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Desoneração da

Folha de Pagamento
Desoneração da Folha de Pagamento

Elaborado por Julio Cesar Oliveira Silva


Abril/2021
Desonerar.
Verbo
1.transitivo direto e bitransitivo e pronominal
livrar(-se) de ônus, encargo, obrigação ou
incumbência; desobrigar(-se), isentar(-se), exonerar(-
se), eximir(-se).
“Não sou obrigado a participar disso.”
Desoneração da Folha de Pagamento.
A Previdência Social tem como principal alicerce as Contribuições Previdenciárias,
conforme determina o Artigo 195, incisos I e II da nossa Constituição Federal.
As contribuições mencionadas nesse Artigo, são aquelas que incidem sobre a folha de
pagamento, essa que possui obrigação tributária para o empregador e seus colaboradores.
A Constituição Federal determina que a seguridade social, essa que engloba a
previdência social pode também ser financiada por contribuições que incidem sobre a
receita ou o faturamento do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
conforme Artigo 195, inciso I,b.
A Desoneração da Folha de Pagamento é a substituição parcial (redutor) ou total
(100%) da Contribuição Patronal (Parte Empresa), sobre a base de INSS Empresa e INSS
13º Salário, conforme previsto nos incisos I e III do Artigo 22 da Lei 8212/1991, por uma
Contribuição Substituída apurada através de uma alíquota sobre a base de cálculo da receita
bruta auferida (vendas) e também pelas deduções legais da empresa, como, por exemplo,
vendas canceladas, descontos, exportações entre outros.
Essa substituição da alíquota de 20% provoca uma mudança da base de tributos da
folha, isso porque as alíquotas agora passam a ser tributada com base na receita e não com
base na folha de pagamento como de praxe.

Início.
Iniciada em agosto de 2011, o regime da desoneração da folha de pagamento, foi
incluída de maneira oficial através da Medida Provisória 540, determinando que a
contribuição previdenciária patronal – paga pelos empregadores no valor de 20% da folha
de pagamento da empresa – fosse substituída por uma contribuição social que incide sobre o
faturamento bruto das empresas de uma atividade determinada.
A intenção de criar a desoneração é, reduzir a tributação da folha de pagamento, e
com isso as empresas que receberem esse abatimento terão mais verba em caixa para
aumentar a número de contratação, diminuindo assim o número de desempregados no país.
Embora tenha sido iniciado em 2011, ainda hoje existem diversas dúvidas ao que se
refere a desoneração, dúvidas essas que podem ser diversas, como por exemplo, quais
empresas podem fazer parte, e qual a forma de cálculo da parte empresa.

Quais empresas podem desonerar a folha?


Inicialmente todas as pessoas jurídicas que desenvolviam as atividades listadas nos
artigos 7o e 8o da Lei 12546/2011 podiam optar pela desoneração da folha, porém essa Lei
sofreu diversas alterações, atualmente os Artigos 7º e 8º citam o seguinte:
Art. 7º Até 31 de dezembro de 2021, poderão contribuir sobre o valor da receita bruta,
excluídos as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição
às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991:
I - as empresas que prestam os serviços referidos nos §§ 4º e 5º do art. 14 da Lei nº 11.774,
de 17 de setembro de 2008 ; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) (Produção de efeito e
vigência)
III - as empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo,
municipal, intermunicipal em região metropolitana, intermunicipal, interestadual e
internacional enquadradas nas classes 4921-3 e 4922-1 da CNAE 2.0. (Incluído pela Lei nº
12.715, de 2012) Produção de efeito e vigência
IV - as empresas do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439
da CNAE 2.0; (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)
V - as empresas de transporte ferroviário de passageiros, enquadradas nas subclasses
4912-4/01 e 4912-4/02 da CNAE 2.0; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
(Vigência)
VI - as empresas de transporte metroferroviário de passageiros, enquadradas na subclasse
4912-4/03 da CNAE 2.0; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)
VII - as empresas de construção de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421,
422, 429 e 431 da CNAE 2.0. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)
Art. 8º Até 31 de dezembro de 2021, poderão contribuir sobre o valor da receita bruta,
excluídos as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição
às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991: (Redação dada pela Lei nº14.020, de 2020)
VI - as empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens de que trata a
Lei nº 10.610, de 20 de dezembro de 2002, enquadradas nas classes 1811-3, 5811-5, 5812-
3, 5813-1, 5822-1, 5823-9, 6010-1, 6021-7 e 6319-4 da CNAE 2.0; (Incluído pela Lei nº
13.670, de 2018) (Vigência)
VIII - as empresas que fabriquem os produtos classificados na Tipi nos códigos: (Incluído
pela Lei nº 13.670, de 2018) (Vigência)
Ou seja, qualquer empresa aberta por uma pessoa jurídica que preste os serviços:
Transporte rodoviário coletivo de passageiros, sejam eles municipais,
intermunicipais, dentro de região metropolitana, desde que possuam o CNAE 4921-3
e 4922-1
Empresas de construção civil desde que sejam enquadradas na classe de CNAE 412,
432, 433 e 439
Transporte ferroviário de passageiros, desde que possuam os CNAE 4912-4/01 e
4912-4/02
Transporte metroferroviário de passageiros, desde que possuam o CNAE 4912-4/03
Construção de obras de infraestrutura, desde que sejam enquadradas na classe de
CNAE 422, 429 e 431
Empresas de radiofusão e jornalísticas, desde que sejam enquadradas na classe de
CNAE 1811-3, 5811-5, 5812-3, 5813-1, 5822-1, 5823-9, 6010-1, 6021-7 e 6319-4
Oque é TIPI?
TIPI é a Tabela de Imposto sobre Produto Industrializado, regulamentada pela
Receita Federal do Brasil (RFB). Estabelecida pelo Decreto 8950 em 29 de dezembro de
2016, a tabela TIPI usa o Sistema Harmonizado, que é baseado na Tabela de NCM, para
dividir produtos em categorias dentro de suas seções, capítulos e subcapítulos. Nela, você
vai encontrar informações como: códigos de NCM, descrição e alíquota dos impostos dos
produtos.
Na introdução da Tabela Tipi, você encontrará, as regras de classificação de produtos.
Por exemplo, quando um produto industrializado é composto pela mistura de um ou mais
elementos, ele possuirá princípios diferenciados.
De forma geral, a Tabela Tipi, é uma lista de produtos com suas respectivas alíquotas.
Trata-se de um arquivo, regulamentado e constantemente atualizado pela Receita
Federal, onde estão reunidos os produtos industrializados, sua determinada Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM) e sua respectiva alíquota do imposto.
Uma informação importação: O IPI, como também é chamada a Tabela TIPI, é
segmentado de acordo com a importância do produto. Ou seja, quanto mais essencial o
produto é para a população, menor é o imposto incidente. Como por exemplo, os artigos
mais importantes possuem alíquotas zero.
Outra informação relevante é o significado do “EX” encontrado diversas vezes ao
longo da tabela tipi. Muitas pessoas acreditam, de forma errada, ser a abreviação de
“Exemplo”, porém “EX” significa exceção. Não vá se confundir!
A Tabela TIPI é um documento bastante extenso, para você ter ideia, a última versão
passa de 400 páginas e é sempre divulgada em formato PDF.

Seções da Tipi.
A tabela é formada através do sistema harmonizado de designação e de codificação
de mercadorias e dividida em 21 seções, que abordam as divisões dos produtos. Confira
abaixo as seções:
SEÇÃO I – ANIMAIS VIVOS E PRODUTOS DO REINO ANIMAL
SEÇÃO II – PRODUTOS DO REINO VEGETAL
SEÇÃO III – GORDURAS E ÓLEOS ANIMAIS OU VEGETAIS; PRODUTOS DA
SUA DISSOCIAÇÃO; GORDURAS ALIMENTÍCIAS ELABORADAS; CERAS
DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL
SEÇÃO IV – PRODUTOS DAS INDÚSTRIAS ALIMENTARES; BEBIDAS,
LÍQUIDOS ALCOÓLICOS E VINAGRES; TABACO E SEUS SUCEDÂNEOS
MANUFATURADOS
SEÇÃO V – PRODUTOS MINERAIS
SEÇÃO VI – PRODUTOS DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS OU DAS
INDÚSTRIAS CONEXAS
SEÇÃO VII – PLÁSTICO E SUAS OBRAS; BORRACHA E SUAS OBRAS
SEÇÃO VIII – PELES, COUROS, PELES COM PELO E OBRAS DESTAS
MATÉRIAS; ARTIGOS DE CORREEIRO OU DE SELEIRO; ARTIGOS DE
VIAGEM, BOLSAS E ARTIGOS SEMELHANTES; OBRAS DE TRIPA
SEÇÃO IX – MADEIRA, CARVÃO VEGETAL E OBRAS DE MADEIRA;
CORTIÇA E SUAS OBRAS; OBRAS DE ESPARTARIA OU DE CESTARIA
SEÇÃO X – PASTAS DE MADEIRA OU DE OUTRAS MATÉRIAS FIBROSAS
CELULÓSICAS; PAPEL OU CARTÃO PARA RECICLAR (DESPERDÍCIOS E
APARAS); PAPEL OU CARTÃO E SUAS OBRAS
SEÇÃO XI – MATÉRIAS TÊXTEIS E SUAS OBRAS
SEÇÃO XII – CALÇADO, CHAPÉUS E ARTIGOS DE USO SEMELHANTE,
GUARDA-CHUVAS, GUARDA-SÓIS, BENGALAS, CHICOTES, E SUAS
PARTES; PENAS PREPARADAS E SUAS OBRAS; FLORES ARTIFICIAIS;
OBRAS DE CABELO
SEÇÃO XIII – OBRAS DE PEDRA, GESSO, CIMENTO, AMIANTO, MICA OU
DE MATÉRIAS SEMELHANTES; PRODUTOS CERÂMICOS; VIDRO E SUAS
OBRAS
SEÇÃO XIV – PÉROLAS NATURAIS OU CULTIVADAS, PEDRAS PRECIOSAS
OU SEMIPRECIOSAS E SEMELHANTES, METAIS PRECIOSOS, METAIS
FOLHEADOS OU CHAPEADOS DE METAIS PRECIOSOS (PLAQUÊ), E SUAS
OBRAS; BIJUTERIAS; MOEDAS
SEÇÃO XV – METAIS COMUNS E SUAS OBRAS
SEÇÃO XVI – MÁQUINAS E APARELHOS, MATERIAL ELÉTRICO, E SUAS
PARTES; APARELHOS DE GRAVAÇÃO OU DE REPRODUÇÃO DE SOM,
APARELHOS DE GRAVAÇÃO OU DE REPRODUÇÃO DE IMAGENS E DE
SOM EM TELEVISÃO, E SUAS PARTES E ACESSÓRIOS
SEÇÃO XVII – MATERIAL DE TRANSPORTE
SEÇÃO XVIII – INSTRUMENTOS E APARELHOS DE ÓPTICA, DE
FOTOGRAFIA, DE CINEMATOGRAFIA, DE MEDIDA, DE CONTROLE OU DE
PRECISÃO; INSTRUMENTOS E APARELHOS MÉDICO-CIRÚRGICOS;
ARTIGOS DE RELOJOARIA; INSTRUMENTOS MUSICAIS; SUAS PARTES E
ACESSÓRIOS
SEÇÃO XIX – ARMAS E MUNIÇÕES; SUAS PARTES E ACESSÓRIOS
SEÇÃO XX – MERCADORIAS E PRODUTOS DIVERSOS
SEÇÃO XXI – OBJETOS DE ARTE, DE COLEÇÃO E ANTIGUIDADES
Importância da tabela TIPI (setor Fiscal).
As operações de comércio nacional e internacional podem ser impactadas pela
incidência da tabela Tipi. Logo, é fundamental que as empresas estejam atentas a
atualizações nas seções e informações da mesma.
A Tabela Tipi é usada como orientação de consultar o NCM de um produto por ela.
Importante salientar que fazer a identificação errada da NCM em uma nota fiscal pode gerar
multas para a empresa.
Para você conferir a tabela tipi 2020 que conta com os dados e informações
atualizadas é só acessar o site da Receita Federal, ou digite o endereço:
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/legislacao/legislacao-por-assunto/tipi-
tabela-de-incidencia-do-imposto-sobre-produtos-industrializados-old
ou,
http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/legislacao/legislacao-por-assunto/tipi-
tabela-de-incidencia-do-imposto-sobre-produtos-industrializados
Abaixo um exemplo de como é a TIPI:
Atividades que desoneram a folha.
Exemplo de atividades que se beneficiam da desoneração da folha:
1) Calçados
2) Call Center
3) Comunicação
4) Confecção/vestuário
5) Construção civil
6) Empresas de construção e obras de infraestrutura
7) Couro
8) Fabricação de veículos e carroçarias
9) Máquinas e equipamentos
10) Proteína animal
11) Têxtil
12) TI
13) TIC (Tecnologia de comunicação)
14) Projeto de circuitos integrados
15) Transporte metroferroviário de passageiros
16) Transporte rodoviário coletivo
17) Transporte rodoviário de cargas

CPRB – Contribuição Previdenciária sobre a Receita


Bruta.
A Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB também teve impacto
na burocracia, com um aumento significativo do número de informações a serem prestadas
ao Fisco (Obrigações Tributárias Acessórias). O caso hipotético de uma empresa do setor de
tecnologia, cuja atividade é desonerada, e também teve parte de seus produtos alcançados
pela desoneração, enquanto outra parte permaneceu sob a sistemática anterior, com o
recolhimento com base na folha de salários, serve de exemplo de aumento de complexidade
administrativa. Os contribuintes deste setor tiveram ampliada a complexidade da apuração
do valor a ser recolhido, inclusive no recolhimento, que deve ser feito por meio de uma guia
GPS e dois DARF distintos, um para o art. 7º e outro para o art. 8º.

Situação Anterior:
O contribuinte recolhe toda a contribuição patronal com base na folha de salário
mediante o recolhimento de uma única guia a GPS:
1) Guia única: GPS
Situação Atual
O contribuinte deixará de recolher um guia e passará a recolher até três (conforme
sua atividade):
1) Guia GPS: Contribuição Patronal - 20% parcela não desonerada,
2) DARF 1: CPRB - Art 7º - 1% Parcela Desonerada (NCM),
3) DARF 2: CPRB - Art 8º - 2% Parcela Desonerada (Atividade).
Muitas vezes o contribuinte acaba tendo insegurança jurídica em relação ao valor
recolhido devido à complexidade do atual regime, em alguns casos a interpretação legal
pode gerar controvérsia com prejuízos para todos, deixando assim a de lado a vantagem
fiscal que o programa tende a oferecer.
A guia tem vencimento todo dia 20 do mês seguinte a apuração, sendo esse um dia
não útil, o vencimento então é antecipado para o primeiro dia útil anterior.

Guias para Recolhimento.


GPS:

Continua mantendo o código de recolhimento com base na classificação tributária da


empresa, exemplo 2100 para Lucro Presumido ou 2003 para optantes do SIMPLES.
DARF:

Empresas enquadradas no Art. 7º da Lei 12546/11 tem a DARF com o código 2985, o
percentual da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta fica entre 2% e 4,5%
conforme o ramo da atividade.
Empresas enquadradas no Art. 8º da Lei 12546/11 tem o DARF com o código 2991,
o percentual da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta é de 1,5%.

Retenções.
Cessão de mão de obra/Prestação de Serviços:

No caso de contratação de empresas para execução dos serviços por meio de cessão
de mão de obra, na forma definida pelo art. 31 da Lei nº 8.212/91, a empresa contratante
deverá reter 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) do valor bruto da nota fiscal ou
fatura de prestação de serviços (Art. 2 do § 3º b) III – Decreto 7.828/12).

Construção Civil/Empreitadas:

Para as empresas abrangidas pela desoneração que executam serviços mediante


empreitada e as empresas não beneficiadas pela desoneração, mantém-se a alíquota de
retenção de 11% (onze por cento) art. 31 - Lei 8.212/91.
Empresas Matriz e Filial.

Conforme Solução de Consulta 45 de 14 de junho de 2012 (portal


http://normas.receita.fazenda.gov.br).
Os recolhimentos dos valores pertinentes à chamada Contribuição Previdenciária
Patronal substitutiva da Folha de Pagamentos, instituída, na espécie, pelo art. 8º da Lei nº
12.546, de 2011, alterado pela Medida Provisória nº 563, de 2012, devem ser efetuados de
forma centralizada pelo estabelecimento matriz, nos mesmos moldes das demais
contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta, de modo que, na respectiva base de
cálculo, deve ser incluída, portanto, a receita bruta auferida por filiais, ainda que, na
hipótese, estas últimas exerçam, exclusivamente, atividade comercial.

Empresas Optantes do SIMPLES Nacional.


Conforme Solução de Consulta 35 de 25 de março de 2013 (portal
http://normas.receita.fazenda.gov.br)
As empresas optantes pelo Simples enquadradas nos Anexos I, II, III e V não estão
sujeitas ao recolhimento da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de
pagamento de seus empregados, trabalhadores avulsos e demais contribuintes individuais.
Desta forma, não aplica-se a elas a Desoneração.
Em relação as empresas optantes pelo Simples enquadradas ao Anexo IV, sujeitas ao
recolhimento da contribuição previdenciária patronal de 20%, em virtude da Medida
Provisória n° 601/12, a qual inclui as empresas do setor de construção civil, enquadradas
nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0, surgiu a dúvida se as empresas optantes pelo
Simples Nacionais enquadradas nessas atividades deveriam seguir a regra contida na Lei n°
12.546/2011, isto é, se essas empresas estariam incluídas na desoneração da folha de
pagamento.
Neste sentido, foi publicada no DOU do dia 01 de abril de 2013, a Solução de
Consulta nº 35, de 25 de março de 2013, estabelecendo que também é aplicada a
Desoneração às empresas optantes pelo Simples Nacional, cujas atividades estão
enquadradas no Anexo IV da Lei Complementar n° 123/06 que pertençam aos grupos 412,
432, 433 e 439 da CNAE 2.0, estão incluídas na desoneração da folha de pagamento,
devendo seguir a regra da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, instituída pela
Lei n° 12.546/2011.
Posteriormente com a nova redação dada pelo artigo 19 da Instrução Normativa RFB
nº 1.523, de 5 de dezembro de 2014 foram incluídas também as empresas de construção
civil de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0.
13º Salário.
Relativamente aos períodos anteriores à tributação da empresa na forma prevista na
Instrução Normativa RFB n° 1.436, de 30 de dezembro de 2013, mantém-se a incidência
das contribuições conforme previsto no art. 22 da Lei 8.212, de 1991, aplicada de forma
proporcional sobre o décimo terceiro salário.
Tratando-se de empresas que se dedicam a outras atividades, além das relacionadas
no Anexo I ou que produzam outros itens além dos listados no Anexo II, será considerada a
receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao mês de dezembro de cada ano-
calendário ou início de atividade ou que ingressar no regime de tributação, proporcional à
data do início de atividades.
O décimo terceiro salário pago na rescisão será realizado utilizando-se a mesma
sistemática aplicada as contribuições relativas as demais parcelas do salário de contribuição
pagas no mês.

SEFIP / GFIP.
Conforme o Ato Declaratório Executivo Codac, nº 93, de 19 de dezembro de
2011Art. 1º Para fins de aplicação da substituição das contribuições previdenciárias da Lei
nº 12.546/11.
§ 1º Os valores de Contribuição Previdenciária Patronal calculados pelo Sefip e
demonstrados no “Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher à Previdência
Social” nas linhas “Empregados/Avulsos” e “Contribuintes Individuais” deverão ser
somados e lançados no Campo “Compensação”.
§ 2º Fica mantida a orientação prevista no Ato Declaratório Executivo Codac nº 82, de 1º de
outubro de 2009 , em relação às contribuições destinadas a Outras Entidades preenchendo
com a sequência "0000".
§ 3º A Guia da Previdência Social (GPS) gerada pelo Sefip deverá ser desprezada, devendo
ser preenchida GPS com os valores efetivamente devidos sobre os fatos geradores
declarados em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social (GFIP).
§ 4º Os relatórios gerados pelo Sefip “Relatório de Valor de Retenção”, “Relatório de
Compensações” e “Relatório de Reembolso” devem ser desprezados e mantidos
demonstrativos de origem do crédito para fins de fiscalização e/ou pedido de
reembolso/restituição/ compensação.

E-Social

A desoneração da folha deverá ser informada no evento S-1280 – Informações


Complementares aos Eventos Periódicos. Os contribuintes devem informar neste evento o
indicativo e o percentual a ser aplicado sobre a alíquota da contribuição previdenciária
incidente sobre a remuneração – parte patronal. A CPRB substitui as contribuições patronais
destinadas à previdência social, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados
e contribuintes individuais.

Base de Cálculo.
A receita bruta que constitui a base de cálculo da contribuição substitutiva a que se
referem os arts. 7º a 9º da Lei, compreende:
a receita decorrente da venda de bens nas operações de conta própria;
a receita decorrente da prestação de serviços;
e o resultado auferido nas operações de conta alheia (comissões recebidas).
Podem ser excluídos da mencionada receita bruta:
a receita bruta de exportações e decorrentes de transporte internacional de carga;
as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos;
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), quando incluído na receita bruta;
e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS), quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos
serviços na condição de substituto tributário.

Alíquotas CPRB.
Alíquota da contribuição sobre a receita brutas previstas no art. 7º:

Será entre 1,5% e 4,5% para as empresas enquadradas nos incisos III, V e VI (Lei
12546/11) – como exemplo transporte coletivo de passageiros;
Será de 2% a 4,5 % para as empresas enquadradas nos incisos IV e VII (Lei
12546/11) – como exemplo construção civil e construção de obras de infraestrutura.

Alíquota da contribuição sobre a receita bruta prevista no art. 8º:

Será entre 1% e 2,5% para as empresas com atividades jornalísticas e de radiodifusão


sonora e de sons e imagens entre outras
Cálculos: DARF CPRB
O cálculo da DARF da Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta, sempre
segue a mesma fórmula:
((Receita Bruta ou Receita Bruta Atividade) – Exclusões) x Alíquota = Valor Darf
Art. 7º Lei 12546/11 com alteração Lei 13670/18 – TI/TIC, Hotelaria e outros
(Contmatic opção 3) – 4,5%
Art. 8º Lei 12546/11 com alteração Lei 1670/18 (Contmatic opção 4) – 2,5%
Art. 7º Lei 12715/12 com alteração Lei 13670/18 empresas de Transportes incisos 3,
5, 6 e Call Center (Contmatic opção 5) – 3%
Art. 8º Leis 12715/12 com alteração Lei 13670/18 empresa de Transportes incisos 2,
4, 7 a 11 e 13 a 16 (Contmatic opção 6) – 1,5%
Art. 7º e Art. 8º Lei 12715/12 com alteração Lei 13670/18 empresas de Transportes
(verificar inciso) / Contmatic opção 7 – 1,5% ou 2%
Art. 7º Lei 12546/11 com alteração Lei 13670/18 Construção Civil (atividade
vinculada ao CNAE) / Contmatic opção 8 – 2,5%
Art. 8º Lei 12546/11 com alteração Lei 13670/18 Comércio/Varejista CNAES Prep.
Anexo II (atividade vinculada ao CNAE) / Contmatic opção 9 – 1,5%
Art. 8º Lei 12546/11 com alteração Lei 13670/18 Produtos TIPI concomitantes /
Contmatic opção 10 – 2,5%, 1,5% ou 1%

Receita Empresa

Receita Bruta Total: 100.000,00


Receita Bruta Atividade: 100.000,00
Receita Bruta Outras Atividades: 0,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 5.000,00
Percentual CPRB: 4,5%

Guia DARF CPRB

((Receita Bruta Total ou Receita Bruta Atividade) - Exportações) = Y


100.000,00 - 5.000,00 = 95.000,00
Y x %CPRB = X
95.000,00 x 4,5% = 4.275,00
O valor da DARF será de R$4275,00
Cálculos: Desoneração 100%.
Em algumas situações existe a redução 100%, ou seja a empresa fica senta de
contribuir com os 20% da cota patronal, isso ocorre quando a empresa possui atividade
exclusiva, ou todas atividades são desoneradas

Receita empresa

Receita Bruta Total: 100.000,00


Receita Bruta Atividade: 100.000,00
Receita Bruta Outras Atividades: 0,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 5.000,00

Folha de pagamento

Base INSS Empresa: 36.000,00


Base INSS Empresa 13º Salário: 0,00
Total Base INSS Empresa: 36.000,00
FAP Ajustado: 1%

Guia GPS

Total Base INSS Empresa x FAP Ajustado = Y


36.000,00 x 1% = 3.600,00
O valor da GPS será de R$3.600,00
Com a desoneração da folha a parte patronal será de 360,00, sem a desoneração o
recolhimento seria de 36.000,00 x 21% = 7.560,00, a empresa teve uma economia de
R$7200,00

Cálculos: Desoneração com redutor.


Quando a empresa faz parte do Artigo 7 e possui atividade mista, ou seja, uma única
atividade da empresa que desonera, a folha não desonerará 100%, mas sim terá uma redução
no percentual do INSS Patronal que não será 20%, mas sim será sobre um cálculo reduzido.

Receita Bruta

Receita Bruta Total: 100.000,00


Receita Bruta Atividade: 75.000,00
Receita Bruta Outras Atividades: 25.000,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 5.000,00
Redutor de INSS Patronal

Receita Bruta Total - Receita Bruta Atividade = Receita Bruta Outras Atividades
100.000,00 - 75.000,00 = 25.000,00
(Receita Bruta Outras Atividades / Receita Bruta Total) X 100 = Redutor INSS Patronal
(25.000 / 100.000,00) x 100 = 25
O percentual de redução do INSS patronal será de 25%

Folha de pagamento

Base INSS Empresa: 36.000,00


Base INSS Empresa 13º Salário: 0,00
Total Base INSS Empresa: 36.000,00
FAP Ajustado: 1%
Base INSS Empresa + Base INSS Empresa 13o Salário = Base INSS Empresa Total
36.000,00 + 0 = 36.000,00
(Base INSS Empresa Total X Cód. FPAS) X % Redutor = X
(36.000,00 x 20%) x 25% = X
7.200,00 x 25% = 1.800,00
(Base INSS Empresa Total X FAP Ajustado) = Y
36.000,00 x 1% = 360,00
X + Y = INSS Patronal
1.800,00 + 360,00 = 2.160,00
Com a desoneração da folha a parte patronal será de 2.160,00, sem a desoneração o
recolhimento seria de 36.000,00 x 21% = 7.560,00, a empresa teve uma economia de
R$5.400,00
Quando a empresa está vinculada ao Artigo 8, e possui atividade mista, a regra
muda.
Para que ocorra a desoneração da folha de pagamento, assim como a emissão da
DARF sobre a CPRB, a Receita Bruta Atividade deve representar mais que 5% da Receita
Bruta Total, caso contrário não haverá desoneração da folha de pagamento, e será tributado
os 20% da parte patronal.
Receita Bruta Total: 100.000,00
Receita Bruta Atividade: 4.000,00
Receita Bruta Outras Atividades: 96.000,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 0,00
Se fizer um comparativo veremos que a Receita Bruta atividade corresponde a menos
que 5% da Receita Total
100.000,00 x 95% = 95.000,00
100.000,00 x 5% = 5.000,00
Sendo assim para que haja a desoneração da folha de pagamento a Receita Bruta
Atividade dese ser maior que 5.000,01, no exemplo citado onde a Receita Bruta Total é de
100.000,00 e a Receita Bruta Atividade 4.000,00 não ocorrerá a desoneração da folha de
pagamento.
Quando Receita Bruta Atividade for maior que 5% em relação ao comparativo da
Receita Total, a forma de cálculo do redutor será a mesma apresentada no Artigo 7.
Cálculos: Desoneração folha 13o Salário.
A desoneração da folha de 13o Salário vai seguir a regra:
A competência que foi desonerada, terá o avo desonerado;
A competência que não foi desonerada, não terá o avo desonerado.
Sendo assim a empresa que teve desoneração nos 12 meses do ano, terá a
desoneração 100% da folha de 13o Salário, já empresas que não tiveram desonerado os 12
meses do ano terão um redutor na parte patronal da folha de 13o Salário
Em relação a desoneração 100% vai seguir conforme os exemplos já citados, em
seguida trabalharemos empresa que não teve desoneração os 12 meses do ano.
Como exemplo, mostraremos uma empresa que teve 11 folhas no ano desoneradas e
1 folha sem desoneração.
Base INSS funcionário: 4.249,15
Competências desoneradas: 11
Competências não desoneradas: 1
FAP Ajustado: 1

Avos SEM desoneração

Base INSS Funcionário / Avos de Direito = Base INSS por avo


4249,15 / 12 = 354,10
Base INSS por avo x Competências não desoneradas = Base INSS SEM Desoneração
354,10 x 1 = 354,10
Base INSS SEM Desoneração x (20.00/100) = Patronal SEM desoneração
354,10 x 0,2 = 70,82

Avos COM desoneração

Base INSS Funcionário / Avos de Direito = Base INSS por avo


4249,15 / 12 = 354,10
Base INSS por avo x Competências não desoneradas = Base INSS COM Desoneração
354,10 x 11 = 3895,05
((Base INSS COM Desoneração x (20.00/100)) x (0.00/100) = Patronal COM desoneração
((3895,05 x 0,2) x 0 = Patronal COM desoneração
779,01 x 0 = 0

FAP Ajustado:

Base INSS Funcionário x (Fap Ajustado/100) = Valor FAP Ajustado


4249,15 x (1/100) = Valor FAP Ajustado
4249,15 x 0,1 = 42,49
Parte patronal referente ao colaborador.

Patronal SEM desoneração = 70,82


Patronal SEM desoneração = 0
Valor FAP Ajustado = 42,49
Patronal 13o Salário = 113,31
A somatória de todos os funcionários irá ser o valor final da parte patronal da folha de 13o
Salário.

Atividades.
1)Empresa A enquadrada no Artigo 7, com atividade mista, calcule a DARF CPRB, e a
parte Patronal:

FAP Ajustado: 1,5


Receita Bruta Total: 75.000,00
Receita Bruta Atividade: 3.700,00
Receita Bruta Outras Atividades: 71.300,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 0,00
Percentual CPRB: 4,5%

2)Empresa B enquadrada no Artigo 8, com atividade exclusiva, calcule a DARF CPRB,


e a parte Patronal:

FAP Ajustado: 1,5


Receita Bruta Total: 25.300,00
Receita Bruta Atividade: 25.300,00
Receita Bruta Outras Atividades: 0,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 7.550,00
Percentual CPRB: 1,5%

3)Empresa C enquadrada no Artigo 8, com atividade exclusiva, calcule a parte


Patronal do 13º Salário do colaborador:

FAP Ajustado: 2,5


Meses COM desoneração: 10
Meses SEM desoneração: 02
Base INSS: 2670,00
4) Empresa D enquadrada no Artigo 8, com atividade mista, calcule a DARF CPRB, e
a parte Patronal:
FAP Ajustado: 1,5
Receita Bruta Total: 75.000,00
Receita Bruta Atividade: 3.700,00
Receita Bruta Outras Atividades: 71.300,00
Exclusões (Importações/Cancelamentos…): 0,00
Percentual CPRB: 1,5%

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