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II Colóquio de Matemática do Pampa

Curso de Matemática – Licenciatura, Campus Bagé/RS


Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS, Brasil. 25-27 maio 2022.

ADVERSIDADES E FACILIDADES PARA A INSERÇÃO DO PROFISSIONAL NO


MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DA ENGENHARIA CIVIL

Daniela Gazaro Pinzetta – danielapinzetta2@gmail.com


Instituto Federal Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo, 99064-440 – Passo Fundo, RS,
Brasil
Daniele Schütz – danieleschutz27@gmail.com
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo, 99064-440 – Passo Fundo, RS,
Brasil
Darlla Sartori Binello – ds.binello@gmail.com
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo, 99064-440 – Passo Fundo, RS,
Brasil
Lucas Vanini – lucasvanini@ifsul.edu.br
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo, 99064-440 – Passo Fundo, RS,
Brasil
Vanessa Marques Pavlak – vanessampavlak@gmail.com
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Campus Passo Fundo, 99064-440 – Passo Fundo, RS,
Brasil

Resumo. O ramo da engenharia civil cresceu significativamente nos últimos anos e


atualmente possui inúmeros profissionais formados. Em virtude disso, gerou-se uma procura
por oportunidades na área acima do que as vagas podem contemplar, o que torna o mercado
de trabalho cada vez mais seletivo, exigente e competitivo. Apesar das infinitas possibilidades
de atuação que um engenheiro civil pode exercer, muitos profissionais não dispõem de
qualificação ou especialização necessária para se inserir no mercado e, com a pandemia
global que tomou conta do mundo em 2020, as dificuldades para conseguir um bom emprego
na área aumentaram de forma extrema. Nesse contexto, a partir da pesquisa elaborada pelo
método quali-quantitativo que visa fundamentar melhor os dados e que foi realizada com o
professor orientador da matéria de Probabilidade e Estatística do Instituto Federal Sul-rio-
grandense, buscou-se investigar quais são as adversidades e facilidades que os engenheiros
recém-formados passam para conseguir se introduzir no mercado de trabalho, bem como
obter dicas proporcionadas por engenheiros já atuantes para auxiliar os alunos em sua nova
trajetória como profissionais. Portanto, é de suma importância explorar essa temática, uma
vez que os resultados encontrados devem auxiliar a evidenciar as causas e facilitar a
resolução dos problemas enfrentados pelos jovens formandos.

Palavras-Chave: Engenharia civil; Mercado de trabalho; Atuação.

1. INTRODUÇÃO

A área da engenharia civil é bastante abrangente e um engenheiro civil pode ser


responsável por projetos, análise, gerenciamento, execução, fiscalização e acompanhamento
de todas as etapas de uma obra, além de poder trabalhar na área acadêmica como docente.
Apesar de tantas esferas possíveis para se profissionalizar e atuar, ainda existem muitas
dificuldades que estudantes recém-formados enfrentam para conseguir a almejada inserção no
mercado de trabalho.
II Colóquio de Matemática do Pampa
Curso de Matemática – Licenciatura, Campus Bagé/RS
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS, Brasil. 25-27 maio 2022.

Dessa forma, pode se dizer que a formação dos engenheiros precisa ser ampla e
inovadora. Xavier et al. (2020) constatou em uma pesquisa que é de extrema importância
buscar novos ideais e aprendizados para contribuir a uma empresa e também para o seu
desenvolvimento pessoal e profissional, para assim, consequentemente, se inserir de maneira
consolidada ao mercado de trabalho.
Em 2020, com a pandemia instaurada pela Covid-19, as incertezas são mais presentes no
dia a dia dos estudantes de engenharia, visto que muitas formaturas foram adiadas e com a
implantação das aulas EaD (ensino à distância), a motivação pessoal, consequência da
disposição e relação com a vontade de alcançar as metas, foi perdida por muitos estudantes.
Nesse sentido, a intenção proposta com a pesquisa é compreender como funciona o
mercado de trabalho e conhecer as principais razões que levam o destaque de muitos
profissionais. Partindo disso, o estudo pretende encontrar respostas para o seguinte problema:
por que é tão difícil conseguir se inserir no mercado de trabalho?
A fim de obter respostas para o problema diretriz, tem-se como objetivo principal
investigar os motivos e escolhas que influenciam os profissionais da área da engenharia civil a
se inserirem no mercado de trabalho.
Para isso, foram analisados e descritos os comportamentos apresentados por uma amostra
de engenheiros e engenheiras da região Sul do Brasil. A partir do estudo realizado através de
um questionário de forma remota, por meio da plataforma Google Forms, foi possível
determinar alguns reflexos das adversidades e facilidades para a inserção no mercado de
trabalho.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Além de fornecer muitos empregos, a área da engenharia civil impulsiona o


desenvolvimento de muitas cidades. De acordo com o SIDUSCON-RS (Sindicato Indústria da
Construção Civil do Rio Grande do Sul), a construção civil ergue moradias, centros
comerciais e culturais, hospitais, escolas, parques, praças entre tantos outros espaços públicos.
Contribui com o bem-estar, conforto e segurança da sociedade, atuando de forma intensa no
desenvolvimento urbano das cidades. Dessa forma, pensa-se que, devido a importância da
formação do engenheiro civil, é fundamental que as faculdades desempenhem seu papel de
ensinar e dirigir seus alunos ao mercado de trabalho com o máximo de conhecimento
possível.
Porém, para se destacar nesse setor é necessário não só o conhecimento acadêmico, mas
também a prática e a ampla visão do que está acontecendo ao redor do mundo, para assim
atender as necessidades específicas dos clientes.
Nesse contexto, uma pesquisa realizada por Xavier et al. (2020) descreve os requisitos
mais importantes para a contratação de um engenheiro civil. O resultado obtido foi que a
principal exigência das empresas é o trabalho em campo, seguido da experiência, domínio de
softwares, gestão e especialização. Nota-se que o mercado atual demanda engenheiros com
vivência na área e atualizados.
Com o passar dos anos a engenharia civil passou a ser um curso bastante procurado pelos
vestibulandos, o que começou a gerar uma grande quantidade de engenheiros formados todos
os anos e, em consequência disso, criou-se uma procura centralizada de pessoas para as
mesmas oportunidades, provocando uma demanda acima do que as vagas de emprego podem
contemplar.
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Com o alto número de profissionais capacitados para exercer a profissão, o número de


vagas de emprego formal pode diminuir consideravelmente. Devido a pandemia em 2020, as
vagas desse tipo diminuíram, no entanto, aumentaram as vagas que se enquadram como
regime de Pessoas Jurídicas, no qual o profissional possui um CNPJ próprio e presta serviços
para a empresa contratante, estabelecendo um vínculo comercial. Por conta disso, foi um ano
em que a construção civil teve um aumento no número de vagas ofertadas nessa modalidade.
Nesse cenário, a base curricular é de extrema importância para a formação de bons
engenheiros e por isso precisa estabelecer o máximo de experiências práticas para os
estudantes, bem como possíveis vínculos com o mercado de trabalho. No entanto, muitas
instituições de ensino ainda possuem carência de atividades técnicas que tornem os futuros
engenheiros mais capacitados para atuar no cenário atual, o que aumenta a busca por cursos
de especialização fora da faculdade.
Em um contexto capitalista e neoliberal, os perfis profissionais sofrem transformações
decorrentes da necessidade de readaptação às exigências do mercado de trabalho, onde as
organizações tendem a mudar seu cenário e passam a exigir trabalhadores diferenciados com
conhecimentos e habilidades. Nesse panorama, as organizações escolares necessitam
acompanhar essas mudanças, visto que estão formando o profissional para o mercado de
trabalho (ROSA JUNIOR, 2017).

3. METODOLOGIA

A pesquisa é fundamentada na metodologia quali-quantitativa que pretende abordar os


dois aspectos de forma conjunta para melhor obtenção de dados, considerando, além das
respostas obtidas, o seu entendimento pelos pesquisadores.
Para a realização do estudo utilizou-se um questionário com nove perguntas de múltipla
escolha e de resposta aberta enviado por meio da plataforma Google Forms para uma amostra
selecionada, a partir de uma população de 100 engenheiros(as) que trabalham nas regiões de
influência dos pesquisadores e que atuam em diferentes áreas da engenharia civil, a fim de
obter os dados necessários.
O cálculo do tamanho da amostra teve como base a Eq. (1), desenvolvida por Assis
(2019), apresentada a seguir:

(1)

Nesse caso, utilizou-se o programa GNU Octave para realização de uma simulação para a
obtenção do espaço amostral tendo como valores fixados as seguintes variáveis: erro máximo
(e) = 0,135; valor tabelado (z) = 1,96 ; a proporção amostral (p) = 0,5 e o tamanho da
população (N) = 100, atingiu-se então o valor de (n) = 34,74, ou seja, é preciso atingir um
mínimo de 35 respostas da amostra para a pesquisa ser assegurada.

4. ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS

Lembrando que o trabalho busca responder o porquê é tão difícil conseguir se inserir no
mercado de trabalho na área de engenharia civil e também quais são as facilidades existentes,
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para isso foi enviado um questionário a 100 pessoas e a amostra teve a participação de 35
engenheiros(as) civis que atuam em diferentes áreas. Nesse sentido, os dados mostraram que:
Referente a qual tipo de instituição foi realizada a graduação, foi possível identificar que
a maioria dos entrevistados estudou em instituição de ensino privada (91,40%) e uma menor
porcentagem em ensino público (8,6%).
Sobre a principal ocupação dos engenheiros atualmente, a função mais destacada entre
eles foi o empreendedorismo (45,70%). Em segundo lugar ficaram os profissionais que atuam
como contratados, com 25,70%. Em terceiro lugar ficou a atividade de professor em
instituições de ensino superior, com 17,10%. Por fim, estão presentes alguns profissionais
liberais, servidores públicos e autônomos.
Para identificar possíveis falhas nos métodos de ensino foi perguntado aos entrevistados
em qual aspecto o curso se mostrou insuficiente e a maioria apontou que a principal carência
do curso de engenharia civil é a ausência de aulas práticas. Também destacaram a falta de
especialização docente e que muitos professores não tinham boa didática de ensino. A
infraestrutura da instituição que cursaram se mostrou insuficiente em alguns aspectos, assim
como a carga horária e os estágios, faltando a conexão com a prática da profissão. No entanto,
muitos acharam o curso suficiente em todos os sentidos.
A principal facilidade para o ingresso ao mercado de trabalho salientada pelos
engenheiros foi o contato com profissionais da área (54,30%), seguida da vivência de
experiências práticas durante o curso (28,60%), participação de eventos, congressos,
workshops e cursos disponibilizados pela instituição (11,30%), estrutura e professores
capacitados e atividades de pesquisa para inserção na docência. As demais alternativas não
foram levadas em consideração.
Dos entrevistados, 85,7% realizaram estágio extracurricular, desses a maioria afirmou
que contribuiu para sua formação profissional. Os demais 14,3% da amostra não realizaram.
Além disso, grande parte dos entrevistados apontou que para a inserção no mercado de
trabalho foi necessária a realização de algum curso de especialização em áreas específicas.
O tempo de inserção de trabalho de mais da metade dos engenheiros(as) foi menor de
6 meses (57,10%), o que é um bom resultado. Também há uma boa porcentagem que
conseguiu se inserir entre 6 meses e 1 ano (22,90%). O restante apenas conseguiu de 1 a 2
anos e de 2 a 3 anos. Felizmente ninguém precisou de mais de 3 anos para ter uma vaga no
mercado de trabalho.
Muitos foram os conselhos dados pelos profissionais aos estudantes de Engenharia
Civil, mas o mais destacado entre eles foi que os acadêmicos precisam ir em busca da prática
através de diversos estágios em empresas, construtoras e escritórios. Também indicaram a
realização de cursos de especialização e muita disciplina e dedicação durante todo o período
do curso.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da elaboração da pesquisa quali-quantitativa apresentada no decorrer do trabalho


e, juntamente com a participação de engenheiros civis formados e das mais diferentes áreas de
atuação, torna-se possível afirmar que os objetivos foram alcançados, visto que o público-alvo
foi atingido, assim como a sua quantidade estimada.
Analisando os resultados obtidos pode-se compreender que, na maioria dos casos, as
atividades exercidas pelos profissionais exigiram uma qualificação superior à da graduação, e
que as experiências práticas realizadas fora da instituição de ensino, assim como o estágio,
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fizeram excessiva diferença no momento de inserção ao mercado de trabalho, sendo este o


principal conselho dos engenheiros formados aos estudantes: estagiar no decorrer da vida
acadêmica.
Além disso, no que diz respeito à organização do curso, quase que na sua totalidade
realizado em instituição privada pelos entrevistados, mostrou-se escassa em relação à
disposição de aulas práticas. Ainda, apesar do predomínio de inserção ser no período de 6
meses a 1 ano, um pouco menos da metade dos profissionais ainda tardaram para tanto, sendo
o principal motivo a especialização em alguma área de atuação para se destacar no mercado.
Com a pandemia, a busca por profissionais cada vez mais qualificados e especializados
em determinada área tornou-se mais exigente e rigorosa. Portanto, torna-se claro que o
empenho e a dedicação no período em que o aluno realiza a graduação é de extrema
importância para sua inserção no mercado de trabalho, não só no estudo teórico, mas
principalmente nas disciplinas práticas ofertadas pelas instituições de ensino, além de
estágios, curriculares e extracurriculares, e manter contato com engenheiros civis que já
conseguiram firmar seu lugar no mercado de trabalho.

Agradecimentos

A instituição e ao corpo docente pelo suporte, correções e incentivos.

REFERÊNCIAS
ASSIS, Janilson P.; SOUSA, Roberto P.; DIAS, Carlos T. S. Glossário de estatística. Mossoró, EdUFERSA,
2019.

SINDUSCON. História. Porto Alegre, 2021. Disponível em: https://sinduscon-rs.com.br/historia/.

PORTOBELLO ENGENHARIA. Construção civil no ano de 2020: consequências da pandemia. Minas Gerais,
2021. Disponível em: https://www.portobelloengenharia.com.br/construcao-civil-em-2020-quais-as-
consequencias-da-pandemia-no-setor/.

ROSA JUNIOR, Antonio José. Paradigmas educacionais na óptica do mercado de trabalho. São Paulo,
Integração Engenharia, 2017.

XAVIER, Ângelo A. R. et al. Mapeamento do perfil do engenheiro de produção e civil no mercado de


trabalho. Brasília, COBENGE, 2020.

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