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APOSTILA DE DESENHO TÉCNICO

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Design Ambientes
Design Gráfico
Design Produto
Artes Visuais

Profa Rosemary do Bom Conselho Sales -Dra


Profa Solange Andere Pedra - Ma
Prof. Glauco Honório Teixeira - Me

____________________________________________________________________________

Belo Horizonte
Março 2023

1
INTRODUÇÃO

A origem e importância da geometria está diretamente ligada a evolução da humanidade. Sua presença foi
percebida por vestígios históricos encontrados em várias regiões como no Egito, Suméria e Babilônia, civilizações
situadas ao sul da Mesopotâmia, atual Iraque e Kuwait. Também foram encontrados traços na Grécia, cidade
considerada o berço da geometria. Ao longo da história, vários filósofos e matemáticos se dedicaram ao seu
estudo, dentre eles, Tales de Mileto, que viveu por volta de 600 anos antes de Cristo. Porém os estudos
adquiriram força nas escolas de Pitágoras, Aristóteles e Platão, onde Euclides de Alexandria organizou e
sistematizou estes conhecimentos em uma obra que ficou conhecida como “Os Elementos”. Os registros se
tornaram referência para diferentes pesquisadores cujo desenrolar se mostra vivo e atuante até os dias de hoje.
A palavra geometria está ligada ao antigo método grego de medir e desmarcar as terras e da junção das palavras
gregas geos (terra) e metron (medida), ou seja, medida da terra. Sua importância se dá principalmente pela
contribuição para a evolução da matemática e da astronomia. Por isso a geometria teve grande influência na
arquitetura, na construção de monumentos, templos e nas pirâmides do Egito, além de exercer forte influência
na religião.

Contudo, o inegável papel da geometria e sua aplicabilidade em projeto, estão claros nos conceitos básicos do
pensamento lógico e estético, sendo ela a base, do projeto seja pelo rigor matemático, pela visão espacial, ou
pelos elementos a ela atribuídos como: ponto, reta, planos, arestas, faces e vértices. A geometria também possui
um rigor estético claramente percebido no desenrolar do projeto ou da ideia, pois ela funciona como acionador
do raciocínio lógico. Todos estes elementos, em conjunto, formam a base teórico/conceitual do desenho técnico
e desenvolvimento de projetos. Nesse sentido, tanto a geometria quanto a visão espacial tornam-se
fundamentais, nesse campo do conhecimento, uma vez são elas que contribuem para o entendimento dos
contextos gráficos apresentados em livros, em projetos e também nas interfaces computacionais.

De fato, perceber a relação entre a representação plana dos desenhos com as interfaces computacionais, não é
tarefa simples, requer empenho e dedicação. Contudo, ela não é necessariamente uma capacidade inerente do
ser humano, ela também pode ser aprendida e desenvolvida. Ao mesmo tempo, a falta da visão espacial é um
dificultador para a criatividade e para o desenvolvimento de novas ideias, ao mesmo tempo em que a
visualização o espaço contribui para o crescimento e amadurecimento intelectual, não só de cunho matemático,
mas estético e criativo. Desse modo, a compreensão dos conceitos da geometria contribui para formar
profissionais mais preparados e habilitados para utilizar os recursos de um pensamento organizado, visto que
eles são essenciais para a leitura do mundo pelos olhos das outras ciências que interagem com o projeto.

O caráter deste material didático, portanto, é uma contribuição para alunos e professores dos cursos de design
e áreas afins, para uma melhor compreensão dos processos geométricos, do raciocínio lógico/espacial, para

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aplica-lo no desenvolvimento de projetos. O aprendizado é gradual e acumulativo, envolvendo todas as etapas
de amadurecimento do raciocínio. O conjunto dos conteúdos apresentados serão um desafio particular para
cada estudante que poderá desenvolve-lo no seu ritmo em um aprendizado natural e espontâneo. A abrangência
das informações apresentadas, são importantes para o amadurecimento das aptidões necessárias para iniciar os
desenhos de projetos desejamos a todos bons estudos.

Profa Rosemary Bom Conselho Sales - Dra


Profa Solange Andere Pedra - Ma
Prof Glauco Honório Teixeira - Me

3
GEOMETRIA PLANA

O ponto é considerado o menor elemento da geometria sendo ele a origem das demais formas geométricas.
Apesar de sua importância, o ponto é considerado um conceito simplista. Não existe problema ou forma
geométrica que envolva somente o ponto, existe, no entanto, um conjunto de elementos que compõe um
determinado problema ou forma. Por isso é importante compreender a sua representação no espaço, pois
raciocínio idêntico é dado aos outros elementos da geometria.

A reta pode ser definida como uma infinidade de pontos dispostos em sequência. Não é difícil perceber
que sobre um ponto passam infinitas retas, porém sobre dois pontos distintos existe apenas uma reta. Três
pontos, não alinhados, consequentemente, definirão um plano e toda reta que passar por dois destes pontos
estará contida no plano.

Neste contexto, os pontos, as retas e os planos são elementos que permitem criar e representar
diferentes objetos e padrões de simetria da natureza, assim como permitem resolver problemas práticos do dia
a dia por meio de elaborados diagramas geométricos. A seguir, de forma simplificada serão introduzidas as
definições das formas geométricas mais utilizadas.

Linha poligonal: a linha poligonal pode ser aberta ou fechada, quando ela é fechada tem-se um
polígono.

Aberta Fechada

Polígono regular: um polígono regular possui ângulos internos, cujos múltiplos inteiros formam 360°.

Pentágono: cinco lados Octógono: seis lados Hexágono: oito lados

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Triangulo: o triângulo é definido por três pontos não colineares e três segmentos de reta que se encontram
nas extremidades.

Triangulo escaleno: três lados Triangulo equilátero: três lados Triangulo isósceles: dois lados
desiguais congruentes congruentes

Triangulo retângulo: um ângulo reto

Quadrilátero: quadrilátero é um polígono simples de quatro lados, cuja soma dos seus ângulos internos
é igual a 360∘

Trapézio escaleno - dois lados


Trapézio isósceles - lados não Trapézio retângulo - dois
opostos paralelos e dois não
paralelos congruentes. ângulos retos.
paralelos.

Paralelogramo: paralelogramos, são quadriláteros que possuem dois pares de lados opostos e
paralelos.

Losango - lados paralelos e


Retângulo - lados paralelos Quadrado - lados paralelos e
congruentes diagonais
ângulos retos. congruentes ângulos retos.
perpendiculares.

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Reta: a ideia de reta é a de um ponto que se desloca no espaço mantendo a mesma direção.

Semirreta: um ponto qualquer divide uma reta em duas partes distintas, estas partes, recebem o nome de
semirretas.

Posição absoluta de uma reta – é a posição que uma reta ocupa isoladamente no plano, está relacionada com a
linha do horizonte, e pode posicionar-se de três formas: horizontal, vertical e inclinada.

Horizontal

Inclinadas
Vertical

Segmento de reta – é parte de uma reta formada por dois pontos extremos, um ponto inicial e um ponto
final).

A B

Segmentos consecutivos colineares – são segmentos que pertencem a uma mesma reta e possuem uma
extremidade comum (AB e BC são colineares e consecutivos).

A B C

Transporte de segmento - consiste em construir um segmento congruente ao segmento dado: para que o
segmento AB, seja transportado para reta r (ponta seca do compasso em A e abertura igual AB, transorta-se esta
medida a partir de um ponto M, descrevendo um arco de circunferência sobre a reta r, obtem-se assim, N (MN
= AB

6
N r
A B
M

Ponto médio: é o ponto que pertence ao segmento e que está à mesma distância das extremidades, dividindo
esse segmento em duas partes congruentes (iguais).

M
A B

Mediatriz: é a reta perpendicular ao segmento que passa por seu ponto médio, é o lugar geométrico dos pontos
equidistantes de dois pontos A e B distintos.

Mediatriz
Ponto médio

A B
M

APLICAÇÃO PRÁTICA

1 – Exercício resolvido: construir a mediatriz de um segmento AB: centro em A e centro em B, traçar dois arcos
de circunferência, de mesmo raio R (arbitrário e maior que a metade de AB, os arcos vão se cruzar nos pontos C
e D definindo a mediatriz do segmento.

A A A
B B B
R

7
2 - Exercício resolvido sobre retas paralelas: duas retas de um plano são paralelas quando não possuem ponto
comum. Por um ponto A dado, traçar uma reta paralela a outra reta r determinada. Centro em A e raio qualquer
R, traça-se um arco determinando o ponto B na reta. Centro em B e mesmo raio R traça-se outro arco passando
pelo ponto A. Toma-se a medida AC e centro em B obtém-se o ponto D, por AD traça-se a paralela a r.

A A A A
D
R
R

C
r r B r B r

3 - Exercício resolvido sobre transporte gráfico de ângulos: ângulo é a figura formada por duas semirretas de
mesma origem (vértice), as semirretas também são conhecidas como lados do ângulo. A medida usual de um
ângulo é o grau (o) e o instrumento usado para medi-lo é o transferidor de ângulos.

Construir um ângulo congruente (mesma medida) a partir de um ângulo dado. Faz-se o transporte de um arco
de raio arbitrário R1, com centro no vértice do ângulo, centro em B e arco de raio R2 (obtido no ângulo dado)
traça-se o arco BA. O ângulo AOB é congruente ao ângulo dado.

A A
R1

R2

R1

R2

V B
O O B O
Ângulo dado

8
4 – Exercício resolvido: sobre Bissetriz: bissetriz é o segmento que divide o ângulo em duas partes iguais.
Para traçar a bissetriz a partir de um ângulo dado, centra-se o compasso em O com raio qualquer R1 traça-se um
arco e define-se os pontos CD. Centro em C e depois em D (com mesmo raio) traça-se dois arcos, no cruzamento
define-se o ponto M. Segmento OM é bissetriz do ângulo.

A A A A
D D
M M

O O O O
B C B C B B

ÂNGULOS

5 – Exercício resolvido: sobre divisão de ângulos: por intermédio da bissetriz é possível dividir um ângulo em 2,
4, 8 etc. partes iguais, no entanto para dividi-lo em três partes utiliza-se o arco.
Para dividir um ângulo reto em três partes Iguais, traça-se um arco de raio qualquer AB. Centro em A e mesmo
raio obtém-se o ponto C. Centro em B e mesmo raio obtém-se o ponto D . O arco AC = 60o, o arco AD = 30o

A A A A
D

C
R
R

o B o B o B o B

6 - Exercício resolvido: sobre construção de ângulos múltiplos de 15º a partir de um ângulo de 90o dado –
construção de 15o, 30o, 60O e 75o.

30° 15°

A A
75
°
60
°

B X B
O

9
Construção de um ângulo de 30o e 60°: trace um arco de abertura qualquer a partir de O e determine os pontos
AB. Com a mesma abertura em B, trace um arco e determine o ponto X no arco, com a régua trace a semirreta
com vértice em O, passando pelo ponto X.
Construção de um ângulo de 15° e 75o: trace os ângulos de 30o e 60°, encontre a bissetriz do ângulo de 30o e
determine dois ângulos de 15o. O resultado são os ângulos de 15o, 30o, 60O e 75o

7- Exercício resolvido: sobre divisão de segmentos em partes proporcionais: as medidas entre segmentos de
reta são proporcionais quando a razão entre essas medidas, seguindo uma ordem preestabelecida, tem o mesmo
resultado.
Teorema de Tales: é uma teoria aplicada na geometria plana e demonstra que existe uma proporcionalidade em
um feixe de retas paralelas cortadas por retas transversais a elas.

a m
Sendo as retas r, s, t e u paralelas, os segmentos a,
s
b n
b e c serão proporcionais aos segmentos m, n e p.
t

c p
u

Dividir um segmento de reta em n partes iguais: dado o segmento AB, traça-se por A e por B retas oblíquas e
paralelas entre si (AC // BD). Marcam-se em AC, a partir de A, n vezes um segmento de medida qualquer (ex. 7
vezes). Marcam-se em BD, a partir de B, o mesmo segmento o mesmo número de vezes, unir os pontos A-7, 1-
6, 2-5, 3-4, 4-3, 5-2, 6-1 e 7-1, obtém-se um feixe de linhas paralelas que divide o segmento AB em partes iguais.

C c

7 7
6 6
4 5 5
4
3 2
3
1 2 1

A B A B A B
1
2
3
4
segmento dado 5
6
7
D
D

Trabalhando com esquadros: para construção do feixe de retas paralelas de forma simplificada utilizam-se os
esquadros: traça-se apenas por A uma reta oblíquas ao segmento AB. Marcam-se em AC, a partir de A, n vezes
um segmento qualquer (ex. 7 vezes), unir os pontos B e 7 e traçam-se paralelas a B7 utilizando os esquadros,

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conforme mostrado na figura abaixo. O resultado será um feixe de linhas paralelas que dividem o segmento AB
em partes iguais.

C C C
7 7 7

6 6 6
5 5 5
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1

A B A B A B

8 - Exercício resolvido: dividir um segmento AB em partes proporcionais aos números dados m, n e p. Traça-se r
oblíqua ao segmento AB. Marcam-se m, n e p sobre a reta r, a partir do ponto A, une-se os pontos B e E
determina-se o segmento BE, traçam-se paralelas a BE.
r

p
E
D
n paralelas

m C

A B

CIRCUNFERÊNCIA

Circunferência pode ser considerada uma linha curva fechada plana, definida pelo conjunto de pontos
equidistantes de um ponto fixo chamado centro da circunferência.
Elementos da circunferência:
Centro: é o ponto equidistante de qualquer ponto da circunferência;
Raio: é a distância compreendida entre o centro e a extremidade da circunferência (ex. AO);
Corda: dizemos que os segmentos determinados por dois pontos quaisquer da circunferência são cordas da
circunferência (ex. BC);
Diâmetro: é a corda máxima que passa pelo centro da circunferência, dividindo-a em duas semicircunferências
(ex. DE); Arco: é um subconjunto da circunferência (ex. FG);
Ângulo central da circunferência: é qualquer ângulo cujo vértice se encontra no centro da circunferência (ex.
FOG).

11
F

arco FG
D
A

âng
IO
RA

ulo
O O

B G
CO
RD E
A

C DIÂMETRO
.

DIVISÃO DA CIRCUNFERÊNCIA PELO MÉTODO DE BION

9 - Exercício resolvido: divisão da circunferência em n partes iguais (processo geral ou método de Bion): traça-se
uma circunferência de diâmetro qualquer AB, utiliza-se o teorema de Tales (método simplificado) e determine
uma semirreta oblíqua a AB e divide-se em n partes iguais (ex. 11 partes). Centro em A e depois em B e raio AB,
descrevem-se dois arcos que ao se cruzarem determinam os pontos C e D. Transfere-se os pontos de divisão
central da circunferência (podendo ser os ímpares ou os pares unicamente) partindo dos pontos C e D e obtendo-
se, assim, na circunferência, 11 partes iguais da divisão procurada.

  

  


 

 



 
 


POLÍGONOS REGULARES INSCRITOS EM UMA CIRCUNFERÊNCIA

Polígonos regulares são aqueles que possuem todos os seus lados e ângulos iguais, sejam eles internos ou
externos. O polígono regular pode ser inscrito em uma circunferência. Para se inscrever em uma circunferência,
um polígono regular, basta dividir a circunferência em arcos congruentes e ligar os pontos obtidos.

10 - Exercício resolvido: dividir uma circunferência em 6 partes iguais e inscrever na mesma o polígono. Sabe-se
que o ângulo central da circunferência tem a mesma medida do arco correspondente. Assim, por exemplo, o

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lado do hexágono regular inscrito corresponde a um ângulo central de 360o/6 = 60o. O ângulo central AÔC do
hexágono regular vale 60o, daí ser equilátero o triângulo AÔC. Logo, para dividir uma circunferência em seis
partes iguais basta marcar na circunferência seis lados iguais ao raio da circunferência (centro em A e depois em
B, abertura AO traça-se dois arcos) obtém-se um polígono regular de seis lados, ou seja, um hexágono.

c d

io
Ra

°
60
A B A B A B
O O O

e f

11 - Exercício resolvido: dividir uma circunferência em 4 ou 8 partes iguais e inscrever na mesma os polígonos
correspondentes: descrever uma circunferência de raio qualquer, em seguida traçam-se dois diâmetros
perpendiculares AB e CD passando pelo centro da mesma. Traçam-se as bissetrizes dos ângulos centrais (medirão
45º), unem-se os pontos ABCD obtém-se um polígono regular de quatro lados. Unem-se os pontos AEBFCGDH,
obtém-se outro polígono regular de oito lados, ou seja, um octógono.

  

 

     
  

 

  

12 12 – 12
- Exercício resolvido: Dividir uma circunferência em 5 partes iguais: descrever uma circunferência de raio
qualquer, em seguida traçam-se dois diâmetros perpendiculares AB e CD passando pelo centro da mesma,
determina-se o ponto médio M em um dos raios construídos (ex. OB), centro em M, descreve-se um arco de raio
MC e obtendo-se o ponto E. Centro em C, transporta-se a medida de E para os lados da circunferência (CE é a
cordada circunferência), obtém-se os pontos F e I a partir deles, com a mesma medida, G e H, ligando-se os
pontos determina-se um polígono regular de cinco lados, ou seja um pentágono.

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C C C

F I
F

A B A B A B
O M E O M E O M

H
G
D D D

13- Exercício resolvido: construir uma circunferência sendo dados os pontos de passagem A, B e C. Traçam-se as
mediatrizes dos segmentos AC e AB, o encontro das mediatrizes determina o centro da circunferência (Teorema:
a mediatriz de qualquer corda da circunferência passa pelo centro da mesma).
B B B

A A A

C C C

POLÍGONOS ESTRELADOS

Os polígonos estrelados são determinados por retas suportes traçados pelos lados de um polígono convexo
qualquer (quando dois pontos deste estão inteiramente no interior do polígono). Em geometria plana o polígono
estrelar é um polígono regular equilátero, criado ao conectar-se um vértice simples de n lados do polígono a
outro vértice em uma sequência de processo até que o vértice inicial seja alcançado novamente (mantendo
sempre a mesma medida em cada salto).
14 - Exercício resolvido: dividir uma circunferência de raio qualquer em 5 partes iguais, utilizar como referência
o processo do ponto médio do raio (ex. 12). Unir os pontos determinados RGHIC, tem-se um pentágono regular
estrelado.

14
C

F I

A B
E O M

H
G
D

15 - Exercício resolvido: dividir uma circunferência de raio qualquer, em oito partes iguais (método de Bion), unir
FD, DI, IB, BG, GC, CH, HE, EF, tem-se um polígono estrelado em dois estágios formado com a sequência de saltos
(uma estrela de pontas maiores e outra interna de pontas menores).

TANGÊNCIA
Retas e circunferências tangentes: uma reta e uma circunferência são tangentes, entre si, quando possuem
apenas um ponto comum. A tangente é perpendicular ao raio que passa pelo ponto P (tangência) de contato
entre a circunferência e a reta.

O
Raio
P (ponto de tangência)

r (reta tangente)

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16 – Exercício resolvido: para traçar uma tangente a uma circunferência dada, que passe por um ponto P da
circunferência, basta traçar a perpendicular ao raio OP e que esteja tangente à circunferência nesse ponto (P).

P P
O O

17 – Exercício resolvido: para traçar uma circunferência tangente a uma reta r dada, tendo seu centro em um
ponto C dado exterior a reta, traça-se por C, a perpendicular a r, determina-se o ponto de tangência P, traça-se
a circunferência de centro C e raio CP.

C C C

P
r r r

18 - Exercício resolvido: para traçar a circunferência de raio qualquer tangente a r em T, traça-se a perpendicular
a r passando por T com a dimensão do raio dado, marca-se o TO sobre a perpendicular sendo o centro da
circunferência tangente.

Raio dado

T T
r r

19 - Exercício resolvido: de um ponto P dado fora da circunferência, traçar retas tangentes a esta circunferência.
Determina-se M, ponto médio do segmento OP, centro em M, raio MO. Traça-se uma circunferência para

16
determinar os pontos A e B, ligar os pontos PA e PB tangentes à circunferência. Eles possuem raios
perpendiculares AO e OB, ou seja, os ângulos AÔP e BÔP são ângulos retos.

O O O

P M P M P

CIRCUNFERÊNCIAS TANGENTES
Considera-se como tangentes entre si duas circunferências que possuem apenas um ponto em comum. Podem
ser tangentes exteriores quando os três pontos notáveis (centros e os pontos de tangência são colineares), ou
seja, a distância entre os dois centros e a soma dos dois raios são iguais (distância entre O1 e O2 = r1 +r2).

Ponto T

O1 O2
r1 r2

São tangentes interiores quando os dois centros e o ponto de tangência são colineares, mas a distância entre os
dois centros é igual a diferença entre os dois raios (distância entre O1 e O2 = r1 – r2).

Ponto T
O1 O2

20 – Exercício resolvido: para traçar circunferências exteriores de raio r conhecido, tangentes em um ponto M
dado. Traça-se o segmento OM e prolonga-se para determinar MO’, com tamanho igual ao raio dado, sendo a
distância entre os centros OO’ igual à soma dos raios. Cento em O’ traça-se a circunferência de raio dado
tangente exterior á circunferência no ponto M.

17
Para tangentes interiores, marca-se O’ com o mesmo raio dado, sendo OO’ igual à diferença entre os dois raios.
Cento em O’ traça-se a circunferência tangente interior á circunferência no M.

Raio dado Tangentes exteriores

O M O M O'

Tangentes interiores.

O O' M

21 – Exercício resolvido: para construir uma circunferência de raio conhecido, tangente exterior à outa
circunferência em um ponto M, passando pelo ponto N, prolonga-se o segmento OM de tal forma que (O, M e
O’) possam ficar alinhados, Sendo M e N a corda da circunferência, traça-se a mediatriz de MN, que cortará o
segmento OM determinando o centro da circunferência.

O'
M M

O N O N

22 – Exercício resolvido: para traçar uma circunferência de raio dado (r’) simultaneamente tangente a duas
circunferências dadas (casos, tangencia exterior, interior, tangentes exterior/interior).
1º caso tangente exterior: centro em O1 e raio igual a soma dos raios r1 e r’, traça-se um arco, centro em O2 e
raio igual à soma de r2 e r’, traça-se outro arco interceptando o primeiro, determina-se o ponto O’. Os pontos de
tangência serão determinados em Pt1 e Pt2, por segmentos O1O’ e O2O’

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O' O'

r'
r'

r1 +

r2 + r'
Pt1

Pt2

O1 O2 O1 O2 O1 O2

Dados

2º caso tangentes interiores: centro em O1 e raio igual a diferença dos raios r1 e r’, traça-se um arco. Centro em
O2 e raio igual a diferença dos raios r2 e r’, traça-se outro arco interceptando o primeiro e determinando o ponto
O’. Para determinar os pontos de tangência, Pt1 e Pt2, traçam-se segmentos unindo O1O’ e O2O’ e seus
prolongamentos.

r'

O' O'
r'
-r
1
r' - r

O2 O2 O2
O1
O1 O1
Pt2

Pt1

Dados

3o caso – tangentes exterior e interior a circunferência

O' O'
r1
+
r'
r2
r' -

Pt1
O2 O2
O1 O1

Pt2

CONCORDÂNCIA GEOMÉTRICA

REGRAS DE CONCORDÂNCIA:
Dizemos que um arco e uma reta estão em concordância num ponto quando a reta é tangente ao arco nesse
ponto. Nesse caso, o centro do arco está na perpendicular à reta tirada desse ponto.

19
Dizemos que dois arcos estão em concordância num ponto qualquer quando eles admitem nesse ponto uma
tangente comum. Nesse caso, os centros dos dois arcos e o ponto de concordância de tangência estão em linha
reta.

O'
T
O
O

r
T

21 - Concordar uma reta dada num ponto dado A com um arco que deve passar por um ponto B dado. Traça-se
por A uma perpendicular a reta dada r. Traça-se a mediatriz de AB. O encontro da perpendicular com a mediatriz
determina o ponto O - centro do arco de circunferência que concorda com r. Observe que temos uma reta e uma
circunferência tangentes.

O O
B B B
B

A A A
A

r r r
r

22 - Concordar um arco dado AB no ponto B, com um outro arco que deve passar por um ponto dado C. Traça-
se a reta que passa pelos pontos O e B, pois sabemos que o centro do outro arco está nesta reta. Traça-se a
mediatriz de BC, pois BC será a corda do arco procurado.

O C O C
A A

B B

O'

20
23 - Concordar duas retas dadas r e s com um arco de raio R dado. Traça-se AB perpendicular a reta r, sendo AB
= R e CD perpendicular a s, sendo CD = R. Por A traça-se uma paralela a r, e por C uma paralela a s. O encontro
das paralelas determina O centro do arco. Os pontos de concordância T1 e T2 serão determinados por
perpendiculares construídas a partir do centro do arco em relação as retas s e r respectivamente.

R (raio dado)

s s
s
C C

D A D A
O O

T1
r B r B r
T2

24 - Concordar dois arcos dados de centros O e O’ por meio de outro arco de raio dado r, sendo os arcos de
circunferências exteriores. Centro em O e raio R + r, centro em O’ e raio R + r’, determina-se o ponto C (centro
do arco procurado). Unindo-se o centro C ao centro O, determina-se o ponto de concordância A. Unindo-se o
ponto B ao centro O’, determina-se o ponto de concordância B.

R
R+

C C
r'
R+r

B B
A A

r O' O' O'


O O O
r'

25 - Concordar dois arcos de centro O e O’ por meio de outro arco de raio dado R, sendo as circunferências dos
arcos dados interiores ao arco concordante. Centro em O e raio R – r e centro em O’ e raio R – r’, determina-se
C. Prolonga-se CO, determina-se A (ponto de tangência). Prolonga-se CO’, determina-se B (ponto de tangência).
R

A
O' O'
O O
R -r'
R
-r

C C

21
26 - Concordar um arco de circunferência de raio R dado, com uma reta e uma circunferência dadas
(concordância externa). Traça-se uma paralela à reta dada com a distância do raio dado. Traça-se um arco de
raio igual a soma do raio da circunferência e do raio dado. Determina-se o ponto de concordância com a reta
traçando a perpendicular a partir do ponto C. Determina-se o ponto de concordância com a circunferência
traçando o segmento que liga os dois centros. Observe que o raio que concorda com a reta e a circunferência
dadas pertence a uma circunferência tangente a estes elementos.

Circunferências
tangentes

O1

T1
C

s T2
Circunferência e reta tangentes

PROPORÇÃO ÁUREA

Também chamada de Razão Áurea, foi estudada pelos gregos antes do tempo de Euclides de Alexandria que
descreveu esta seção em sua proposição “dividir um segmento de reta em média e extrema razão”. O ponto C
divide o segmento AB em média e extrema razão, se a razão entre o menor e o maior dos segmentos é igual à
razão entre o maior e o segmento todo AB/BC=BC/AC

C B
A
(a-x) / x = x / a = 0,618034...
a-x x
x / (a-x) = a / x = 1,618034...
a

Relação recíproca entre duas partes desiguais de um todo, na qual a parte menor está para a parte maior assim
como a parte maior está para o todo. Em qualquer segmento de reta apenas um ponto a divide em duas partes
desiguais nessa forma recíproca e única.

22
RETÂNGULO DE OURO é um retângulo que, quando é dividido em duas partes (e em que uma dessas partes seja
um quadrado), então o que resta terá que ser um retângulo com as mesmas proporções do retângulo inicial.

b a

x
y-x
y

Se retirarmos deste retângulo o quadrado de lado x (quadrado a), obtém-se o novo retângulo de ouro (retângulo
b) de dimensões x e y-x. Repetindo a operação, obtém-se a seguinte sequência de retângulos de ouro.

Número de ouro e sucessão de Fibonacci - 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144... Dividindo-se cada um destes
números pelo seu antecessor, essa razão vai tender para um certo valor.

1/1=1 2/1= 2 3/2=1,5 5/3=1,66


8/5=1,6 13/8=1,62 21/13=1,61 34/21=1,619
55/34=1,617 89/55=1,618 144/89=1,6179
Fn+1/Fn aproxima-se cada vez mais de  (Phi = 1,618)

Pode-se construir retângulos de ouro a partir de um quadrado e obtendo-se sucessivos retângulos de ouro. Como
pode-se observar, os números resultantes de cada novo quadrado, são números da sucessão de Fibonacci.

23
1 1+1=2
1+2=3 2+3=5

5+8=13
3+5=8

O retângulo áureo e o círculo - construção clássica de uma seção áurea, com o quadrado inscrito no
semicírculo, retângulos de 1 x 0,618 e de 1 x 1,618 são retângulos áureos recíprocos.

A + B + A = 2,236 = 5
A + B = 1,618

A=0,618 B=1 A=0,618


r
B=1

O PENTÁGONO, O PENTAGRAMA E A PROPORÇÃO ÁUREA

A/B = 1/1,618 = 0,618


36°
B=1
°
72

72
°

A=0,618

16
4
5
3
25
9

PENTÁGONO, PENTAGRAMA E
TIÂNGULO DE PITÁGORAS.

24
27 -Dividir o segmento AB em média e extrema razão e indicar o segmento áureo de AB.

r Encontrar (M) o ponto médio de AB.


O Levantar uma perpendicular por B.
Centrar o compasso em B e com abertura BM traçar um arco
que corte r em O.
Ligar os pontos A e O construindo assim o triângulo AOB.
A M B

r
Centrar o compasso em O e com abertura igual à OB traçar
O
um arco que corta a hipotenusa em C’.
Com a ponta seca do compasso em A e abertura igual a AC’
C' traçar um arco que corte AB no ponto C transferindo assim,
a medida AC’ para o segmento AB.
A M C B

r Centrar a ponta seca do compasso em O e com abertura


O OB traçar um arco e determinar o ponto D’.
Centrar a ponta seca do compasso em A e com abertura
C'
igual a AD’ traçar um arco e determinar o ponto D.

A M C B D

D'
O segmento AC é segmento áureo de AB.
r
O
O segmento AB é segmento áureo de AD.
A proporção áurea é: CB/AC=AC/AB e BD/AB=AB/AD.
C'

A M C B D
O segmento menor resultante da divisão está
C
para o maior assim como o segmento maior
A
A B está para o segmento todo.
A D

25
28 - Construir um retângulo áureo sendo dado o lado menor do retângulo

Seja AB o lado menor do retângulo.

A C s
Traçar r e s, perpendiculares ao segmento AB.
Com a ponta seca do compasso em B e abertura igual
a BA traçar um arco e determinar o ponto A’.
Traçar r perpendicular a t.
Teremos então o quadrado ABCA’.

B A' t

A C E s
Marcar o ponto (M) médio de BA’.
Com ponta seca do compasso em M e abertura
igual à MC traçar um arco que corte a reta t e
determine o ponto D.
Traçar a perpendicular u que corta a reta t e
determinar o ponto E.
B M A' D t

A E

O lado AB é o segmento áureo do lado BD.


ABED é um retângulo áureo.

B D

29 - Proporções áureas entre círculos. O método que divide um segmento em proporção áurea, também pode
resultar numa sucessão de círculos ou quadrados que guardam, entre si, a mesma proporção.
Traçar a primeira circunferência de diâmetro igual a AC.

26
Traçar o segmento AD perpendicular a AC e igual à metade da dimensão de AC.
Ligar o ponto C ao ponto D formando o triângulo ACD.
Centrar o compasso em D e com abertura igual a DA traçar um arco e determinar o ponto E.
Centrar o compasso em C e com abertura igual a CE traçar um arco e determinar o ponto B.
O segmento BC é segmento áureo de AC.

A C
B

Traçar a segunda circunferência de diâmetro igual a BC. Por B traçar uma perpendicular e determinar o ponto F.
BFC determinam o segundo triângulo. Repetir o traçado para obter a divisão de BC e determinar o segmento
áureo de BC. Repetindo o traçado poderemos obter circunferências cujos diâmetros estarão em proporção áurea
sucessivamente.

F
E

A C
B

27
30 - A partir de um quadrado determinar o retângulo áureo.
C

Desenhar um quadrado.
Traçar o segmento MC, partindo do centro da base (ponto M)

M
MC será o raio do arco de circunferência, que se prolonga além
B C F dos limites do quadrado, e determina o ponto E.

As duas figuras assim formadas (o quadrado original e o retângulo


obtido) formarão um retângulo áureo (ABEF).
CDEF é também retângulo áureo proporcional ao retângulo maior
A M D E
ABFE.

B C F

H G Se traçarmos o quadrado DEGH resultará outro retângulo áureo


HGFC.

A D E

B C F

A subdivisão pode ser feita tantas vezes quantas se desejar,


H G
resultando em retângulos e quadrados menores de
dimensões proporcionais.

A D E

31 - Construção de uma Espiral Áurea


Usando o diagrama de subdivisão da
5
seção áurea, pode-se construir uma
espiral áurea.
1 2

0
Centrar o compasso no ponto 5 e traçar
4 3 um arco de um quarto de circunferência
tendo como raio a dimensão igual ao
lado do quadrado maior.
Centrar o compasso no ponto 4 e traçar
outro arco com dimensão igual ao lado
do segundo quadrado.
Assim, sucessivamente, traçar arcos
tendo como centros os pontos 3, 2, 1 e
0.

28
GEOMETRIA DESCRITIVA

A geometria descritiva é a ciência que estuda os métodos de representação gráfica das figuras espaciais sobre
um plano. Seus conceitos foram reunidos pelo matemático francês Gaspar Monge nos fins do século XVIII, que
estabeleceu normas para equacionar um assunto já intuitivamente abordado pelos antigos povos, que
transpunham para o papiro, barro, ou mesmo pedra, suas ideias e projetos. Estes princípios e regras elementares
e gerais da teoria das projeções foram reunidos sob o nome de geometria descritiva e tem como finalidade
resolver, com o auxílio da geometria plana, problemas em que se consideram até três dimensões. A geometria
desempenha duplo papel, na formação do estudante de design, primeiramente o educativo, pois desenvolve a
intuição geométrica, o raciocínio lógico a visão espacial, o espírito de iniciativa e de organização, assim como
auxilia na percepção do sentimento da realidade. Em um segundo momento, desempenha o papel instrutivo,
pois se torna base fundamental das perspectivas das sombras geométricas, dos estudos da mecânica, dos
projetos de engenharia, arquitetura, dentre outros. Assim, a geometria descritiva apresenta-se como fator
imprescindível na formação de profissionais de design que lidam com a relação espaço-forma. Na prática, o
profissional do design tem como função desenvolver ideias e dirigir sua execução. Ao planejar uma ideia, seja de
um espaço físico, uma embalagem ou um produto, o design necessita transmitir, tanto ao cliente quanto aos
profissionais que irão executar, qual a forma, o tamanho, dentre outros, do que se está projetando, por outro
lado, os clientes e os profissionais, precisam compreender a ideia transmitida. Em virtude dessa exigência, a
representação técnica se apresenta como um método importante de comunicação de ideias entre as várias áreas
que irão interagir com o projeto. A linguagem verbal e escrita será usada como complemento, ou seja, sob a
forma de orientações, anotações e/ou especificações.

Fonte: Projeto de Leonardo da Vinci (1452 a 1519)

Princípios básicos da geometria descritiva - conceitualmente, a geometria descritiva é uma ferramenta gráfica
que representa elementos espaciais, tais como, pontos, ratas e planos. Essas representações são feitas em

29
quadros de projeção bidimensionais (planos), com o objetivo de solucionar problemas tridimensionais a partir
da geometria plana.

Sistemas de projeções - o processo onde raios projetantes incidem sobre um objeto em um plano. A projeção
do objeto é sua representação gráfica. Como os objetos têm três dimensões (altura, largura e profundidade), sua
representação bidimensional se dá através de artifícios do desenho, onde são considerados elementos básicos.
Para melhor entendimento da representação técnica, seguem alguns conceitos fundamentais sobre o sistema
projetivo. A representação técnica se dá através de projeções ortogonais dos objetos, isto é, pelo processo de
formação de uma imagem mediante raios de visão levados, em uma direção particular, do objeto até o plano de
imagem (Figura 1).

Figura 1 - Elementos da projeção

Tipos de Projeção - os sistemas de projeções são classificados de acordo com a posição ocupada pelo centro de
projeção. Esse centro pode ser finito ou infinito, determinando um sistema cônico ou um sistema cilíndrico
(Figura 2).

Sistema de projeção cônico - também chamada de projeção central, é o tipo de projeção, cujos raios projetantes
que incidem sobre o objeto e o plano são concorrentes em um ponto V (vértice do cone), como as geratrizes do
cone. É utilizado principalmente para representar perspectivas, pois simula as deformações da visão humana,
podendo ser considerado um exemplo natural desse sistema.

Sistema cilíndrico de projeção - também chamada de projeção paralela, é o tipo de projeção, cujos raios
projetantes, que incidem sobre o objeto e o plano são paralelos entre si, como as geratrizes do cilindro. O centro
de projeção, neste caso, fica no infinito, e dependendo da posição do centro de projeção, a resultante pode ser
uma projeção cilíndrica ortogonal ou oblíqua. Como as projetantes são paralelas entre si, cada ponto objetivo
do espaço, tem no plano de projeção, uma única projeção ortogonal (ângulo de 90º com o plano) equivalente e

30
infinitas projeções oblíquas (acompanha o centro de projeção). Para que a geometria descritiva atinja suas
finalidades utiliza-se o sistema de projeção cilíndrica ortogonal que vai permitir a representação no plano das
figuras tal como ela se apresenta no espaço.

Figura 2 - Sistemas de projeção


FUNDAMENTOS DA GEOMETRIA DESCRITIVA

Na geometria descritiva a projeção de qualquer elemento em um plano é estabelecida através dos métodos de
representação, dos quais os mais importantes são: método da dupla projeção ortogonal, ou método de Gaspar
Monge e método das projeções cotadas, (método de Felipe Buache). Este último, utiliza um só plano de projeção,
porém assinala por um número o comprimento da distância do ponto ao plano de projeção (curva de nível).

MÉTODO DE MONGE - os elementos fundamentais do método de Gaspar Monge são os planos horizontal e
vertical, perpendiculares entre si, os quais se supõe colocados em posição horizontal e vertical respectivamente
(Figura 3).

Figura 3 - Método de Gaspar Monge

31
Como esses planos são considerados infinitos, eles dividem o espaço em 4 regiões distintas, denominadas de
primeiro, segundo terceiro e quarto diedros (quadrantes) respectivamente. Assim, qualquer ponto do espaço
pode ter a sua representação neste sistema. Desta forma, teremos, um Plano na horizontal denominado de Plano
Horizontal de projeção, representado pela letra grega 1 e um plano na vertical denominado de Plano Vertical
de projeção, representado pela letra grega . A intersecção entre os dois planos de projeção Horizontal e
Vertical recebe o nome de Linha de terra e divide cada um dos planos em dois semi-planos (1 e  ) conforme
mostra a Figura 4.

Figura 4 - Método de Gaspar Monge

ESTUDO DO PONTO

A representação dos pontos nos planos de projeção requer o conhecimento de determinados procedimentos
que cumpre conhecer com maiores detalhes. Na geometria descritiva, a projeção de um ponto sobre um plano,
é o pé da perpendicular baixada deste ponto até o plano. O Plano Horizontal de Projeção agora denominado de
(1) recebe as diversas projeções horizontais de cada ponto, representados conforme indicado a seguir.

COORDENADAS DESCRITIVAS DE UM PONTO

O ponto pode ocupar três posições em relação ao plano vertical de Projeção, à frente, atrás e sobre o plano
vertical. A distância existente entre o ponto e o plano vertical recebe o nome de AFASTAMENTO que é a primeira
coordenada descritiva do ponto, conforme mostrado na Figura 5.

32
Figura 5 - Estudo do ponto

Primeira posição: O ponto está à frente do Plano Vertical de Projeção. Neste caso seu Afastamento será positivo.
Segunda posição: O ponto está atrás do Plano Vertical de Projeção. Neste caso seu afastamento será negativo.
Terceira posição: O ponto está sobre o Plano Vertical de Projeção. Seu Afastamento então será nulo.

A segunda coordenada descritiva é distância existente entre o ponto e o plano horizontal de projeção e recebe
o nome de COTA conforme mostrado na figura acima. Da mesma forma, o ponto pode ocupar três posições em
relação ao plano horizontal de projeção, acima, abaixo e sobre o plano. A Primeira posição: O ponto está acima
do plano horizontal de projeção, nesse caso sua Cota será positiva. Segunda posição: o ponto está abaixo do
plano horizontal de projeção a Cota então será negativa. Terceira posição: o ponto está sobre o plano horizontal
de projeção, sua Cota será nula. É importante observar o sentido do decréscimo da cota e do afastamento.

Se considerarmos um terceiro plano que chamaremos de plano de perfil 3 (ou PP) perpendicular à linha de terra
e, portanto, perpendicular aos planos de projeção 1 (PH) e 2 (PV) e determinarmos um ponto A no espaço, a
distância deste ponto até esse novo plano de projeção vai determinar a ABSCISSA (Figura 8) que é a terceira
coordenada descritiva do ponto. Observe na figura abaixo a distância de A até A3, ela é a medida da abscissa do
ponto A e sua projeção pode ser vista na linha de terra. Designa-se por (zero) a interseção do plano lateral 3
(PP) com a linha de terra. Considerando um observador de frente para o primeiro diedro, um ponto do espaço
pode ocupar três posições em relação ao plano de Perfil. O ponto pode estar do lado direito do plano de perfil e
ter abscissas positivas, pode estar do lado esquerdo e ter abscissas negativas ou pode estar sobre o plano e ter
abscissa zero ou nula. O decréscimo das abscissas indica os valores menores que zero.

33
Figura 8 - Abscissa de um ponto

Na representação da épura, o terceiro plano de projeção 3 (PP) será também rebatido sobre o plano vertical
após o rebatimento do plano horizontal. Este giro acontece em torno do eixo de interseção dos três planos
chamado de CHARNEIRA, teremos então as projeções das abscissas positivas representadas do lado direito da
origem (zero) e as negativas à esquerda, seguindo o raciocínio de plano auxiliar. A ordenação das coordenadas
descritivas é qualquer. Na resolução dos problemas adotaremos a sequência de X, Y e Z como números
qualificados, utilizando o centímetro como unidade gráfica de medida, salvo indicação contrária. Teremos então,
como resultado deste estudo, as coordenadas descritivas de um ponto A do espaço representado por três
coordenadas descritivas, abscissa, afastamento e cota na seguinte ordem A (X, Y, Z) exemplificando com valores
numéricos arbitrários teremos A (-3, 5, 6). As coordenadas descritivas são elementos que vão auxiliar o
entendimento da posição dos pontos de um objeto do espaço e sua representação no plano é feito por projeções
representadas em épura.

ÉPURA é uma figura plana simplificada, onde se representam apenas as projeções dos pontos, das retas, das
figuras, dos sólidos do espaço, bem como as projeções de suas distâncias. Estará caracterizada pelo simples
traçado da Linha de Terra designada por (XY ou LT) ou simplesmente ( 1 2).

Para se obter a Épura, usa-se o artifício fundamental do desenho projetivo, que consiste em fixar um dos planos
de projeção, girando o outro 90 (em sentido horário) em torno da linha de terra, até que eles fiquem
coincidentes (pode-se fixar qualquer dos planos de projeção, no nosso caso será fixado o vertical e girar o

34
horizontal) até que ambos fiquem coincidentes, obtendo-se assim, uma figura plana simplificada chamada épura
(Figura 6).

Figura 6 - Representação da épura

A linha de terra pode ser representada por uma reta com dois traços nas extremidades inferior da mesma ou por
letras gregas (2) ou simplesmente (XY ou LT) para indicar o sentido do rebatimento do plano horizontal sobre
o plano vertical. Observando o que ocorre particularmente em cada diedro teremos:

1 Diedro - abre-se o 1 diedro, ficam opostos em relação à linha de terra os semi-planos 1A e 2S.
2 Diedro - fecha-se o 2 diedro acima da linha de terra, coincidirão os semi-planos 1P e 2S.
3 Diedro - abre-se o 3 diedro, ficam opostos em relação à linha de terra os semi-planos 1P e 2I.
4 Diedro - fecha-se o 4 diedro abaixo da linha de terra, coincidirão os semi-planos 1A e 2I.

35
REPRESENTAÇÃO DO PONTO

Como existem dois planos de projeção o ponto, ou qualquer figura do espaço, vão se caracterizar na geometria
descritiva por duas projeções ortogonais, uma sobre cada plano, uma Projeção horizontal e outra projeção
vertical. Para conseguir esta representação sobre um só plano, utiliza-se a épura como demonstrado na Figura
7.

Figura 7 - Posição do ponto em relação ao primeiro diedro

Seja um ponto A qualquer do espaço ou um elemento, situado no primeiro diedro. Para representá-lo neste
sistema de dupla projeção, o ponto será projetado ortogonalmente sobre o plano horizontal e sobre o plano
vertical, obtendo assim as projeções A1 e A2 que serão denominadas projeção horizontal e vertical do ponto
respectivamente. Logo, cada ponto terá duas projeções. As projeções do ponto estão unidas por uma linha
denominada Linha de chamada perpendicular à linha de terra. A representação de um ponto, em épura, situado
nos demais diedros (   e ) obedecem a mesma sistemática. Para tanto, deve-se observar a localização dos
mesmos e a posição do rebatimento de cada plano, bem como o diedro que tal ponto está situado, pois em
épura esta posição determina onde cada projeção de afastamento ou cota deve ser anotada, ou seja, abaixo ou
acima da linha de terra.

ESTUDO DA RETA

A projeção de uma linha em um plano é o conjunto das projeções, no plano, de todos os pontos da linha. Basta,
portanto, a projeção de dois de seus pontos, para se determinar uma reta. A projeção dessa reta, será o resultado
da união das projeções dos dois pontos da reta. Ou seja, na figura 8 está representada uma reta r onde dois de
seus pontos A e B são considerados. A projeção horizontal é a reta A1B1 e a projeção vertical é determinada pelas
projeções verticais A2B2.

36
Figura 8 - Posição do ponto em relação ao primeiro diedro

Para se obter a épura dessa reta basta girar o plano horizontal no sentido horário até coincidir com o plano
vertical para se obter a épura da reta r (Figura 9). O ponto V e o ponto H são as interseções da reta com os
respectivos planos de projeção.

Figura 9 - Épura da reta AB no primeiro diedro

RETAS PARTICULARES

De um modo geral a posição de uma reta no espaço fica bem determinada quando são conhecidas as posições
dessa reta, sobre dois ou mais planos ortogonais. Em relação a estes planos, as retas podem ocupar várias
posições, podendo estar paralelas, perpendiculares ou oblíquas em relação ao plano. Para um melhor
entendimento as retas foram divididas em três grupos distintos (Figura 10).

37
Figura 10 - Grupos de retas particulares

Retas perpendiculares a um dos planos de projeção - nesse plano a projeção da reta se reduz a um ponto
denominado de projeção pontual da reta. Em função da ortogonalidade entre os planos de projeção, e sendo a
reta perpendicular a um dos planos, ela será automaticamente paralela aos outros dois adjacentes e nestes
planos as retas se apresentam em suas dimensões reais, que chamamos verdadeira grandeza da reta, são elas:

Reta perpendicular ao plano horizontal - reta vertical

Reta perpendicular ao plano vertical - reta de topo

Reta perpendicular ao plano de perfil - reta fronto-horizontal

Retas paralelas a um dos planos de projeção - nesse plano de projeção a reta se apresenta em verdadeira
grandeza e nos outros dois planos as projeções se apresentam oblíquas, portanto, com suas projeções reduzidas,
são elas:

Reta paralela ao plano horizontal - reta horizontal

Reta paralela ao plano vertical - reta frontal

Reta paralela ao plano de perfil - reta de perfil

Retas oblíquas aos três planos de projeção - por estar obliqua em relação aos planos de projeção não
apresentam verdadeira grandeza em nenhum dos planos de projeções.

Reta oblíqua aos três planos de projeção - reta genérica ou reta qualquer

38
RETA HORIZONTAL

É toda reta paralela ao plano horizontal, oblíqua ao plano vertical e ao plano lateral, tem verdadeira grandeza na
projeção horizontal, na projeção vertical apresenta-se mais curta. A Figura 11 apresenta um exemplo da reta
horizontal no espaço e em épura, a projeção vertical fica paralela e a projeção horizontal oblíqua à linha de terra.

Figura 11 - Reta Horizontal

RETA DE TOPO
É toda reta paralela ao plano horizontal e ao plano lateral e perpendicular ao plano vertical. A reta tem verdadeira
grandeza na projeção horizontal, na projeção vertical a reta e um ponto. A Figura 12 mostra exemplo da reta de
topo no espaço e em épura, projeção vertical reduzida a um ponto e projeção horizontal perpendicular à linha
de terra.

Figura 12 - Reta Topo

39
RETA FRONTO-HORIZONTAL

É toda reta paralela aos dois planos de projeção (horizontal e vertical), tem verdadeira grandeza na projeção
horizontal e na projeção vertical. A Figura 13 mostra exemplo da reta fronto-horizontal no espaço e em épura,
as duas projeções são paralelas aos planos vertical e horizontal de projeção.

Figura 13 - Reta fronto-horizontal

RETA FRONTAL
É toda reta paralela ao plano vertical e oblíquo aos planos horizontal e lateral, a reta tem verdadeira grandeza
na projeção vertical, na projeção horizontal apresenta-se mais curta. A Figura 14 mostra exemplo da reta frontal
no espaço e em épura, a projeção horizontal é paralela à linha de terra e projeção vertical oblíqua à linha de
terra.

Figura 14 - Reta frontal

40
RETA VERTICAL

É toda reta paralela ao plano vertical e ao plano lateral e perpendicular ao plano horizontal, a reta tem verdadeira
grandeza na projeção vertical, na projeção horizontal a reta e um ponto. A Figura 15 mostra exemplo da reta de
vertical no espaço e em épura, a projeção horizontal fica reduzida a um ponto e a projeção vertical perpendicular
à linha de terra.

Figura 15 - Reta vertical


RETA DE PERFIL

É toda reta ortogonal a linha de terra e oblíqua aos dois planos de projeção, horizontal e vertical, a reta tem
verdadeira grandeza no plano lateral, todos os pontos possuem a mesma abscissa. A Figura 16 apresenta
exemplo da reta de perfil no espaço e em épura, projeção horizontal e projeção vertical perpendiculares à linha
de terra.

Figura 16- Reta de perfil

41
RETA GENÉRICA OU RETA QUALQUER

É toda reta oblíqua aos planos horizontal, vertical e lateral, a reta não tem verdadeira grandeza em nenhum dos
planos de projeção. A Figura 17 mostra exemplo da reta de genérica ou qualquer no espaço e em épura. A
projeção horizontal e vertical é oblíqua à linha de terra.

Figura 17 - Reta genérica ou reta qualquer


ESTUDO DO PLANO

Plano é uma extensão expressa em duas dimensões: comprimento e largura, é também chamado de superfície.
A superfície plana (plano) é uma superfície tal que, toda reta que une dois quaisquer de seus pontos, está
inteiramente compreendida nesta superfície.

Figura 18 - Elementos que definem um plano

REPRESENTAÇÃO DO PLANO

Os planos são representados por seus traços. Traços de um plano são retas onde o plano encontra o plano
horizontal ou vertical de projeção. Na Figura 19 pode-se observar um plano qualquer que corta os planos de

42
projeção horizontal e vertical nos traços απ1 e απ2 respectivamente. Este plano é chamado de "plano qualquer"
porque, como no caso da reta qualquer, é oblíquo aos dois planos de projeção horizontal e vertical. Observe a
épura e veja que os traços απ1 e απ2 são oblíquos à linha de terra. Os dois traços se encontram na LT, isto ocorre
com todo plano que intercepta os dois planos de projeção. Uma reta contida neste plano terá seus traços sobre
os traços do plano.

Figura 19 - Traço do plano.

O plano pode ser limitado ou ilimitado, sendo o plano ilimitado imensurável. O limite do plano é a linha, assim,
podemos distinguir linhas retas e curvas. Os planos limitados por linhas retas (lados), são chamados de polígonos,
os planos limitados por linhas curvas, tem denominação própria, círculo, circunferência, elipse, etc.

IDENTIFICAÇÃO DOS PLANOS

Como nas retas, os planos também estão divididos em três grupos, os planos do primeiro grupo estão paralelos
a um dos planos principais de projeção e perpendiculares aos planos adjacentes. No plano em que estiver
paralelo encontra-se a verdadeira grandeza do plano no espaço e nos outros encontram-se as projeções lineares
deste plano.

No 2º grupo como estão perpendiculares a um dos planos, neste se mostra em projeção lineares e nos outros
em projeção reduzidas.

O plano do 3º grupo, se caracteriza por ser obliquo a todos os planos de projeção, para determinar a sua
verdadeira grandeza (VG), se faz necessário duas mudanças de plano. Para representarmos as figuras planas
utilizaremos os planos do 1º Grupo, pois eles são os ditos planos projetantes porque são paralelos a um dos
planos principais de projeção (horizontal, vertical e lateral), neste plano é mostrada a sua verdadeira grandeza.

43
PLANO HORIZONTAL

É um plano paralelo ao plano horizontal de projeção, perpendicular ao plano vertical e ao plano lateral. Por ser
paralelo ao plano horizontal não o cortará, logo, apresenta apenas o traço vertical que é paralelo à LT. Qualquer
ponto contido nele se projeta verticalmente sobre seu traço vertical. Qualquer figura contida nele se projeta em
VG no plano horizontal (Figuras 20 e 21).

Figura 20 - Representação do plano horizontal no espaço e em épura

Figura 21 - Representação de uma figura plana do plano horizontal no espaço e em épura.

44
PLANO FRONTAL

É um plano paralelo ao plano vertical de projeção, perpendicular ao plano horizontal e perpendicular ao lateral.
Por ser paralelo ao plano vertical não o cortará, logo, apresenta apenas o traço horizontal que é paralelo à linha
de terra. Qualquer ponto contido nele se projeta horizontalmente sobre o seu traço horizontal. Qualquer figura
contida nele se projeta em VG no plano vertical (Figuras 22 e 23).

Figura 22 - Representação do plano frontal no espaço e em épura

Figura 23 - Representação de uma figura plana do plano frontal no espaço e em épura

PLANO DE PERFIL

É um plano paralelo ao plano lateral de projeção, perpendicular ao plano horizontal e perpendicular ao vertical.
No plano de perfil os dois traços são perpendiculares à linha de terra, sendo esta a condição que o caracteriza.
Qualquer ponto contido nele se projeta sobre seus traços. Qualquer figura contida nele não se projeta em VG

45
nos planos horizontal e vertical, a VG só aparece no plano auxiliar ou no plano paralelo ao plao de perfil (Figuras
24 e 25).

Figura 24 - Representação do plano de perfil no espaço e em épura

Figura 25 - Representação de uma figura plana do plano de perfil no espaço e em épura

PLANO VERTICAL E TOPO

É um plano perpendicular ao plano horizontal de projeção e oblíquo ao plano vertical. Por ser perpendicular ao
plano horizontal, qualquer figura contida neste plano terá sua projeção no plano horizontal reduzida a uma reta
sobre seu traço. Por ser oblíqua ao plano vertical a projeção neste plano será vista, porém com suas dimensões
deformadas. Qualquer figura contida nele não terá VG em nenhum dos planos de projeção. Para o PLANO DE
TOPO o raciocínio será análogo, porém o plano será perpendicular ao plano vertical e oblíquo em relação ao
Horizontal.

46
Figura 26 - Representação do plano vertical no espaço e em épura

Figura 27 - Representação do plano de topo no espaço e em épura

47
PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO TÉCNICA
VISTAS ORTOGRÁFICAS

Pelo estudo da geometria descritiva, percebe-se que uma só projeção não é suficiente para determinar a posição
de um objeto no espaço. Para solucionar esta questão, utiliza-se o método da dupla projeção ortogonal de Gaspar
Monge, mas na maioria das vezes percebe-se que é necessário mais um plano de projeção para representar, com
maiores detalhes estes elementos. Sendo necessário utilizar um terceiro plano denominado plano de perfil ou plano
lateral. Em representação técnica aplicam-se os princípios da projeção ortogonal estudados na geometria descritiva,
e considera-se o estudo dos objetos do espaço projetados no primeiro ou no terceiro diedros, isso porque, as
projeções no segundo e quarto diedros apresentam-se sobrepostas, quando os planos horizontal e vertical são
rebatidos para representação em épura. A Figura mostra a representação de um objeto no espaço, nos planos e em
épura.

Figura 28 - Representação de um objeto no espaço, nos planos e em épura

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, fixa os princípios gerais de representação a serem aplicados em
todos os desenhos técnicos pelo método de projeção ortográfica do 1o diedro ou no 3° diedros (NBR 10067 –
ABNT 1995). A norma estabelece símbolos para distinguir quando um desenho é projetado segundo o método
de projeção no primeiro diedro ou o método de projeção no terceiro diedro.

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As Figuras 28 e 29 mostram as projeções ortogonais em três planos, e as vistas (épura) de um objeto
representado conforme o método de projeção no primeiro diedro e terceiros diedros respectivamente.

Figura 28 - Objeto projetado em três vistas conforme o método de projeção no primeiro diedro

Figura 29 - Objeto projetado em três vistas conforme o método de projeção no terceiro diedro

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PROJEÇÃO EM SEIS PLANOS

Os seis planos de projeção são perpendiculares entre si e sobre eles efetuam-se projeções, sendo o resultado
destas projeções as seis vistas ortogonais do objeto. Os planos contendo as projeções serão rebatidos segundo
os mesmos princípios estudados na geometria descritiva, estas por sua vez, assumem, as posições indicadas nas
demais figuras abaixo.

Figura 30 - Objeto projetado em três vistas conforme o método de projeção no primeiro

Posição relativa das vistas segundo o método de projeção no primeiro diedro, conforme NBR10067 (ABNT 1995).

Vista na direção A = vista frontal Vista na direção D = vista lateral direita

Vista na direção B = vista superior Vista na direção E = vista inferior

Vista na direção C = vista lateral esquerda Vista na direção F = vista posterior

Vistas necessárias e escolha das vistas a determinação do número de projeções a serem representadas, serão
apenas o necessário e suficiente para definir completamente o objeto em estudo. Portanto, a escolha dessas

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vistas deve ser bem estudada, de modo que não surjam dúvidas quanto ao objeto representado. Deve-se nomear
uma vista principal (ou vista frontal), e ela deve fornecer a maior quantidade de informação possível sobre o
objeto.

As demais vistas devem ser suficientes para representar o objeto de tal modo que nenhum detalhe fique invisível,
elas devem conter o máximo de informações e detalhes em todas as vistas. Na representação técnica, dota-se
um espaçamento constante entre as vistas, de modo a permitir a correspondência entre pontos das diferentes
projeções nos planos.

LINHAS CONVENCIONAIS

(NBR 8403)

TIPOS DE LINHAS - (NBR 8403)


Denominação Linha Aplicação geral

Contínua - Larga Arestas e contornos visíveis

Tracejada - estreita Arestas e contornos não-visíveis


Linhas de centro e eixo de simetria
Traço e Ponto - Estreita
(são as primeiras a serem traçadas)
Linhas auxiliares
Linhas de chamada
Contínua - estreita
Linha de cota
Hachuras
Contínua estreita a mão Limites de vistas ou cortes parciais ou
livre interrompidas
Traço e ponto estreita, larga
Traços de planos de corte
nas extremidades
Detalhes situados antes do plano de
Traço dois pontos estreita corte. Posição limite de objetos
adjacentes

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UTILIZAÇÃO DAS LINHAS CONVENCIONAIS PARA DESENHO TÉCNICO

Obedecer às seguintes regras:

▪ A relação entre as larguras de linhas larga e estreita não devem ser inferiores a 2.
▪ As larguras das linhas devem ser escolhidas, conforme o tipo, dimensão, escala e densidade de linhas no
desenho.
▪ Para diferentes vistas de uma peça desenhada na mesma escala, as larguras das linhas devem ser
conservadas.
▪ O espaçamento entre linhas paralelas (inclusive a representação de hachuras) não deve ser menor do que
duas vezes a largura da linha mais larga.

Ordem de prioridade das linhas coincidentes:

Quando houver coincidência de duas linhas de diferentes tipos, devemos seguir a seguinte ordem de prioridades:

▪ Arestas e contornos visíveis


▪ Arestas e contornos não-visíveis
▪ Linhas de cortes e seções
▪ Linhas de centro e eixo de simetria
▪ Linhas de cota, chamada e representação simplificada

Interseção de linhas:

Quando houver cruzamento de linhas, a representação pode se tornar clara utilizando-se algumas convenções
que, embora não normalizadas, podem ser uteis para a realização e compreensão de desenhos técnicos.

Certo Errado

Quando uma aresta invisível termina perpendicular ou


em ângulo em relação a uma aresta visível, toca a
aresta visível.

Quando duas ou mais aresta invisíveis terminam num


ponto, devem tocar-se.

Quando duas linhas de eixo (traço-ponto) se


interceptam, devem tocar-se (traço com traço).

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PERSPECTIVA

A palavra perspectiva vem do latim Perspicere que significa ver através de é uma forma de representação gráfica
que mostra os objetos como eles se apresentam à nossa vista, ou seja, com três dimensões. A geometria define
a perspectiva como um tipo especial de projeção, onde é possível medir em um espaço bidimensional, três eixos
dimensionais, podendo se manifestar através das projeções cilíndricas (ortogonais e oblíquas) e projeções
cônicas.
▪ Projeções cilíndricas ortogonais - resultam em perspectivas isométricas.
▪ Projeções cilíndricas oblíquas - resultam em perspectivas cavaleiras
▪ Projeções cônicas – resultam em perspectivas cônicas com um ou mais pontos de fuga.
A ideia básica da representação de qualquer projeção é a de que existe um observador e um objeto a ser
observado, formando assim, um conjunto de elementos que vão possibilitar a representação da perspectiva. As
vistas ortográficas mostram de maneira rigorosa as formas e dimensões dos objetos, ficando evidente a sua
perfeita adequação aos objetivos da representação técnica. Contudo, a leitura desta representação pressupõe
que o indivíduo tenha obtido conhecimentos básicos sobre os métodos de projeções ortogonais, para ter o
perfeito entendimento de sua representação. Ao contrário a representação das perspectivas (apesar de sua
rigorosidade técnica), permite que pessoas leigas, compreendam facilmente este tipo de representação inerente
a nossa experiência visual que corresponde, normalmente, a uma visão global do objeto.

Figura 1 - Perspectiva de ponto central

Ainda que a perspectiva seja um dos principais campos de pesquisa da geometria, seu estudo é bastante anterior
a ela. Os povos gregos já possuíam alguma noção do fenômeno perspectivo, e foi durante o período do
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renascimento que o desenho em perspectiva foi profundamente estudado e desvendado, abrindo caminho para
o seu estudo matemático no século XVIII, através da geometria descritiva, que a sistematizou. A perspectiva é
um tipo de desenho amplamente aplicado nas diversas áreas ligadas à arte e a representação. É utilizada
principalmente nas fases de criação e análise do projeto, dado a sua simplicidade, clareza e facilidade de síntese
e interpretação. Leonardo Da Vinci, acreditava que a compreensão da perspectiva era fundamental para a
pintura e o desenho, segundo suas anotações, ele dizia que a prática deve sempre ser construída sobre a teoria,
para a qual a perspectiva é o sinal e o portal de entrada”.

PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

Entre todas as perspectivas paralelas (não-cônicas), as perspectivas isométricas são as mais comuns de serem
utilizadas no dia-a-dia de escritórios de projeto (de arquitetura, engenharia e design, etc), devido à sua versatilidade
e facilidade de montagem, é possível desenhar uma isométrica relativamente precisa utilizando-se apenas um par
de esquadros. No entanto, ela apresenta algumas desvantagens, pontos nos objetos representados podem criar
ilusões de óptica, ocupando o mesmo local no plano bidimensional, quando na realidade eles têm localizações
efetivamente diversas no espaço.
A perspectiva isométrica foi bastante utilizada em jogos de computador que, onde a impossibilidade de simular os
efeitos de uma perspectiva cônica devido às limitações tecnológicas, pretendia-se simular uma realidade
tridimensional. Os jogos eletrônicos da série SimCity (em suas versões 2000 e 3000) ficaram célebres com a
representação das cidades utilizando-se desta perspectiva conforme demonstrado nas Figuras 2 e 3.

Figura 2 - SimCity 2000 Figura 3 - SimCity 3000

Sendo assim, estudaremos, nesta fase do curso, a perspectiva isométrica, por ser esta de construção simples e
excelente resultado de representação. A Perspectiva Isométrica é resultado das projeções ortogonais sobre um
plano, de um objeto estando o mesmo inclinado em relação ao plano de projeção. O resultado será uma perspectiva
isométrica do objeto (Figura 4). Sua construção requer conhecimentos básicos sobre a representação segundo três
eixos vetoriais. Ela acontece quando o observador está situado no infinito e incidem perpendicularmente ao plano

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de quadro. O sistema de eixos da situação a ser projetada ocorrerá na perspectiva, quando vistos no plano, de forma
equi-angular (em ângulos de 120º). Desta forma, é possível traçar uma perspectiva isométrica através de uma grelha
de retas desenhadas a partir de ângulos de 30º.

PROJETANTES ORTOGONAIS

O
C D

AN
PL
B
A

F E

OBJETO

Figura 4 - Exemplo de uma perspectiva isométrica

Características da perspectiva isométrica:


▪ As dimensões o objeto é marcado sobre três eixos vetoriais que formam entre si ângulos iguais de 120º e
são denominados eixos isométricos.
▪ As linhas isométricas sofrem uma redução de aproximadamente 81% do seu comprimento real resultante
da projeção de arestas inclinadas em relação ao plano de projeção. Porém, na prática, não se considera esta
redução, marcando-se sobre os eixos seus comprimentos reais.
▪ Logo, a perspectiva isométrica terá eixos isométricos iguais e medidas tomadas em seus eixos também
iguais.

120°
12


12

30°

30°

Figura 5 - Eixos Isométricos

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As arestas do objeto que não são paralelas aos eixos isométricos são consideradas linhas não isométricas. Para se
construir um objeto com arestas não isométricas será necessário a construção do quadrilátero envolvente, onde
serão marcados os pontos extremos das arestas do objeto para depois uni-las formando as linhas não isométricas,
conforme mostrado na figura abaixo.

linhas não isométricas

Figura 6 – Linhas não isométricas

CONSTRUÇÃO DE UMA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

No esboço à mão livre ou no desenho com instrumentos, inicia-se geralmente o processo de construção da
perspectiva pelo traçado dos eixos isométricos (Figura 7).
• No desenho com instrumentos, traçam-se os eixos isométricos usando apenas o esquadro de 30°
auxiliado e apoiado pela régua T.
• No desenho à mão livre, a construção dos eixos isométricos pode ser feita pela divisão a olho do ângulo
reto em 3 partes iguais.

Traçado com instrumento esquadro Traçado à mão livre


Figura 7 – Traçado de eixos isométricos 30°

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A posição do prisma (objeto) em relação ao quadro de projeção é tal que a sua aresta que representa a altura
aparecerá na perspectiva como coincidente com a direção do eixo vertical. A largura e o comprimento
aparecerão como direções inclinadas de 30° (Figura 8).

to
en
lar p rim
gu m
ra co

altura
Figura 8 – Construção prima isométrico 30°

É importante a escolha correta da posição do objeto a ser representado em perspectiva, isto é, a escolha
conveniente dos eixos isométricos, define a visão que melhor visualiza o objeto a ser representado (Figura 9).

12

12

120°
30°
30°

Figura 9 – Posição do objeto em perspectiva isométrica

CONSTRUÇÃO DA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

A partir de um sólido fundamental pode-se construir uma perspectiva isométrica. A correta posição, é a definição
em linhas gerais do sólido fundamental vai originar a perfeita construção da perspectiva. A técnica é aplicada
com vantagem quando, o objeto a ser representado puder ser facilmente identificado neste sólido. Neste caso
inicia-se a perspectiva desenhando o sólido fundamental e nele são determinados os cortes necessários à
retirada de cada parte elementar até ser obtida a representação do objeto conforme Figura 10.

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Figura 10 – Sólido fundamental - Sequência de construção da perspectiva

Construção da perspectiva isométrica por superposição de sólidos. Este processo é apropriado à representação
de objetos mais facilmente concebidos como sendo o resultado da composição de vários sólidos elementares.
Inicia-se o desenho como a perspectiva de um dos sólidos elementares, normalmente o que constitui a base do
objeto, e superpõe-se ao primeiro a perspectiva do sólido seguinte e assim por diante (Figura 11)

Figura 1 – Superposição de Sólidos - Sequência de construção da perspectiva

CIRCUNFERÊNCIA NA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

A projeção cilíndrica ortogonal da circunferência cujo plano não é paralelo ao plano de projeção é uma elipse.
Portanto, as perspectivas isométricas de circunferências situadas em faces isométricas serão elipses. Para se
construir uma perfeita circunferência em perspectiva isométrica ela deve ser sempre iniciada pelo traçado do
paralelogramo que a circunscreve e que corresponde à perspectiva do quadrado circunscrito à circunferência.
Feito isso, são desenhados em isométrica os eixos desse quadrado, obtendo-se, assim, quatro pontos de
passagem da elipse, bem como quatro condições de tangência, pois a curva deve tangenciar os lados do
quadrado em isométrica, nesses pontos. Com esquadro de 60º é feita a união entre os pontos de tangência T1 e
T2, com o ponto B, pela diagonal do quadrado se obtém os pontos C e D que vão auxiliar na construção da

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perspectiva. As Figuras 12 e 13 mostram exemplos de traçado de circunferência que pode ser aplicado em
situações diferentes da perspectiva, seguindo sempre a mesma metodologia de construção.

Traçado da elipse isométrica


A

T1 T2

c D
Centro em A traçar o arco T3 T4
Centro em B traçar o arco T1 T2
Centro em C traçar o arco T1 T3
T3 T4 Centro em D traçar o arco T2 T4

Figura 12 - Traçado da elipse isométrica nas três faces do cubo

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Figura 14 - Exemplos de perspectivas isométricas com formas circulares

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA SUGERIDAS


CHING, F.; JUROSZEK, S. Representação Gráfica para Desenho e Projeto. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
DOCZI, GYORGY, O Poder dos Limites: harmonias e proporções na natureza, arte e arquitetura. São Paulo:
Mercuryo, 1990.
GIONGO, Afonso Rocha, Curso de Desenho Geométrico. 35a. ed. São Paulo: Nobel, 1988.
MACHADO, Adervan. Geometria Descritiva. 27ed. São Paulo: Atual 1991.
MAGUIRE, D. e, SIMMONS, C.H. Desenho Técnico. São Paulo: Hemus, 1982.
PROVENZA, Francisco. Desenhista de Máquinas. São Paulo: Protec, 1997.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SECUNDÁRIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Coletânea de normas para Desenho Técnico. São Paulo: ED.
ABNT, 1999.
BORNANCINI, José Carlos M. Desenho Técnico Básico, Volume II, 3a. Edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 1999.
ESTHEFHÂNIO, Carlos. Desenho Técnico Básico. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A. 2001.
FIESP, Telecurso 2000 curso profissionalizante: Mecânica Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico.
São Paulo, 1995.
MANFÉ, POZZA, SCARATO. Manual de Desenho Técnico Mecânico, Volume 1. São Paulo: Angelotti Ltda, 1991.
MENEZES, Alexandre M. Desenho Projetivo. EA/UFMG, 1996.
MONTENEGRO, Gildo A. Geometria Descritiva. São Paulo: Edgar Blucher, 1999.

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