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OPERÁRIA
As direções da CUT, Força Sindical e aliadas continuam salarial e fundamentalmente à manutenção do salário mínimo
promovendo atos, motivados pela exigência dos capitalistas da de fome.
indústria para que o Banco Central reduza a taxa de juros, que Os burocratas ocultam que os juros altos estão vinculados,
se mantém em 13,75%. Arregimentam os diretores dos sindica- em grande medida, à gigantesca dívida pública. Não ousam
tos e dos Comitês Sindicais de Empresas para essas manifesta- retomar a antiga bandeira da CUT e do próprio PT, que era de
ções, que se resumem a discursos inflamados de que os juros investigar a dívida pública, por meio de uma auditoria e, as-
exorbitantes vêm provocando demissões e aumentando a mi- sim, decidir o que deveria ser pago. Embora fosse uma bandei-
séria na família trabalhadora. Por vezes, escapa um palavreado ra ainda adaptada ao pagamento da dívida pública, tinha pelo
de que os investimentos do governo Lula se acham bloqueados menos a função de denunciar o enorme parasitismo do capital
em função dessas altas taxas. Mas, para a burocracia sindical financeiro. Por outro lado, se valem da crítica ao presidente do
o fundamental é voltar-se à figura de Roberto Campos, presi- Banco Central, que é bolsonarista, para desviar a atenção dos
dente do Banco Central, tido como arrogante e que não quer explorados que o desemprego, subemprego e informalidade
receber os trabalhadores, referindo a eles próprios. são consequências próprios do capitalismo em decomposição.
O Sindicato Metalúrgico do ABC, cutista, tem feito da Tri- O governo Lula se sujeitou à decisão do governo Temer que
buna Metalúrgica, jornal diário distribuído nas fábricas, um impôs a autonomia do Banco Central. O Ministro da Fazenda,
porta-voz desse pleito dos empresários. Toda vez que as mon- Fernando Haddad, faz a política da boa vizinha para em algum
tadoras demitem, fecham fábricas, terceirizam parte da produ- momento contar com a redução dos juros. Assim, os burocratas
ção, impõem o layoff, dayoff e semana reduzida com corte de servem a um governo completamente incapaz de enfrentar o
salários, os burocratas realizam assembleias para desresponsa- capital financeiro.
bilizar o patronato, jogando a culpa na intran-
sigência de Roberto Campos e mostrando a
boa vontade de Lula em se colocar pela queda
“(...) as direções sindicais estão servindo aos interesses dos
dos juros.
capitalistas e à sustentação do governo Lula, que é de frente ampla
burguesa. Os acordos de demissão, terceirização, redução de jornada
Os sites da CUT e da Força Sindical pres-
com redução de salários, suspensão de contratos (layoff) etc. têm sido
tam serviços a essa campanha dos empresá-
a tábua de salvação para o patronato descarregar a crise econômica
rios. Para justificar o baixo desempenho do
setor industrial, as notas são carregadas do
sobre as costas dos operários. A contenção dos descontentamentos
palavreado de que o Brasil precisa crescer dos trabalhadores, por sua vez, também tem sido essencial para a
para gerar mais empregos. E que a promessa governabilidade de Lula.”
de Lula de tirar o Brasil do mapa da fome e
melhorar a qualidade de vida da maioria da população vem se Dessa forma, com os pés e as mãos amarradas, as direções
esbarrando na política do Banco Central, tida como uma “tei- sindicais estão servindo aos interesses dos capitalistas e à sus-
mosia”. tentação do governo Lula, que é de frente ampla burguesa. Os
Como se vê, os burocratas sindicais estão de “corpo e alma”, acordos de demissão, terceirização, redução de jornada com
como diz o ditado popular, levando para os operários e demais redução de salários, suspensão de contratos (layoff) etc. têm
trabalhadores os interesses da classe burguesa. São correias de sido a tábua de salvação para o patronato descarregar a crise
transmissão da política capitalista e do governo. Dizem que não econômica sobre as costas dos operários. A contenção dos des-
há “justificativa técnica” para juros tão altos, pois a inflação é contentamentos dos trabalhadores, por sua vez, também tem
baixa. E concluem com as receitas dos capitalistas e dos gover- sido essencial para a governabilidade de Lula. Para manter o
nantes: é preciso dinamizar a economia, aumentar os investi- pé nessas duas canoas, a única saída para os burocratas é refor-
mentos das empresas e estimular o consumo da população. çar a política de conciliação de classes.
É verdade que os juros altos favorecem o capital financeiro, Ao contrário, a independência política e organizativa dos
que saqueia o Tesouro nacional, com o pagamento dos juros da sindicatos, diante dos capitalistas e do governo, está inteira-
dívida pública. Basta um exemplo: nesses cinco meses de 2023, mente voltada aos interesses gerais da classe operária e de-
o governo pagou R$ 110 bilhões aos bancos. Não por acaso, mais explorados. O que significa organizar a luta para impor
quase 50% do orçamento do Estado é destinado aos credores um programa de reivindicações, aprovado em assembleias
da dívida pública. É verdade que os juros altos dificultam os democráticas, para enfrentar os patrões e governantes, que
negócios de setores capitalistas, a exemplo da construção civil, descarregam o peso da crise mundial do capitalismo sobre a
que dependem de financiamentos para uma camada da classe maioria explorada. Colocar os sindicatos a serviço da defesa
média. É também verdade que 70% da população se tornou dos empregos, salários e direitos. O que implica o combate à
inadimplentes. Mas, os burocratas sindicais escondem que boa burocratização e à política traidora de conciliação de classes,
parte desses inadimplentes está diretamente ligada à perda dos levado a cabo pelas direções pró-capitalistas. São tarefas que só
empregos, ao crescimento da informalidade, ao rebaixamento podem ser assumidas por uma vanguarda com consciência de
classe. Evidentemente, trata-se de uma situação extremamente das reivindicações mais sentidas pelos explorados é o caminho
difícil, porque a classe operária sofreu um profundo refluxo e por onde se combaterá a política de conciliação de classes e
se encontra sob o domínio dessa burocracia, que eliminou a se manifestarão as tendências instintivas de revolta da classe
democracia sindical das assembleias e dos congressos. O sin- operária. A construção de oposições sindicais classistas e a luta
dicato metalúrgico mais importante do país, que é o do ABC e por penetrar as ideias revolucionárias no interior do proleta-
vinculado à CUT, acabou já faz tempo com as eleições diretas riado são passos fundamentais para responder às necessida-
para a constituição da direção do sindicato. des da maioria. A tarefa de unir empregados e desempregados
Nota-se, no entanto, que cresce o descontentamento dos deve ser realizada sistematicamente. É questão de tempo para
trabalhadores, e a sua desconfiança perante a casta burocrá- se reascender o instinto de luta do proletário, que é a classe
tica corrompida. A maioria explorada terá de passar pela ex- capaz de levar às ultimas consequências o combate pelo fim
periência do governo Lula, que já mostrou sua função de ca- da propriedade privada dos meios de produção e pôr em pé a
pacho do grande capital. A defesa da propaganda e agitação propriedade social, o comunismo.
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POLÍTICA OPERÁRIA
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OPERÁRIOS
ques à classe operária e aos demais trabalhadores. As reformas rar os ganhos dos trabalhadores. Nada mais falso! O que o go-
trabalhista e previdenciária cortaram a carne dos trabalhado- verno fará é subsidiar as multinacionais que nos arrancam a
res, que continua sangrando. A Lei da Terceirização elevou a pele diariamente.
precarização da contratação de mão-de-obra a um nível insu- O capitalismo está em crise. Somente tem a oferecer demis-
portável. A maioria trabalhadora já não aguenta o desemprego, sões, quebra de direitos e redução do valor de nossa força de
É PRECISO DEFENDER OS
subemprego, informalidade, rebaixamento salarial e completa trabalho. Ou nós, operários, saímos em luta por nossas reivin-
insegurança trabalhista. Os jovens estão perdidos diante desse dicações, ou continuaremos sendo cortados na carne. Temos de
emaranhado de desemprego e informalidade. enfrentar as direções sindicais mentirosas, corruptas e vendi-
São Paulo
Intervenção do POR na manifestação contra o
Arcabouço Fiscal e o Marco Temporal
O boicote das direções sindicais vinculadas ao PT
Aconteceu no dia 13 de junho uma manifestação em São confundida com a oposição burguesa de ultradireita, que tam-
Paulo, contra o Arcabouço fiscal e o Marco Temporal, do gover- bém deve ser combatida por essa frente.
no Lula/Alckmin e do Congresso Nacional. O ato foi chamado A manifestação caminhou do MASP até a Praça do Ciclista.
por diversas organizações, como a Conlutas, PSTU, PCB, CST, Lá foi feito um encerramento. Abaixo transcrevemos uma das
MRT, Unidos para Lutar, POR e outras. A adesão foi baixa, intervenções do POR no ato.
dada a importância dos ataques deste governo, contou princi-
palmente com a militância das organizações.
Verifica-se que a trava imposta pelas burocracias sindicais Transcrição da intervenção na manifestação contra
ligadas ao petismo é muito forte, impedindo que uma parcela o Marco Temporal e o Arcabouço fiscal
dos trabalhadores se manifeste contra essas medidas que são
de interesse dos capitalistas de conjunto. O Arcabouço fiscal Boa noite, camaradas.
representa a reconstituição, por parte do governo Lula, do Teto
de gastos criado por Temer, e que tinha sido quebrado no go-
verno Bolsonaro. A exigência do capital financeiro é muito cla- Em primeiro lugar, quero saudar essa manifestação, que tem uma
ra, é preciso ter superávit primário, ou seja, gastar menos do importância enorme porque é a primeira manifestação contra o gover-
que se arrecada, para garantir o pagamento dos juros da dívida no burguês de Lula e suas medidas. Estamos há seis meses da posse
pública. Assim, Lula se mostra mais uma vez um governo de do governo, que já começa a mostrar claramente os seus interesses de
continuidade dos governos anteriores. Já o Marco Temporal foi classe, que é o de proteger os capitalistas, em detrimento dos trabalha-
aprovado por ampla maioria na Câmara de Deputados, com dores. Por isso, essa manifestação tem uma grande importância, ainda
uma voto contrário do governo que foi apenas formal. Trata-se que seja pequena.
nesse caso de uma medida há muito esperada pelos capitalistas Camaradas, estamos diante de duas tarefas muito importantes
das mineradoras, extrativistas e do agronegócio. Essas medi- para o próximo período, a primeira tarefa é formar uma oposição a
das, somadas à CPI do MST, um duro ataque ao movimento esse governo, e essa manifestação é o germe, pode ser o ponto de par-
camponês e o esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente tida para uma oposição revolucionária ao governo burguês de Lula.
e dos Povos Indígenas, mostram o conteúdo de classe de go- Estamos vendo a necessidade dessa oposição nas reivindicações que
verno, ou seja, está disposto a atacar a maioria oprimida, em estão colocadas aqui: o Marco Temporal há muito tempo é do interes-
nome dos interesses dos capitalistas. se dos latifundiários, dos capitalistas do agronegócio, dos capitalistas
Aí está o motivo da importância dessa manifestação. O das mineradoras, e agora estão conseguindo aprovar. Por outro lado,
POR participou com um Manifesto, que publicamos aqui na o Arcabouço fiscal é do interesse do capital financeiro, é uma medida
sequência, duas intervenções no carro de som e banca de mate- ditada pelo capital financeiro e escrita pelas mãos de Haddad, Lula e
riais. Defendemos que aquele ato fosse o ponto de partida para Alckmin. À luta contra o Arcabouço Fiscal e o Marco temporal deve
uma frente de luta, uma oposição revolucionária ao governo ser somado o combate à CPI do MST! Essa reivindicação tem uma im-
burguês de Lula e o Congresso Nacional vendido. Além de de- portância enorme e devemos levantar uma luta contra a perseguição
fender que as organizações ali presentes trabalhem para for- política ao movimento popular e ao movimento camponês. Não deve-
mar oposições classistas e revolucionárias nos sindicatos, para mos fazer como os governistas, que querem disputar a CPI no parla-
quebrar a barreira imposta pelas burocracias colaboracionistas. mento, fazendo discursos ou entregando cestas de produtos do MST
Tudo indica que essa manifestação frentista deve continuar, já ao Ricardo Salles, isso está errado! Nós temos de rejeitar e rechaçar a
está sendo organizada uma plenária para avaliar a atividade CPI por completo, porque é uma perseguição ao movimento popular.
e pensar nas novas ações. O POR vai trabalhar para que essa A segunda tarefa que nós temos é formar no sindicatos oposições
frente se constitua, afinal, foi nossa defesa desde o primeiro classistas e revolucionárias contra as burocracias pelegas, traidoras
dia de governo, a formação de uma oposição revolucionária, e conciliadoras, porque a situação que nós temos hoje é que as buro-
que por conta de seus métodos e seu conteúdo, um programa cracias sindicais das grandes centrais - da CUT, da Força Sindical,
próprio da classe operária e demais trabalhadores, não seria da UGT, da CTB - formam um dique de contenção a luta das mas-
10 – MASSAS – de 18 de junho a 1º de julho - 2023
Boletim Nossa Classe - junho Campanhas do POR Partido
sas. Sem romper esse dique, não conseguiremos avançar na luta, não Nós temos aqui hoje diversas organizações, a Conlutas, o PSTU, o
conseguiremos ampliar as mobilizações como essa, não conseguiremos PCB, a CST, que acabou de romper com o PSOL, o MRT e outras, que
avançar contra o Arcabouço fiscal ou contra o Marco Temporal. Vejam têm a condição de formar uma frente de luta, uma frente de oposição.
o que está acontecendo nos sindicatos, as eleições não existem mais, Não vamos esperar para as eleições, vamos formar agora uma oposição
não é possível formar as oposições. Recentemente tivemos eleições no revolucionária a esse governo.
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e a direção mudou a regras para Camaradas, para concluir quero levantar as bandeiras que esta-
que as oposições não fossem formadas. Os companheiros que tentaram mos defendendo aqui. Nós do Partido Operário Revolucionário aju-
formar uma oposição receberam o que em troca? A demissão. E agora damos a construir esse ato, convocamos, fomos nas portas de fábricas
o POR está fazendo campanha para reverter a demissão do camarada para chamar os operários para participar e levantar as bandeiras de
Paranhe, que tentou formar uma posição ao Sindicato dos Metalúrgi- abaixo o Marco Temporal; Abaixo o Arcabouço fiscal; Abaixo a CPI do
cos do ABC. Então, temos duas tarefas que eu reforço aqui: a primeira, MST; e por uma frente de luta, uma frente de oposição revolucionária
formar uma oposição revolucionária ao governo Lula e a segunda, ao governo burguês de Lula, que é um governo que começa agora a
formar as oposições classistas e revolucionárias nos sindicatos, para atacar os trabalhadores, mas que sabemos que vai avançar muito mais
varrer com as burocracias traidoras. nesses ataques. É isso companheiros, obrigado.
Paraná
Burocracia enterra a greve em sete universidades estaduais
Até o dia 15 de junho, todos os docentes da universidades A menos de um mês de greve, dirigentes sindicais em con-
estaduais devem encerrar a greve iniciada em 8 de maio, não tato com parlamentares abriram a guarda para promessas
porque tenham conquistado a reposição de 42% reivindicada destes políticos burgueses de tramitação do plano de cargos e
pelo movimento, mas, devido à manobra das direções dos salários desde que se interrompesse a greve. Uma aberta e es-
sindicatos que resolveram mudar burocraticamente a pauta, cancarada chantagem à qual estes sindicalistas logo cederam:
abandonando a luta pela reposição das perdas e aderindo à numa reunião do comando de greve estadual, desta vez majo-
pretensão de conseguir qualquer migalha na forma de uma ritariamente integrada pela burocracia sindical, sem delibera-
hipotética alteração do plano de cargos e salários, proposta ção das assembleias, divulgaram um boletim em que de modo
pelos reitores em conluio com o governo para sabotar a luta mentiroso manipularam a informação de tramitação dentro da
pela reposição e bloquear a greve. Sem a greve, a obtenção de burocracia do governo e estamparam uma manchete em que
qualquer mudança na remuneração dos professores, depende afirmaram que “Governo recua e retoma tramitação do plano
agora integralmente da “boa vontade” do governo. de carreira”, afirmando ainda na nota que se trataria de “rei-
Os docentes das universidades estaduais do Paraná têm vindicações antigas da categoria” e que o tal “recuo” se deveria
uma tradição de históricas lutas contra os governos, e já prota- à pressão da greve, quando na verdade era uma manobra do
gonizaram a mais longa greve das universidades no Brasil em governo para liquidar a greve.
2001-2002, por exemplo. E embora não seja a maior categoria Trata-se na prática de uma mudança da pauta da greve, que
do serviço público, têm estado na vanguarda das mobilizações.
era pela reposição das perdas acumuladas, e substituída pela
Entretanto, assim como todo o funcionalismo, amargam uma
ilusão de uma eventual e hipotética migalha que poderia ser
defasagem salarial de 42% desde 2016 e também foram golpe-
concedida pelo governo. Ao mesmo tempo, indicava a capitu-
ados pela deterioração das condições de trabalho, imposta pe-
lação ao governo, pois ao enfeitar a manobra, estava implícita a
los últimos governos abertamente reacionários de Beto Richa e
Ratinho Jr., situação agravada pela pandemia durante a qual as aceitação da chantagem de finalizar a greve para que o projeto
direções sindicais mantiveram a base desmobilizada e passiva, tramite. Na sequência, assembleias em quatro universidades
aderindo à política burguesa de isolamento social. deliberaram pelo fim da greve e no dia 15, as outras três tam-
bém, devem encerrá-la.
Essa passividade facilitou ao governo a aprovação de uma
lei de regulamentação das universidades, a LGU. Essa lei, O desenlace do movimento mostra que a fragilidade se lo-
apoiada e implementada pelas reitorias têm agravado brutal- caliza nas direções sindicais, tomadas pela política de colabo-
mente as condições de trabalho já precárias impedindo a re- ração de classe, a mesma que manteve a passividade durante
alização de concursos para substituição das aposentadorias, todo o período da pandemia e ainda hoje é influenciada pela
aumento consequente do volume de trabalho e adoecimentos, busca de canais institucionais/parlamentares para resolver as
ingresso de um exército de professores temporários em situa- demandas. Mas mostra também que existe na base do profes-
ção ainda mais precária e pressões para fechar os cursos com sorado estadual uma tendência a se levantar para lutar contra
pouca demanda. Também a implementação da LGU transfor- o arrocho salarial e as políticas do governo, a pesar da hetero-
mou as universidades em repartições do governo, retirando- geneidade político-ideológica e o predomínio de expectativas
-lhes qualquer autonomia. pequeno-burguesas. Isso reforça o desafio de se constituírem
A combinação dessa precarização com a brutal perda sala- novas direções que rompam com a orientação de colaboração
rial empurrou os professores a romper com a política de passi- de classes e se coloquem no caminho de enfrentar o governo
vidade das direções – predominante em todo o funcionalismo como expressão dos interesses mais gerais das classes opri-
– e saírem à luta numa greve de todas as universidades, ainda midas. Esta alternativa, no entanto, depende da constituição
que sem a adesão dos técnicos e ausência de movimento estu- da Corrente Proletária entre os docentes das universidades, a
dantil. Entretanto, as direções sindicais dos docentes, desde o única que rejeita qualquer ilusão na possibilidade de reformar
começo, deixaram aberta uma porta para a proposta dos reito- ou melhorar a educação e as universidades no quadro do capi-
res de alteração do plano de cargos e salários que, se efetivada talismo em decomposição e se coloca no caminho da revolução
pelo governo, implicaria uma alteração parcial dos salários, proletária.
mas muito longe dos 42%
São Paulo
Não à entrega do prédio da FATEC para a iniciativa privada
A FATEC está atravessando um duro momento. Dois pro- res, com arrocho salarial e retirada de direitos. Está aí por que
blemas interligados se apresentam e exigem resposta conjunta a única resposta consequente é através da unificação das lutas
dos estudantes, professores e funcionários. Por um lado, o go- dos diversos setores que estão se mobilizando pelas mesmas
verno Tarcísio avança na tentativa de entregar um prédio uti- reivindicações. Além da utilização dos métodos próprios da
lizado pelos alunos (CA) e pelos trabalhadores (Sinteps), para classe operária e demais oprimidos, as greves, paralisações,
a iniciativa privada. Por outro, os professores e funcionários bloqueios etc. Lutas corporativas conduzem para a derrota dos
reivindicam o reajuste salarial, plano de carreira e bônus, que o explorados.
governo prometeu e não pagou ainda. Apesar dos dois problemas que se apresentam, o Sinteps
A entrega do prédio vem acompanhada da justificativa de não tem trabalhado por incorporar a reivindicação contra a
que é para a construção de um “museu da história negra”, pela entrega do prédio. Os companheiros e companheiras do sin-
faculdade privada Zumbi dos Palmares e com apoio do Car- dicato precisam entender que qualquer forma de privatização
refour. Nada poderia ser mais hipócrita. Se o governo reacio- é contra os interesses dos trabalhadores. Qualquer ganho dos
nário de Tarcísio estivesse mesmo preocupado com a situação capitalistas é perda para os explorados. Se o sindicato incorpo-
dos negros, antes de mais nada se movimentaria para garantir rar a defesa do prédio público fortalecerá a luta pelos salários
emprego aos pretos e pretas do estado, que hoje são a maioria e direitos.
dos desempregados; equipararia os salários, que hoje são mais A Corrente Proletária Estudantil e o Partido Operário Re-
baixos para a mesma função; agiria contra a violência policial volucionário intervêm no movimento defendendo a unificação
sobre os negros etc. Mas sabemos que não fará nada disso, tra- das lutas na FATEC, além da unificação contra os ataques mais
ta-se de uma manobra para justificar a privatização e silenciar gerais que tem sofrido a classe operária, demais trabalhadores
a resistência. Se quisesse de fato um museu, o próprio governo e juventude oprimida. Faz parte desses ataques a reforma do
o construiria. Soma-se a isso o apoio do Carrefour, empresa ensino médio, o arcabouço Fiscal do governo Lula e o Marco
monopolista que explora brutalmente seus funcionários e tem Temporal do Congresso Nacional. Não a entrega do prédio
um amplo histórico de racismo, incluindo a morte do operário Paula Souza para a iniciativa privada! Pelo atendimento inte-
negro, João Alberto, em 2020. gral das reivindicações dos professores e funcionários! Abaixo
Já o problema das reivindicações dos professores e funcio- os ataques que massacram a vida da maioria oprimida, o arca-
nários deve ser encarado como um problema geral dos traba- bouço fiscal de Lula, a reforma do ensino médio e o marco tem-
lhadores no país. A crise capitalista recebe como resposta dos poral! Pela unificação das lutas em curso! Por uma educação
governos burgueses (Federal, estaduais e municipais) a prote- gratuita, laica, científica, vinculada a produção social e sob o
ção do lucro dos capitalistas e o sangramento dos trabalhado- controle de quem estuda e trabalha.
acordo com as necessidades da juventude e direitos trabalhistas setores que eram da Oposição e
capitularam à Chapa 1!
e previdenciários, restringem-se ao pedido assistencial. Além Massas por apenas
disso, reivindicam canais de participação institucionalizados
5,00
PARTIDO OPERÁRIO
Pernambuco
II Encontro de Formação política do SINASEFE,
sob o controle da burocracia dirigente
Entre os dias 8 e 10 de junho, o Sinasefe promoveu no As- perguntas, de 3 minutos. Após a exposição da política educa-
sentamento Normandia, na cidade de Caruaru-PE, o segundo cional, houve inquietação do plenário sobre o que nosso sin-
Encontro de Formação Política. O local escolhido se deu como dicato está fazendo para responder aos ataques do governo,
forma de apoio ao MST diante do ataque da burguesia con- apontando a necessidade de ação do sindicato. Dentre as res-
tra a luta dos camponeses pela terra, com a CPI. Apesar de ter postas, houve fala que criticou a burocratização sindical, as de-
ocorrido no local, não houve momento de discussão comum do cisões restritas à cúpula sindical, com exclusão da base. Diante
sindicato dos servidores com o MST, para organização de uma disso, a Corrente Proletária/POR deu o informe do chamado
luta unificada nas ruas. do dia 13 de junho, dia nacional de lutas convocado pela CSP-
Os temas da formação foram conjuntura nacional e inter- -Conlutas, POR e outras organizações contra o Marco Tempo-
nacional; política educacional; relação entre as questões raciais ral e Arcabouço Fiscal de Lula, mostrando a importância do
e de classe; e, a política dos movimentos sindicais, com parti- Sinasefe aproveitar o Encontro para construir este dia; fizemos
cipação do presidente da CUT de Pernambuco. A fala da CUT também um balanço sobre o quadro de passividade imposto
expressou o processo de formação da CUT, que se deu sob in- pelas direções nacional e seções do Sinasefe, que insistem na
tensas mobilizações e greves dos operários do ABC paulista. farsa dos métodos virtuais para organização da “luta”, na po-
Mas, nada falou sob a necessidade de organização da luta con- lítica de pressão parlamentar e jurídica; além disso criticar a
tra os ataques da burguesia e do governo, que dá continuidade direção nacional, que chamou a 181ª Plenária Nacional híbrida,
à política de ataque de Bolsonaro. Sobre o questionamento do passando por cima da decisão da 180ª Plenária, que aprovou o
acordo com o governo Lula/Alckmin de não revogar as contrar- formato presencial.
reformas trabalhista e previdenciária, não respondeu. A CUT Ao final da discussão, a UP e outros membros da direção
apresentou lamentações, não se colocou enquanto responsável, nacional, como não tinham respostas às críticas dos militantes
por constituir a maior central sindical do país e a importância poristas, acusaram a Corrente Proletária/POR de “mentirosos”,
que tem na organização e convocação dos trabalhadores para e declararam encerrada a mesa, sem abrir para esclarecimento
luta. ou defesa. Sob reivindicação do plenário, abriu-se para falas
A formação ocorreu no formato de aulas, com palestrantes de esclarecimentos. A UP, usando a mesma tática própria de
que expressavam direta ou indiretamente a linha política do burocracia, continuou acusando a Corrente Proletária de ten-
Movimento Escola Popular (MEP-UP), que estavam a frente tativa de implosão da formação, e que este não era o espaço
nas mesas. O plenário tinha direito a falas, preferencialmente para discutir as questões do sindicato (mesmo com os exposi-
Entrevista
Debate sobres os 10 anos de Junho de 2013
Como parte da campanha do POR pelos 10 anos das lheto foi publicado ainda durante o movimento, e aí está a importância
manifestações de junho de 2013, participamos de um debate de transformar experiência em elaboração teórica. E no mês seguinte,
no canal Mesa de Debates, no YouTube. A atividade teve a justamente devido à amplitude desse movimento nacional, chamamos
participação do PCdoB, Art, GOI e um anarquista, além do Conferências regionais para poder fazer um balanço. Tivemos uma
POR. A intervenção do PCdoB, que segue as caracterizações Conferência na região Sudeste e outra no Nordeste, que fizeram uma
do PT, foi que houve uma suposta “Guerra Híbrida”, com análise de todo esse processo, tendo suas resoluções sido publicadas no
a extrema direita gestada nesse movimento. O militante folheto, “As Conferências de julho de 2013”.
anarquista tentou defender o MPL, como um suposto partido Estou falando isso, aqui nesse debate, pois nossa exposição será só
clandestino, mas não foi capaz de responder ao fato de que um resumo da nossa política e de nossas ideias, mas é importante que
o MPL abandonou um movimento em ascensão, devido aos os camaradas, caso queiram se aprofundar, procurem nossos materiais.
conchavos que fez com os governos, não mantendo sequer a Nesse mês está fazendo 10 anos e o POR está fazendo uma campa-
bandeira que dá nome ao movimento: Passe Livre. A militante nha para lembrar de junho de 2013. Publicamos uma nota no Jornal
da Art e o militante do GOI fizeram análises mais coerente, Massas anterior, nº 689, que fala sobre os 10 anos, com foco principal-
apresentando raízes econômicas do movimento e fazendo a mente no Rio Grande do Sul: “10 anos dos levantes de 2013, é preciso
crítica à ação do petismo para desmobilizar as massas nas ruas. retomar a luta da juventude em defesa das suas condições de vida”.
Abaixo transcrevemos a primeira intervenção feita pelo Cabe registrar o Rio Grande do Sul teve um grande movimento e lá o
militante do POR: governo era do PT, com Tarso Genro, o que mostra que a luta era con-
tra os governos de direita e de esquerda, mas principalmente contra os
“ Boa noite aos colegas que estão participando deste debate e àqueles
que estão assistindo. Quero agradecer o canal Mesa de Debate pelo
governos do PT. E no último Jornal Massas, nº 690, publicamos: “10
anos da jornada de junho, “assimilar criticamente essa experiência”,
convite e dizer que foi muito correta a ideia de organizar uma ativida-
essa ideia é fundamental.
de com as análises de diferentes tendências políticas sobre 2013. Nós
vemos uma miríade de análises, e essa própria Live reflete essas muitas Então, qual o sentido dessa discussão aqui? Só pode ser um, assi-
análises sobre esse movimento, colocando as correntes frente a frente. milar crítica e auto criticamente a experiência de 2013, para aplicar
Isso é muito importante, pois nós temos perdido isso no movimento de na nossa realidade concreta. Senão fica só lembrança por lembrança,
esquerda. Além disso, parabenizo pelos três anos do canal. debate por debate, e isso não tem transcendência nenhuma, não tem
importância, se não assimilarmos o que aconteceu, as respostas que
Inicialmente quero explicar como eu dividi a intervenção. Serão
foram dadas, os erros que foram cometidos e a correção necessária para
quatro pontos: o primeiro, sobre o sentido dessa discussão; o segundo,
esses erros, se não fizermos isso, esse debate não fará sentido. Para nós
sobre a caracterização do movimento; o terceiro, sobre as diferentes
do POR a ideia é essa, estamos aqui para fazer uma análise crítica e
tendências políticas e as respostas que foram dadas no momento; e o
autocrítica do movimento de 2013, já que estamos numa situação atual
quarto, sobre a própria atuação do Partido Operário Revolucionário.
semelhante em alguns aspectos e pior em outros. Semelhante, já que
O POR se dedicou naquele período em elaborar uma resposta pro- estamos de novo com o PT no governo federal, e pior em outros aspec-
letária ao movimento que estava acontecendo em 2013 no próprio calor tos, pois temos 10 anos de profundos ataques à classe operária e demais
do movimento, e depois foi aprimorando suas respostas. No próprio trabalhadores, como a Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência,
mês de junho, publicamos um folheto: “As massas nas ruas mostram terceirização, um golpe de Estado, um governo de ultradireita, uma
toda sua força e a necessidade de uma direção revolucionária”. Esse fo-
16 – MASSAS – de 18 de junho a 1º de julho - 2023
Debates
pandemia, que matou milhões etc. Uma sequência de ataque nesses tidos, mas separar em grupos. O primeiro, o reformismo, encabeçado
10 anos, ou seja, uma situação dos trabalhadores muito pior. Por isso, pelo PT, mas também com seus satélites, como o PCdoB, o PSOL etc.
a resposta que temos de dar agora é mais urgente do que foi em 2013. Essa tendência política tenta descaracterizar 2013, já que o movimento
Passo agora à caracterização do movimento. estava em choque com o próprio governo do Partido dos Trabalhadores.
O POR caracteriza às Jornadas de Junho como um movimento de Essa tendência atuou no sentido da repressão, no sentido do desvio da
massa, como de fato foi, um movimento que teve um predomínio da pe- luta. Cabe lembrar que Dilma tentou emplacar uma reforma política
quena burguesia e da juventude explorada, oprimida, principalmente como resposta aos movimentos de 2013, e essa reforma foi para o bura-
aquela mais ligada aos movimentos sociais e universidades, e também co, virou nada. Uma outra tendência política importante no início do
com participação de amplos setores populares, o que significa que a movimento foi o próprio MPL, ou de forma mais geral o autonomismo,
classe operária, o proletariado, não participou desse movimento de for- que fracassou completamente. O MPL puxou as manifestações, come-
ma organizada. É curioso que vemos algumas análises, por exemplo çou com as manifestações, mas abandonou o campo de batalha no auge
do André Singer, um petista, dizendo que “o proletariado foi para as da luta, dois dias depois do Alckmin junto com Haddad declararem que
ruas”, mas o fato de ter proletários nas ruas, ter trabalhadores explo- não haveria aumento, o MPL se retirou, declarou que não participaria
rados nas ruas, não significa que seja o proletariado, não significa que mais do movimento e não chamaria mais manifestações. Isso foi uma
seja a classe operária nas ruas, e isso porque a classe atua de forma capitulação absurda, uma traição absurda, mas não devemos dar mais
organizada enquanto classe, não enquanto indivíduos. Nesse sentido, o importância ao MPL do que de fato ele tem, o que é mais importante
proletariado não atuou, porque não estava organizado e não participou aqui são as duas próximas tendências políticas: o centrismo e as buro-
com as suas reivindicações próprias, com programa próprio de defesa cracias sindicais, que são braços do reformismo.
das suas condições de vida. Aquilo que nós chamamos de centrismo, partidos que oscilam entre
Foi um movimento que levou as massas às ruas devido às condições o marxismo e o reformismo, que fazem discursos com teor marxista,
concretas de crise, tanto crise política, quanto crise econômica. A crise revolucionário, mas colam com reformismo nas eleições, nos apoio a
econômica, que é a mais importante, começava a se manifestar no Bra- certas políticas ou se submetem aos conciliadores. Essa tendência polí-
sil, como reflexo da crise mundial, que se iniciou em 2008, nos Estados tica se prostrou diante das massas, o que significa que não foi capaz de
Unidos, o centro do capitalismo Mundial e se espalhou pelo restante levantar uma frente de luta para poder impulsionar e direcionar esse
do mundo, se manifestando nos diferentes países. No Brasil, a crise co- movimento, não foi capaz de levantar as bandeiras concretas para os
meça a chegar justamente em 2013. Podemos ver isso na tendência de- trabalhadores, que era a bandeira do salário mínimo vital. Perceba que
crescente do PIB do país, que era de queda, ainda que positivo. No ano essa tendência que reivindica do Marxismo, volta e meia falam do sa-
seguinte passa a ter um PIB negativo no último trimestre, e depois em lário do DIEESE, que deveria hoje aproximadamente R$6.500, mas no
2015 o PIB negativo o ano todo, ou seja, um ano de recessão. Em 2016 momento concreto em que essa bandeira deveria ser colocada, não foi.
um novo ano de recessão, o que nos mostra que em 2013 já era uma Não trabalharam por formar uma frente de luta, com a defesa dos salá-
tendência de queda, uma tendência de aprofundamento da crise capi- rios, que responderia às reivindicações das massas, responderia à ques-
talista no país. E uma crise política que começava a se desenhar, com tão das tarifas, da saúde e da educação. Por último, o maior responsável
o PT no poder, e refletia a decomposição dos governos petistas, através pela ausência do proletariado dessa luta foram as burocracias sindicais.
de uma série de denúncias de corrupção, tanto da oposição, quanto da Aí está o grande problema, as burocracias que dirigem os grandes sin-
situação, um governo que começava a fazer gastos astronômicos com dicatos não foram capazes de organizar os trabalhadores diante de um
a Copa do Mundo, que naquele ano se manifestava em relação à Copa dos maiores levantes de massa no último período. As burocracias não
das Confederações, com desalojamentos, desocupações, para construir foram capazes de organizar os trabalhadores. Chegou a haver uma ten-
estádios, podemos lembrar a luta que teve em Natal, no Rio Grande do tativa frustrada no dia 11 de Junho, tratava-se de um Dia Nacional de
Norte, a luta que teve no Rio de Janeiro, por conta das desocupações Paralisação, chamado pela Força Sindical, vejam que interessante, e a
que eram feitas em nome da Copa do Mundo. Além disso, já se gestava CUT teve que ir a reboque da Força Sindical. Houve até uma disputa
a PL 4330, que era a oficialização da terceirização no país, vindo pelas burocrática, a CUT querendo adotar a reforma política e reivindicações
mãos do PT. É bom lembrar que o governo Temer foi quem concluiu voltadas ao Parlamento. A Força Sindical chegou ameaçar com o “Fora
a tarefa de implantar a terceirização, mas começou no governo Dilma, Dilma”. Chegaram a um acordo e as burocracia se juntaram numa
e hoje vemos a profunda crise trabalhista por conta da terceirização, paralisação que fracassou. E por que fracassou? Porque foram levan-
que está penetrada em todos os setores, em todas as categorias, fazendo tadas bandeiras que conduziam às disputas parlamentares. As massas
com que os salários sejam profundamente rebaixados e as condições de olharam para aquelas reivindicações e se perguntaram: por que que eu
trabalho sejam ainda mais precária do que antes. Então vemos que foi vou parar? Por que vou fazer greve? Afinal, eram reivindicações que
uma profunda crise econômica e política, o que está em choque com a não resolveriam seus problemas. Aí se vê que os grandes responsáveis
análise que foi feita antes aqui (PCdoB), de que o Brasil ia de “vento pelo desvio da luta foram justamente as burocracias sindicais, que fre-
em popa” etc. Essa ideia, de que estava tudo bem, tudo avançando está aram o movimento, não organizaram as assembleias para poder colocar
em contradição com a própria realidade. os trabalhadores em luta por um programa próprio de reivindicações e
A ausência da classe operária organizada é um dos elementos fun-
com seus próprios métodos. ”
damentais dessa caracterização, o que reflete a ideia principal que é a O tempo se esgotou e tivemos de concluir a intervenção no
da crise de direção revolucionária do proletariado. O ano de 2013 não segundo bloco. O essencial foi retomar a ideia de que o debate
pode ser entendido de outra forma, se não uma manifestação concreta só faria sentido se fosse para assimilar criticamente a experiência
e trabalhar para superar a crise de direção do proletariado. A
da crise de direção do proletariado, sendo justamente essa crise que
situação econômica, política e organizativa dos explorados é
fizesse com que o movimento fosse disperso, carregado de bandeiras e
ainda pior que há 10 anos. As burocracias atingiram um grau de
reivindicações difusas e confusas, uma tendência apartidária, que in-
conciliação com o patronato que nunca foi visto. Nesse sentido, se
clusive veio desde o MPL, mas que tomou parte das massas. Avanço impõe a tarefa de formar as oposições classistas e revolucionárias
agora para a análise crítica das diferentes tendências políticas presen- no interior dos sindicatos para combater a conciliação de classes,
tes no movimento. varrer com a burocracia traidora e organizar a classe operária e
Vamos colocar as diferentes tendências políticas em grandes gru- os demais trabalhadores para lutar por um programa próprio de
pos, ou seja, não vou falar obviamente de cada uma das correntes e par- reivindicações.
Análise e rejeição às Resoluções do gárquicas nos marcos de uma profunda crise econômica, social e
política. É a esse governo que a direção da UNE pretende manter
CONEG subordinados o movimento estudantil universitário e o da juven-
tude oprimida em geral. Como se pode constatar, as resoluções
As resoluções do 69º CONEG expressam uma estratégia políti- do CONEG forjadas pelo PCdoB, PT e aliados têm por estratégia
ca, que é a de apoio ao governo Lula. A direção da UNE, composta o apoio ao governo burguês de frente ampla, e, por tática, a cola-
majoritariamente pelo PCdoB e PT, oculta o conteúdo de classe da boração de classes.
estratégia e a coloca como se fosse uma simples tática de opor a A estratégia de defesa do governo Lula é oposta à necessidade
“democracia” ao perigo do “fascismo”. Nesse mesmo sentido, es- de a classe operária se emancipar do domínio social, ideológico e
ses partidos não se veem obrigados a apresentarem ao Congresso político exercido pela minoria capitalista sobre a imensa maioria
da UNE uma caracterização do governo montado por Lula. Assim, oprimida. O que coloca a tarefa histórica da luta político-organi-
o PCdoB, PT e aliados jogam com a necessidade de combater a zativa pela estratégia própria do proletariado, que é estabelecida
ultradireita fascitizante, encarnada pelo bolsonarismo, abstraindo pela necessidade da revolução social. A classe operária, os campo-
o conteúdo burguês da disputa entre frações capitalistas oligárqui- neses pobres e as camadas arruinadas da classe média urbana es-
cas pelo controle do Estado e, portanto, pela fisionomia do regime tão obrigadas a se organizar e lutar no terreno próprio da maioria
político. oprimida.
As forças governistas que comandam a UNE necessitam man- Há muito a história social do Brasil evidenciou a necessidade
ter as organizações estudantis subordinadas ao governo Lula, sem da aliança dos explorados da cidade e do campo para enfrentar
dizer que se trata de um governo burguês, por seu conteúdo de a opressão capitalista, que se realiza tanto por meio da democra-
classe e de centro-direita por sua forma constitutiva, definida em cia oligárquica, quanto da ditadura fascistizante. As Resoluções
grande medida pela frente ampla vitoriosa nas eleições. Quando da direção da UNE para o CONEG, no entanto, procuraram dar a
Bolsonaro estava no poder, a direção da UNE subordinou o mo- ideia de que o movimento estudantil não tem outra via a não ser
vimento estudantil à oposição burguesa, da qual o PT e Lula con- seguir os passos dos partidos democrático-burgueses e pequeno-
formavam seu principal pilar, no que diz respeito à capacidade -burgueses. No fundo, se repete a velha política social-democrata
de utilização das organizações operárias, camponesas, populares e e estalinista de subordinação das organizações dos explorados e
estudantis para arregimentar os explorados por detrás de uma das oprimidos à democracia burguesa, que se traduz na tática de alian-
variantes da política burguesa, que concluiu estruturando o atual ça dos explorados com uma das frações de seus exploradores. Está
governo de frente ampla. implícita nessa diretriz a negação da democracia dos oprimidos,
Não se pode desvincular as resoluções do 69º CONEG da po- da aliança operária-camponesa, da luta por um governo operário
lítica anterior do tipo de oposição desenvolvida contra o governo e camponês e pela ditadura do proletariado – tática e estratégia
da ultradireita, que teve por bandeira a “defesa da democracia” que correspondem ao programa da revolução social, que livrará os
e, portanto, da montagem de uma frente ampla, que hoje se ins- explorados da ditadura de classe da burguesia, que se impõe tanto
talou no Palácio do Planalto, na forma de um governo burguês pela via do regime democrático, quanto do ditatorial, tanto sob um
de centro-direita, que expressa conjunturalmente as divisões oli- governo democratizante, quanto um fascistizante.
No Jornal Massas anterior, iniciamos a campanha dos 34 anos do Partido Operário Revolucionário (POR),
fundado em 1 e 2 de julho de 1989. Abrimos expondo as bases programáticas e seu vínculo internacional com
a integração ao Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI), particularmente com
Guillermo Lora, dirigente do POR boliviano, quando o partido dava seus primeiros passos. Neste jornal,
faremos uma síntese dos dois primeiros Congressos, da Resolução de rompimento com o PT e do folheto “O
reformismo do PT e a falência das esquerdas”. Nos primeiros documentos, comparecíamos como Tendência, daí
a sigla T-POR. A partir da aprovação do programa, em 1993, passamos a assinar como POR.
Nesta edição:
- Argentina:
8,4% de inflação em abril, 108,8% no ano!
Precisamos de um plano de luta nacional! Há
que paralisar o país!
- Trotsky:
O programa de paz
O Programa de Paz
(Leon Trotsky, novembro de 1917)
NOTA DO EDITOR: “O Programa de Fraina. A presente tradução, igualmente resumida, foi cuidadosa-
Paz” foi originalmente escrito como uma sé- mente revisada e baseada na edição soviética final dos escritos de
rie de artigos por Trotsky em 1915-1916 no Trotsky naquele período.
jornal internacionalista que ele editava em
Paris, Nashe Slovo. Em forma revisada, os Apresentação
artigos foram publicados na imprensa bol-
chevique na Rússia em junho de 1917 e publi- O Governo Provisório (segunda versão) declarou que preten-
cados como panfletos. Ele apareceu pela pri- dia preservar uma paz sem anexações, sem reparações de guerra
meira vez de forma abreviada em inglês no e com a garantia do direito à autodeterminação nacional. Para as
volume “A Revolução Proletária na Rússia, almas simples, essa fórmula pode parecer uma solução magnâni-
por Lênin e Trotsky”, publicado em 1929 sob a direção de Louis C. ma para a questão, particularmente depois do descaramento im-
de 18 de junho a 1º de julho - 2023 – MASSAS – 25
Internacional CERQUI Trotsky
perialista de Milyukov. Mas qualquer pessoa familiarizada com anexações” dirigido aos aliados (palavra de ordem ofensiva ou
as fórmulas anglo-francesas (da empresa Lloyd George-Briand-Ri- pretexto para conversações de paz), este programa não nos inspira
bot) vê esta declaração do Governo Provisório apenas com uma senão uma total desconfiança. Renaudel já explica aos seus patrões
saudável desconfiança. Desde a criação do mundo, nunca as clas- (as classes dominantes) que só vai a Estocolmo para descobrir as
ses dominantes mentiram tanto quanto durante a guerra atual. intenções dos socialistas alemães e convencer os trabalhadores
“Esta guerra é uma guerra travada pela democracia”, “Esta guer- franceses e aliados da necessidade absoluta de continuar a guerra
ra é uma guerra pela paz e pela aliança dos povos”, “Esta guerra “até ao fim”. Devemos pensar que Scheidemann também tem um
será a última guerra”. Sob a máscara dessas palavras de ordem, plano semelhante. Nada nos garante que a conferência será dedi-
esconde-se o progressivo envenenamento dos povos, um após o cada às conversações de paz. Evidentemente, também pode ser o
outro. Quanto mais despudorado e cínico for o sentido histórico meio para acender o fogo mal extinto das paixões chauvinistas.
desta luta imperialista, mais os governos tentam disfarçá-la com Nestas condições, seria um crime da nossa parte convencer as mas-
fórmulas de efeito. A burguesia norte-americana está envolvida na sas a darem a sua confiança à Conferência de Estocolmo e a desvia-
guerra, defendendo seu sagrado direito de abastecer a Europa com rem a atenção do único caminho, isto é, o caminho revolucionário,
armamentos e se enriquecer com sangue europeu: o que é mais para a paz e a fraternidade dos povos.
natural para o apóstolo democrático Wilson do que pôr em marcha A iniciativa de convocar a Conferência está nas mãos do Comitê
os corifeus do pacifismo. Executivo dos Conselhos de Delegados Operários e Soldados. Isso
Os sociais-patriotas trabalharam arduamente para elaborar dá ao empreendimento uma grande dose de ambiguidade. Não
fórmulas fortes; esse é, aliás, o seu papel principal no mecanis- sendo uma organização revolucionária, o Comitê, no entanto, fala
mo desta guerra. Ao propor às massas objetivos como “defesa em nome das massas profundamente revolucionárias. Ao mesmo
da pátria”, ou “estabelecimento de arbitragem internacional”, ou tempo, e aproveitando a falta de informação das massas, à frente
“libertação dos povos oprimidos”, o social-patriotismo vincula a do Comitê estão os políticos cheios de ceticismo pequeno-burguês
solução desses problemas à vitória de seu próprio país. Mobilizou e desconfiança em relação ao proletariado e à revolução social.
incansavelmente palavras de ordem idealistas em prol dos interes- A Izvestia Sovieta, sob pressão da crítica internacionalista, diz:
ses do capitalismo.
Não faria sentido convocar uma conferência de diplomatas so-
O caráter sem-solução da guerra, a destruição econômica ge- cialistas que se sentariam à mesa para refazer o mapa da Europa.
ral, o crescente descontentamento e impaciência das massas (que Uma tal Conferência não só não daria qualquer resultado positivo,
acabam de ser expressos com um início magnífico: a revolução na como causaria grandes danos ao dividir os socialistas dos diferen-
Rússia), tudo isso obriga os governantes a procurarem um meio de tes países, enquanto suas opiniões não ultrapassem os problemas
acabar a guerra. nacionais.
É claro que o melhor final seria a “vitória decisiva”. Os impe- Apenas uma outra Conferência daria frutos, aquela na qual
rialistas alemães mostram que, sem vitória, o regime está amea- cada um dos grupos participantes sentisse, desde o início, uma
çado. Os nacionalistas franceses fazem a mesma manifestação em unidade do grande exército do trabalho, unidos numa obra co-
relação à França. Mas, quanto mais a guerra se arrasta, menos pos- mum com esforços comuns.
sível¹ parece uma “vitória decisiva”, mais o humor dos líderes, e
É assim [conclui Izvestia Sovieta]. Vamos levar a questão ao
de seus auxiliares, os sociais-patriotas, fica sobressaltado. O final
Comitê Executivo.
da guerra devido a um acordo por exaustão (à custa das pequenas
nações), bem como o restabelecimento da Segunda Internacional Izvestia não considera esta simples circunstância: que o Comitê
pelo perdão mútuo das faltas cometidas, é o problema mais espi- Executivo está intimamente ligado à diplomacia capitalista russa
nhoso para a diplomacia social patriota. e, por meio dela, à diplomacia aliada. Declarando-se “em princí-
pio” pela divisão da unidade nacional, o Comitê Executivo se es-
Os governantes sentem a necessidade imperiosa da paz. Mas,
força para fortalecer a unidade nacional de seu próprio país. Com
ao mesmo tempo, temem, porque sabem que, no dia em que as
tais começos, a Conferência, mesmo que se realizasse, só poderia
conversas começarem, será também o dia do acerto de contas. É
revelar sua impotência. Seria leviandade e cegueira assumir, pe-
por isso que a diplomacia oficial não vê com desconfiança os so-
rante as massas, a responsabilidade por um empreendimento cuja
cial-patriotas que se aventuram sobre o frágil cristal das propostas
própria base padece de ambiguidade e falta de princípios.
de paz. É claro que se estabelece uma distância prudencial entre
eles e os poderes constituídos em caso de fracasso. Neste teste se- Para nós, um programa de paz é um programa de luta revolu-
mioficial do terreno está a Conferência “Socialista” em Estocolmo. cionária levado a cabo pelo proletariado contra as classes dirigen-
tes. Os socialistas revolucionários formularam os princípios dessa
A contradição interna desta conferência é mais clara na política
luta em Zimmerwald e Kienthal. Agora, temos menos motivos do
do Governo Provisório. Em nome do programa de “paz sem ane-
que nunca para nos ajoelharmos diante dos “princípios” de Ke-
xações”, Terechenko convence os imperialistas aliados a concordar
rensky e Tsereteli. Entramos numa época de poderosas convulsões
com um modo de vida honroso, Kerensky, sem esperar pelos fru-
revolucionárias. As políticas de compromisso e aventureirismo
tos dessa conversão, prepara o exército para a ofensiva, e Tserete-
serão rapidamente eliminadas. Marchar à altura do movimento
li e Skobelev correm para negociações de paz em Estocolmo. Às
da história só é possível através de um partido que elaborou seu
exortações de Terechenko, o embaixador italiano respondeu com
programa e tática sobre o desenvolvimento da luta social e revo-
uma declaração de protetorado sobre a Albânia. Ribot repete que
lucionária mundial, levada adiante, em primeiro lugar, pelo pro-
uma vitória completa é indispensável, negando-lhes os passapor-
letariado europeu.
tes aos socialistas convidados a Estocolmo pelos colegas de Ribot.
Seja qual for o objetivo com que se leva o programa de “paz sem Petrogrado, 25 de maio de 1917
¹ Neste estudo da situação militar não levamos em consideração o papel exercido pelos EUA, cuja intervenção armada provocou a derrota alemã. [Nota
de Trotsky à edição de 1922].