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A INDUSTRIA MINEIRA ANGOLANA - ANÁLISE DA SUA

CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO


(2014-2022)

Yirma Martínez Ajuria. MBA Professora Assistente Instituto Metropolitano de Angola.


(Março, 2023).
Carlos Osvaldo António (COA). Licenciatura em Economía e Mestrando em Finanças.
Professor Instituto Metropolitano de Angola. (Março, 2023)

RESUMO
No contexto económico actual, nacional e internacional, as empresas preocupam-se com a
gestão e transparência dos recursos naturais dos países, em particular, as empresas angolanas,
tem vindo a observar os seus resultados além do prisma da obtenção de lucros e benefícios
individuais, olhando cada vez mais pelo impacto das suas actividades no desenvolvimento
não só económico, mas também social. Adicionalmente, o mercado mineiro internacional
está sofrendo uma reestruturação, fundamentalmente, a transição energética e a corrida em
direção a zero emissões, está criando um aumentou da demanda por 'minerais críticos'.
Compreender o papel que a indústria mineira tem desenvolvido nos níveis atingidos pela
economia angolana, durante o período de 2014 até 2022, constitui o objectivo geral do
presente artigo. A investigação, feita com uma abordagem qualitativa, visa identificar os
impactos da industria mineira, selecionada como estudo de caso, a partir de uma revisão
documental e bibliográfica, bem como, de series estatísticas do sector tanto, no ámbito
nacional como internacional. Constatou-se que a industria mineira angolana, à luz dos
resultados mostrados a finais de 2022, em especial a não petrolífera, tem ainda um
insipiente desenvolvimento pelo que o seu papel na economia do país tem que experimentar
mudanças estruturais a alto impacto.

Palabras Chave: Desenvolvimento Económico, Desenvolvimento Local, Industria Mineira.

RESUMEN

En el actual contexto económico nacional e internacional, las empresas se preocupan por la


gestión y transparencia de los recursos naturales de los países, en particular, las empresas
angolanas, observan sus resultados no solo a través del prisma de la obtención de ganancias y
beneficios individuales, mirando el impacto de sus actividades, no solo económico sino
también social. Por otra parte, el mercado minero internacional se está reestructurando,
fundamentalmente, la transición energética y el paso a cero emisiones está generando un
aumento de la demanda de 'minerales críticos'. Comprender el papel que la industria minera
ha jugado en los niveles alcanzados por la economía angolana, durante el período de 2014 a
2022, es el objetivo general de este artículo. La investigación, realizada con un enfoque
cualitativo, tiene como objetivo identificar los impactos de la industria minera, seleccionada
como caso de estudio, a partir de una revisión documental y bibliográfica, así como series
estadísticas del sector, tanto a nivel nacional como internacional. Constatase que la industria
minera angolana, vistos los resultados presentados al final de 2022, especialmente para el
sector no petrolífero, es todavía de desarrollo incipiente y su papel en la economía del país
tiene que sufrir cambios estructurales de gran impacto.

Palabras Clave: Desarrollo Económico, Desenvolvimento Local, Industria Minera.


ABSTRACT
In the current economic context, national and international, companies are concerned with the
management and transparency of the countries' natural resources, in particular, Angolan
companies, have been observing their results beyond the prism of obtaining individual profits
and benefits, looking more and more at the impact of its activities on, not only economic, but
also, social development. Additionally, the international mining market is undergoing
restructuring, fundamentally, the energy transition and the race towards zero emissions is
creating an increased demand for 'critical minerals'. Understanding the role that the mining
industry has played in the levels reached by the Angolan economy, during the period from
2014 to 2022, constitutes the general objective of this article. The research, carried out with a
qualitative approach, aims to identify the impacts of mining industry, selected as a case study,
based on a documentary and bibliographic review, as well as sectorial statistical series, both
nationally and internationally. It was found that the Angolan mining industry, in light of the
results shown at the end of 2022, in particular the non-oil industry, is still incipient in
development, so its role in the country's economy has to undergo high-impact structural
changes.

Keywords: Economic Development, Local Development, Mining Industry.

Os Autores:

Yirma Martínez Ajuria. Máster em Administración de Empresas. Graduada de


Economía Industrial, foi bolsista da ENI Italia para Estudos de Post Graduação na Gestão de
Projectos. Conta com mais de 25 anos de experiência profissional. Em Angola trabalhou
como Diretora Financeira e de Reservas na Holding ABC e como Diretora Comercial na
Clínica Meditex. Actualmente se desempenha como Consultora em Gestão Empresarial,
Planeamento e Controlo de Gestão e Orçamental e como professora universitária no
Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola.

Carlos Osvaldo Antonio (COA). Mestrando em Finanças e Mercados Financeiros (2023).


Graduado em Economía, coma mais de 15 anos de experiência profissional. Actualmente se
desempenha como professor na Universidade Independente de Angola, como Coordenador
do Curso de Economía, e no Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola, como
regente das especialidades de Micro e Macroeconomia; igualmente trabalha como
pesquisador no Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento, na ENAPP (Escola
Nacional de Administração e Políticas Públicas).
INTRODUÇÃO

No contexto económico actual, nacional e internacional, as empresas preocupam-se


com a gestão e transparência dos recursos naturais dos países, em particular, as empresas
angolanas, tem vindo a observar os seus resultados além da obtenção de lucros e benefícios
individuais, olhando cada vez mais pelo impacto das suas actividades no desenvolvimento
não só económico, mas também social; termos como impacto do desenvolvimento nas
localidades onde estão inseridas, responsabilidade social, sustentabilidade, entre outros,
aparecem cada vez com maior frequência nos relatórios e resumos das actividades periódicas.
Adicionalmente, o mercado mineiro internacional está sofrendo uma reestruturação,
fundamentalmente, a transição energética e a corrida em direção a zero emissões está criando
um aumentou a demanda por 'minerais críticos'. Estes são os assuntos das matérias-primas
necessárias para gerar energia com baixas emissões elementos como lítio, níquel, cobalto e
grafite,armazenar energia; cobre e alumínio para transporte energia; e silicone, urânio e
elementos estranhos da terra para a geração de energia solar, eólica e nuclear.
Compreender o papel que a indústria mineira tem desenvolvido nos níveis atingidos
pela economia angolana, durante o período de 2014 até 2022, constitui um elemento chave
para poder avaliar o contributo do sector na riqueza, mas também e principalmente,
identificar todo quanto ainda pode ser feito neste quesito, procurando encontras as chaves
para o sucesso dos novos empreendimentos na actividade extractiva e da industria de
processamento de minerais.
Resulta bem conhecido que a economia de Angola continua a ter uma altíssima
dependência dos avatares do sector petrolífero, se bem não é menos certo que ingentes
esforços são feitos para estimular outros sectores económicos de vital importância, como o
sector agro-pecuário, a pesca e a indústria, e dentro deles a extração de diamantes e outros
minerais metálicos e não metálicos.
A indústria mineira representa um potencial de forte atractivo para a captação de
capital estrangeiro1, importante fonte de receitas para o Estado e vital para a geração de
empregos directos e indirectos nas localidades onde estão inseridas, podendo-se evidenciar o

1
Conforme o relatório apresentado pelo Council of foreing Relations , allAfrica, (New York) os problemas de corrupção
que Angola tem enfrentado são a causa fundamental da não incorporação de mais capitais estrangeiros nos investimentos da
actividade mineira. A pesar dos esforços e de ter passado do posto 165 para o 116 no Transparency International`s
Corruption Perceptions Index,, os novos acontecimentos que envolvem altos funcionários governamentais, no sector da
justiça , tem reavivado a discussão sobre a efetividade das medidas tomadas pelo governo do presidente Jõao Lourenço,
Angolans see growing corruption, Government failure to Contail it, (Abril, 2023), allAfrica.com.
derrame de riqueza que impacte na qualidade de vida dos habitantes dessas comunidades e do
país em geral.
O presente artigo visa analisar brevemente o contributo da indústria mineira ao
desenvolvimento económico de Angola, identificando de forma geral as principais variáveis
desse contributo durante o período em estudo e aportando elementos para o crescimento do
sector.

JUSTIFICATIVA

Existe consenso em afirmar que qualquer esforço investigador constitui um desafio


académico, tomando em consideração a disponibilidade de informação veraz e actualizada e
as possibilidades de tempo do pesquisador. Sendo assim o assunto é motivador por quanto a
industria mineira angolana encontra-se numa fase ainda incipiente, comparada com a imensa
quantidade de recursos minerais existentes no território. Estima-se que o subsolo angolano
possua 35 dos 45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre os quais destacam-se
o petróleo, o gás natural, os diamantes, os fosfatos, ferro, cobre, magnésio, ouro, rochas
orçamentais e mais recentemente as chamadas “terras raras”.
Pesquisas en desenvolvimento por parte do Instituto Geológico de Angola (IGEO),
pertencentes a implementação do PLANAGEO, programa governamental criado ad-hoc com
o intuito de “relançar, dinamizar e aumentar a contribuição fiscal do subsector dos recursos
minerais ao nível do país”, concluíram que “70 por cento do território nacional, cerca de
872.392 quilómetros quadrados, oferece potencial mineral explorável, o que dá margem para
a entrada de mais investimentos no sector”2. Angola encontra-se entre os cinco maiores
produtores de diamantes do mundo e muitos afirmam que já é o terceiro em África, entanto se
calcula que solo tem explorado aproximadamente o 40 % das suas reservas, ainda que
paralelamente tem assistido a um crescimento sustenido da produção3. Angola também tem
sido reconhecida mundialmente como um grande produtor de mineiro de ferro
Identificar as potencialidades da indústria mineira passa por fundamentar quanto este
sector tem contribuído no desenvolvimento económico do país, e de províncias como Lunda
Sul e Lunda Norte, e outras, unidos ao compromisso com a sustentabilidade ambiental e
social que também estão a acompanhar estes derradeiros.

2
Jornal de Angola,
https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/pais-tem-42-minerais-exploraveis-capazes-de-gerar-desenvolvimento/
3
PwC (Price Woterhouse Cuper) RELATÓRIO-solucoes-para-o-sector-diamantifero-angolano (2020)
https://www.pwc.com/ao/mining
CONCEPTUALIZAÇÃO

“As pessoas são a verdadeira riqueza de uma nação,” não apenas como beneficiárias
do Desenvolvimento, mas sobretudo como arquitectos do seu próprio Desenvolvimento4.
Com estas palavras, o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 1990 deu início à
convincente defesa de uma nova abordagem ao pensamento acerca do Desenvolvimento.
Portanto, a ideia de que o objectivo do Desenvolvimento deve ser o de criar um ambiente que
possibilite as pessoas desfrutarem de vidas longas, saudáveis e criativas pode parecer, hoje
em dia, evidente em si mesma. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o
bem-estar da sociedade se media pelo seu Crescimento Económico. A busca desenfreada pela
industrialização e pelo Desenvolvimento Económico levou a maioria dos países do mundo a
concentrar seus esforços na promoção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB),
deixando a qualidade de vida em segundo plano. O crescimento económico era visto como
meio e fim do Desenvolvimento.

Desenvolvimento

Segundo OLIVEIRA (2012, p. 127), apesar de ter deixado grandes sequelas, esta
visão sobre o Desenvolvimento, mudou consideravelmente ao longo do tempo: começando
pela ideia de que o investimento de capital equivale ao “crescimento e ao Desenvolvimento,
avançou sucessivamente para o papel do capital humano, para o papel dos mercados e das
políticas, para o papel das instituições e, mais recentemente, para o papel da capacitação
individual e de grupos e do domínio das nações sobre si mesmas”.
O Desenvolvimento Socioeconómico entendido genericamente, como o processo no
qual “o crescimento económico e o Desenvolvimento humano estão interligados em uma
relação de dependência, tornou-se hoje um fenómeno amplamente desejado por toda a
população, visto que a humanidade deseja qualidade de vida, que só é possível quando as
necessidades e desejos passam a ser atendidos adequadamente”.5
Na história da humanidade, o contexto do Desenvolvimento é relativamente moderno,
surgindo no século XX depois da segunda guerra mundial, com a descolonização dos países
até aí colonizados e o consequente aparecimento dos estados nacionais modernos, bem como
os grandes avanços na navegação marítima, que revolucionaram as relações económicas que,

4
PNUD. Relatório de desenvolvimento humano. Edição do 20º aniversário, a verdadeira riqueza das nações: vias para o
desenvolvimento humano. 2010. p. 1. Disponível em:< http://www.undp.org>. Acesso em: 6 Jan. 2023.
5
NAZZARI, Rosana Katia. Capital social, desenvolvimento socioeconômico e cooperativismo. São Paulo.
2003. p. 3.
segundo BRESSER-PEREIRA (2006, p. 1), apud. TAVARES (2009, p. 12) “se constitui num
fenómeno histórico relacionado com o surgimento das nações e com a formação dos Estados
nacionais ou Estados-nação e, ainda com a acumulação de capital, a incorporação do
progresso tecnológico aos factores de produção (capital e trabalho) e a coordenação de
instituições comerciais com os mercados”. Neste cenário, as políticas orientavam-se para um
crescimento elevado do PIB per capita, uma vez que eram visíveis as grandes desigualdades
de desenvolvimento, por um lado entre a Europa e os Estados Unidos que se tinham
industrializado e, por outro, os territórios que tinham sido colonizados, os quais com os seus
recursos naturais, haviam ajudado o crescimento dos primeiros.

FURTADO, apud. TAVARES (2009, p. 13) interpretando livremente Karl Marx,


propôs a ideia de que:
(...) a origem do Desenvolvimento se constitui em dois momentos históricos: em um
primeiro momento, o da Revolução Comercial, em que a racionalidade se revela pelo
objectivo económico claramente definido, a ser atingido pela adoção da acumulação
de capital; em um segundo momento, com a Revolução Industrial, na qual a
racionalidade se expressa em um meio mais especificamente racional de alcançar o
lucro e aumentar a produtividade, evidenciado pelo progresso tecnológico.

Segundo SOUZA (2012, p. 1), a questão Desenvolvimento económico tem raízes


teóricas e empíricas e a sua origem está baseada, na maior parte dos casos, nas crises
económicas do sistema capitalista. As raízes teóricas estão associadas ao pacto colonial que
se formou do pensamento mercantilista, originando desigualdades de desenvolvimento. Em
oposição ao mercantilismo, surgiram as escolas fisiócratas no século XVIII, na França, e a
Clássica, na Inglaterra, que passaram a dedicar maior atenção aos problemas do crescimento
e da distribuição.
Além de origens teóricas, o Desenvolvimento tem origem nas crises económicas,
visto que as disparidades entre nações ricas e pobres tornaram-se mais claras com as
flutuações económicas, em que o cenário era de concentração excessiva de renda e de riqueza.
Com o progresso tecnológico, a economia dos países inovadores cresceu de modo acelerado,
aumentando a renda, o emprego e o nível de bem-estar da população; Enquanto em épocas de
crise, as inovações reduziram, diminuindo assim, o nível de actividade e, com isto, aumentou
o desemprego, como é o caso da grande depressão de 1929. Nesta época, a questão do
Desenvolvimento ficou mais evidente, tornando a acção do Estado, mais actuante na
economia (como defendiam os Keynesianos6).
Entretanto, com o desenvolvimento da contabilidade nacional, o crescimento
económico era muitas vezes utilizado como sinónimo de Desenvolvimento, pois
acreditava-se mesmo, que o crescimento económico, apesar de gerar desigualdades no início,
acabaria por se reflectir em toda sociedade, ou seja, quanto mais o PIB crescesse, mais
depressa se chegaria ao Desenvolvimento.
Neste contexto, o conceito de Desenvolvimento evoluiu ao longo do tempo, trazendo
consigo a noção de qualidade de vida e originando novos conceitos, tais como o
Desenvolvimento Humano, Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Local e
Desenvolvimento Socioeconómico, sendo o pano o desenvolvimento local, o pano de fundo
desta abordagem, com análise centrada no impacto da indústria mineira.

Desenvolvimento Local

O Desenvolvimento local é entendido como uma especificação do conceito de


Desenvolvimento, fazendo, por um lado, realçar o resultado das políticas de
Desenvolvimento global e, por outro, informar o planeamento da necessidade em considerar
nos seus objectivos uma forma mais adequada para um racional equilíbrio na utilização e
dinamização de um território. Desta forma, o Desenvolvimento local não é o resultado de
uma construção teórica ou académica do conceito de Desenvolvimento, mas sim uma
necessidade real, uma forma de gerir mais eficazmente os factores de Desenvolvimento, tanto
na optimização dos recursos como na garantia de uma maior participação dos diferentes
actores. Deve, ainda, procurar soluções para os problemas criados pela dinâmica da economia
global. Neste contexto é possível identificar os objectivos fundamentais do Desenvolvimento
regional, que se traduzem nos seguintes7:

 Combate às assimetrias regionais;


 Aproveitamento dos recursos e potencialidades endógenos das regiões;
 Promoção do ordenamento do território;
 Garantia da participação dos cidadãos na resolução dos problemas regionais.

6
O keynesianismo é uma teoria económica do começo do século XX, baseada nas ideias do economista inglês
John Maynard Keynes, que defendia a acção do estado na economia com o objectivo de atingir o pleno emprego
(Disponível em: <http:// www.economiabr.net/teoria_escolas/teoria_keynesiana.html>. Acesso em: 20 Março.
2023).
7
Disponível em: <http:// blogspot.com/conceitos-e-tipos-de-desenvolvimento.ht>. Acesso em: 6 Jan. 2023.
Para STHOR e TAYLOR (1981), Apud. ANDRADE (1997, p. 19-20), “o
Desenvolvimento local é o Desenvolvimento centrado na ideia de baixo para cima ou o
paradigma desde baixo que tem como foco o Desenvolvimento pleno das potencialidades e
habilidades humanas da sociedade local”, pois pensar em Desenvolvimento local é, antes de
qualquer coisa, pensar na participação da sociedade local no planeamento contínuo da
ocupação do espaço e na distribuição dos frutos do processo de crescimento.
A organização da sociedade local pode transformar o crescimento advindo dos
desígnios centrais em efeitos positivos, ou melhor, em Desenvolvimento para a região. A
região não pode ser vista apenas como um factor geográfico, mas como um actor social,
como elemento vivo, do processo de planeamento estratégico económico. O Estado é quem
estabelece as regras do jogo e a região é a parte negociadora, que deve se inserir nos
mecanismos de decisão para fazer acordos, transacções, dirimir conflitos, por fim, deve ter a
capacidade de transformar o impulso externo de crescimento económico em
Desenvolvimento com inclusão social. A solução dos problemas regionais e, por conseguinte,
a melhoria da qualidade de vida demandam o fortalecimento da sociedade e das instituições
locais, pois são estas que transformarão o impulso externo de crescimento em
Desenvolvimento.
Portanto, falar em Desenvolvimento local, significa falar em diálogo permanente, em
participação efectiva das sociedades locais, pois, caso contrário, estar-se-á sempre
reproduzindo as imagens perversas do “bom civilizado” parasitando o “mau selvagem”. É
fundamental ressaltar que uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades
sem diminuir as perspectivas das gerações futuras.8

A Indústria Mineira em Angola

Angola pode ser considerada o país do futuro em Africa, dadas as enormes


potencialidades naturais e, o sector mineiro constitui uma das principais áreas estratégicas da
economia nacional capaz de prestar um valioso contributo para o desenvolvimento
económico e social da nação, através da utilização dos seus recursos minerais como matérias
primas para as indústrias transformadoras nacionais e para redução e substituição de
importações de matérias primas de origem mineira.
Apesar de ser um país particularmente rico em recursos minerais, parte importante do
potencial de extracção em Angola, está por confirmar, científica e empiricamente. Com efeito,
8
ÁVILA, Lucas Veiga et al. A experiência de um conselho regional de desenvolvimento – Corede – No Estado do Rio
grande do sul. Holos, [s.l.], v. 2. 2013. p. 125. Disponível em:
<http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/holos/article/view/1295>. Acesso em: 06 jan. 2023.
sendo certa a presença de múltiplos minerais valiosos no território Angolano, está por
comprovar a viabilidade da exploração das ocorrências registadas ao longo do tempo. Por
outro lado, o défice de conhecimento geológico do país, agravado pela insipiente
investigação prospectiva desde a independência, fomentam ampla especulação sobre a
viabilidade económico-financeira da exploração de muitos dos recursos minerais presentes
em Angola.
A mineração é uma actividade finita que traz benefícios económicos para os países
detentores de recursos mineiras passíveis de serem explorados, porém a par destes benefícios
há os legados ambientais, sociais e culturais positivos e negativos. É importante desenvolver
programas para mitigar as necessidades sociais e ambientais durante a vida das minas. As
minas têm de contribuir para o desenvolvimento social e económico em áreas afectadas pelas
explorações, contribuindo significativamente para o bem-estar destas populações.
Neste contexto, a indústria mineira pode desempenhar um papel chave na economia
de Angola, contribuindo significativamente para o PIB de Angola e para as receitas do
governo, oferecer oportunidades diretas de emprego para as comunidades locais e apoiar
várias indústrias adjacentes, como aquelas processamento, manufatura e transporte, sem
esquecer toda a infraestrutura associada, desde comunicações até habitabilidade.
Em resumo, os benefícios que podem ser apontados à indústria mineira sao9:

No entanto tudo o anterior, o sector também enfrenta fortes desafios, como a falta de
infraestrutura e mão de obra qualificada, além da necessidade de maiores investimentos em
exploração e desenvolvimento. Sendo um dos maiores produtores de diamantes, Angola
9
Fonte: Elaboração dos autores com dados da PwC: Mining, O sector mineiro angolano; British Geological Survey (BSG):
World Mining Data 2008-2022. https://www.pwc.com/ao/pt/industrias/mining.html#sectormineiro
tem-se esforçado para atrair investidores estrangeiros, e tem vindo a implementar importantes
reformas a nível regulatório, bem como, na concessão de incentivos fiscais. Neste sentido,
foram feitas importantes reformas nos últimos anos visando transformar o sector como
um dos maiores contribuintes para a economia angolana, e um dos sectores prioritários na
estratégia de redução da dependência do petróleo, onde se destacam10:

 criação da Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM);


 extinção da FERRANGOL E.P. e passagem das suas competências para a
ANRM;
 passagem da competência de concessionária nacional da ENDIAMA E.P. para a
ANRM;
 foco da ENDIAMA como operador mineiro;
 foco da SODIAM na comercialização estratégica de diamantes;
 criação do Polo de Desenvolvimento Diamantífero do Saurimo;
 criação da Bolsa de Valores de diamantes.

A mineração de diamantes é particularmente importante em Angola, já que o país é


um dos principais produtores mundiais deste mineral no mundo. A indústria diamantífera
representa uma parte significativa das exportações de Angola e das receitas do governo.
Outros minerais, como minério de ferro, também são importantes para a economia do país,
pois são utilizados na produção de aço e outros bens, mas, no entanto, pouco ou nada
explorados, a pesar da demanda existente a nível mundial.
Angola é também rica em vários outros recursos do sector sem apenas exploração, e
em fase de análise da viabilidade requeridos , tais como: o manganésio, cobre, ouro, fosfato,
granito, mármore, urânio, quartzo, chumbo, zinco, tungsténico, estanho, flúor, ferro, enxofre,
feldespato, caulim, mica, asfalto, gesso e talco. Espera-se retomar a mineração de cristais
de quartzo e de mármore ornamental no sudoeste do país, em tal sentido estima-se que 5.000
metros cúbicos de mármore poderiam ser extraídos anualmente por um período de vinte anos.
Dados do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos (MIRENPET) indicam que
Angola tem reservas de rochas ornamentais estimadas em 1,18 mil milhões de metros cúbicos,
concentrados em 20 áreas distribuídas pelas províncias de Benguela, Namibe, Huambo e
Huíla.11

10 PwC Angola Mining: Soluções para o sector diamantíferoangolano;


11
MIRENPET (2023)
METODOLOGÍA

O banco de dados utilizado sobre a produção mineira é baseado exclusivamente em


informações disponíveis publicamente, series de dados estatísticos para o período em análise,
2014-2022. As fontes consistem principalmente em publicações de instituições e organismos
estatais, empresas de mineração, como relatórios anuais, trimestrais ou de sustentabilidade
disponíveis como documentos PDF on-line e, em menor grau, informações disponíveis
diretamente nos sites das empresas de mineração. Analisadas sistematicamente essas fontes
foram extraídos manualmente as informações relevantes em vários arquivos de excel. O
objetivo principal foi coletar dados sobre o comportamento da produção, exportações
participação nas receitas do OGE, entre outras variáveis, bem como estabelecer uma
comparativa entre a industria mineira angolana e a informação de importantes fontes
internacionais. Informações adicionais, como dados sobre el impacto social e a contribuição
ao desenvolvimento local das empresas, também foram analisadas, se estivessem acessíveis
nas fontes rastreadas. Os dados brutos inseridos manualmente e tabulados foram então
submetidos a pós-processamento computacional, produzindo um produto de dados final
consistente.

RESULTADOS DA PESQUISA

Produção mineira mundial 2000-2020

Nos últimos 100 anos, a demanda pela maioria dos minerais e metais aumentou em
resposta à demanda global. O crescimento populacional e a globalização nos últimos anos,
levou a uma produção sem níveis precedentes para muitos minerais e metais. Particularmente
nos últimos anos, a produção mineira mundial tem experimentado um crescimento constante
como mostra a Figura 1, com dados do ano 2020 da World Mining Data (WMD) 2022.

A produção de “commodities” consideradas essenciais para uma série de tecnologias


novas e “verdes” cresceram rapidamente nos últimos três décadas. Por exemplo, o
crescimento da demanda de cobalto tem sido um dos mais acentuados, a produção mineira
aumentou cinco vezes nos últimos trinta anos, pois seu uso em baterias recarregáveis e uma
ampla gama de produtos.
Figura 1. Informação da
Produção Mineira Mundial.
202012.

Desde o ano 2000 ate 2022 a produção de minerais a nível mundial cresceu em todos
os continentes excepto em Europa, como mostra a figura a seguir:

Figura 2. Crescimento da Produção Mineira Mundial 2000 - 2020. (WMD 2022)

Conforme as estatísticas mundiais vários são os países do continente africano com


produções minerais de relevância, alguns deles liderando a produção mundial durante o

12
Relatório World Mining Data 2020, Volume 37, C. Reichl, M. Schatz, Minerals Production,
Vienna, 2022
período analisado e além, tal o caso da República Democrática do Congo com o Cobalto e de
Botswana com os diamantes e Marruecos con a produção de fosfatos, todos minerais de alta
demanda mundial. As figuras 3,4,5 e 6 mostram o comportamento porcentual da produção de
vários destes minerais no continente africano. Pode-se observar que Angola destaca
solamente na produção de diamantes, com um 14,31 % da produção mundial registrada.13

Figura 3.
Participação
porcentual dos
países de Africa na
produção de
Cobalto
(2014-2021=

Figura 4.
Participação
porcentual dos
países de Africa
na produção de
Cobre
(2014-2021)

13
World Mineral Statistics Data, British Geological Survey; https://www2.bgs.ac.uk/mineralsuk/statistics
Figura 5. Participação porcentual dos países de Africa na produção de diamantes 2014-2021

Figura 6. Participação porcentual dos países de Africa na produção de fosfatos 2014-2021

Angola é considerada como um dos países menos desenvolvidos, según a


classificação da OCDE14 no seu Glosario de Termos Estatísticos; foi incluida neste grupo no

14
OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico
ano 1994 , não obstante, possui reservas comprovadas de vários dos minerais considerados
essenciais, os que, além das contribuições petrolíferas e diamantíferas constituem uma forte
potencialidade para o comercio regional e o posterior desenvolvimento do país.
A importância do desenvolvimento da industria mineira angolana fica fora de toda
dúvida, só a modo de exemplo, no curto prazo a perspectiva da produção do cobre é definida
dentro de um ambiente macro económico global, pressionado pelos altos preços da energia, a
inflação e a crescente probabilidade de recessão em algumas economias importantes, mas a
longo prazo, a transição energética conduzirá crescimento do consumo, liderado pelos EUA
como demanda de projetos de transição energética15
Dentro do cenário nacional, a industria mineira angolana tem ainda muito a dizer em
quanto a sua contribuição para o desenvolvimento económico e social do país. Iniciando uma
análise resultados médios para os últimos anos (período de 2014 a 2022), pode ser verificada
a exigua participação percentual do sector mineiro não petrolífero dentro do PIB, com um
1% , sendo a extração de petroleo e outros relacionados o de maior aporte com um 27 %
como média. Figura 7.

Figura 7. Participação porcentual por sectores no PIB Nominal. Valores médios do período
2014-2022

15
S&P Global Market Intelligence, FORECAST copper-by-the-numbers-final 2022-2027
Com tudo, resulta importante poner em valor que, no período analisado, a actividade
mineira não petrolífera, experimentou um forte processo de reordenamento e reestruturação,
fundamentalmente para regular a exploração informal de diamantes.
A industria mineira não petrolífera está representada pela exploração de diamantes
com o maior volume de actividade, mas também pela produção e exploração de outros
minerais tanto para a construção civil como para usos industriais, tais como granito e
mármore, dentro das rochas orçamentais, calcários e outros minerais. Durante o período de
2014-2022 a produção tem experimentado um comportamento variável, influenciada
fundamentalmente pelas dificuldades na obtenção de divisas para a aquisição de consumíveis
e equipamentos; acesso as pedreiras em mau estado de conservação; a falta de água e energia
da rede pública, entre outros factores importantes16.
O principal aporte da industria mineira angolana, petrolífera e não petrolífera, ao
desenvolvimento económico do país se enmarca na arrecadação de receitas para o Orçamento
Geral do Estado, de impostos e rendimentos, sendo a produção de diamantes a principal fonte
entre os recursos minerais não petrolíferos.

Figura 8. Curva da participação dos recursos minerais nas receitas do OGE angolano (2014-2022)

16
Anuário Estatístico do Sector dos Minerais e Petróleo, MIREMPET (2020). INE
A figura 8 mostra o ligero crescimento da arrecadação de impostos, para a industria
mineira em particular este está fundamentalmente na actividade petrolífera; em comparação,
os impostos sobre a actividade diamantífera tem experimentado um comportamento irregular
com tendencia decrescente, com uma variação negativa de 12 % entre 2021 e 2022, como se
mostra na tabela No 1.

Tabela 1. Comportamento percentual da arrecadação de impostos da industria mineira para o OGE


(2014-2022)

De igual forma os rendimentos preponderantes da produção mineira continuam sendo


aqueles da produção petrolífera, representam em média para o periodo 19,22 % do total
arrecadado, entanto os rendimentos não petrolíferos foram 0,01% do total.

Figura 9. Participação porcentual dos rendimentos mineiros nas receitas do OGE. (2014-2022)

Analisando as exportações mineiras a situação não experimenta variações enquanto a


importância do aporte do sector, não obstante a exportação de diamantes tem incrementado a
sua participação gradualmente, representando um 3% do total exportado pelo sector.
O anterior vem a reforzar o critério da necessidade de desenvolver paulatinamente
aqueles recursos naturais identificados nas estrategias nacionais de desenvolvimento até 2030
para a industria angolana.

Figura 9 . Comportamento percentual das exportações mineiras. (2014-2022)

Figura 10 . Comportamento das exportações mineiras em milhões de USD. (2014-2022)


PERSPECTIVAS PARA O SECTOR

Os recursos geológicos e minerais de Angola constituem um activo estratégico do país,


actualmente sub-explorados e, como se reconhece no Plano de Desenvolvimento Nacional até
202217, ainda não totalmente (re)conhecido, que importa valorizar. O sector enfrenta un
grupo de retos, mas com tudo, o programa de Desenvolvimento e Modernização das
Actividades Geológico-Mineiras preconiza a prossecução do Plano Nacional de Geologia
(PLANAGEO), no sentido de aprofundar o conhecimento dos recursos geológicos e minerais
e caracterizar e quantificar as respectivas reservas, e a conclusão do Plano Estratégico para o
Sector Mineiro, que deverá orientar o desenvolvimento futuro das indústrias
extractivas.Tendo em conta o grau de conhecimento actual sobre os recursos
geológico-mineiros e florestais existentes em Angola, as fileiras do petróleo e gás natural, do
ferro e do aço, os fosfatos, destacam-se como oportunidades prioritárias, nas quais se devem
focar os esforços para a instalação, a médio e longo prazo, de grandes projectos industriais
valorizadores de recursos naturais.18
Conforme as análises internacionais apresentadas pelo S&P Global Market
Intelligence no relatório anual de tendencias para 202319, para a África, as alocações de
exploração aumentaram só 11,6% em 2022 , pelo segundo ano consecutivo a região ficou
abaixo da média global. A exploração de ouro representou mais da metade do orçamento e
experimentou o maior aumento anual de 5,6% depois de uma queda em relação a 2021. A
exploração de cobre, diamantes e lítio registou um aumento percentual com a incorporação
de países como Mali, além do crescimento do 2,1% experimentado como média pela
produção do Congo (R.D).
Todo o anterior põe em perspectiva a importância que para Angola tem o sector
focando o desenvolvimento nacional nos próximos anos.

CONCLUSÃO
A modo de conclusão, a industria mineira angolana está chamada a se converter num
motor mais que relevante para o desenvolvimento da nação, além do papel que já é
desempenhado pelo sector petrolífero.
A existencia de recursos mineiros no solo angolano e a sua exploração de forma
efectiva e eficiente constitui um desafío para o sector, os recursos geológicos e minerais de
Angola constituem um activo estratégico do país e se precisa completar os estudos das
17
O Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 ainda não foi aprovado (maio de 2023)
18
PND Industrial de Angola 2025
19
World Explorations Trends 2023 (march, 2023)
reservas existentes e a viabilidade para sua exploração, a captação urgente de capitais e o
empenho para o desenvolvimento das infraestructuras necessárias para a potencialização de
sector a médio e longo prazo.

REFERÊNCIAS

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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO2018
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AGT Mapa de Arrecadação anual (2006-2021)
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Xiaquivuila, Canga (28/9/2021). País tem 42 minerais exploráveis capazes de gerar desenvolvimento.
Jornal de Angola. https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/
APÊNDICES
Apêndice 1

Apêndice 2

Apêndice 3
Apêndice 4

ANEXOS
Anexo 1

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