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Carandiru - O Nascimento do PCC

O filme "Carandiru" é uma obra baseada no livro "Estação Carandiru", escrito pelo médico
oncologista Drauzio Varella. O filme aborda como tema o massacre que ocorreu no dia 2 de
outubro de 1992, devido uma intervenção militar, ocasionando 111 mortes.
Em 1920 surgiu a casa de detenção de São Paulo, recebendo o nome de "Carandiru", devido
ao bairro em volta dela. O Carandiru começou como um grande presídio e cada vez mais ele
foi evoluindo, até que chegou um momento onde ele decaiu muito seu nível, mas, antes disso,
ele foi considerado o maior e melhor presídio do mundo.
Por volta de 1950, período pós Segunda Guerra Mundial, onde a Europa encontrava-se
destruída e Estados Unidos sendo um país novo, apesar de grande, não haviam certezas sobre
seu desenvolvimento e o Brasil era um país muito bem estruturado, sendo um dos poucos
grandes países que não se envolveu na guerra, portanto, era muito bem visto pelos outros
países. E até 1950, haviam apenas 3 pavilhões construídos no Carandiru, e que foram
visitados pelo mundo todo por ser um exemplo de penitenciária.
Quando o Carandiru surgiu, o complexo tinha capacidade média de comportar 3 mil presos. E
pode não parecer muito, no entanto, para a época era um investimento enorme, tendo em vista
que São Paulo ainda era uma cidade pequena. Mas, com as transformações socioeconômicas
da época, as pessoas começaram a sair do interior e ir para as capitais fazendo com que tudo
aumentasse, inclusive a criminalidade.
Foi em 1938 que começou a primeira reforma para melhorar a distribuição de infratores na
prisão, pois, a polícia precisava fazer separações de forma inteligente no intuito de evitar
manifestações e rebeliões. Porém, já no início, eles cometeram um erro muito grave, que foi
separar os presos por facções para evitar que elas brigassem entre si, mas o que conseguiram
foi ajudá-las a ganhar poder. E vemos que, assim, aos poucos, o Carandiru estava se
perdendo.
Novos pavilhões foram construídos, totalizando 9 pavilhões. No entanto, mesmo com a
construção de novos pavilhões, assim que ficavam prontos, imediatamente, eles já se
encontravam lotados.
Os presos eram distribuídos em cada pavilhão baseado nos tipos de crimes cometidos. No
pavilhão 2 era feita a triagem dos presos e, também, havia serviço de apoio como alfaiataria e
barbearia, sendo o primeiro pavilhão que os presos ficavam em torno de 30 dias ou mais,
dependendo dos casos. O pavilhão 4 foi construído para ser a ala médica, portanto, era um
local onde a maioria das pessoas estavam doentes, no entanto, também, era o único pavilhão
na penitenciária com celas individuais, ou seja, as pessoas poderiam dormir sem medo de
serem esfaqueadas durante a noite, o que levava todos a quererem ir para este pavilhão. O
pavilhão 5 era o mais lotado, onde ficavam os jurados de morte e evangélicos. No pavilhão 6
ficava a cozinha, as salas administrativas, solitárias e outros presos jurados de morte. O
pavilhão 7 costumava ser o mais calmo, ocupado por presos que trabalhavam, mas, também,
era o mais próximo dos muros, o que levava os presos a querer ir para ele e tentar fugir. No
pavilhão 8 ficavam os presos reincidentes, portanto, era um pavilhão calmo por ter apenas os
ditos "chefes". E o pavilhão 9 era onde ficavam os réus primários, muitos ainda aguardando
julgamento e foi, justamente, onde houve o massacre.
No dia 2 de outubro de 1992, durante um jogo de futebol no campo do pavilhão 9, dois detentor
brigaram dentro do pavilhão por, talvez, uma cueca pendurada no varal do outro, uma divida de
5 maços de cigarro ou discussão de futubol, o motivo é incerto. Presos que estavam em volta
tomaram partido, aumentando ainda mais a confusão. Os jogados quando descobriram o que
estava acontecendo tentaram separar, mas foi inútil quando outros detentos começaram a
quebrar as coisas e gritar "rebelião". Em poucos minutos alguns lugares começaram a pegar
fogo, os policiais não conseguiam controlar e o pavilhão foi tomado. Os presos começaram a
pedir mais direitos, por não receberem um tratamento adequado e foi o chefe da detenção que
através de conversas com os detentos rebeldes, conseguiu os convencer de jogar as armas
fora, se render e voltar para as celas em troca de melhorias. No entanto, a tropa de choque já
havia chegado para fazer a escolta e, na época, estava prestes a acontecer uma eleição em
São Paulo e seria péssimo para aqueles que desejavam se eleger, que vazasse a notícia de
que o presídio havia sido tomado por presos pedindo "paz". Afinal, seria um ótimo motivo para
eles não serem votados. Então, a tropa de choque começou a entrar no pavilhão e quando eles
entraram as coisas já estavam quase resolvidas, se não fosse por alguns presos que
recusavam-se a se render.
A tropa de choque entrou com 300 policiais, cachorros, a cavalaria e a rota (tropa mais letal e
antiga da Polícia Militar Paulista), e já entraram atirando. Os presos entraram correndo para
dentro das celas e quando a perícia chegou para analisar os fatos, apenas 22 corpos foram
encontrados fora das celas, ou seja, somente 22 presos estavam fora das celas e os policiais
poderiam usar a desculpa de não estarem se rendendo enquanto todos os outros estavam
cumprindo as ordens. Então, não há justificativas para 111 mortes. Os presos já estavam
entregues e a polícia entrou e matou do mesmo jeito, provando ser uma limpeza por crer
falhamente que essa chacina acabaria com o crime. Mas não foi o que aconteceu.
O ocorrido chamou atenção do mundo inteiro, inclusive, dos direitos humanos, fazendo com
que recaisse uma cobrança gigantesca sobre o Brasil, todos queriam saber o que havia
acontecido, pois, nada justificava aquilo. E quando a perícia divulgou a trajetória das balas,
provando que todas vinham de fora para dentro das celas eles não poderiam alegar estarem
encurralados, mas ficou bem pior quando todos descobriram os locais dos tiros, pois, a grande
maioria, 90%, foram no crânio e no tórax. Claramente, tiros de execução.
O massacre gerou uma revolta muito grande nos presos que começaram a se unir cada vez
mais, e com a cobrança do mundo inteiro em cima do Brasil, a tropa de choque ficou proibida
de entrar nos presídios por medo do Estado de que ocorresse algo assim outra vez. No
entanto, isso só fez com que a polícia enfraquecesse dentro da cadeia, e com os presos tendo
um motivo gigante para odiar o Sistema, nasce o PCC.
O PCC surge após o Massacre do Carandiru, ou seja, quem defende as mortes e propagam o
livre discurso de "deveria ter matado mais" não entendem o que, de fato, aconteceu. Pois,
foram, justamente, as mortes que geraram a revolta, que gerou organização e fez o PCC
existir.
Lembrando que tudo ocorreu após o Governo Militar, então, se as pessoas já morriam nas
ruas, entro das cadeias deveria ser mil vezes pior. Os presos já estavam revoltados, a polícia
só deu mais motivos.
Vemos, claramente, que se as frases "violência só gera violência" e "arme-se de livros, livre-se
de armas" fossem realmente empregadas a história seria diferente. No fim, educação sempre
será mais útil.

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