, porém, que o primeiro a fazer observações microscópicas de materiais biológicos foi o
neerlandês Antonie Van Leeuwenhoeck (1632 - 1723). Em 1683 Leeuwenhoeck inventou o
microscópio óptico simples, que dava uma imagem mais nítida e rigorosa do que o microscópio
óptico composto. Ele observou microrganismo;

No século XIX, o botânico escocês Robert Brown (1773-1858) desvendou um reduzido corpo
dentro de diversos exemplares de células, chamado por ele de núcleo.

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Para o botânico alemão Matthias Shleiden (1804-1881) a célula era apenas um componente
essencial a todos os vegetais.

Em 1839 o zoólogo alemão Theodor Shwann (1810-1882) utilizou o mesmo conceito para
aplicação aos animais, dando início a teoria celular de Shwann e Schleiden, afirmando assim que
todos os seres vivos, animais ou não, são concebidos por células. Estes concluíram que, todos os
seres vivos são formados por células. Assim apareceu a Teoria Celular.

Em 1930 Zworkin inventou o microscópio electrónico que permite observar e estudar a ultra –
estrutura celular;

Teoria celular

A teoria da célula, desenvolvida primeiramente em 1838 por Schleiden e por Schwann, indica que:

 Todos os organismos são compostos de uma ou mais células.

 Todas as células vêm de células preexistentes.

 As funções vitais de um organismo ocorrem dentro das células.

 e todas elas contêm informação genética necessária para funções de regulamento da célula, e
para transmitir a informação para a geração seguinte de células.

A partir do questionamento sobre a origem celular, o médico alemão Rudolf Virchow, em 1858,
declarou que as células tinham a capacidade de se reproduzir, ou seja, uma célula origina-se da
outra, e mais do que isso, ele afirmava que as causas das doenças estavam vinculadas directamente
a problemas celulares e que as células carregavam consigo heranças genéticas (hereditariedade).

Organóides ou organelas foram desvendadas no decorrer do século XIX, essas eram incumbidas de
exercer distintas funções internas das células, com o passar do tempo foi sendo aceita a ideia de que
a célula é a mais reduzida porção de um todo em um organismo, conservando sua particularidade da
vida, então as células são capazes de se nutrir, crescer e multiplicar dentro de um organismo.

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4- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MICROSCOPIA

O microscópio é um aparelho utilizado para visualizar estruturas minúsculas como as células.

Constituição do microscópio óptico

A parte óptica
Ocular – sistemas de lentes, junto da qual se coloca a
vista.
Objectivas – sistemas de lentes, junto da qual se
coloca o objecto a observar.
Espelho – serve para reflectir a luz que recebe da
fonte luminosa.
Condensador – distribui regularmente a luz reflectida
pelo espelho sobre o objecto.
Diafragma – regula a intensidade luminosa.

A parte mecânica
Base ou Pé – suporta todo o corpo do microscópio.
Coluna ou Braço – peça fixa a base e que suporta todas as outras peças do microscópio.
Platina ou Mesa ou Porta objecto – placa onde se coloca o material a observar.
Pinça – dispositivo que serve para fixar o material a observar.
Revólver – é um disco móvel que suporta 2 a 3 objectivas.
Parafuso Macrométrico – para movimentos de grandes dimensões

Parafuso Micrométrico – para movimentos de pequenas dimensões.

Tubo ou Canhão – é um tubo onde na parte superior encontra sistema ocular ena parte inferior o
revólver com as objectivas.

Diferentes tipos de microscópios

Os microscópios dividem-se basicamente em duas categorias:


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Microscópio óptico O microscópio electrónico

Funciona com um conjunto de lentes (ocular e Amplia a imagem por meio de feixes de
objectiva) que ampliam a imagem transpassada electrões, estes dividem-se em duas categorias:
por um feixe de luz que pode ser:
 Microscópio de Varredura
 Microscópio de campo claro  Microscópio de Transmissão.
 Microscópio de fundo escuro
 Microscópio de contraste de fase

 Microscópio de interferência

Cuidados a ter com o Microscópio

1. Deve ser transportado utilizando as duas mãos, sendo uma na base e a outra na coluna;

2. As lentes devem ser limpadas com um papel macio e absorvente;

3. Na observação:

 Ilumine o microscópio ligando as lâmpadas, ou orientando o espelho de modo a captar a luz


(utiliza a face côncava para a luz artificial e a parte plana para a luz natural);

 Movimente o condensador e ajuste, para cada preparação, a abertura do diafragma;

 Utilize primeiro a objectiva de menor ampliação;

 Para focar, utilize primeiro o parafuso macrométrico para deslocar o tubo ou a platina até
que a objectiva fique muito perto da preparação;

 Para observar com ampliações superiores basta rodar o revólver/canhão para a objectiva
pretendida e fazer pequenos ajustes com o parafuso micrométrico. Caso perca a imagem,
retome a pequena ampliação e repita as operações;

 Observe ao microscópio com os dois olhos abertos;

4. Terminando de trabalhar, limpe com cuidado o microscópio e coloca a objectiva de pequena


ampliação em posição de observação.

5- PODER DE AMPLIAÇÃO E DE RESOLUÇÃO

Poder de ampliação e poder de resolução

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A qualidade de um microscópio depende do seu poder de ampliação e de resolução máxima.

Poder de Resolução ou Poder Separador do Microscópio: capacidade de um microscópio dar


imagens separadas de dois pontos muito próximo, conferindo nitidez e detalhes da imagem.

Poder Ampliador: número de vezes que as dimensões da imagem são superiores ás dos objectos.

Limite de Resolução do Microscópio: é a distância mínima a que devem estar dois pontos para que
possam ser observados.

Ampliação do microscópio óptico

AMO
TI
TI ===To
AMO Aobj
=To xx AMO
Aobj xx
AMO
Aoc
Aoc
AMO – Ampliação do Microscópio Óptico TI – Tamanho da Imagem
Aobj – Ampliação da Objectiva To – Tamanho do Objecto
Aoc – Ampliação da Ocular AMO – Ampliação do Microscópio Óptico

Dimensões em Citologia

Dimensões Símbolo

Milímetro mm 1mm 0,001m 10-3m

Micron ou Micrometro µm 1µm --------- 10-6m

Nanómetro nm 1nm --------- 10-9m

Angstron Å 1Å 0,1nm 10-10m

Picometro pm 1pm --------- 10-12m

Características da imagem ao microscópio

Maior – a imagem é maior do que a sua dimensão real;

Virtual – a imagem forma – se atrás da lente na ocular, não se pode projectar no alvo;

Invertida – imagem aparece de cima para baixo e de direita para esquerda;

Microscópio óptico

Vantagens Desvantagens

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É mais barato e de fácil transporte; Tem menor poder de ampliação;

Tem maior poder de resolução (200nm); Não permite observar a ultra estrutura celular;

Permite observar uma imagem colorida; O período de tempo de observação de uma célula
(viva) é muito curto;
Permite observar células vivas e não vivas;

Microscópio electrónico

Vantagens Desvantagens

Tem maior poder de ampliação; As células não podem ser observadas vivas

Permite observar a ultra estrutura celular; As células não podem ser observadas com as cores
naturais
Permite observar células não vivas;
O objecto tem de ser cortado em camadas
Permite observar por um período de tempo mais extremamente fina
longo
A grande ampliação dada e o seu correspondente
poder de resolução, por vezes possibilita apenas a
observação de uma parte do organito celular, pois a
área do objecto que é visualizado varia inversamente
a ampliação utilizada

Requer pessoal especializado

Preço elevado

Apresenta algumas dificuldades inerentes à


preparação biológica para observação

Estudo comparativo entre o microscópio óptico e o microscópio electrónico

Microscópio

Características Óptico Electrónico

Tipo de radiação Utiliza luz ou fotões para Utiliza feixe de electrões para
produzir imagem produzir imagem

Tipos de Lentes Lentes de Vidro ou de Cristal Lentes Electromagnéticos

Local da formação da Imagem Retina do Observador É observada num ecrã ou


registada numa película
fotográfica

Material a observar Vivo e não vivo Não vivo

Poder de Ampliação 1500X 250.000X

Imagem Geralmente Colorida Preto e Branco

6- TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO MICROSCÓPICA

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Métodos científicos

É um processo racional usado na investigação científica para conhecer ou demonstrar a veracidade


dos factos.

Etapas do método científico

1º Observação – informação recolhida pelos


órgãos dos sentidos.

2º Problema – questão levantada pela observação.

3º Recolha de dados – procura de informações sobre o problema. Para isso devem ser feitas
inquéritos, entrevistas e consultas bibliográficas.

4º Formulação de hipótese – explicação provisória do problema.

5º Experiência – faz-se para comprovar a veracidade ou falsidade dos factos.

6º Análise – interpretação dos resultados da experiência.

7º Generalização – divulgação dos resultados obtidos durante a experiência.

Preparação Microscópica – é um conjunto formado pelo objecto, lâmina, lamela e meio de


montagem.

Objecto – o que se pretende observar.


Lâmina - pedaço de vidro rectangular onde se coloca o objecto a observar.
Lamela – pedaço de vidro quadrangular ou rectangular que serve para cobrir o objecto.
Meio de Montagem – líquido que se coloca sobre a lâmina e sobre a qual se coloca o material a ser
observado. Poderá ser a água ou um corante de actuação rápida. Para observações mais prolongadas
utilizam-se líquidos quimicamente mais complexos como o soro fisiológico, o soluto de Ringer.

OBS: O material a observar é colocado entre a lâmina e a lamela: segurando a lamela, de modo a
que ela faça um ângulo de 45º com a lâmina, deixa-se cair lentamente.

Tipos de Preparação Microscópicas

20
 Preparação Temporária – preparação de curta duração em que o meio de montagem utilizado é a
água ou corantes de actuação muito rápida.

Vantagens do uso de preparações temporárias


- A quantidade de artefactos que pode ser produzida é muito reduzida.
- Possibilita a visualização de material biológico “in vivo”, no seu estado natural.

Desvantagens do uso de preparações temporárias


- As preparações não se conservam por muito tempo, isto é, passado algum tempo começam a
aparecer sinais de degenerescência, acabando com a morte do material biológico.
- Apenas se pode aplicar a material suficientemente transparente.
- As células grandes ou bastantes frágeis apresentam, por vezes artefactos devido ao peso da lamela.
Não se pode observar no microscópio electrónico.

 Preparação Definitiva – preparação de longa duração e o meio de montagem utilizado são os


fixadores.

Técnicas de Preparação Microscópica

São técnicas utilizadas para a observação do material biológico ao microscópio

I. ESTUDO DE CÉLULAS VIVAS

Coloração vital – aparentemente, o conteúdo celular é homogénea, por isso temos de recorrer a
estratégias que permitam melhor visualização do conteúdo celular. Para superar este problema os
citologistas desenvolveram técnicas de coloração que consistem em mergulhar a célula numa
substância denominada corante, capaz de tingir diferencialmente uma
ou mais partes celulares. Para realizar preparações temporárias utilizam-
se corantes vitais porque podem ser usados em células vivas sem as
matarem. Estão em concentrações muito baixas, a fim de diminuir a
toxicidade nas células.

Os corantes básicos
Corantes básicos ou nucleares Estruturas evidenciadas
Azul-de-metileno Cora o núcleo de azul
Vermelho neutro Acumula-se em vacúolos
21
Água iodada Cora o núcleo e amiloplastos

Os corantes ácidos
Corantes ácidos ou citoplasmáticos Estruturas evidenciadas
Eosina Citoplasma
Fucsina ácida Citoplasma

Os corantes neutros
Corantes neutros Estruturas evidenciadas
Violeta de Genciana Cromossomas de células vivas em divisão
Soluto de Lugol Grãos de amido, paredes celulósicas
 
Os corantes também podem ser classificados de acordo com a sua origem e, deste modo, podem ser
naturais (se provêm da natureza) ou artificiais (se são fabricados em laboratório).

a) Corantes Naturais – são produzidos na natureza e permitem a observação de célula viva, pois
não alteram e nem destroem o material biológico. Ex: Carmim, hematoxilina, orceína, anil, etc.

b) Corantes Artificiais – são produzidas em laboratório ou nas indústrias com substâncias


químicas e podem ser: Básicas ou Nucleares (ex. fucsina básica, verde iodo, azul-de-metileno). e
Ácidas ou Citoplasmáticas (ex. eosina, fucsina ácida)

OBS: Na técnica de coloração por imersão o material biológico fica imerso durante alguns minutos
no corante seleccionado.
Na técnica de coloração por irrigação substitui-se o meio de montagem de uma preparação já
efectuado por outro, que neste caso é o corante.

a) Micromanipulação – com um micromanipulador é possível tocar nos constituintes celulares,


dissecar a célula, praticar cirurgias nas células, extrair constituintes celulares, etc.

b) Microfotografia e microcinematografia – estas duas técnicas completam a anterior. Porque


uma máquina fotográfica ou de filmar adequada, permite aos citologistas analisar e fazer uma
síntese de todos os movimentos, por mais rápidos ou lentos que eles sejam.

II. ESTUDO DE CÉLULAS FIXADAS E CORADAS

1. Técnica de Fixação - é usada substâncias químicas que matam rapidamente as células,


mantendo as suas estruturas com menor alterações possíveis.
22
a) Por agentes físicos - Os fixadores podem ser de natureza física. (Ex: Frio ou calor)

b) Por agentes químicos - Os fixadores podem ser de natureza química (Ex: álcool, formol, ácido
acético).

2. Técnica de Cortes Finos – consiste em cortar o material biológico em fina camada para que
possa ser atravessada pelos raios luminosos. É uma técnica mais complexa e muito usada em
histologia. A fim de se obter cortes de espessura regular e finos usa-se um aparelho denominado
micrótomo. O material a cortar é inserido em medula de sabugueiro e o conjunto é incluso no
cilindro central oco do micrótomo de Ranvier.
 
 Micrótomo de mão improvisado:
Realiza-se uma incisão longitudinal sobre um pequeno fragmento
de medula de sabugueiro ou de uma rolha de cortiça. Na incisão
introduz-se o material biológico a submeter a corte. Aperta-se
com um fio todo o conjunto, apara-se o material que vai para
além de face de corte e fazem-se cortes o mais finos possível.

Inclusão - Este procedimento consiste na impregnação do tecido com uma substância de


consistência firme que permita, posteriormente, seccioná-lo em camadas delgadas. Pelo fácil
manuseio e bons resultados, a parafina é a mais utilizada neste procedimento.

3. Montagem

23
a) Técnica de Esfregaço – É uma técnica que permite a separação de células em meio líquido. Este
método é usado na observação de sangue e outros líquidos orgânicos, em que se coloca uma gota do
líquido sobre uma lâmina, e com a
ajuda de uma outra lâmina ou
lamela se espalha bem, o que
provoca a dissociação de alguns
elementos celulares e a sua
aderência ao vidro. Forma-se assim
uma fina camada de células,
facilitando a observação. Depois de
seco o material pode ser corado e
fixado.               

b) Técnica de Esmagamento - Este método é usado nos casos em que existe uma aderência fraca
entre as células do tecido a observar. Para visualizar as células, basta colocar um pequeno
fragmento do tecido entre a lâmina e a
lamela e fazer uma pequena pressão com
o polegar. Provoca-se assim um
esmagamento do tecido, o que faz com
que as células se espalhem, formando
uma fina camada, que é facilmente
atravessada pela luz. (Ex. Polpa de
Tomate, raiz da cebola, etc.)

1- CÉLULA PROCARIÓTICA E CÉLULA EUCARIÓTICA

As células Procarióticas foram as primeiras a aparecerem. Por evolução das células Procarióticas
apareceram as Eucarióticas.

24
O termo Procariótica surgiu da junção de Pró (latim) e Carion (grego) em que Pró significa primeiro
e Carion significa núcleo.

1. Cápsula; 2. Parede celular - envoltório protector;


3. Membrana plasmática - envoltório protector
4. Citoplasma - composto por material gelatinoso, no qual encontramos os ribossomos, os únicos
organóides da célula; 5. Ribossomos - realizam a síntese das proteínas das células; 6. Mesossomos;
7. Nucleóide - formado por DNA, onde encontramos as informações genéticas da célula; 8. Flagelo
bacteriano.

COMPARAÇÃO DAS CÉLULAS


PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS

Procarióticas Eucarióticas

Tamanho e São mais pequenos e mais simples São maiores e mais complexos
complexidade

Estruturas Não apresentam estruturas Apresentam estruturas


especializadas especializadas

Molécula de DNA Tem uma molécula de DNA circular Tem mais de uma molécula de
DNA no núcleo

Cloroplastos Não tem Cloroplastos os pigmentos Tem Cloroplastos que contém os


fotossintéticos estão espalhados no pigmentos fotossintéticos
citoplasma

Meio de locomoção Flagelos simples Flagelos complexos

Núcleo O núcleo não está individualizado do O núcleo está individualizado do


citoplasma por falta da membrana citoplasma envolvido por uma
nuclear membrana nuclear

A CÉLULA EUCARIÓTICA ANIMAL E PROCARIÓTICAS EUCARIÓTICA VEGETAL

O termo Eucariótica surgiu da junção de Eu (grego) significa verdadeiro e Carion (grego) em


significa núcleo.

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As células Eucarióticas também podem ser divididas em células animais e vegetais. Apesar de apresentarem
diferenças estruturais, ambas possuem três constituintes fundamentais.

DIFERENÇAS ENTRE CÉLULA ANIMAL E VEGETAL


CÉLULA ANIMAL. CÉLULA VEGETAL
1.Apresenta una membrana celular simples. 1. Apresenta una membrana celulósica ou
parede celular, rígida que contem celulose.
2. A célula animal não tem plastídios. 2.Apresenta plastídios ou plastos como o
cloroplasto.
3. Vacúolos em maior número de e muito 3.Apresenta numerosos grupos de vacúolos.
pequenos.
4. Tem centrossoma. 4. Não tem centrossoma.
5. Apresenta lisossomas 5. Falta-lhe lisossomas.
6. Não realiza a fotossíntese. 6. Realiza função de fotossíntese.
7. Nutrição heterotrófica. 7. Nutrição autotrófica

SEMELHANÇAS ENTRE CÉLULA ANIMAL E VEGETAL

A célula animal e a célula vegetal são células eucarióticas que se assemelham em vários aspectos
morfológicos como:

 Estrutura molecular da membrana plasmática e de vários organelos,


 Mecanismos moleculares,
 Replicação do DNA,
 Transcrição em RNA,
 Síntese proteica,
 Transformação de energia via mitocôndrias.

COMPOSIÇÃO QUIMICA DA CÉLULA

Quimicamente a célula é constituída por:

I. BIOELEMENTOS
II. BIOMOLÉCULAS

I. BIOELEMENTOS - elementos químicos que constituem os seres vivos

Pela análise elementar, constatou-se que dos aproximadamente 100 elementos químicos existentes
na Natureza, uns 70 podem ser encontrados nos seres vivos, mas nem todos são necessários ou
comuns a todos os seres vivos. No entanto, 22 são considerados elementos essenciais e destes, 16
estão em todas as espécies e só 4 são abundantes. Os bioelementos classificam-se em:

26
I.1. Bioelementos primários - que aparecem em média em 96% na matéria viva e são o
carbono, hidrogénio, oxigénio, azoto, fósforo e enxofre.
I.2. Bioelementos secundários - que aparecem em um nível próximo de 3,3% e são o cálcio,
sódio, magnésio, potássio e cloreto.
I.3. Oligoelementos – que são componentes que ocorrem na matéria viva a taxas inferiores a
0,7% e é também essencial para a vida. Ex.: ferro, manganês, zinco, cobre, flúor, iodo, boro,
silício, vanádio, cobalto, selénio, molibdénio e zinco.

II. BIOMOLÉCULAS - substâncias químicas sintetizadas por seres vivos e que participam na
estrutura e no funcionamento dos mesmos.

Pela análise química revelou-se que a matéria viva dos seres vivos é constituída por elementos e
compostos químicos que são chamados de biomoléculas Estas podem ser classificadas como:

2.1. Biomoléculas inorgânicas

a) Água
a) Substâncias minerais

2.2. Biomoléculas orgânicas

a) Glícidos
b) Lípidos
c) Prótidos
d) Ácidos nucleicos

2.1. Biomoléculas inorgânicas – são de origem mineral que não possuem carbono na sua
constituição e provem basicamente do meio físico externo.

2.1.a) Água

Estrutura da molécula da água

A água é constituída por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio, unidos por ligações
covalentes. A molécula da água é electricamente neutra. O átomo do oxigénio apresenta em duas
determinadas zonas excesso de carga negativa, e cada átomo de hidrogénio apresenta excesso de
carga positiva. No que respeita à carga eléctrica, possuem duas zonas de excesso de cargas positivas
e duas zonas com excesso de carga negativa. Quando um átomo de hidrogénio com carga positiva
pertencente a uma molécula de água se aproxima de um átomo com carga negativa, como por
exemplo o átomo de oxigénio de outra molécula de água, a força de atração entre eles provoca a sua

27
ligação. Este tipo de ligação provocada por forças electrostáticas é conhecida por pontes de
hidrogénio ou ligação de hidrogénio. Cada molécula de água pode ligar-se por pontes de
hidrogénio a quatro outras moléculas.

A água pode ser encontrada em três estados físicos diferentes: Sólido, Liquido e Gasoso.

Algumas propriedades físicas da água

 Capacidade de dissolução - A água é o líquido que dissolve mais substâncias (solvente


universal), essa propriedade é devido à sua capacidade de formar pontes de hidrogénio com outras
substâncias, uma vez que eles se dissolvem quando interagem com as moléculas de água polar. A
capacidade solvente da água é muito importante para os seres humanos porque o meio aquoso é o
ambiente em que ocorrem a maioria das reações de metabolismo e também porque a eliminação de
nutrientes e resíduos são realizadas através de sistemas de transporte aquoso.

 Capacidades de ionização da água - Duas moléculas de água podem ser ionizadas pelas forças de
atração por pontes de hidrogénio estabelecidas entre elas. Se um ião de hidrogénio tiver uma certa
tendência em dissociar-se do átomo de oxigénio ao qual está covalentemente ligado pode transferir-se
para o átomo de oxigénio de outra molécula de água ao qual está ligado por pontes de hidrogénio. Como o
electrão do átomo de hidrogénio transferido fica com o átomo do oxigénio a que estava ligado formam-se
dois iões
-
H2O H+ + OH

 Força de coesão entre suas moléculas – deve-se a existência de pontes de hidrogénio que mantêm
as moléculas juntas, porque o oxigénio tem uma carga ligeiramente negativa, enquanto os átomos
de hidrogénio tem uma carga ligeiramente positiva. A interação entre diferentes dipolos elétricos
em uma molécula provoca uma atração líquida.

 Elevada força de adesão - é a tendência que a água tem de se aderir às outras substâncias e deve-
se a pontes de hidrogénio da água que são responsáveis pelas ligações a serem estabelecidos entre
as moléculas.

 O calor específico Grande - a água absorve grandes quantidades de calor que é utilizado para
quebrar as ligações de hidrogénio e poder passar ao estado de vapor;

28
 O ponto de ebulição da água - está diretamente relacionada à pressão atmosférica. Por exemplo,
no cume do Everest, a água ferve a aproximadamente 68 ° C, enquanto ao nível do mar, este valor
sobe para 100 º.

 Conductividade elétrica - A água pura tem uma conductibilidade elétrica relativamente baixa,
mas esse valor aumenta significativamente com a dissolução de uma pequena quantidade de
material iónico, tais como cloreto de sódio.

2.1.b) Sais minerais - estão presentes nos seres vivos sob duas formas: imobilizados como
componentes da estrutura esqueléticas e, portanto, pouco solúveis. (Exemplo: na casca dos ovos,
esqueletos e carapaças) e dissolvidos em água na forma de íons – exemplos:

Cálcio (Ca++): Componente importante dos ossos e dos dentes. Essencial à coagulação do sangue.
Importante no funcionamento normal dos nervos e músculos.

Ferro (Fe++): Componente da hemoglobina, mioglobina e enzimas respiratórias. Fundamental para


a respiração celular.

Cloro (Cl): Importante no balanço de líquidos do corpo e na manutenção do pH.

Sódio (Na+): Mais abundante no meio extracelular. Importante no balanço de líquidos do corpo;
essencial para a condução do impulso nervoso.

Iodo (I-): Componente dos hormónios da tiróide, que estimulam o metabolismo.

2.2. Biomoléculas orgânicas - são as que possuem carbono na sua constituição e que
verdadeiramente caracterizam os seres vivos. Estas podem ser classificadas como:

2.2.a) Hidratos de carbono, glícidos ou glúcidos;

2.2.b) Lípidos ou gorduras;

2.2.c) Prótidos/Proteínas

2.2.d) Ácidos nucleícos

2.2.a) Glícidos, Hidratos de carbono ou glúcidos

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Compostos orgânicos ternários
formados por carbono, hidrogénio e
oxigénio na proporção de 1:2:1. O
hidrogénio e o oxigénio estão nas (CH
(CH22O)
O)nn ou
ou C
C nnH
H2n2nO
Onn
mesmas proporções que na água.

Fórmula geral dos Glícidos (em que n ≥ 3)

Classificação dos Glícidos

Podemos considerar três grupos principais de glícidos

1- Monossacarídeos ( (CnH2On) em que n ≥ 3 e ≤ 9) – são glícidos mais simples constituídos


apenas por uma unidade ou monómeros.

De acordo com o número de átomos de carbono que possuem, os monossacarídeos classificam-se


em: Trioses (3 átomos de C), Tetroses (4 átomos de C), Pentoses (5 átomos de C), Hexoses (6
átomos de C), Heptoses (7 átomos de C), etc.

Ex: Pentose – C5H10O5- (desoxirribose e ribose)


A designação de desoxirribose provém do facto de esta pentose possuir menos um átomo de
oxigénio (no carbono 2) que a molécula de ribose.

Ex: Hexose - C6 H12O6 - (glicose,


frutose, galactose, psicose.).

A Hexose e as Pentoses são os


monossacarídeos mais frequentes nos
seres vivos.

Quanto às propriedades físicas, os monossacarídeos são pequenos,


açúcares, doces, facilmente solúveis na água, cristalinos e o sufixo
ose é geralmente utilizado na sua nomenclatura

Quanto às propriedades químicas, os monossacarídeos são todos


açúcares redutores.

30
2- Oligossacarídeos (geralmente C12H22O11) – são glícidos resultantes da ligação de 2 a 10
monossacarídeos.

A ligação que se estabelece entre os monossacarídeos designa-se por ligação glicosídica e é


acompanhada pela remoção de uma molécula de água.

Se a reacção envolver duas moléculas de monossacarídeos o produto formado terá o nome de


dissacarídeo

Ex: Maltose = glicose + glicose; Sacarose = glicose + frutose; Lactose = glicose + galactose;

Se a reacção envolver três moléculas de monossacarídeos o produto formado terá o nome de


trissacarídeo

Quanto às propriedades físicas, as moléculas de oligossacarídeos são iguais às de monossacarídeos,


isto é, são todas pequenas, açúcares, doces, facilmente solúveis na água, cristalinos e o sufixo ose é
geralmente utilizado na sua nomenclatura

Quanto às propriedades químicas, só alguns dos oligossacarídeos é que são açúcares redutores.

3- Polissacarídeos (geralmente Cx(H2O)y) – são polímeros constituídos por grande número de


monossacarídeos, isto é, maior de que 10. Ex: amido, glicogénio e celulose.

Quanto às propriedades físicas, as moléculas de polissacarídeos são todas grandes, não são doces,
insolúveis ou dificilmente solúveis na água e não cristalinos

Quanto às propriedades químicas, os oligossacarídeos não são açúcares redutores.

Funções dos Glícidos

- Função de reserva energética (ex: Os glícidos simples como glicose e frutose fornecem energia
mecânica às células e os glícidos complexos como amido e glicogénio reservam energia mecânica
nas células).

- Função estrutural (ex: celulose e quitina entram na composição química da parede celular)

2.2.b) Lípidos ou gorduras

Moléculas orgânicas ternárias formadas por carbono, hidrogénio e oxigénio na proporção de 1: 2: 1.


(As proporções do hidrogénio e do oxigénio são diferentes das da água).
31
Classificação dos Lípidos

Quanto à constituição os lípidos podem ser:

1. Derivados de álcool (glicerol) e ácidos gordos


1.1. Lípidos simples (Ceras, gorduras e glicerídeos)
1.2. Lípidos complexos (Fosfolípidos, Glicolípidos)

2. Não derivados de um Álcool (glicerol) e ácidos gordos


2.1. Esteróides
2.2. Carotenos

Fórmula geral

Glicerol é o álcool mais representativo dos seres vivos

Ácido gordo – é constituído por uma longa cadeia linear hidrocarbonatada com 12 a 24 átomos de
carbono ligados a um grupo carboxilo.
R- representa a cadeia hidrocarbonada

Os ácidos gordos podem ser classificados em:

Ácidos gordos saturados - são os ácidos gordos que apresentam ligações covalentes simples e são
encontradas nos animais.

Ácidos gordos insaturados - são os ácidos gordos que apresentam ligações duplas e
tripla e são encontrados nos vegetais.

A reacção entre o glicerol e os ácidos gordos para a formação de um lípido ocorre


entre o grupo álcool (OH) de um glicerol e o grupo carboxilo (COOH) de um ácido
gordo.

Trata-se de uma reacção de esterificação em que se forma uma ligação éster com a libertação de
uma molécula de água.

32
1.1. Lípidos Simples – são moléculas constituídas por uma molécula de álcool e uma, dois ou
três moléculas de ácidos gordos.

GLICEROL

Ácidos gordos

Ceras -São ésteres de álcool e ácidos gordos, mas o álcool nunca é um glicerol.

Gorduras - É um lípido constituído por um ácido gordo e um álcool.

Glicerídeos -São ésteres constituídos por ácidos gordos e glicerol, são principais constituintes dos
óleos e das gorduras.

Propriedades dos glicerídeos


Os glicerídeos possuem as seguintes propriedades
São saponificáveis – porque formam o sabão.
São hidrolisáveis – porque na sua reacção há libertação de água.

Classificação dos glicerídeos - depende do número de ácidos gordos

Monoglicerídeos - se o glicerol reagir com apenas um ácido gordo


Diglicerídeos -Se o glicerol reagir com duas moléculas de ácidos gordos
Triglicerídeos - se o glicerol reagir com três moléculas de ácidos gordos

Demonstração da formação de um glicerídeo


Glicerol

Ácidos gordos

1.2. Lípidos Complexos - são lípidos que para além de terem glicerol e ácidos gordos possuem
outros elementos como o fósforo e o azoto. Ex: Fosfolípidos, Glicolípidos

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Os fosfolípidos - São lípidos que resultam da reacção do glicerol com duas moléculas de ácidos
gordos e uma molécula de ácido fosfórico (fosfato) na forma de ácido fosfórico (H 3PO4). Este fosfato
liga-se normalmente a uma base azotada ou a um glicerol.

Glirerol

Ácidos Gordos

Ácido Fosfórico

Os fosfolípidos possuem uma cabeça e uma cauda.


A cabeça fica situada numa das extremidades da molécula, tem uma carga negativa no grupo fosfato
(H3 PO4) grupo polar, por esta razão esta parte da molécula tem tendência de estabelecer ligação
com a água, ou seja, ela é hidrofílica.
A cauda é constituída por duas cadeias hidrocarbonadas dos ácidos gordos, por não possuírem
cargas eléctricas (apolar), não apresenta tendência para se ligar com a água, ou seja, ela é
hidrofóbica.

Comportamento dos Fosfolípidos na água


Na presença da água as moléculas dos fosfolípidos orientam-se em função da sua polaridade. As
cabeças hidrofílicas ficam em contacto com a água e as caudas hidrofóbicas ficam em sentido
contrário. Assim os fosfolípidos, dispersam-se e
formam as seguintes estruturas

Monocapas quando formam uma única camada ou


capa
Bicapas quando formam duas camadas ou capas
Micelas quando formam uma estrutura circular

Glicolípidos - São ésteres que resultam da


associação de glícidos com lípidos.

34
2. Não derivados de um Álcool (glicerol) e ácidos gordos
2.1. Esteróides - são lípidos que na sua constituição não possuem glicerol nem ácidos gordos.
2.2. Carotenos - são lípidos que na sua constituição não possuem glicerol nem ácidos gordos.

Propriedades dos Lípidos

São untuosas, Insolúveis na água; São solúveis no Éter, Acetona e Benzeno; Deixa mancha no
papel, nos tecidos ou em superfícies rugosas; Não são destiláveis porque se decompõe pelo
aquecimento

Função dos Lípidos

Função energética – tem poder calorífico e reservam óleos em sementes, frutos, etc.

Função estrutural - entra na constituição das membranas celulares.

Função protectora - revestem as folhas e frutos das plantas, assim como pele e pelos dos animais
tornando – as impermeáveis à água. Ex. Ceras.

Função vitamínica – entra na constituição das vitaminas (E e K)

Função hormonal – porque é precursora de algumas hormonas (sexuais).


2.2.c) Prótidos/Proteínas

São compostos quaternários de Carbono, Hidrogénio, Oxigénio e Azoto, podendo por vezes ter
outros elementos como o enxofre, magnésio, fósforo, etc.

Classificação dos prótidos

De acordo com o grau de complexidade os prótidos podem ser classificados em:

1. Aminoácidos (a. a)
2. Péptidos (resulta da ligação de 2 a 99 aminoácidos)
3. Proteínas (resulta da ligação de 100 ou mais aminoácidos)

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1. Aminoácidos (a. a) - São unidades constituintes dos prótidos e são assim chamados porque
contém um grupo amina (NH2) e um grupo ácido ou carboxilo (COOH). Possuem também um
carbono central, um hidrogénio e um radical que varia de acordo com o aminoácido.

2. Péptidos - São moléculas que resultam da ligação de 2 a 99 moléculas de aminoácidos.

Os péptidos são classificados de acordo com o número de aminoácidos constituinte:

2.1. Oligopeptídeo – de 2 a 8 aminoácidos

Dipeptídeo - se possui dois aminoácidos

Tripeptídeo - se possui três aminoácidos

2.2. Polipeptídeo – de 9 a 99 aminoácidos

3. Proteínas - são macromoléculas que resultam da


ligação de 100 ou mais aminoácidos, formando cadeias
polipeptídicas.

Classificação das Proteínas


Quanto à Composição Química Quanto à Estrutura: Quanto à Função Biológica:
- Proteínas Simples ou - Proteínas fibrosas quando - Proteínas estruturais fazem
holoproteínas quando são formam fibras distendidas. parte de estruturas de todos os
constituídas apenas por constituintes celulares. Ex
aminoácidos – ex. albumina do Colagénio.
ovo - Proteínas enzimáticas actuam
- Proteínas Conjugadas ou como biocatalizadores das
heteroproteínas quando além - Proteínas globulares quando reacções químicas. Ex.
de aminoácidos possuem um aparecem enroladas. Amilase.
grupo não proteíco chamado - Proteínas transportadoras:
grupo prostético – ex. transportam moléculas e iões
glicoproteínas (tem um grupo dentro do organismo. Ex.
glícídico), lipoproteínas (tem Hemoglobina.
um grupo lipídico) e - Proteínas hormonais: fazem
fosfoproteínas (tem um grupo parte de muitas hormonas. Ex.
fosfórico) Insulina
- Proteínas imunológicas:
destroem substâncias estranhas
no organismo. Ex. Anticorpos
- Proteínas contrácteis:
permitem a contracção
muscular. Ex. Mioglobina
- Proteínas de reserva:
36
armazenam substâncias
nutritivas. Ex. Albumina.

A ligação que une os aminoácidos chama – se ligação peptídica.

Ligação peptídica – é a ligação que se estabelece entre o grupo ácido de um


aminoácido e o grupo amina do outro aminoácido, com a libertação de uma molécula
de água.

Quanto ao número de cadeias polipeptídicas

- Proteínas monoméricas - Formadas por apenas uma cadeia polipeptídica.

- Proteínas oligoméricas - Formadas por mais de uma cadeia polipeptídica.

 Organização estrutural das proteínas de acordo com os níveis de organização

 As proteínas possuem complexas estruturas espaciais, que podem ser organizadas em quatro níveis,
crescentes em complexidade:

 1 - Estrutura Primária - resulta da sequência linear dos aminoácidos constituintes unidos por
ligações peptídicas

2 - Estrutura Secundária em hélice ou em folha pregueada - resulta do enrolamento da cadeia


polipeptídica. Esta estrutura é devida à formação de ligações entre o átomo de hidrogénio de um
37
grupo amina de um aminoácido e um átomo de oxigénio do grupo carboxilo do aminoácido
seguinte.

3 - Estrutura Terciária – resulta de uma proteína com estrutura secundária que pode enrolar-se e
dobrar-se sobre si mesma tornando-se globular. As diferentes regiões ficam suficientemente
próximas de modo a estabelecerem ligações entre os radicais de alguns aminoácidos.

           

4 - Estrutura Quaternária - Surge apenas nas proteínas oligoméricas, isto é, as várias cadeias
polipeptídicas se organizam e estabelecem interligações entre elas.

           

Funções das proteínas

- Estruturais - Estão presentes na estrutura de todos os constituintes


celulares. Promovem a sustentação das membranas celulares, dos
músculos, cartilagem, da pele e dos pêlos. Ex: colágeno.

- Enzimáticas – Actuam como biocatalizadores acelerando quase todas


as reacções químicas que ocorrem nos seres vivos.

- Transportes – transportam substâncias tais como oxigénio e o


dióxido de carbono até os tecidos. Ex: hemoglobina.

- Hormonais – muitas hormonas, como a insulina, a adrenalina,


hormonas hipofisárias, etc, têm constituição proteica.

- Imunológicas – algumas proteínas conferem a imunidade, ou seja,


defendem o organismo contra os microrganismos. Ex: os anticorpos.

- Motoras – São os componentes maioritários dos músculos. Ex: actina


e miosina.

- Energéticas - algumas proteínas funcionam como reserva fornecendo


energia ao organismo a partir dos aminoácidos que as compõem.

38
2.2.d) Ácidos nucleicos

São moléculas gigantes (macromoléculas) formadas por unidades


estruturais menores chamados de nucleotídeos.

Existem nas células dois tipos de ácidos nucleicos

- Ácido Desoxirribonucleico (DNA, ADN) - tem uma estrutura


dupla, pois é constituído por duas cadeias polinucleotídicas
ligadas entre si por ponte de hidrogénio que se estabelecem entre
determinadas bases azotada.

- Ácido Ribonucleico (RNA, ARN) - é constituído apenas por uma cadeia polinucleotídica.

Estrutura do nucleotídeo

Cada nucleotídeo, por sua vez, é formada por três tipos de moléculas:
 um açúcar do grupo das pentoses (monossacarídeos com cinco átomos de carbono) açúcares
podem ser representados por dois tipos de pentoses – ribose no RNA e desoxirribose no
DNA.
 um radical “fosfato”, derivado da molécula do ácido ortofosfórico (H3PO4). O radical
fosfato não varia no nucleotídeo
 uma base orgânica azotada/nitrogenada – no DNA encontram-se a adenina (A), guanina (G),
timina (T) e citosina (C) e no RNA adenina (A), guanina (G), uracilo (U) e citosina (C)

Essas bases têm formas complementares. A adenina é complementar de timina (no DNA) ou de
uracilo (no RNA), a citosina é complementar de guanina.

As bases orgânicas azotadas podem pertencer a dois grupos:

39
 as púricas: adenina (A) e guanina (G)

 as pirimídicas: timina (T), citosina (C) e uracilo (U)

Símbolos representativos das


bases orgânicas azotadas
Cada nucleotídeo pode conter qualquer um dos quatro tipos de bases, que se liga um com o outro
formando longas cadeias de nucleotídeos chamadas de cadeias polinucleotídicas.

As ligações estabelecidas entre


os nucleotídeos chamam-se
ligações nucleotídicas e
ocorrem entrevam ácido
fosfórico de um nucleotídeo e o
carbono 3´ no nucleotídeo
seguinte.

Duplicação de DNA ou
processo de replicação semi-conservativa

O DNA é capaz de duplicar através de um processo


chamado replicação semi-conservativa. Através deste
processo, o DNA dá cópias de si próprio, produzindo
moléculas exatamente iguais às moléculas originais.

 Durante a duplicação do DNA, as ligações entre as


bases rompem-se fazendo com que as duas cadeias de nucleotídeos se separem
gradualmente.

40
 Nucleotídeos livres, que existem na célula, começam a ser atraídos pelas bases de DNA na
parte em que as cadeia estão separadas obedecendo à regras de ligação A-T e G-C e vice-
versa.
 À medida que se vão emparelhando às cadeias de DNA abertas, os nucleotídeos unem-se
entre si, originando duas novas cadeias complementares que se vão enrolando em torno das
originais.
 Cada cadeia da molécula antiga ficará com uma nova parceira, idêntica à anterior, com a
qual permanecerá unida até que uma nova duplicação aconteça.
 Formam-se assim duas moléculas de DNA onde antes havia uma.
 As duas moléculas têm exatamente a mesma sequencia de bases, que é idêntica à da
molécula original.

Funções do DNA:

41
 Contém grande quantidade de informações, passando-as de geração a geração.
 Faz cópias de si mesma, uma vez que as informações são passadas às células-filhas.

 Tem mecanismos para transformar as informações em ação, controlando a atividade celular

Tipos de RNA

Distingue-se três tipos de RNA, de acordo com a função que desempenham na síntese proteica:

RNA ribossómico - forma a partir do DNA da região do nucléolo e entra na constituição dos
ribossomas e é importante na descodificação do RNA mensageiro.

RNA mensageiro - Forma-se a partir de um filamento de DNA que lhe serve de molde. Traz
transcrita a mensagem inscrita no DNA, do núcleo para o citoplasma com a sequência dos
aminoácidos da proteína que vai sintetizar. Sua formação chama-se transcrição.

RNA de transferência - as suas moléculas também são formadas a partir de um molde de DNA, mas
com 80 a 100 nucleotídeos apenas. Constitui-se de um único filamento dobrado sobre si mesmo,
com aspecto de "folha de trevo". Transporta os aminoácidos necessários para a síntese da proteína.
Cada RNA transporta apenas um aminoácido.

Quadro comparativo de DNA e RNA

DNA RNA
Mitocôndrias, cloroplastos e Ribossoma, nucléolo e
LOCALIZAÇÃO
principalmente no núcleo principalmente no citoplasma
PENTOSE Desoxirribose Ribose
BASES PÚRICAS Adenina e Guanina Adenina e Guanina
BASES PIRIMÍDICAS Citosina e Timina Citosina e Uracilo
Dupla - com duas cadeias em Simples - com uma cadeia de
ESTRUTURA
hélice nucleótidos
ORIGEM Replicação Transcrição
ENZIMA HIDROLÍTICA Desoxirribonuclease DNAase Ribonuclease RNAase
ENZIMA SINTÉTICA DNA-polimerase RNA-polimerase
FUNÇÃO Informação genética Síntese de proteínas

42
ULTRA-ESTRUTURA CELULAR E SUAS FUNÇÕES

A célula eucariótica é constituída por:

1. Membrana citoplasmática e
2. Organitos ou organelos (divididos em três classes)
2.1. Sistemas endomembranares,
2.2. Sistemas membranares semi-autónomos e
2.3. Sistemas não membranares.

1. MEMBRANA CITOPLASMÁTICA

A membrana plasmática mantém a integridade celular e delimita a fronteira entre os meios


intracelular e extracelular, constituindo uma barreira selectiva, isto é, facilita ou dificulta a
passagem de certas substâncias entre os meios intracelular e extracelular. A membrana celular
funciona também como um sensor permitindo à célula modificar-se em resposta a diversos
estímulos.

ESTRUTURA

A membrana plasmática apresenta uma estrutura trilaminar, isto é, é constituída por três lâminas:
uma lâmina central de cor clara (zona das caudas apolares dos fosfolípidos) e duas lâminas laterais
de cor escuras (zona das cabeças polares dos fosfolípidos)

FUNÇÕES

 Tem função protectora, pois limita exteriormente as células.


 Permite a troca de substâncias entre a célula e o meio extracelular para que se desenvolva
actividade vital.
 Intervém activamente em certas reacções químicas a nível da célula.

UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE OS MODELOS EXPLICATIVOS DA ESTRUTURA DA MEMBRANA


43
A partir dos finais do sec. XIX, investigadores tinham vindo a propor modelos para a estrutura e
composição química da membrana, destacando-se:

1º Ernest Overton – 1895

Com base na natureza fisiológica concluiu que a membrana era


constituída essencialmente por lípidos.

Limitação da teoria de Overton

A sua teoria só explica a fisiologia da membrana.

2º Irving Langmuir (1897)

Propôs um modelo em que a Membrana Plasmática seria constituída por uma camada
monomolecular de lípidos, estes encontravam-se encostados uns aos
outros, formando uma única camada.

As partes polares das moléculas dos fosfolípidos dispunham-se junto à


fase aquosa, enquanto, as partes apolares das moléculas dos
fosfolípidos ocupam uma posição perpendicular relativamente à
superfície aquosa;

Limitação do modelo Langmuir

Não explica a hidrofobia dos fosfolípidos.

3º E. Goster e F. Grendell (1925)

Propuseram um modelo para a estrutura da membrana, segundo o


qual a membrana era constituída por uma bicamada de
fosfolípidos.

As extremidades hidrofóbicas das duas camadas ficariam frente á


frente e as extremidades hidrofílicas voltadas para um e outro lado
da membrana.

Limitação do modelo Goster e Grendell

Não explica a passagem, através da membrana, de moléculas polares (água).

44
4º James Danielli e Hugh Davson (1935 e 1950)

Em 1935, propuseram um modelo em que a


bicamada fosfolipídica se encontra revestida
interna e externamente por uma camada proteica
e chamaram-lhe de modelo Danielli e Davson
modelo de Sand-wich de manteiga

Depois em 1950, reformularam o modelo


anterior e admitiram que as moléculas de
fosfolípidos não se encontravam dispostas de
forma rígida como se pensavam, e que algumas proteínas podiam estar na zona hidrofílica,
formando poros hidrofílicos.

Limitação do modelo Danielli e Davson

Este modelo embora explicava a passagem de substância lipossolúveis não conseguiu explicar a sua
permeabilidade em relação as substâncias polares, isto levou a que fosse revisto.

5º Singer e Nicholson – 1972

Propuseram um modelo que


é actualmente aceite sobre a
constituição da membrana.
Chamaram a este modelo de
Mosaico fluido.

Este modelo admite que a


membrana não é uma
estrutura rígida, existindo
movimentos das moléculas
que a constituem, dotando-a,
assim de grande fluidez.

45
Segundo este modelo a membrana é constituída por:

 Bicamada fosfolipídica, cuja as cabeças polares estão voltadas para interior e exterior da célula
e as caudas voltadas para o interior da membrana.
 Dois tipos de proteínas:
- Proteínas extrínsecas ou periféricas – que se encontram ligadas as cabeças polares dos
fosfolípidos.
- Proteínas intrínsecas ou integradas – que flutuam na bicamada fosfolipídica podendo ou não
atravessa – la completamente.
 Colesterol entre os fosfolípidos que mantêm a membrana fluida.
 Glícidos ligados aos fosfolípidos (Glicolípidos) e às proteínas (glicoproteínas)

OBS: Este modelo é actualmente mais aceite porque explica a composição química da membrana e
os vários fenómenos que ocorrem a nível da membrana.

Assim, o transporte de substâncias através da membrana pode ou não ser mediado por moléculas
transportadoras específicas, denominadas permeases.

Entre os tipos de transporte que ocorrem através da membrana plasmática, abordaremos:

1- O TRANSPORTE NÃO MEDIADO,


2- O TRANSPORTE MEDIADO E
3- O TRANSPORTE DE PARTÍCULAS.

1- O TRANSPORTE NÃO MEDIADO

No transporte não mediado, as substâncias passam livremente através da membrana plasmática,


sem que haja intervenção de proteínas transportadoras em todo o processo.

Podem distinguir-se dois processos distintos de transporte não mediado:

A- osmose
B- difusão simples

É importante referir que tanto a osmose como a difusão simples são processos de transporte
passivo, porque a sua ocorrência não implica gastos de energia (ATP) por parte da célula.

46
A- Osmose

A osmose pode ser definida como a movimentação da água por difusão,


através de uma membrana semipermeável. O fluxo de água faz-se sempre do meio com menor
concentração em soluto (hipotónico), para o meio com maior concentração em soluto
(hipertónico).

O fenómeno de osmose pode ocorrer em três casos, nas células animais ou vegetais.

1º CASO:

Quando uma célula (animal ou vegetal) é colocada num meio isotónico (em que o soluto é igual
nos dois meios), isto é, num meio em que a entrada de água por osmose é exactamente igual à saída
de água por osmose e o volume celular não se altera.

Neste caso, diz-se que a célula se encontra no estado normal ou isotónico.

2º CASO:

Quando uma célula (animal ou vegetal) é colocada num meio


hipertónico a água sai por osmose, levando a uma diminuição do
volume celular.

Neste caso diz-se que a célula está no estado de plasmólise.

3º CASO:

Quando uma célula (animal ou vegetal) é colocada num meio hipotónico, a água entra por osmose,
levando a um aumento do volume celular.

Neste caso diz-se que a célula está no estado de turgescência.

Quando uma célula (animal ou vegetal) é colocada num meio muito hipotónico, a entrada de água
pode ultrapassar a capacidade elástica da membrana e dar-se a lise celular (rebentamento da
célula). Esta situação não ocorre nas células vegetais, devido à existência de parede celular

B- Difusão Simples

47
A água não é a única substância a movimentar-se através da membrana plasmática, várias outras
substâncias o fazem através de um fenómeno designado por difusão simples.

Segundo a Lei da Difusão, as moléculas movimentam-se do meio onde a sua concentração é mais
elevada para o meio em que a sua concentração é mais baixa, isto é, a favor do seu gradiente de
concentração.

A difusão simples é considerado um tipo de transporte passivo, pois ocorre devido à agitação
térmica das moléculas e não implica gastos energéticos (ATP) para a célula.

Legenda: Difusão de dois solutos diferentes separados por uma membrana permeável a ambos.

2- O TRANSPORTE MEDIADO

Um elevado número de moléculas polares de dimensões consideráveis, como a glicose, os


aminoácidos ou algumas vitaminas, atravessam a membrana celular a favor do gradiente de
concentração, mas a uma velocidade superior à esperada se o fizessem por difusão simples.

Este facto deve-se à existência de proteínas transportadoras na membrana, denominadas


permeases, que auxiliam a passagem destas moléculas, sendo por isso um tipo de transporte
mediado.

Distinguem-se dois tipos de transporte mediado:

A- Difusão facilitada
B- Transporte activo

A- Difusão Facilitada

A difusão facilitada é um processo responsável pelo transporte de açúcares simples, aminoácidos


e algumas vitaminas.

48
Neste caso, há participação de proteínas transportadoras específicas – permeases – que existem na
membrana plasmática e promovem a passagem dessas substâncias.

Em resumo, podem reconhecer-se na difusão facilitada três características importante:

(1) ocorre a participação de uma molécula


transportadora;

(2) não há consumo de energia (ATP) por parte


da célula;

(3) a substância move-se de acordo com o


gradiente de concentração, do local onde
existe em maior concentração para o local onde existe em menor concentração (Lei da Difusão).

B- Transporte Activo

A nível celular existem situações em que as substâncias deslocam-se do local onde existem em
menor concentração para o local onde existem em maior concentração, isto é, contra o seu
gradiente de concentração.

Este tipo de transporte designa-se por transporte activo e para que ocorra é necessário que haja
gasto de energia (ATP), para causar a alteração conformacional das proteínas transportadoras.
Deste modo, o transporte activo é um tipo de transporte mediado, que se realiza com dispêndio
de energia para a célula e contra o gradiente de concentração.

49
3- TRANSPORTE DE PARTÍCULAS

Para além dos mecanismos de transporte de pequenas


moléculas através da membrana plasmática, as células
possuem ainda outros recursos que possibilitam o
transporte de macromoléculas, partículas com
maiores dimensões ou mesmo de pequenas células,
e que são:

 Endocitose (para o interior)

Este processo permite o transporte de substâncias do meio extra para o intracelular, através de
vesículas limitadas por membranas, a que se dá o nome de vesículas de endocitose ou endocíticas.
Estas são formadas por invaginarão da membrana plasmática, seguida de fusão e separação de um
segmento da mesma. Há dois tipos de endocitose: pinocitose e fagocitose

Pinocitose - as vesículas são de pequenas dimensões e a célula ingere moléculas solúveis que, de
outro modo, teriam dificuldades em penetrar a membrana.

Fagocitose - este processo é muito semelhante à pinocitose, sendo a única diferença o fato de o
material envolvido pela membrana não ser solúvel.

 Exocitose (para o exterior)

Enquanto na endocitose as substâncias entram nas células, existe um processo inverso: a exocitose.

A exocitose permite, assim, a excreção e secreção de substâncias e dá-se em três fases:

- Migração (as vesículas de exocitose deslocam-se através do citoplasma)

- Fusão (dá-se a fusão da vesícula com a membrana celular) e

- Lançamentos (lança-se o conteúdo da vesícula no meio extracelular).

50
2. ORGANITOS OU ORGANELOS
Os organitos ou organelos estão dentro da célula
envolvidos pelo citoplasma.

Nas células eucarióticas, o citoplasma situa-se entre a


membrana plasmática e a membrana nuclear e é
constituído principalmente por água, proteínas, sais
minerais e açucares. No citoplasma ocorre a maioria das
reações químicas vitais, entre elas a fabricação das moléculas que irão constituir as estruturas
celulares.

2.1. Sistemas endomembranares

Sistemas endomembranares – são conjuntos de organelos ou organitos que se encontram no


citoplasma.

Organitos ou Organelos – são estruturas celulares com funções especializadas e que se encontram
dispersas no citoplasma das células vivas.

Inclusões – são estruturas que aparecem nas células e que ocorrem na maioria das vezes devido a
patologias, essas inclusões podem ser citoplasmáticas ou nucleares.

No Sistema endomembranar estão incluídos o Retículo Endoplasmático, Complexo ou Golgi,


Lisossomas, Peroxissomas, Vacúolos e Núcleo

RECTICULO ENDOPLASMATICO (R.E)

Retículo endoplasmático – conjunto de estruturas


membranares com túbulos cilíndricos e sacos
achatados (cisternas) que permite a comunicação com
a membrana nuclear e membrana citoplasmática
também comunica com os Lisossomas e Complexo de
Golgi através das vesículas.

Constituído por uma rede de vesículas e tubos ramificados que se comunicam entre si.
51
Tipos de retículo endoplasmático

 Retículo endoplasmático liso (R.E.L) é formado por


túbulos cilíndricos e sem ribossomas aderidos a
membrana.

 Retículo endoplasmático rugoso ou granular (R.E.R) é


formado por sáculos achatados, com presença de
ribossomas aderidos a membrana.

Funções do Retículo endoplasmático

 Responsável pela síntese e circulação de lípidos e proteínas sintetizadas pelos ribossomas


presentes no retículo endoplasmático rugoso;
 O retículo endoplasmático liso intervém na síntese de lípidos e de algumas glicoproteínas e
polissacarídeos;
 O retículo endoplasmático permite a formação de peroxissomas e renova cisternas de
Complexo de Golgi;
 Armazenar e transportar substâncias (enzimas, aminoácidos, proteínas, glicoproteínas) no
meio intracelular;
 Participa no processo da desintoxicação celular (por exemplo permite eliminar excesso de
medicamento, de substancias tóxicas, etc.);
 Intervêm na formação de vesículas e vacúolos;

COMPLEXO DE GOLGI/APARELHO DE GOLGI

Complexo de Golgi – é um sistema membranar constituído


por sáculos achatados (cisterna) encurvados e associados em
um sistema de vesículas. Contém ainda os dictiossomas

Dictiossomas – conjunto de 4 – 8 sáculos achatados e


empilhados em que cada um possui uma face de formação
convexa que recebe vesículas vindas do retículo
endoplasmático e uma outra face de maturação côncava onde
se origina as vesículas
52
Funções do Complexo de Golgi

 Acumula e transforma as proteínas;


 Sintetiza parcialmente as glicoproteínas e os polissacarídeos;
 Permite a formação de várias substâncias;
 Participa no processo de reacção e formação dos lisossomas e vacúolos;
 Participa na formação da parede esquelética através da secreção de polissacarídeos
 Armazena substâncias úteis a célula.

Relação do Complexo de Golgi com Retículo endoplasmático

È a partir do retículo endoplasmático que se formam vesículas de transição que estão na origem dos
dictiossomas, onde se formam as vesículas de secreção que são responsáveis pelo esvaziamento do
conteúdo celular para fora da célula

(1) Membrana nuclear, (2) Poro nuclear, (3)


Retículo endoplasmático rugoso (RER), (4)
Retículo endoplasmático liso (RER), (5)
Ribossoma no RER, (6) Proteínas que são
transportadas, (7) Vesícula transportadora,
(8) Aparelho de Golgi ou complexo
lameloso (9) Cisterna do C.G, (10)
Transmembrana do C.G, (11) Cisterna do
C.G, (12) Vesícula secretora, (13)
Membrana plasmática, (14) Proteína
secretada, (15) Citoplasma, (16) Espaço
extracelular.

OBS

Através das vesículas de transição certas substâncias passam do retículo endoplasmático para as
cisternas de Complexo de Golgi, aí estão associados a outras que penetram directamente do
citoplasma formando vesículas de secreção que se desprendem e vêm libertar produtos produzidos à
superfície da membrana citoplasmática.

53
LISOSSOMAS

Lisossomas – São pequenas


vesículas esféricas limitadas por
uma membrana simples de
natureza lipoproteíca que têm
como função isolar enzimas
digestivas que, de outro modo,
poderiam danificar a célula.

Tipos dos lisossomas

Existem dois tipos de lisossomas:

 Lisossomas primários ou vesículas golgianas – são vesículas que formam a partir dos sáculos
dos dictiossomas, que não intervém na digestão de estruturas celulares.

 Lisossomas secundários ou vacúolos digestivos - é quando os lisossomas primários fundem-se


com outras vesículas formados por endocitose e que intervém na digestão celular.

Funções dos lisossomas

A principal função dos lisossomas é a digestão intracelular, por acção das suas enzimas. Pois:

 Digerem macromoléculas provenientes do exterior da célula por meio de endocitose.


 Participam no fenómeno de autofagia, ou seja, digestão gradual de componente da própria
célula.
 Desempenham um papel importante na destruição de componentes celulares não funcionais.
 Participam na degradação de microrganismos ou partículas nocivas para a célula.

54
Relações funcionais existentes entre lisossomas e o complexo de Golgi

A principal função do complexo de Golgi


está relacionada com as etapas finais da
síntese e armazenamento dos produtos, e a
formação de lisossomas.

As proteínas, à medida que vão sendo


sintetizadas ao longo do retículo
endoplasmático rugoso, são libertadas, e
formam pequenas vesículas que envolvem
as proteínas, as quais vão se juntar ao
complexo de Golgi. Depois, as proteínas são
libertadas, e inicia-se a formação de
vesículas e lisossomas primárias.

OS PEROXISSOMAS OU MICROCORPOS

Os peroxissomas (Px) são organitos esféricos ou ovoides, envolvidos por


uma membrana vesicular, geralmente mais pequenas que as mitocôndrias.

A sua matriz apresenta-se, habitualmente, com uma textura finamente


granular e contém, frequentemente, um corpo denso no qual se reconhece
uma estrutura cristalina (cr).

Contém enzimas que catalisam reacções de oxi-redução (a mais comum é a catalase que degrada o
peróxido de hidrogénio - água oxigenada H2O2 – e que é um produto tóxico resultante de reacções
do metabolismo celular).

Os peroxissomas formam-se a partir do retículo endoplasmático.

 Funções dos peroxissomas

 degradação de compostos redutores nocivos á célula (tem a capacidade de degradar


compostos tóxicos para a célula transformando-os em compostos menos tóxicos);
 têm um papel importante na desintoxicação realizada pelas células;
 participam na oxidação de substratos em presença de oxigénio molecular;
 realizam a decomposição do peróxido de hidrogénio e

55
 promovem a conversão de lípidos em glícidos.
 

VACÚOLOS

Vacúolos - são espaços delimitados por uma


membrana (tonoplasto) que contém o suco
vascular (açúcar, sais minerais, pigmentos,
enzimas, etc.).

São característicos das células vegetais, onde


podem ocupar grande parte do espaço celular.

Nas células animais os vacúolos são raros e de pequenas dimensões não têm nenhum nome
específico.

Tipos de vacúolos.

Os vacúolos são classificados de acordo com as funções que desempenham em:

 Vacúolos digestivos são responsáveis pela degradação das substâncias ingeridas pelas
células.
 Vacúolos de reserva -são responsáveis pela reserva se algumas substâncias que entram nas
células como por exemplo: compostos orgânicos e iões inorgânicos.

 Vacúolos Contrácteis ou pulsáteis eliminam o excesso de água nas células, permitindo o


equilíbrio entre elas.

Funções dos vacúolos

 Regulam fluxo de água e iões entre a célula e o meio;


 Armazenam substâncias diversas incluindo produtos de excreção;

 Digerem substâncias que entram nas células;

 Eliminam excesso de água da célula, regulando a pressão osmótica.

56
NÚCLEO

O núcleo celular é uma estrutura presente nas


células eucarióticas, que contém o material
genético (ADN ou DNA) da célula. É
delimitado pelo envoltório nuclear, e se
comunica com o citoplasma através dos poros
nucleares. Dentro do núcleo ainda se encontra
uma estrutura denominada nucléolo, que é
responsável pela produção de subunidades dos
ribossomas. O envoltório nuclear é responsável tanto por separar as reacções químicas que ocorrem
dentro do citoplasma daquelas que ocorrem dentro do núcleo. Essa comunicação é realizada pelos
poros nucleares que se formam da fusão entre a membrana interna e a externa do envoltório nuclear.
O interior do núcleo é composto por uma matriz denominada de nucleoplasma, que é um líquido de
consistência gelatinosa, similar ao citoplasma. Também existe uma rede de fibras dentro do
nucleoplasma chamada de matriz nuclear e cuja função ainda está sendo discutida.

A membrana nuclear apresenta poros que permitem a troca de substâncias com o citoplasma.

Funções do núcleo

 Regular as reacções químicas que ocorrem dentro da célula


 Armazenar as informações genéticas da célula.

2.2. Sistemas membranares semi-autónomos

MITOCONDRIAS

São esféricos ou em forma de bastonetes, limitados por duas membranas lipoproteícas, sendo uma
externa lisa e uma interna com invaginações formando cristas. Possui uma matriz viscosa no seu
interior onde se encontra enzimas, ribossomas, ATP, DNA e RNA;

Funções:

 Produção da energia e responsáveis pela respiração celular.

57

IMPORTANTE: As mitocôndrias e os Cloroplastos são organitos semi-autónomos porque possuem


todo o sistema químico necessário para a síntese das proteínas e também porque transformam a
energia de modo a ser utilizada nas reacções celulares. Como têm o DNA, o RNA e os ribossomas
podem dividir-se e reproduzir-se independentemente da célula.

CLOROPLASTOS

Os cloroplastos são organitos de forma ovóide exclusivos das plantas e algumas algas. Possuem
dupla membrana (uma interna e outra externa) e um complexo sistema de membranas achatadas que
são os tilacóides. Estes, contêm um pigmento chamado clorofila que são responsáveis pela cor
verde das plantas.

Os cloroplastos tem uma matriz granulosa chamada estroma onde se encontram as lamelas, os
tilacóides, DNA, RNA; ribossomas e enzimas;

As lamelas e os tilacóides sobrepõem-se e formam grana onde se localiza a clorofila.

Função:

  Responsável pela realização da


fotossíntese;

58
2.3. Sistemas não membranares.

RIBOSSOMAS

São pequenos organitos não membranares formados por RNAr (acido ribonucleico ribossómico) e
proteínas.

São constituídos por duas subunidades de tamanho desigual (pequena subunidade e grande
subunidade)

Encontram-se livre no citoplasma ou associados ao retículo endoplasmático rugoso (R.E.R).

Funções:

 Responsável pela síntese de proteínas.


 Intervêm na tradução das mensagens do RNA mensageiro;

PAREDE CELULAR

A parede celular é uma estrutura extra celular que envolve células, sendo composta por diferentes
substâncias dependendo do organismo.

É de salientar, que as células vizinhas


comunicam entre si através de poros na
parede celular chamadas pontuações, essas
pontuações são atravessadas por filamentos
citoplamáticos chamados Plasmodesmos.
Para além destas ligações, existe ainda uma
camada gelatinosa entre as paredes celulares
das células vizinhas que as mantém ligadas.
Esta camada, chamada lamela média é formada por fibras de celulose entrelaçadas por moléculas de
pectinas e hemiceluloses.

Funções

 Confere proteção e rigidez à célula.


 Estabelece a coesão entre as células vizinhas
 Possibilitam uma continuidade citoplasmática entre as
células
59
CITOESQUELETO, PAREDE CELULOSICA OU ESQUELECTICA

As células também possuem um “esqueleto”,


chamado citoesqueleto, formado por proteínas
filamentosas ou tubulares que são
responsáveis por manter a forma da célula e as
junções celulares, e auxiliam nos movimentos
celulares. O citoesqueleto é um conjunto de
microfilamentos e microtúbulos (fibras) que se
interligam no citoplasma e definem em todo o
espaço intracelular uma rede tridimensional.
Actua como uma espécie de um "andaime"
celular!

Função:

 Manutenção da forma da célula;


 Sustentação dos Organelos;
 Acção nos movimentos da Célula;
 Orientação dos movimentos de Ciclose.

Os principais filamentos do citoesqueleto são:

Microtúbulos – estão ligados ao centrossoma, formam os cílios e os


flagelos, são responsáveis pelo movimento celular e pelo movimento dos
cromossomas na divisão celular e por manter a forma da célula, orientam
a deslocação de vesículas no citoplasma

Filamentos de actina ou microfilamentos – formam feixes lineares e


sustentam a membrana plasmática e junto com proteínas motoras, faz a
locomoção celular.

Filamentos intermediários – formam uma rede que dá a protecção


mecânica e estrutural à célula. Tem como função: Ancorar as estruturas
celulares e absorver impáctos

60
CENTRÍOLO
Estão localizados perto do núcleo e é formado por dois cilindros
de arranjo microtubular constituído por 9 grupos de 3
microtúbulos.

Os dois cilindros formam um ângulo recto entre si e o seu


conjunto define o centrossoma

Função:

 Desempenha importante papel na divisão celular ao formar o fuso acromático.


 Intervêm na formação de cílios e flagelos.

CÍLIOS E FLAGELOS

São estruturas citoplasmáticas com origem a partir do


prolongamento dos centríolos e estão anexas à membrana
plasmática das células.

Os cílios e os flagelos têm estrutura idêntica,


distinguindo-se pelo tamanho, número e tipo de
movimento.
Flagelos —> longos, em pequeno número; movimentos ondulatórios;
Cílios —> curtos, em grande número; movem-se por batimentos.

Função
 Basicamente locomotora

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
61
 Ciências da Terra e da vida, 10º ano; Elsa Oliveira, Carmem Pedrosa, Rosa Pires, Do Big-
Bang à Célula.
 Ciências da Terra e da vida, 10º ano; Elsa Oliveira, Carmem Pedrosa, Rosa Pires, Do Big-
Bang ao Homem

 Ciências da Terra e da vida, 10º ano; Amparo Dias da Silva, Fernanda Gramaxo, Jorge
Mesquita, Maria Ermelinda Santos, Terra Universo de Vida

 Internet Internet - pt.wikipedia.org/wiki/…

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