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Dificuldades práticas na avaliação da segurança sísmica de

estruturas existentes no contexto do EC8-3

Aníbal Costa
Professor Catedrático
Departamento de Engenharia Civil – Universidade de Aveiro

© U. Aveiro 18.JANEIRO.20112
1. 2. 3. 4.

5. 6 7. 8.

12
9 10. 11.
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3
2.- Introdução

A construção envolve riscos que importa avaliar. As incertezas associadas aos


sistemas construtivos são muitas, sendo não equacionadas nas construções
novas, dado que estamos a tratar de construções virtuais, que só serão reais
após a construção, mas nas construções existentes essas incertezas estão
sempre presentes.
Se associarmos a incerteza da ação, principalmente da ação sísmica
entramos num domínio que é fundamental investigar e questionar.

Eventos sísmicos recentes, como os casos dos sismos do Haiti (2010), Chile
(2010), Christchurch (2011) e Tōhoku (2011) demonstraram o
comportamento de edifícios com diferentes escalas de dano, registando-se
diferentes perdas humanas e económicas.
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 2.- Introdução

Os edifícios existentes apresentam especificidades (práticas e conceptuais)


que diferem das construções novas, com relevo na:

• Incerteza no conhecimento da estrutura resistente.

• Necessidade de uma análise mais detalhada, dada a possibilidade


de ocorrência de mecanismos desfavoráveis e falta de controlo das
zonas de inelasticidade.

• Falta de conhecimento existente sobre o comportamento de


elementos construídos sem preocupações sísmicas.

• Falta de Regulamentação

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 3.- Eurocódigo 8 – Parte 3
Eurocódigo 8 – Parte 3 – Avaliação do desempenho sísmico de estruturas
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 3.- Eurocódigo 8 – Parte 3 - Requisitos de
desempenho
• Recentemente, tem vindo a surgir regulamentação que atende ao
problema conceptualmente diferente da verificação da segurança sísmica de
estruturas existentes

EUROCÓDIGO 8 – PARTE 3

• Regulamento baseado na
avaliação de desempenho.

• 3 níveis de acção sísmica


para diferentes períodos de
retorno.
• A resposta do edifício aos diferentes níveis de desempenho permite avaliar
a necessidade de reforço estrutural, requerendo essencialmente que o
edifício responda com um dado nível de dano (crescente mas controlado)
para uma dada intensidade da acção sísmica (crescente), compatível com
diferentes períodos de retorno. 7
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Estrutura

• Avaliação da resposta de edifício existe para os diferentes estados limite

• Metodologia: 4 níveis de análise correlacionados

• Tem por base o uso de propriedades


médias para os materiais na simulação da
resposta, ponderadas por factores parciais
na capacidade.

f ywm
α ⋅ ρsx ⋅ CF
υ  max ( 0.01, ω ' ) f cm 
0.2 0.35 f cm
1  Ls 
θ NC = ⋅ 0.016 ⋅ 0.3 ⋅   ⋅   ⋅ 25 CF
⋅ 1.25100 ρd
γ el  max ( 0.01, ω ) CF   h 

• Dada a incerteza nas propriedades estruturais, o “nível de conhecimento,


KL” obtido na geometria, pormenores construtivos e propriedades materiais é
reflectido num factor adicional – “Factor de confiança, CF”. 8
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Metodologia

EC8-3 divide a quantidade e a qualidade da informação existente em 3 níveis


de conhecimento (KL), pressupondo a existência de mais informação no KL de
maior índice.
Nível
Conhecimento, Geometria Pormenores construtivos Materiais Análise
KL

Dimensionamento simulado Valores de defeito


Análise por espectro de
de acordo com prática relevante (normas da época)
KL1 Desenhos resposta ou por forças
e inspecções e
originais laterais
in-situ limitadas Ensaios in-situ limitados

de projecto e Especificações originais e ensaios


Desenhos originais incompletos
in-situ limitados
inspecção visual associados a inspecções in-situ
ou Todas
KL2 limitadas ou a inspecções in-situ
ensaios in-situ
ou mais extensas
mais extensos
Inspecção Testes originais
completa e ensaios in-situ limitados
Desenhos originais associados
KL3 ou Todas
a inspecções in-situ limitadas
ensaios in-situ
mais extensos

Geometria e Quantidade e configuração da Propriedades mecânicas dos


Elementos -
dimensões dos armadura materiais
elementos

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Nível de conhecimento, KL

Geometria:
• Sistema lateral resistente
• Orientação das lajes
• Altura e largura de vigas, pilares e paredes
•Excentricidades em eixos de vigas e pilares nos nós
Pormenores:
•Armadura longitudinal em vigas pilares e paredes
• Quantidade e espaçamento armadura transversal em zonas criticas e
nós viga-pilar
•Largura de banzo em vigas em T
• Comprimentos e condições de apoio de elementos horizontais
• Espessura recobrimento
• Amarrações de armaduras longitudinal
Materiais:
• Resistência do betão
• Tensão de cedência, Tensão e extensão última do aço 10
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Nível de conhecimento, KL

O número de ensaios a realizar e a percentagem de elementos a


inspeccionar, para os diferentes níveis de conhecimento adoptados
encontra-se definido no EC8-3 (valores mínimos recomendados, que podem
ser especificados de forma diferente no anexo nacional).

Inspecção
Ensaios Nível Factor de
Nível Inspecção (Pormenores
(Materiais) Conhecimento confiança
construtivos)
Para cada tipo de element o primário (viga, pilar, parede)
% de elementos a
Nível de Amostras
serem inspeccionados
inspecçao e de Material KL CF
em pormenores
teste por piso
construtivos
Limited 20 (%) 1 KL1 1.35
Extended 50 (%) 2 KL2 1.20
Comprehensive 80 (%) 3 KL3 1.00
11
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Nível de conhecimento, KL
Factor de confiança (CF) e Nível de Conhecimento
Fator (KL)
de Confiança CF
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Nível de conhecimento, KL
Factor de confiança (CF) e Nível de Conhecimento
Fator (KL)
de Confiança CF

Procedimento de avaliação de acordo com o EC8-3

• Definição do nível de confiança a adoptar (KL)

• Verificação da geometria da estrutura

• Verificação da % de elementos (geometria e pormenores) correspondente

• Determinação das propriedades médias dos materiais

• Definição do Factor de confiança para reflectir a incerteza

• Análise e Verificação da segurança


DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Eurocódigo 8 – Parte 3 - Nível de conhecimento, KL
Fator de Confiança CF
Propagação e eliminação da incerteza

Para um dado Nível de Conhecimento (KL)

Incerteza na geometria e nos


pormenores construtivos

Levantamento estrutural

Incerteza nas propriedades


materiais

Factor de Confiança (CF)


DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3
Metodologia de Avaliação Estrutural
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3
Metodologia de Avaliação Estrutural
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3
Metodologia de Avaliação Estrutural
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3

DISCUSSÃO DO PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO PROPOSTO PELO EC8-3:


Avaliação, gestão e propagação da incerteza nas variáveis geométricas e pormenores
construtivos

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Discussão do procedimento de avaliação proposto pelo EC8-3

O EC8-3 pressupõe que a incerteza associada à geometria e aos pormenores


construtivos fica eliminada na selecção de um KL e correspondente CF.

É possível eliminar totalmente a incerteza nas variáveis geométricas e nos


detalhes construtivos da estrutura?

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Metodologia deGlobal
Avaliação Estrutural
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na Geometria da estrutura

• 1) Existem desenhos/documentos de projecto:


Avaliação da correspondência entre projecto e edifício construído

Verificação de alinhamentos
Existência de elementos
Sistema de comunicação vertical Inspecção visual simples
Identificação sistema lateral capaz de identificar

Confirmação e/ou Alteração parcial e/ou redefinição da planta estrutural

• 2) Não existem desenhos/documentos de projecto:


Definição da planta estrutural do edifício
Problema de elementos ocultos – quais as dimensões?

EM QUALQUER DOS CASOS:

PROCEDIMENTO PRÁTICO REDUÇÃO DA INCERTEZA


DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na Geometria Global: Caso de estudo (5 edifícios)

Alinhamento
de pilares
preconizado em
projecto e não
executado em obra
(C2)

Redefinição integral de
planta estrutural (C5)

Redefinição integral de
planta estrutural (C3) 21
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

Avaliação da correspondência entre projecto e edifício construído:

1. Verificação de geometria de secções 2.Recobrimentos


3. Solução de armaduras 4. Diâmetros
5. Posicionamento e número de varões 6. Espaçamento entre armaduras
Operações:

Identificação de existência, posição e Picagem de recobrimento de


espaçamentos entre armaduras com pilares para identificação de
Pacómetro. diâmetros de armaduras 22
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

Ensaios de identificação => dano => custos de utilização


=> custos reparação

a) Remoção de b) Decapagem da c) Picagem do


elementos não superfície de recobrimento para
estruturais revestimento dos identificação e
elementos para ensaio medição de
não destrutivo diâmetros e
pacómetro) espaçamentos
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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

No caso da verificação in-situ ditar que alguns elementos apresentam


divergências relativamente ao projecto
• No caso de existir projecto:

Inspecção in situ de 20% dos elementos

• 10% dos elementos apresenta diferenças em relação projecto

Erro é pontual ou sistemático?

• O que concluir para os restantes elementos?

• Se não existe projecto

Levantamento parcial dos elementos estruturais (20%-50%-80%)

O que assumir para os elementos não verificados? 24


DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

Existem no entanto alguns pormenores construtivos que não é


possível considerar sem um dano elevado na estrutura a caracterizar

•Verificação do número de varões da secção

Incerteza do tipo binário: 1 existe Ø


0 Não existe Ø

• Armaduras negativas nas vigas

Danos nos pavimentos, influência da armadura da


laje
• Armaduras dos nós, amarrações adequadas de armaduras longitudinais

• Qualidade de execução das armaduras transversais


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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

Custo de eliminação da incerteza = custo de “eliminação” da estrutura

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza nos pormenores construtivos

Não é viável eliminar totalmente a incerteza nas variáveis associadas aos


detalhes construtivos da estrutura

Um dado nível de KL pode não garantir o conhecimento total dos elementos.


A incerteza só pode ser ignorada se verificarmos todos os pormenores
construtivos dado que estes (armaduras, confinamento) vão representar
grande parte da resistência.

CF mede essencialmente a variação da resistência material

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3

DISCUSSÃO DO PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO PROPOSTO PELO EC8-3:


Avaliação, gestão e propagação da incerteza nas propriedades materiais

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

• O EC8-3 tem implícito que a incerteza associada às propriedades dos


materiais fica reflectida através do CF. Este está ligado ao nível de
conhecimento (KL) adoptado, sendo os valores médios obtidos com base
em no máximo 3 amostras por piso, por tipo de elementos e por classe
resistente de projecto do material.

Qual a qualidade da estimativa obtida por esta via?


De que forma o CF considera a variabilidade das propriedades na estrutura?

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Realização de ensaios destrutivos na estrutura

Aço apresenta em geral baixa variação nas propriedades resistentes


( CoV = 5.6%)
Estimativa da distribuição da resistência do betão com base em 24 amostras
( CoV = 44%)
Yielding Stress fcm data
Normal Normal
0.02 0.06
Lognormal Lognormal
N ~ (520.857;26.266)
N ~ (22.924;8.252)
0.05
LN ~ (6.254;0.056)
LN ~ (3.052;0.440)
0.015
0.04

D e nsity
D ensity

0.01 0.03

0.02

0.005
0.01

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
460 480 500 520 540 560 580 f
cm
fsy

Caracterização = estimativa do valor médio e do CoV (coeficiente de


variação) 30
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Nível de conhecimento adoptado: KL2 (CF=1.20)

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estrutura C1 Vigas Pilares
40 Média Média = 22.9MPa Média = 28.6MPa
Média/CF CoV = 0.36 CoV = 0.31
35
Resistência à compressão do betão

30

25

20

15

10

31
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Nível de conhecimento adoptado: KL3 (CF=1.00)

45
estrutura C2 Vigas Pilares
40 Média = 22.8MPa Média = 27.0MPa
Média CoV = 0.44 CoV = 0.28
35
Resistência à compressão do betão

30

25

20

15

10

32
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Nível de conhecimento adoptado: KL2 (CF=1.20)


60
estrutura C3 Vigas Pilares
Média Média = 24.5MPa Média = 32.6MPa
50 Média/CF CoV = 0.22 CoV = 0.35
Resistência à compressão do betão

40

30

20

10

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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

• Como se pode observar da aplicação para os 3 edifícios representados, o


procedimento definido pelo EC8-3 pode levar a estimativas inseguras da
resistência média à compressão do betão, uma vez que não se considera a
variabilidade correspondente. Note-se que esta propriedade vai ser
incluída na análise caso se adoptem análises não lineares, o que pode
alterar as condições de resposta com comportamento inelástico (efeito da
medianização da estrutura).
•Existe uma elevada variabilidade do betão, do ponto de vista da sua
distribuição espacial (como se pode observar pelo CoV para C2 de 44%).

• Neste caso, é ainda discutível que as propriedades materiais dum número


elevado de elementos estruturais possam ser representadas por 3
amostras.

O NÚMERO DE ENSAIOS SURGE DESLIGADO: A) DA ÁREA EM PLANTA;


B) DA HOMOGENEIDADE
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DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Código Italiano * introduz limitação por área.


Mantém o número de ensaios (1, 2 ou 3).

Os ensaios devem ser realizados por elemento, por piso ou por cada 320 m2.

• Pelo menos metade dos ensaios têm ser destrutivos e cada DT tem de ser
substituído por 3 NDT calibrados por ensaios destrutivos.

• O número de amostras pode ser alterado (acima ou abaixo) dependendo da


homogeneidade do material encontrado no local, da época de construção e
tipo de betão.

• Pode ser necessária segunda fase inspecção

*NTC (2008) Norme Tecniche per le Costruzioni. Decreto del Ministero delle infrastrutture, Supplemento
Ordinario n.30 alla Gazzetta Ufficiale della Repubblica italiana n.29 del 4/02/2008, Italy
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Incerteza na estimativa das propriedades dos materiais

Número mínimo de ensaios: ASCE 41-06

CASO O CoV DOS 3 ENSAIOS SEJA SUPERIOR A 14%


PROBLEMA DE HOMOGENEIDADE
NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE ENSAIOS ADICIONAIS

* “ASCE 2006” - Seismic Rehabilitation of Existing Buildings


DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Conjugação de ensaios não destrutivos para estimativa indirecta de fc

Incerteza nas propriedades decorre do número limitado de amostras, devido


ao custo (extracção e ensaio) e ao dano associado.

Alternativa: Consideração de ensaios indirectos (Ensaio de dureza superficial;


Ensaio de arranque; Ensaio de velocidade de propagação de ultra-sons)

Podem ser usados de acordo com as cláusulas regulamentares, devendo no


entanto ser correlacionados com um número mínimo de ensaios destrutivos
para calibração da relação.

Estimativa indirecta está no entanto dependente de:


1) Incerteza associada ao ensaio destrutivo
2) Incerteza associada ao ensaio indirecto
3) Qualidade do ajuste
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3

3
1

2
Ensaio de determinação do índice esclerométrico
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3

1
52
3
4
Ensaio de determinação da força de arranque
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Variação dos resultados em relação à média de cada tipo ensaio
RN fcm Pullout

C2N0-1PT11
C2N5VV89 1.80 C2N0-1PW9

C2N4VQ9-10 C2N0-1PQ8

1.50
C2N4VX78 C2N12PQ10

1.20

C2N4VV11-16 C2N12PZ8
0.90

0.60
C2N3VQ10-11 C2N23PQ11

0.30

C2N3VX89 0.00 C2N23PY8

C2N2VV10-11 C2N34PX8

C2N2VT7-8 C2N34PQ10

C2N2VX8-9 C2N34PV11

C2N1V9XY C2N45PV8

C2N1VX8-9 C2N45PW8
C2N1VS1Φ-11
40
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Regressão entre carotes e ensaios com esclerómetro

80
Qasrawi (2000)
Shariati et al (2011)
P. Knaze and P. Beno
70 S. Biondi and E. Candigliota (2008) - REG1
S. Biondi and E. Candigliota (2008) - REG2
S. Biondi and E. Candigliota (2008) - REG3
S. Biondi and E. Candigliota (2008) - REG4
60 S. Biondi and E. Candigliota (2008) - REG5
EN13791 referencce
REG(ACI 228.1R)
fylowprediction(95%)
50 fyupprediction(95%)
Monteiro and Gonçalves (2009)
DATA_C2
fcm (MPa)

Polinomial (REG(ACI 228.1R))


40

y = 0.6345x - 1.0345
R² = 0.2762
30

20

10

0
20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00 50.00 55.00
REBOUND NUMBER
41
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Regressão entre carotes e ensaios de método pull out

50.00

ACI228.R.01_IntervaloConfiança

45.00 EN13791_referencia
ACI 228.1R
Regressão linear
40.00
DATA_C2

35.00

30.00
fcm (MPa)

25.00

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00 50.00

PULL OUT Force (kN)

42
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3

Conclusões

43
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Conclusões

• Procedimento de avaliação da segurança sísmica de edifícios apresenta um


procedimento de avaliação das propriedades baseado num nível de conhecimento
ao qual está associado um valor do factor de confiança.

• O levantamento estrutural in situ das características geométricas da estrutura


permite diminuir a incerteza associada às dimensões da estrutura, eliminando em
geral a incerteza associada às dimensões em planta.

• A incerteza nos pormenores construtivos não pode ser eliminada, como deixa
implícito a metodologia do EC8-3. Algumas características não podem ser avaliadas
pelos procedimentos de inspecção, devendo no entanto ser considerados na
análise. A sua inclusão como variável aleatória pode consistir numa solução
alternativa ao procedimento determinístico da verificação da segurança
regulamentar.

• A definição do actual formato do factor de confiança, cuja aplicação se verificou


não apresentar o controlo necessário para a estimativa e representação das
propriedades médias da resistência à compressão do betão, necessita ser revisto.

44
DIFICULDADES PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA SÍSMICA DE ESTRUTURAS EXISTENTES NO CONTEXTO DO EC8-3 Conclusões

• Como traduzir a incerteza associada ao processo de avaliação de uma estrutura


existente em betão armado?

• É necessária a consideração de uma metodologia completamente probabilística,


considerando todos os parâmetros como variáveis aleatórias?

• Como melhorar o procedimento de avaliação in situ das propriedades dos


materiais? Como enquadrar a variabilidade espacial da resistência do betão com
base num conjunto limitado de amostras pode ser solução?

• Quais as implicações de consideração da incerteza nos parâmetros na resposta


local e global da estrutura?

• Necessário agrupar informação e tratá-la estatisticamente de modo a definir


informação histórica para caracterizar, as tendências de qualidade da construção,
as práticas construtivas de cada época e as características dos materiais usados.
Esta informação pode ser introduzida no anexo nacional.

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