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EXPERTISE DO ESCRITÓRIO
O escritório, com sede em Florianópolis e atuação em todo território nacional, é especializado
e dedicado exclusivamente à área de Direito Ambiental, nas esferas administrativa, cível e
criminal, principalmente nos seguintes serviços:
PRINCIPAIS SERVIÇOS
Ação Civil Pública Poluição Inquérito no Ministério
Público e inquérito policial
Anulação de Auto de Multas Ambientais
Infração Ambiental Audiência de conciliação
Devolução de bens ou ambiental
Crime Ambiental animais apreendidos
Medidas de urgência e
Habeas Corpus Redução de multa revogação de liminar
ambiental
Demolição Agravo de instrumento
Embargos à execução
Desmatamento fiscal de multa ambiental Parceria Jurídica
Desembargo de área, Alegações finais Consultas, assessoria e
obra ou atividade pareceres ambientais
Processo administrativo
Execução Fiscal de Multa ambiental Cursos e Palestras
Ambiental
Recursos ao STJ e STF Ver todos
Pesca Ilegal
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE...
Autos n...
1. DA DENÚNCIA
Lei n. 9.605/98
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim
considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de
cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem
prejuízo da multa.
Decreto-Lei n. 2.848/40
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Com efeito, a denúncia deve conter a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas, nos termos do
artigo 41 do Código de Processo Penal.
No caso em tela, data máxima vênia, com elevado e profundo respeito ao digno
subscritor da denúncia, a peça acusatória não descreve satisfatoriamente o fato delituoso
supostamente perpetrado. Isso porque, imputa-se ao denunciado os crimes, mas não se aponta
sequer uma única prova a respeito do fato. Assim, impossível se aferir a materialidade ou não
da infração penal.
Equivoca-se o Parquet.
É que a perícia constatou que o local não era um ambiente pristino, sendo
que o curso d’água ali existe, bem como suas margens, encontravam-se extremamente
descaracterizados, em função do processo de urbanização histórico já estabelecido, com
ausência de vegetação ciliar de grande porte. Desta forma, as funções ecológicas
comumente desempenhadas pela vegetação ciliar já se encontravam comprometidas.
Data venia, referido curso d’água, foi aberto há muitos anos pela própria
municipalidade e munícipes, agravando-se devido a erosão causada pelas águas da chuva
devido à urbanização no bairro, e quando não há chuva, há somente esgoto ─ basta uma análise
microbiológica da água ─ Prova disso, são as próprias imagens do laudo pericial.
4. DO CRIME DO ART. 38
A denúncia faz menção de que entre o dia 2013 e 2014 o denunciado teria
supostamente praticado o crime do art. 38 da Lei 9.605/98, in verbis:
Ora. Além de devidamente comprovado pela perícia que não havia floresta no
local, sequer há provas nos autos da prática do art. 38 da Lei 9.605/98, muito menos na denúncia.
Logo, a conduta atribuída à denunciado é equivocada, situação que impõe a rejeição da denúncia
neste ponto com a consequente absolvição.
Esta breve síntese permite perceber que a conduta enquadrada nos arts. 38 e
48 é, sem dúvida, crime-meio em relação ao art. 64, porquanto a finalidade era, evidentemente,
a edificação de determinada obra para utilização de moradia. De igual forma, o tipo penal previsto
no art. 68 também está absorvido pelo art. 64, pois como aponta o Parquet, o objetivo era
construir, sendo este portanto, o crime-fim e único passível de apreciação.
Por fim, a denúncia aponta que o denunciado teria infringido o art. 68 da Lei
9.605/98, o qual prevê: “Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental. ”
O dispositivo em tela configura tipo penal aberto, pois a lei não definiu o que
seja “obrigação de relevante interesse ambiental”. Nesse sentido:
Mas caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer seja
aplicado a pena mínima prevista no parágrafo único do art. 68 da Lei 9.605/98, por tratar-se de
prática de delito culposo, em razão da Prefeitura ter deferido a viabilidade de construção, na qual
constou que o terreno era edificável. Assim, incorreu o denunciado em erro de tipo, consoante o
exposto abaixo.
Conceito de erro de tipo: é o erro que incide sobre elementos objetivos do tipo
penal, abrangendo qualificadoras, causas de aumento e agravantes. O engano
a respeito de um dos elementos que compõem o modelo legal de conduta
proibida sempre exclui o dolo, podendo levar à punição por crime culposo. Não
basta o agente afirmar que lhe faltou noção precisa dos elementos do tipo
penal; é fundamental existir verossimilhança nessa alegação. Se houver
razoabilidade no equívoco, afastam-se o dolo e também a culpa. Inexistindo
razoabilidade, pode-se afastar o dolo, mantendo-se a culpa (pune-se, caso
haja, o tipo culposo). )Código penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. –
17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 146).
8. REQUERIMENTO
b) Rejeitar a denúncia, nos termos do artigo 395, inciso III (falta de justa causa para o
exercício da ação penal), do CPP, visto que inexistente a prova da materialidade e
indícios mínimos de autoria;
e) Na remota hipótese de não ser este o entendimento de Vossa Excelência, o que não se
acredita, REQUER-SE protestar e provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos, inclusive nova perícia técnica e oitiva dos demais denunciados e dos
indicados no rol de testemunhas abaixo arroladas, que deverão ser intimadas por Vossa
Excelência na forma da lei;
h) Por fim, que as intimações e notificações sejam todas feitas em nome do advogado
subscritor.
Pede deferimento.
LOCAL E DATA
ADVOGADO