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Julho Amarelo: atenção às hepatites virais

Quadros podem levar ao câncer de fígado ou prejudicar o fígado; veja como prevenir e
identificar possíveis sinais da doença

A hepatite é uma grave inflamação do fígado que pode ter diversas causas. A doença
causa a destruição das células do fígado, com diversas consequências ao organismo. A
fim de alertar para a prevenção das hepatites virais, a campanha “Julho Amarelo” busca
chamar atenção para os diversos tipos deste mal, que é uma das principais causas de
câncer de fígado.

No Brasil, três milhões estão infectados pela hepatite C, mas não sabem, segundo o
Ministério da Saúde. Os dados apontam que em 2017 foram 40 mil novos casos. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 3% da população mundial
seja portadora de hepatite C crônica.
Levar a população a saber sobre um quadro como este é considerado um desafio, diz o
ministério. Por isso, a recomendação é de realizar exames em todas as pessoas com mais
de 45 anos. O teste pode ser feito em qualquer posto de saúde, e o tratamento para todos
os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado, está disponível pelo
SUS.

As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em


locais com condições precárias de saneamento básico, de higiene pessoal e dos
alimentos; pela relação sexual desprotegida; pelo contato com sangue contaminado (por
seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos
perfurocortantes); da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical); e por
meio de transfusão de sangue ou hemoderivados (medicamentos derivados do sangue ou
plasma humanos preparados com base em hemocomponentes).

Os sinais mais comuns que podem sugerir a presença das hepatites virais são olhos e
pele amarelados, cansaço, febre, mal-estar, tontura, vômitos, dor abdominal, urina
escura e fezes claras. Pelo difícil diagnóstico, há pacientes que não sabem que estão
infectados, não fazem o tratamento e disseminam a doença.

A vacina é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B. Quem se imuniza


para o tipo B se protege também para o tipo D. Não existe vacina contra hepatite C, mas
há tratamento com índice de cura superior a 90%.
Hepatite A
O tipo mais comum no Brasil, essa hepatite é causada pelo vírus A (HAV), que causa
inflamação no fígado. Na maioria dos casos, a Hepatite A não causa sintomas em,
quando aparecem, costuma ser entre 15 e 50 dias após a infecção. Em casos raros, pode
causar insuficiência hepática e até morte.

O vírus da Hepatite A é transmitido via fecal-oral, por meio de água ou alimentos


contaminados, ou por contato com pessoas infectadas, como em relações sexuais, por
exemplo.

A Hepatite A deve ser tratada com nutrição adequada, muita hidratação e repouso, além
de acompanhamento médico. Em alguns casos, é necessária hospitalização.

Hepatite B
Esse tipo é causado pelo vírus HBV da hepatite, presente no sangue e em secreções. A
hepatite B é considerada também uma doença sexualmente transmissível.

Inicialmente, ela se manifesta como uma infecção aguda que, na maioria dos casos,
some em até seis meses após a aparição dos primeiros sintomas, devido aos anticorpos
chamados anti-Hbs, presentes no corpo humano. Por isso, é considerada uma infecção
de curta duração.

Em alguns casos, as infecções permanecem após esse período mantendo a presença do


marcador HBsAg no sangue. Quando isso acontece, a doença passa a ser considerada
crônica. Em crianças, o risco de a infecção se tornar crônica é maior, por isso é
necessária a testagem em gestantes durante o pré-natal.
Entre os adultos, entre 20% e 30% dos infectados de maneira crônica desenvolvem
cirrose ou câncer de fígado.

O tratamento de hepatite B é realizado com antivirais específicos. Além disso, a pessoa


infectada deve evitar o consumo de bebidas alcóolicas.

Para esse tipo de hepatite, a melhor forma de prevenção é a vacina, que atualmente é
prevista no calendário de imunização infantil.

Hepatite C
Segunda forma mais comum da hepatite, a C pode se manifestar de maneira aguda ou
crônica, sendo essa segunda forma a mais diagnosticada. A Hepatite C crônica evolui de
maneira silenciosa, resultando em quadro inflamatório persistente do fígado do paciente.

Cerca de 80% das pessoas contaminadas com a Hepatite C não apresentam sintomas da
doença. Por isso, a enfermidade, geralmente, é descoberta apenas em sua fase crônica.
Por este motivo, a testagem espontânea da população é extremamente importante.

A Hepatite C pode ser transmitida pelo contato com sangue contaminado (devido ao
compartilhamento de agulhas e seringas, por exemplo), relações sexuais sem uso de
preservativos e transmissão de mãe para filho durante a gestação.

Ela não é transmitida pela comida, água, leite materno ou contato casual, como abraços,
beijos e apertos de mãos.

Para este tipo de hepatite, ainda não existe prevenção via vacina.

Hepatite D
Conhecida também como Delta, a Hepatite D está diretamente associada à presença do
vírus da Hepatite B na pessoa infectada. A infecção pelo vírus HDV pode acontecer de
duas maneiras:

- Coinfecção simultânea com o vírus da Hepatite B;

- Superinfecção do vírus da Hepatite D em uma pessoa que já tenha infecção crônica


pelo vírus da Hepatite B;

A forma crônica da Hepatite D é considerada a mais grave entre as hepatites virais


permanentes, pois ela evolui mais rapidamente para a cirrose, além de aumentar as
chances de descompensação, câncer e óbito.

A exemplo das outras hepatites, a D só costuma apresentar sintomas em estágios


avançados.

Hepatite E
Esta forma de hepatite é causada pelo vírus HEV. O portador da hepatite E costuma ter
a doença de maneira curta (duas a seis semanas) e autolimitada. Na maioria dos casos, a
doença costuma ser considerada de caráter benigno, e raramente evolui para a forma
crônica. Em gestantes, a Hepatite E pode ser grave.

Em crianças, a Hepatite E geralmente não apresenta sintomas. Em alguns casos, surgem


sintomas leves.
A Hepatite E pode ser transmitida através de ingestão de carne mal cozida ou de outros
produtos de origem animal. Também pode ser transmitida pelo compartilhamento de
objetos que contenham sangue infectado e da mãe para o bebê durante o período de
gestação.

É ESSENCIAL FICAR ATENTO AOS SINTOMAS QUE PODEM INDICAR


ALGUM TIPO DE HEPATITE VIRAL.
COMO PREVENIR

“Nos vírus de transmissão fecal-oral é muito importante lavar bem os alimentos crus
antes do consumo, lavar bem as mãos antes de se alimentar e, após, utilizar o banheiro.
Para os demais vírus, é muito importante não compartilhar agulhas, usar preservativo
para relações sexuais. Evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como escovas de
dente e talheres”, diz ela.
Além disso, para a prevenção de hepatites é necessário:
- Usar preservativos nas relações sexuais;
- Não compartilhar objetos que possam ter entrado em contato com sangue, como
seringas, agulhas, escova de dentes, alicates de cortar unhas, materiais de tatuagem, etc;
- Não compartilhar seringas e agulhas;
- Gestantes devem fazer, no pré-natal, exames para detectar hepatites B e C, além de
HIV e Sífilis;
A doutora Ariani ressalta ainda que portadores de hepatites “podem ter uma vida
normal, a única restrição é com relação à doação de sangue, que não pode ser
realizada”.
Ela também afirma que todos estão sujeitos à infecção aos vírus da hepatite, não
existindo um grupo mais propenso. Por isso, informar-se sobre as hepatites virais é uma
arma fundamental no combate à doença.

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