Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
1. Introdução
Tomar a decisão correta é, por muitas vezes, vital para qualquer organização, independente
do seu ramo, pois seguir um caminho errado pode levar, não muito dificilmente, à falência de
muitos negócios. Por meio de recursos matemáticos e computacionais, o processo de tomada de
decisão deixou de ser fruto exclusivamente do feeling dos empresários, passando a ser orientado
por ferramentas computacionais e modelos matemáticos. E, ao contrário do que se pensa, tais
modelos não são utilizados somente em empresas de manufatura ou prestação de serviço.
Dentro desse contexto, as instituições acadêmicas também podem empregar métodos de
tomada de decisão em suas atividades rotineiras como, por exemplo, alocação de docentes nos
horários de aula. Problemas dessa natureza são estudados e conhecidos pelo termo timetabling,
que conforme Terra e Radaelli (2007), as soluções de problemas desse tipo surgiram de propostas
baseadas na teoria dos grafos, em soluções utilizando técnicas de otimização, e em algoritmos e
técnicas usadas em inteligência artificial.
SOBRAPO (2008) afirma que há uma infinidade de variações com problema turma-
professor (PTP) por causa dos critérios educacionais diferenciados entre países e regiões.
Trazendo para o contexto nacional, no Brasil há softwares que trabalham montando horários
escolares, entretanto, tais softwares são comprados, com validade técnica e suas licenças tem de
ser renovadas periodicamente, além de não serem construídos para balizar um horário de
Instituição Federal de Ensino Superior (IFES).
Coelho (2006) elucida que há consenso entre os profissionais construtores dos quadros de
horários quando afirmam que esta não é uma tarefa fácil, na qual geralmente é despendido muito
tempo de dedicação, chegando a atingir vários dias de elaboração.
Conforme Lara (2006, apud Carvalho, 2001), em se tratando de IFES brasileiras, como as
disciplinas compõem sua estrutura, uma solução em seu quadro de horários pode propiciar
arranjos melhores ou piores quanto aos conceitos obtidos pelas avaliações institucionais, já que as
IFES são avaliadas por um mecanismo de avaliação oficial feita pelo Ministério da Educação
(MEC). Diante disso tem-se mais uma razão para se construir um horário satisfatório e coerente.
Por meio de uma abordagem científica que utiliza modelagem matemática, o XPRESS-MP
surge como uma ferramenta auxiliadora da pesquisa operacional na resolução de problemas de
otimização de horários em IES, tendo como foco a alocação dos professores nos horários e
disciplinas disponíveis, considerando as restrições presentes no sistema.
Sob a ótica de propor melhorias para problemas referentes à timetabling, o referente
trabalho apresenta o objetivo de uma modelar os horários do curso de Engenharia de Produção em
3
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
2. Referencial teórico
2.1 Pesquisa operacional
Variedades da aplicação de Pesquisa Operacional (PO), tanto em setores públicos quanto
para setores privados, conforme Arenales et al. (2007) deu início na década de 1950 até o final de
1960, porém era estudada apenas em cursos de pós-graduação.
A PO é uma ciência aplicada direcionada a resolver problemas reais, tendo como foco a
tomada de decisões, emprega conceitos e métodos de diversas áreas científicas na concepção,
planejamento ou operação de sistemas, busca avaliar linhas de ação alternativas e encontrar
soluções que melhor atendam aos objetivos desejados (SOBRAPO, 2010). Trazendo para a
contextualização nacional, o primeiro grupo formal de PO estabelecido no Brasil em uma empresa
foi o da Petrobras, criado em 1965.
De acordo com Belfiore e Fávero (2013) a pesquisa operacional auxilia a tomada de
decisão através da aplicação de suas técnicas para solução de modelos representativos de sistemas
reais, tendo seu estudo dividido nas seguintes fases:
a) Definição do Problema: Definem-se claramente os objetivos a serem alcançados e os
possíveis meios de solução do problema;
b) Construção do Modelo Matemático: É um conjunto de equações e inequações que tem
como objetivo otimizar um sistema e dar subsídio para identificação das limitações do mesmo. É
composto por três elementos: variáveis de decisão (valores que serão determinados pela solução
do modelo) e parâmetros (valores fixos conhecidos), função objetivo (função matemática que
determina a qualidade da solução que se pretende alcançar) e restrições (conjunto de inequações e
equações que as variáveis de decisão precisam satisfazer);
c) Solução do Modelo: Utilização das diversas técnicas de PO para solucionar o modelo
matemático proposto;
d) Validação do Modelo: Um modelo é considerado válido se representar ou prever de
forma aceitável o comportamento do sistema estudado.
e) Implementação dos Resultados: aplicação dos resultados, com o monitoramento e
controle de possíveis mudanças de valores na solução.
f) Avaliação Final: Verificar se o objetivo final foi alcançado.
4
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
5
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
confiáveis, que quando submetidas as restrições impostas pelo sistemas e confrontadas com outras
informações, dão o diferencial do conhecimento (apud BELFIORE E FÁVERO, 2013).
2.2.1 Timetabling
Carvalho (2011) relata que a primeira formulação completa para o problema de quadro de
horários para cursos (Timetabling Problem-Course Scheduling) foi apresentada por Gotlied
(1963). Tal fixou em um dado período de tempo, um conjunto de aulas de forma que atendesse as
exigências acadêmicas constituídas por um determinado currículo de estudos dentro de um grupo
de disciplinas. Porém, algumas restrições não foram contempladas como, por exemplo,
disponibilidade de professor.
Timetabling, segundo Ross et al. (1999), é um problema de escalonamento sujeito a
restrições, no qual os eventos são considerados como recursos do problema que devem acontecer
em um período finito de tempo. Seus recursos não podem ser solicitados por mais de um evento ao
mesmo tempo ou existir em uma quantidade suficiente para atender a todos os eventos durante o
tempo definido (apud BORGES, 2003). De acordo com Terra e Radaelli (2007) o problema de
alocação de horários é um problema típico dessa natureza, auxiliando na alocação de recursos sob
restrições.
A elaboração e definição de horários escolares é uma atividade bastante dispendiosa que
exige consideração de diversas restrições durante a alocação de recursos, entre as quais a carga
horária do professor, disponibilidade de espaço físico e recursos audiovisuais, disciplinas a serem
cursadas pelos alunos e carga horária disponível por dia.
Segundo Bardadym (1996) a solução manual desses problemas requer vários dias de
trabalho, sendo uma atividade árdua e complexa, cujas soluções podem ser insatisfatórias com
relação a vários aspectos (apud OLIVEIRA et al., 2012). Góes (2010) afirma que o trabalho de
elaboração de uma grade horária escolar torna-se muito complexo quando realizado manualmente
e com pouco tempo para sua execução, uma vez que a mesma deve satisfazer as preferências dos
professores, além das questões operacionais e pedagógicas.
Dada a dificuldade de elaboração de programação de horários escolares, tem-se
desenvolvido diversas pesquisas nas áreas de Pesquisa Operacional, ligadas a modelagem
matemática e computacional dos problemas. Santos e Souza (2007, apud Fonseca et al., 2011)
citaram algumas razoes para este interesse:
a) Dificuldade de Resolução: é uma tarefa difícil desenvolver um quadro de horários que
satisfaça a todos os interesses envolvidos;
6
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
3. Método de Pesquisa
A pesquisa, em seu início, teve caráter bibliográfico, empregando literatura voltada para
pesquisa operacional, timetabling e aplicação do software XPRESS - MP. Por conseguinte, foram
realizadas pesquisas de campo a fim de tomar ciência da situação atual da Universidade Federal,
local do referente estudo de caso, e entrevista com o coordenador do curso de Engenharia de
Produção. Com isso, a situação foi contextualizada, os dados foram recolhidos, aplicados no
software e posteriormente analisados os resultados.
7
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
4. Aplicação e resultados
8
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
Com relação às restrições, as escolhidas fazem parte de uma proposta inicial, sendo
passível de alterações para futura implementação com o real número de professores e disciplinas
do curso de Engenharia de Produção, e acréscimo de restrições voltadas ao espaço físico, por
exemplo.
A quantidade de professores juntamente com as disciplinas do curso de Engenharia de
Produção e suas respectivas horas está exposto no Quadro 1.
Discentes Disciplinas
A (1) Engenharia Econômica e Finanças (EEF –
B (5) 60 horas),
Modelagem de Custos, Preços e Lucros para
Tomada de Decisão (MCT – 60 horas),
Gestão de Projetos I (GPI – 60 horas),
Gestão de Projetos II (GPII – 30 horas),
Tópicos Especiais de Engenharia e
Produção (TEEP – 30 horas).
QUADRO 1 – Disposição dos discentes e as disciplinas. Fonte: Autoria Própria
9
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
4.1.1 Notação
Os parâmetros adotados para a modelagem matemática para o horário do curso de
Engenharia de Produção estão dispostos a seguir.
prof : número total de professores;
turma: número total de turmas;
hora: quantidade de horários disponíveis;
dia: quantidade de dias da semana (segunda-feira à sexta-feira);
EP: conjunto de todos os professores de Engenharia de Produção;
Hd: conjunto de todos os horários de aula de um dia d da semana;
T: conjunto com NT = |T| turmas;
D: conjunto de todos os dias de aula por semana;
Rt: carga horária para a turma t;
Rp: carga horária total que o professor p pode atender;
S: Grau de satisfação do professor p na turma t;
xpthd =
10
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
(1) A soma das cargas horárias das disciplinas de um professor não pode exceder sua carga
horária máxima.
(2) Se a disciplina tiver carga horária de 60 horas, o professor terá de dar aula em 1 turma
em 2 horários. E se a disciplina for de 30 horas, o mesmo só lecionará em 1 turma e em 1 horário
apenas.
11
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
12
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
5. Considerações finais
Apesar da modelagem não ter sido com todos os dados possíveis, foi possível perceber que
a Pesquisa Operacional abalizada pelo software Xpress proporciona respostas confiáveis, tornando
o processo de decisão muito mais eficiente.
No referente estudo pode-se concluir que, dentro dos limites, os objetivos foram atingidos
com êxito, uma vez que a modelagem no Xpress foi feita para o problema proposto, as principais
variáveis foram identificadas juntamente com as restrições e a solução ótima foi encontrada.
Conclui-se então, que o modelo matemático proposto é competente para, em um tempo
significantemente menor, proporcionar soluções melhores do que as existentes.
Referências
ARENALES, Marcos, et al. Pesquisa Operacional para Cursos de Engenharia. Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2007.
ASC TIMETABLE. Disponível em: < http://www.asctimetables.com.br/> Acesso em 22 dez. 2014.
BELFIORE, P.; FÁVERO, L. P. Pesquisa Operacional - Para Cursos De Engenharia. Rio de Janeiro: Campus, 2013.
BORGES, S. K. Resolução de Timetabling Utilizando Algoritmos Genéticos e Evolução Cooperativa. Dissertação
(Mestrado em Informática) - Departamento de Informática - Setor de Ciências Exatas, UFPR, Paraná, 2003.
CARVALHO, Rodrigo. Abordagem Heurística para o Problema de Programação de Horários de Cursos. Disponível
em: <http://www.cpdee.ufmg.br/defesas/169M.PDF> Acesso em 22 jan. 2014.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria da Administração. 5 ed. São Paulo: Makron Books, 1997.
COELHO, A. M. Uma Abordagem Via Algoritmos Meméticos para a Solução do Problema de Horário Escolar.
Dissertação (Mestrado em Modelagem Matemática e Computacional) - Curso de Mestrado em Modelagem
Matemática e Computacional - Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, CEFET-MG, Minas Gerais, 2006.
13
XXI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
As Demandas de Infraestrutura Logística para o Crescimento Econômico Brasileiro
Bauru, SP, Brasil, 10 a 12 de novembro de 2014
ENSSLIN, L. et al. Apoio à decisão: Metodologia para Estruturação de Problemas e Avaliação Multicritério de
Alternativas. Florianópolis: Insular, 2001.
FONSECA, G. H. G. da et al. Uma Abordagem Híbrida de SAT e Busca TABU para o Problema da Programação de
Horários Escolares. In: XLIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional. Ubatuba. 2011. Disponível em:
<http://www.din.uem.br/sbpo/sbpo2011/pdf/87412.pdf > Acesso em: 15 dez. 2013.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisas. São Paulo: Atlas S/A, 2002. 176p.
GÓES, A. R. T. et al. Otimização na Programação de Horários de Professores/Turmas: Modelo Matemático,
Abordagem Heurística e Método Misto. Sistemas & Gestão, v. 5, n. 1, jan./abr. 2010. Disponível em: <
http://www.uff.br/sg/index.php/sg/article/viewFile/V5N1A4/V5N1A4> Acesso em: 15 dez. 2013.
HILLIER, F. S; LIEBERMAM, G. J. Introdução à Pesquisa Operacional. Porto Alegre: AMGH, 2010.
LACHTERMACHER, Gerson. Pesquisa Operacional na Tomada de Decisões. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.
OLIVEIRA, J. G. de et al. Uma Heurística GRASP+VND para o Problema de Programação de Horário Escolar.
Sistemas & Gestão, v. 7, n. 3. 2012. Disponível em:
<http://www.uff.br/sg/index.php/sg/article/viewFile/V7N3A3/V7N3A3> Acesso em: 15 dez. 2013.
RANGEL, S. (2006) Introdução à Construção de Modelos de Otimização Linear e Inteira. Disponível em:
<http://www.mat.ufg.br/bienal/2006/mini/socorro.rangel.pdf> Acesso em: 15 dez. 2013.
SOBRAPO. Pesquisa Operacional: Uma Publicação da Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional. Vol 28. Rio
de Janeiro. 2008.
SOBRAPO (2010). Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional. Disponível em:
<http://www.sobrapo.org.br/o_que_e_po.php>. Acesso em: 15 dez. 2013
TERRA, I. P.; RADAELLI, J. L. Utilização dos Métodos de Otimização em Problemas de Timetabling. Principium
Online, Coronel Fabriciano, v. 1, n. 1, jul. 2007. Disponível em: <
http://www.unilestemg.br/principiumonline/publicacoes/01/downloads/095_103_utilizacao_dos_metodos_de_otimiza
cao_em_problemas.pdf> Acesso em: 15 dez. 2013.
URÂNIA. Urânia: O Melhor e Mais Premiado Programa para Montar Horários Escolares. Disponível em: <
http://www.horario.com.br/programa/> Acesso em 22 dez. 2014.
WWK SISTEMAS INTELIGENTES. Disponível em: <http://www.wwksistemas.com.br/zathura.aspx> Acesso 22
dez. 2014.
14