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Professor Nataniel Mendes de Castro Página |1

COMO RESPONDER AOS


SABATISTAS:
Confrontando as doutrinas
de Ellen Gould White à luz
da Palavra de Deus

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica,


assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a
rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre,
compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mateus
7:24-27)
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Sumário
Introdução
Capítulo I
Sobre a ressurreição de Moisés
Azazel e Satanás
Os dez mandamentos como base do Antigo Pacto.
A mudança do Sábado para o Domingo.
Os que estão debaixo da maldição da Lei
Os Dez Mandamentos na Lei de Moisés
Jesus estabeleceu a guarda do sábado para a igreja em Mt 24.20?
O mandamento do sábado e os gentios
O sábado será santificado na nova terra?
O fim do sábado na nova aliança na morte de Cristo
O sábado como sombra da lei
Adão e a guarda do sábado
Deve ser o sábado guardado por ser um “mandamento perpétuo”?
O sábado é o sinal de Deus nos salvos?
A Lei Em Rm 3.31 é a apenas a lei dos dez mandamentos?
O maior mandamento da Lei
Mandamentos e sentenças da Torá
Capítulo II
Sobre a natureza humana de Cristo
A lei foi dada para salvar os homens?
O que significa estar debaixo da lei?
Lei de Deus e lei de Moisés
Os dez mandamentos são lei de Moisés?
A circuncisão faz parte da lei de Moisés ou da lei do Senhor?
Por que os cristãos não estão debaixo da lei?
O sábado não faz parte da lei de Cristo
O cumprimento da circuncisão na violação do sábado
Jesus e a violação do sábado no cumprimento da lei de Moisés
O Senhor do sábado
O fim da lei cerimonial e moral na morte de Cristo
A quebra da lei é a razão de todos estarem debaixo da maldição do pecado?
Transgressores e pecadores
Capítulo III
A lei foi dada como aio até Cristo
Satanás é co-redentor na doutrina adventista.
A perpetuidade dos dez mandamentos
Os dez mandamentos antes do Sinai
A lei foi estabelecida antes da fundação do mundo
A lei dos dez mandamentos foi transmitida por Deus ou por anjos?
Paulo e a Lei
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O Juízo Investigativo
A doutrina do Juízo Investigativo
As duas vindas de Cristo
A doutrina do sono da alma.
Os mil anos na doutrina Adventista
Os mil anos serão no céu ou na terra?
O castigo dos ímpios no lago de fogo
Capítulo IV
A circuncisão e a salvação
O fim da circuncisão é o fim da lei
Violadores do sábado
Os sábados do Senhor
Os meus sábados e os vossos sábados
O sábado foi observado por Adão e por todos os patriarcas até Jacó?
A igreja remanescente.
O sábado é o dia do Senhor em Ap 1.10?
O sábado é o único mandamento que contém o nome de Deus?
O fim dos sábados, das luas novas, das festas e dos sacrifícios na morte de Cristo
As Duas Tábuas da Lei e o Sábado
O sábado violado no Templo pelos sacerdotes
Evidencias de que Paulo não guardava o sábado
Com se deve celebrar o dia da ressurreição de Cristo Jesus?
A guarda do quarto mandamento para os judeus
Conclusão
Bibliografia
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Introdução

História da seita. “Estão em foco algumas seitas religiosas que se originaram como movimento
do advento, resultante dos ensinos de William Miller (1782-1849). Os membros desse grupo
enfatizavam o segundo advento pré-milenar de Cristo e a renovação da terra como habitação
dos remidos, após a ressurreição física dos mortos. Miller levava muito a sério as passagens
proféticas e apocalípticas da Bíblia; e através da manipulação dos dados que aparecem no livro
de Daniel, ele concluiu que o segundo advento acorreria entre 1843 e 1844. Passou a fazer
muitas conferências, começando em Dresden, NY. Anunciou a condenação iminente e um
grande número de pessoas converteu-se. Assim a nova seita nasceu” (Champlin, Russell
Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia vol.1, p.67).

CAPÍTULO I

Sobre a ressurreição de Moisés

A igreja Adventista do Sétimo Dia, com base em Ellen White, ensina que Moisés
ressuscitou. A seita usa as passagens de Rm 5.14; Jd 9; Mt 17.3 de forma distorcida para
“provar” que Moisés ressuscitou dos mortos. Diz Ellen White: “O poder da sepultura nunca
havia sido quebrado, e todos os que se achavam no túmulo [Satanás] reivindicava como cativos
seus, para jamais serem libertos da tenebrosa prisão. Pela primeira vez estava Cristo para dar
vida aos mortos. Como o Príncipe da vida e os seres resplandecentes se aproximassem da
sepultura, Satanás ficou apreensivo pela sua supremacia. Com seus anjos maus levantou-se para
contestar a invasão do território que alegava ser de sua posse. Quando Cristo e os anjos se
aproximaram da sepultura, Satanás e seus anjos surgiram junto dela e ficaram a guardar o corpo
de Moisés, para que não fosse removido. Quando Cristo e Seus anjos chegaram perto, Satanás
resistiu à aproximação, mas foi compelido, pela glória e poder de Cristo e Seus anjos, a recuar.
Reclamou o corpo de Moisés por causa de sua única transgressão; Cristo, porém, mansamente
o remeteu ao Pai, dizendo: ‘O Senhor te repreenda’. Cristo disse a Satanás que sabia ter Moisés
humildemente se arrependido de seu único erro, e que mancha nenhuma repousava sobre seu
caráter, e que seu nome permanecia no livro celestial sem contaminação. Então Cristo
ressuscitou o corpo de Moisés” (A Verdade sobre os Anjos, p.105-106). Sobre a identificação
de Cristo com o Arcanjo Miguel ver também em Patriarcas e Profetas, p.325; História da
Redenção, p. 77; A Verdade sobre os Anjos. p.81 e Profetas e Reis, p. 364 (pdf).

Refutação

A Bíblia diz que Jesus é o Primogênito dos mortos (Cl 1.18; Ap 1.5; 1 Co 15.20,23). Se
Cristo é o primogênito dos mortos, então é certo que ninguém ressuscitou (para a vida eterna)
antes dele. A Bíblia diz claramente que Moisés morreu (Dt 31.14,16,27,29; 32.50; 33.1; 34.5-
8; Js 1.2). Em momento algum a Bíblia fala que Moisés foi ressuscitado. Passados trinta dias
após a morte de Moisés, Deus falou a Josué: “Moisés, meu servo, é morto” (Js 1.2). Além de
os adventistas não contarem com o apoio da Bíblia, também não contam com o apoio da tradição
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judaica do período do segundo Templo. O Pseudo Filon diz: “Então disse Deus a Jesus, filho
de Nave: Por que lamentas e por que esperas em vão, pensando que Moisés ainda viverá? Agora,
pois, tu não esperes sem propósito, porque Moisés está morto” (Pseudo Filon 20.2). Se Moisés
houvesse ressuscitado, a Bíblia não ocultaria um fato tão grandioso. Epifânio de Salamina faz
alusão a uma tradição judaica, a qual diz que os anjos sepultaram o corpo do santo Moisés
(Epifânio de Salamina. Panarion, Parte 9). O Targum de Jonathan Ben Uziel em Shemoth 34.6
faz alusão ao sepultamento de Moisés pelos anjos de Deus. A tradição de que Moisés havia sido
sepultado por anjos não era desconhecida de Judas (Jd 9). Orígenes diz que o relato (a carta de
Judas) sobre Miguel disputando com o Diabo por causa do corpo de Moisés foi extraído do
livro apócrifo da Ascensão de Moisés (Orígenes. Princípios, livro iii). Mas não se encontra no
referido livro nada sobre a ressurreição ou mesmo sobre a assunção de Moisés.

1. A passagem de Rm 5.14 diz: “No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo
sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele
que havia de vir”. Será que Paulo está ensinando que Moisés ressuscitou dos mortos? De forma
alguma, e vamos provar o que afirmamos. A morte reinou desde Adão até Moisés. Isto indica
que a morte reinou sobre todos os homens enquanto a lei de Moisés estava em vigor. A morte
não foi aniquilada por Moisés, mas sim por Cristo Jesus (Hb 2.14). O fato de Moisés ter sido
mencionado não indica que ele ressuscitou. Jesus foi o primeiro descendente de Adão a
ressuscitar para sempre dentre os mortos (ver At 2.24,31-36; 26.23; 1 Co 15.20,23; Cl 1.18; Ap
1.18; 2.8). As Escrituras ensinam que Moisés foi sepultado no monte Nebo, na terra de Moabe,
diante de Jericó (Dt 32.48-52; 33.1; 34.1,5-8; Js 1.1,2). Em momento algum a Bíblia diz que
Moisés ressuscitou. Por que então Moisés é citado? Porque foi o escritor da lei (Lc 16.29,31;
24.27; Jo 5.45,46; At 6.11; 15.21; 21.21; 26.22; 2 C 3.15). Qualquer outro que tivesse escrito a
lei teria sido citado. A morte reinou sobre a humanidade como salário do pecado (Rm 6.23)
desde Adão até Moisés, não desde Adão até Cristo Jesus. Diz Paulo: “Com efeito, se por um
homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão
todos morrem, assim em Cristo todos reviverão” (1 Co 15.21-22). O discurso completo de Paulo
no capítulo cinco de Romanos mostra que a lei de Moisés não tirou o pecado da humanidade,
mas sim o fez abundante.

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em
conta quando não há lei. Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo
sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual
prefigurava aquele que havia de vir. Todavia, não é assim o dom gratuito como a
ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de
Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre
muitos. O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o
julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de
muitas ofensas, para a justificação. Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou
a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão
em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só ofensa,
veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de
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justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque,
como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim
também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. Sobreveio a lei
para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim
de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça
para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 5:12-21)

2. Os adventistas dizem que o Arcanjo Miguel é o Senhor Jesus. O Senhor (κύριος) citado em
Judas 1. 9 não é outro senão o Senhor Jesus Cristo, que antes da encarnação subsistia na forma
de Deus (Fp 2.6; Jo 1.1; Rm 9.5; Hb 1.8-10). Todas as vezes que a palavra “Senhor” aparece
em Judas sempre indica a pessoa de Jesus Cristo (Jd 1.4,14,17,21). Diz Paulo: “Todavia para
nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também” (1 Co 8.6). A
cena descrita por Judas sobre a contenda de Miguel com o Diabo sobre o corpo de Moisés
obviamente aponta para um acontecimento anterior a encarnação de Cristo. O Senhor invocado
por Miguel é o Logos de Deus, que é Deus (Jo 1.1,2).

Azazel e Satanás

Os sabatistas dizem: "O bode emissário” em Levítico 16 é uma referência ao Diabo,


denominado de AZAZEL (Arnaldo B. Christianini. Subtilezas do Erro, P. 57,58). A sra. Ellen
White diz: “O bode emissário tipificava Satanás, autor do pecado, sobre quem os pecados dos
verdadeiros penitentes serão finalmente colocados. Quando o sumo sacerdote, por virtude do
sangue da oferta pela transgressão, removia do santuário os pecados, colocava-os sobre o bode
emissário. Quando Cristo, pelo mérito de Seu próprio sangue, remover do santuário celestial os
pecados de Seu povo, ao encerrar-se o Seu ministério, Ele os colocará sobre Satanás, que, na
execução do juízo, deverá encarar a pena final. O bode emissário era enviado para uma terra
não habitada, para nunca mais voltar à congregação de Israel. Assim será Satanás para sempre
banido da presença de Deus e de Seu povo, e eliminado da existência na destruição final do
pecado e dos pecadores. (Ellen G. White, O Grande Conflito, 423).

Refutação.

O vocábulo hebraico Azazel1 aparece em Lv 16.8-10,26. Algumas versões traduzem a


palavra Azazel por “bode emissário”. O bode vivo era escolhido para levar os pecados de Israel,
sendo o mesmo conduzido pela mão de um homem ao deserto. Os sabatistas dizem que o bode

1
A tradição judaica posterior identifica Azazel com um poder maligno (Enoque 9.4; 10.3,4; 54.3; 55.4; Apocalipse
de Abraão 13.7,8; 14.5; 28.6,7). Para Orígenes, Azazel era o bode expiatório. Ele defendia que Azazel era um
nome de Satanás (Orígenes-Contra Celso vi.43). Obviamente Orígenes estava equivocado em identificar o bode
expiatório com Azazel. É claro que a literatura judaica posterior passou a ligar o nome Azazel ao Diabo. O livro
de Enoque descreve Azazel como um ser demoníaco e líder das forças do mal (I Enoque 8:1; 9:6; 10:4-8; 13:1;
54:5 e 6; 55:4; 69:2). O Apocalipse de Abraão (13:6-14; 14:4-6; 20:5-7; 22:5; 23:11; 29:6 e 7; 31:5) chama o
Diabo de Azazel. É interessante notarmos que I Enoque 54:4-6 fala sobre o futuro aprisionamento dos “exércitos
de Azazel”, para serem lançados na fornalha de fogo do “grande dia do juízo”, em termos muito semelhantes ao
relato do aprisionamento e castigo final de “Satanás” mencionado em Apocalipse 20.
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vivo é um tipo de Satanás levando os pecados da humanidade. Em nenhum lugar da Bíblia


aparece qualquer sacrifício expiatório de animal apontando para Satanás. Todos os sacrifícios
expiatórios do Antigo Testamento apontavam para Cristo Jesus, o verdadeiro sacrifício que tira
o pecado do mundo. O Levítico diz:

Também tomará os dois bodes, e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da


revelação. E Arão lançará sortes sobre os dois bodes: uma pelo Senhor, e a outra por
Azazel. Então apresentará o bode sobre o qual cair a sorte pelo Senhor, e o oferecerá
como oferta pelo pecado; mas o bode sobre que cair a sorte para Azazel será posto
vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele a fim de enviá-lo ao deserto para
Azazel (Lv 16.7-10).

A tradução literal do texto hebraico diz: “O bode vivo era enviado para Azazel (‫) ַל ֲעזָאזֵל‬.
O bode vivo era receptário dos pecados do povo. Observe que há uma preposição (para) antes
da palavra Azazel. Assim como a expressão “para o SENHOR” indica que o bode não é o
Senhor, da mesma forma se dá com “para Azazel”. O Tratado de Yomá diz: “os dois bodes para
o Dia da Expiação sejam iguais em cor, estatura e preço, e ambos (comprados) ao mesmo
tempo” (Yomá VI). Nada no referido tratado relaciona Azazel com o Diabo. Ainda diz o
Levítico:

Quando Arão houver acabado de fazer expiação pelo lugar santo, pela tenda da
revelação, e pelo altar, apresentará o bode vivo; e, pondo as mãos sobre a cabeça do
bode vivo, confessará sobre ele todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as
suas transgressões, sim, todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e
enviá-lo-á para o deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim aquele
bode levará sobre si todas as iniquidades deles para uma região solitária; e esse homem
soltará o bode no deserto (Lv 16.20-22).

Não concordamos com a ideia de que o bode vivo levado ao deserto era destinado como
sacrifício ao Diabo, porque a Torá proíbe se sacrificar a demônios. “E nunca mais sacrificarão
os seus sacrifícios aos demônios, após os quais eles se prostituem: isto ser-lhes-á por estatuto
perpétuo nas suas gerações” (Lv 17:7). Moisés diz que os hebreus “ofereceram sacrifícios aos
diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos
quais não se estremeceram seus pais” (Dt 32:17). Moisés não compartilha da ideia de se
sacrificar animais aos demônios, por isso entendemos que Azazel não representa Satanás. O
que diz a tradição judaica sobre o bode vivo enviado para Azazel? A tradição diz que era
amarrada uma tira escarlate de lã na cabeça do bode expiatório, que era despachado para Azazel.
O bode era oferecido para expiar pecados, a lã vermelha era amarrada em seus chifres (Seder
Moed. Mishná Shabat, 9). O historiador judeu Flávio Josefo diz:

No décimo dia da lua do mesmo mês, jejua-se até a tarde. Sacrificam-se, pelos
pecados, um touro, um carneiro, sete cordeiros e um bode. E mais dois bodes, um dos
quais é levado vivo para fora do acampamento, para o deserto, a fim de que o castigo
merecido pelo povo por causa seus pecados caiam sobre a cabeça desse animal. O
outro bode é levado a um arrabalde, isto é, um lugar próximo do acampamento e muito
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limpo, onde é queimado inteiro, com a pele, e dele nada se reserva (Josefo, Flávio.
Antiguidades Judaicas iii. cap. 10.131).

O vocábulo Azazel foi posteriormente aplicado a Satanás na literatura judaica. Nada no


Pentateuco sugere que Azazel seja um nome dado a Satanás. O texto hebraico diz “hasaid
laazazel”, traduzido literalmente como “ bode para Azazel” (Lv 16.26). O Dr Ryrie faz uma
excelente exposição da passagem em questão: “Em primeiro lugar, Arão, o sumo sacerdote,
apresentava uma oferta pelo pecado em favor de si mesmo e dos demais sacerdotes. A seguir,
o sumo sacerdote apresentava dois bodes como oferta pelo pecado do povo. Um era imolado e
o outro era enviado para o deserto emissário (v. 10). Lit., Azazel, uma combinação das palavras
hebraicas para “bode” e “partir”. O bode vivo era o bode da remoção, simbolizando vividamente
a remoção dos pecados de Israel” (Charles Caldwel Ryrie. A Bíblia Anotada, p.160). O escritor
aos Hebreus vê nos sacrifícios do Antigo Testamento uma sombra para o sacrifício único de
Cristo (Hb 10). Não erramos em afirmar que os dois bodes em Levítico 16 apontam para Cristo
Jesus, do ponto de vista cristão. Do ponto de vista judaico, a ideia é que todos os pecados da
nação de Israel são levados (por meio do bode vivo) para bem distante, ficando assim
santificado o povo de Deus. Notemos que haviam também duas aves sacrificadas ao Senhor,
uma era morta e a outra era solta e voava para o campo. Diz o Levítico:

O sacerdote ordenará que, para aquele que se há de purificar, se tomem duas aves
vivas e limpas, pau de cedro, carmesim e hissopo. Mandará também que se imole
uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas. Tomará a ave viva, e com ela o
pau de cedro, o carmesim e o hissopo, os quais molhará, juntamente com a ave viva,
no sangue da ave que foi imolada sobre as águas vivas; e o espargirá sete vezes sobre
aquele que se há de purificar da lepra; então o declarará limpo, e soltará a ave viva
sobre o campo aberto (Lv 14.4-7). “E, para purificar a casa, tomará duas aves, pau de
cedro, carmesim e hissopo; imolará uma das aves num vaso de barro sobre águas
vivas; tomará o pau de cedro, o hissopo, o carmesim e a ave viva, e os molhará no
sangue da ave imolada e nas águas vivas, e espargirá a casa sete vezes; assim
purificará a casa com o sangue da ave, com as águas vivas, com a ave viva, com o
pau de cedro, com o hissopo e com o carmesim; mas soltará a ave viva para fora da
cidade para o campo aberto; assim fará expiação pela casa, e ela será limpa (Lv 14.49-
53).

Aí temos um paralelo para os bodes que eram apresentados ao Senhor como ofertas na
tenda da congregação (Lv 16.7-10). Isso mostra que ambos bodes eram sacrificados ao Senhor.
Será que os Adventistas vão entender também que a ave viva que era solta sobre o campo aberto
representa também a Satanás? Ou será que vão dizer que a ave viva era enviada para ser
sacrificada a Satanás? Os dois bodes e as duas aves tinham o mesmo propósito: tirar
(tipologicamente) os pecados dos contaminados. Cristo cumpriu os tipos dos dois bodes, levou
todos os pecados na sua morte (1 Pe 2.24; Is 53.4). O sacrifício de Cristo cumpriu todos os
sacrifícios expiatórios e holocaustos do culto judaico. O escritor da carta aos Hebreus vê em
todos os sacrifícios do Yom Kipur uma figura do sacrifício de Cristo (Hb 9.11-14). Aliás, todos
os sacrifícios e ofertas da lei eram tipos de Cristo Jesus.
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Barnabé faz alusão aos dois bodes e diz que ambos representam Cristo (Carta de Barnabé
7.6). Justino Mártir diz que os bodes representam Cristo. “Também os dois bodes que se
mandava sacrificar no jejum eram iguais; um deles era feito emissário e o outro se destinava ao
sacrifício. Anunciavam as duas vindas de Cristo: numa delas, os vossos anciãos do povo e
sacerdotes o enviavam como emissário, lançando suas mãos sobre ele e matando-o; na outra,
no mesmo lugar de Jerusalém, reconhecereis aquele que foi desonrado por vós” (Justino Mártir.
Diálogo 40.4). Tertuliano advoga a mesma ideia (Adversus Marcionem III.7). Temos aí então
o apoio da tradição cristã patrística. A escritor da carta aos Hebreus diz Cristo pelo Espírito
eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus (Hb 9.14). O salmista diz: “Quanto dista o
Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103:12). A ideia
subjacente no envio do bode vivo ao deserto para fora de Israel é que O Senhor remove os
pecados do seu povo para bem longe. “Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas
iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” Mq 7:19). Sabemos
que a Bíblia trabalha com tipos, figuras e atos. Os atos, por sua vez, representam ideias.

Os dez mandamentos como base do Antigo Pacto.

Os Adventistas dizem que os dez mandamentos eram a base do antigo pacto e continuam
sendo do novo, por isso são obrigatórios para a igreja (Estudos Bíblicos, p.154). “Afirmamos
que os Dez Mandamentos eram a base do velho concerto, como igualmente eles são a base do
novo concerto” (Subtilezas do Erro, p. 65, pdf).

Refutação.

Será que o antigo pacto realmente estava alicerçado apenas nos dez mandamentos? O que
diz a Bíblia? “Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém,
além da voz, não vistes aparência nenhuma. Então, vos anunciou ele a sua aliança, que vos
prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra” (Dt 4.12,13).
Realmente o concerto de Deus com Israel foi firmado inicialmente com base nas dez palavras
(Êx 34.27,28; Dt 9.9,11,15). Só que muitos outros mandamentos foram adicionados a Israel por
meio de Moisés, vindo dessa forma a ser a base do antigo concerto (Dt 29.1,9-15,21;
31.9,16,26). Tudo o que Deus ordenou a Moisés foi escrito num livro denominado “livro da
aliança” (Êx 24.3,4,7,8; Dt 28.58,61; 29.21; 30.10; 31.24,26). Não é verdade que o antigo pacto
estava baseado apenas nos dez mandamentos. Vejamos o que diz Moisés: “Então, vos anunciou
ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de
pedra”. A leitura prossegue: “Também o Senhor me ordenou, ao mesmo tempo, que vos
ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir”
(Deuteronômio 4:13,14). Veja que não apenas os dez mandamentos, mas também os “estatutos
e juízos” foram ordenados por Deus. Uma leitura atenciosa e honesta nos faz ver que a antiga
aliança estava baseada em tudo o que ordenou Deus mediante Moisés aos filhos de Israel. O
texto de Êx 24.3-8 diz:
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Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos;
então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o Senhor faremos.
Moisés escreveu todas as palavras do Senhor e, tendo-se levantado pela manhã de
madrugada, erigiu um altar ao pé do monte e doze colunas, segundo as doze tribos de
Israel. E enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram ao Senhor
holocaustos e sacrifícios pacíficos de novilhos. Moisés tomou metade do sangue e o
pôs em bacias; e a outra metade aspergiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o
leu ao povo; e eles disseram: Tudo o que falou o Senhor faremos e obedeceremos.
Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o
sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras.

Fica claro que a aliança estava alicerçada não apenas nos dez mandamentos, mas em
todos os mandamentos que Deus transmitiu por Moisés ao povo. Mas como entender a
declaração de Moisés em Dt 4.2: “Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos
mando”? O discurso de Moisés em Dt 4 não permite limitarmos tal declaração aos dez
mandamentos (Dt 4.5-14). Diz Moisés: “Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa
congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, e nada
acrescentou. Tendo-as escrito em duas tábuas de pedra, deu-mas a mim” (Dt 5:22). Não está
Moisés declarando que nada foi acrescentado aos dez mandamentos? Sim. Moisés diz: “Tudo
o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás”
(Deuteronômio 12:32). Será que esta declaração se limita aos dez mandamentos? Certamente
que não. Esta é a razão de entendermos que o antigo pacto se alicerçava sobre todos os
mandamentos escritos por Moisés no livro do pacto. Os adventistas ensinam que o “novo pacto”
anunciado por Jeremias (31.31) tem como base apenas a lei dos dez mandamentos. Será? É
totalmente falacioso o ensino dos adventistas, que tem por objetivo único impor a guarda do
sábado sobre a igreja. O “novo pacto” profetizado por Jeremias (sob uma ótica judaica) não
exclui nenhum dos mandamentos escritos por Moisés (Jr 33.14-18,21,22). O escritor da carta
aos Hebreus usou a passagem de Jr 31.31 com o objetivo de provar que a antiga aliança do Sinai
foi cancelada na morte de Cristo. O escritor diz claramente que se a perfeição houvera sido
mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria
ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse
contado segundo a ordem de Arão? Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há
também mudança de lei (Hb 7.11,12). O Novo Testamento ensina que a lei de Moisés, incluindo
os dez mandamentos, findou na morte de Cristo Jesus (Rm 10.4; 2 Co 3.7-14; Gl 3.19,24,25;
Ef 2.15; Cl 2.14). Paulo diz que na morte de Cristo Jesus a antiga aliança foi abolida (2 Co
3.14). O caráter transitório da lei é claramente ensinado por Paulo.

E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer
a promessa. Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi
pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão. Qual, pois, a razão de
ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a
quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um
mediador. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um. É, porventura, a lei contrária
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 11

às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que
pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. Mas a Escritura
encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa
concedida aos que creem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e
nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a
lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados
por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio (Gálatas
3:17-25)

“A aliança precede a lei; a lei foi dada apenas à nação que entrou em aliança com Deus
[embora, no sentido de princípio moral, a lei seja tão antiga quanto o pecado humano e o
governo divino Gn 3.7; 9.6; 26.5. R.L.H.]. A lei são, especificamente, as estipulações da
aliança. Mas, no sentido amplo de lei, a saber, de ensino de Deus, a aliança desempenha o papel
central. Lei e aliança podem ser paralelas uma à outra (e.g., Sl 78.10). Por estarem tão
intimamente ligadas, infringir uma é infringir também a outra” (Dicionário Internacional de
Teologia do Antigo Testamento, p. 662). Filo de Alexandria diz que “os dez mandamentos são
as cabeças de todas as leis particulares e especiais que são registradas ao longo de toda a história
da outorga da lei relatada nas sagradas escrituras” (Filo. O Decálogo xxix). Sendo os dez
mandamentos a cabeça de todas as leis da Torá, segue-se que o fim das leis cerimonias é
também o fim dos dez mandamentos. É interessante se notar que Paulo faz clara referência a
lei dos dez mandamentos como tendo sido abolida na morte de Cristo.

O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas
do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. E, se o ministério da morte,
gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel
não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que
desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito! Porque, se o
ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o
ministério da justiça. Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste
respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória. Porque, se o que
se desvanecia teve sua glória, muito mais glória tem o que é permanente. Tendo, pois,
tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que
punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do
que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo
revelado que, em Cristo, é removido (2 Coríntios 3:6-14).

Desde que o antigo pacto foi abolido na morte de Cristo segue-se obviamente que também
foi abolida a lei dos dez mandamentos. Na teologia judaica o fim da aliança é o fim da lei. “E
aliança significa nada mais do que a Torá [...]. O estudo da Torá é a mitzva praticada dia e noite
[...]. E está escrito: ‘Até porque rejeitaram as minhas ordenanças e a sua alma aborreceram os
meus estatutos’. Todas essas punições resultam da violação do pacto da Torá e da perversão da
justiça” (Tratado do Shabat, 33a).

Os Adventistas certamente não falam a verdade quando dizem que apenas os dez
mandamentos formavam a base da antiga aliança (Dt 4.13; Êx 34.28). Todas as palavras do
livro da lei de Moisés formavam a base do antigo concerto (Êx 24.4-8; Dt 30.10; 31.9,12,24-
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 12

26; 2 Rs 22.8; 2 Cr 34.14,30,31). As “palavras” do livro do concerto não podem ser apenas os
dez mandamentos (2 Cr 34.14,30,31). Ellen White escreveu: “Moisés escrevera, não os Dez
Mandamentos, mas as ordenanças que Deus queria que observassem, e as promessas sob
condição de sua obediência a Ele. Leu isto ao povo, e eles se comprometeram a obedecer a
todas as palavras que o Senhor tinha dito. Moisés então escreveu seu solene compromisso num
livro e ofereceu sacrifício a Deus pelo povo” (História da Redenção, p. 145). Provar que os dez
mandamentos fazem parte da lei de Moisés é tão fácil quanto provar que os mandamentos
escritos por Moisés são de Deus. Jesus disse: “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe;
e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte” (Mc 7:10). Quem disse?
Moisés. O mesmo Marcos mostra que ambos os mandamentos são “mandamentos de Deus”
(Mc 7.8). O mandamento citado em Marcos está no livro de Êxodo. “Quem amaldiçoar seu pai
ou sua mãe será morto”. Ora, este mandamento não está entre os dez, mas sim na lei escrita por
Moisés (Êx 21.17; Lv 20.9). É uma falácia dos adventistas ensinarem que apenas os dez
mandamentos são lei de Deus.

O livro de 1 Macabeus traz um registro envolvendo a apostasia de um grupo de judeus


em desfazer a circuncisão, bem como também ingerir alimentos impuros. Tais ações incorriam
na quebra da aliança. “Edificaram em Jerusalém um ginásio como os gentios, dissimularam os
sinais da circuncisão, afastaram-se da aliança com Deus, para se unirem aos estrangeiros e
venderam-se ao pecado. Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de não
comer nada que fosse impuro, e preferiram a morte antes que se manchar com alimentos; não
quiseram violar a santa lei e foram trucidados” (1 Macabeus 1.15, 62, 63). Observe que a aliança
era violada na ingestão de alimentos impuros. Fica demonstrado que a aliança não estava
baseada apenas nos dez mandamentos. Outro exemplo está no livro de Ezequiel. “E dize aos
rebeldes, à casa de Israel: Assim diz o Senhor Jeová: Bastem-vos todas as vossas abominações,
ó casa de Israel! Porquanto chamastes estranhos, incircuncisos de coração e incircuncisos de
carne, para estarem no meu santuário, para o profanarem em minha casa, quando oferecereis o
meu pão, a gordura e o sangue; e eles invalidaram o meu concerto, por causa de todas as
vossas abominações. E não guardastes a ordenança das minhas coisas sagradas; antes, vos
constituístes a vós mesmos guardas da minha ordenança no meu santuário” (Ezequiel 44:6-8).

Observe que a aliança era violada por conta das “abominações” praticadas pelos filhos de
Israel. Tais abominações diziam respeito a profanação das coisas santas do Templo.

A mudança do Sábado para o Domingo.

Ellen G. White ensina que o papa mudou o dia de adoração ao Senhor no sábado para o
domingo (Testemunhos Seletos, pp.78,125). “Foi por sua atitude a favor do domingo que o
papado começou a ostentar arrogantes pretensões; seu primeiro recurso ao poder do Estado foi
para impor a observância do domingo como ‘o dia do Senhor’” (O Grande Conflito, p. 447,
pdf).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 13

Refutação.

As palavras de Ellen White não refletem a verdade dos fatos históricos. Desde os dias
apostólicos que a igreja cultua no primeiro dia da semana (1 Co 16.1; At 20.7; Ap 1.10). Obras
antigas do cristianismo primitivo atestam que os cristãos se reuniam no domingo para cultuar a
Cristo Jesus como Deus. A expressão grega kuriakê hêmera (κυριακῇ ἡµέρᾳ), que aparece em
Ap 1.10, é uma referência ao primeiro dia da semana. A expressão “dia do Senhor” aparece em
vários documentos cristãos para aludir ao primeiro dia da semana (Didachê xiv; Evangelho de
Pedro ix.35; xii.1; Atos de João 106; Atos de Pedro 1; Inácio- Aos Magnésios ix.1; Carta de
Barnabé xv.9; Justino de Roma- Apologia 67 .3,7; Orígenes- Contra Celso viii.22; Irineu de
Lião- Demonstração da Pregação Apostólica 96; Tertuliano- Apologia xvi; Hipólito de Roma-
Tradição Apostólica 3.4,1; Justino de Roma- Diálogo com Trifão x.1-3; xi.1-3; xviii.2; xix.5;
xxi.1; Eusébio- História Eclesiástica. liv 3. cap. xxvii). Não é verdade que a guarda do domingo
foi estabelecia por Constantino. A história mostra que os cristãos ante-nicenos cultuavam no
primeiro dia da semana.

1. Didachê (70-120 d.C.). “Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer...”. (Did.
14.1).

2. Inácio de Antioquia (107-110 D.C). “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram
à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor” (Magésios 9.1). A carta
longa de Inácio diz: “Portanto, não precisamos mais manter o sábado, como fazem os judeus [...].
Mas deixe todo aquele entre vós que ainda mantém o sábado por motivo espiritual, alegrando-se
na meditação da Lei e não no descanso do corpo, admirando a obra de Deus e não comendo coisas
preparadas no dia anterior, não fazendo uso de bebidas mornas ou andando um certo limite
prescrito, não deleitando-se por dançar e aplaudir, e outras coisas sem sentido. Porém, após a
observância do sábado, deve todo amigo de Cristo observar o Dia do Senhor como festa, o dia da
ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias [da semana]”.

3. A carta de Barnabé (130-131 D.C). “Não suporto vossas neomênias e vossos sábados. Ele
rejeitou essas coisas, para que a lei nova de nosso Senhor Jesus Cristo, que é sem o jugo da
necessidade, não precise de oferta preparada por homens. Eis porque celebramos como festa alegre
o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus”
(Carta de Barnabé 2.5,6; 15.9).

4. Justino de Roma (100-165 D.C). “No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos
os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se tem, enquanto o tempo o permite, as memórias
dos apóstolos ou os escritos dos profetas... Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi
o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em
que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos”. (Justino-Apologia 67.3,7). “Sem o
sábado, também agradaram a Deus todos os justos anteriormente nomeados e, depois deles,
Abraão e todos os filhos de Abraão até Moisés, sob cuja guia o vosso povo fabricou um
bezerro no deserto, mostrando-se injusto e ingrato para com Deus” (Diálogo com Trifão
19.5).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 14

5. O Evangelho de Pedro (segundo século). “Pela manhã, ao despontar do sábado, veio de


Jerusalém e das vizinhanças uma multidão para ver o túmulo selado. Mas durante a noite que
precedeu o dia do Senhor, enquanto os soldados montavam guarda, por turno, dois a dois, ressoou
no céu uma voz forte (cap. ix). “Ao amanhecer do dia do Senhor, Maria Madalena, discípula do
Senhor, que, por medo dos judeus ardentes de cólera, não havia feito na sepultura do Senhor tudo
quanto as mulheres costumavam fazer pelos mortos que lhes eram caros” (cap. xii).

6. Tertuliano (197-200 D.C.). “Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol (domingo) para
nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma
semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora
também estejais muito distantes dos costumes dos judeus, os quais certamente ignorais”.
(Tertuliano- Apologia XVI).

7. Irineu (130- 202). “Deus não concedeu a circuncisão como realizadora da justiça, e sim como
sinal distintivo, perpétuo da descendência de Abraão. O profeta Ezequiel diz o mesmo do sábado:
‘Dei a eles os meus sábados como sinal entre mim e eles, para que saibam que eu sou o Senhor, o
que os santifica’. E no Êxodo Deus diz a Moisés: ‘Vós observareis também os meus sábados,
porque será sinal entre mim e vós nas vossas gerações’. Estas coisas foram dadas como sinal; não
eram, porém, sinais sem sentido nem supérfluos, isto é, sem valor, porque provinham de artista
sapiente. Os sábados ensinavam a perseverança de todo dia no serviço de Deus. A prova de que o
homem não era justificado por causa destas práticas, mas que elas foram dadas ao povo como
sinal, se encontra em Abraão, o qual, sem circuncisão e sem observância do sábado, ‘acreditou em
Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus’” (Contra as Heresias, livro IV.
16.1,2).

8. A carta a Diogneto (120 A.D.): “Não creio que tenhas necessidade de que eu te informe sobre
o escrúpulo deles a respeito de certos alimentos, a sua superstição sobre os sábados, o seu orgulho
da circuncisão (...), coisas todas ridículas, que não merecem nenhuma consideração” (Carta a
Diogneto 4).

9. Orígenes (185-254 d.C.). “Quem é cristão perfeito [...] esse vive continuamente nos dias do
Senhor, celebra constantemente os domingos” (Orígenes- Contra Celso viii. 22).

10. Eusébio de Cesareia (263-340 d.C.). “... Entre os quais devemos mencionar Abraão, celebrado
pelos hebreus como fundador e progenitor da nação. Eles, portanto, não consideravam a
circuncisão, nem observavam o sábado, como também nós...” (Eusébio- História Eclesiástica I.
4.).

11. Epifânio de Salamina (310-403). “Todos esses livros sagrados ensinavam as observâncias do
Judaísmo e da Lei até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. E os judeus estariam bem sob a tutela
da Lei se tivessem aceitado o Cristo que seu pedagogo, quero dizer, a Lei, predisse e profetizava
a eles para aprender, não da destruição da Lei, mas de seu cumprimento, aceitando a divindade e
encarnação de Cristo. Pois os tipos estavam na Lei, mas a verdade está no Evangelho. A Lei prevê
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 15

a circuncisão física. Isso serviu por um tempo até a grande circuncisão, o batismo, que nos isolou
de nossos pecados e nos selou em nome de Deus. A lei tinha um sábado para nos guardar para o
grande sábado, o descanso de Cristo, para que em Cristo pudéssemos desfrutar um descanso
sabático dos pecados” (Panarion. Parte vi)

Com exceção de Epifânio de Salamina, todos esses escritos precederam o Edito de


Constantino (321) sobre o decreto da guarda do domingo. É totalmente desonesta e falaciosa a
argumentação dos Adventistas. Há um relato no Talmude que faz clara distinção entre o shabbat e
o domingo (Talmude. Tratado sobre o shabbat, 30 a).

Os que estão debaixo da maldição da Lei

O que diz a Bíblia sobre os que não guardam todos os mandamentos da lei? “Maldito aquele
que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém! ” (Dt
27.26). A declaração de Moisés diz respeito a todos os mandamentos da Torá, não apenas a uma
parte. Todos os que pregam obediência apenas aos dez mandamentos estão debaixo da maldição
da lei. Paulo diz: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque
está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei,
para praticá-las” (Gl 3.10).

Os Dez Mandamentos na Lei de Moisés

Será que os dez mandamentos não estão escritos na lei de Moisés? Deixemos que a própria
Bíblia responda. Mateus diz: “Porque Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem
maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte” (Mt 15.4). Estes dois mandamentos são
classificados como mandamentos de Deus (Mt 15.3). Mas vejamos o que diz Marcos: “Pois
Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido
de morte” (Marcos 7:10). Observe que os mesmos mandamentos de Deus aparecem em Marcos
como mandamentos de Moisés. Os dois maiores mandamentos da lei na opinião de Jesus (Mt
22.36-40; Mc 12.28-31; Lc 10.25-27) estão na lei de Moisés (Dt 6.4-5; Lv 19.18). O objetivo dos
adventistas em ensinar a vigência dos dez mandamentos é unicamente impor a guarda do sábado.
Os adventistas estão debaixo da maldição da lei, porque não observam todos os mandamentos da
lei de Deus dada por Moisés. A lei dos dez mandamentos é una com todos os demais mandamentos
escritos por Moisés (Tg 2.10). Por isso Paulo diz: “Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las”. A obediência a um dos mandamentos
implica na obediência de todos os mandamentos da lei. A guarda do sábado implica na guarda de
todos os mandamentos da lei. Os adventistas devem guardar as festas, a lua nova, a circuncisão e
todos os mandamentos da lei. Se não observam estes mandamentos estão debaixo da maldição da
lei. A ideia adventista de que apenas os dez mandamentos são lei de Deus, se estriba na observação
de terem sido os únicos falados diretamente por Deus aos ouvidos da ação de Israel. A única
diferença entre as dez palavras e os mandamentos escritos no livro por Moisés está em que os
primeiros foram falados desde o Sinai por Deus aos ouvidos de toda a nação, ao passo que os
demais foram falados exclusivamente a Moisés a tenda da revelação (Êx 33.8-11; 39.32 Lv 1.1;
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 16

Nm 1.1; 7.89; 11.16,24; Dt 31.15,16). Em todas as ocasiões foram anjos que apareceram e
entregaram a lei para Moisés, conforme diz o Novo Testamento (At 7.35,38,53; Gl 3.19; Hb 2.2).
Para os judeus o mandamento da circuncisão é tão autoritário quanto os dez mandamentos. A
declaração de Tiago (2.10) vale para toda a lei, não apenas para as dez palavras.

Jesus estabeleceu a guarda do sábado para a igreja em Mt 24.20?

Os Adventistas ensinam que Jesus Cristo (em Mt 24.20) ordenou que a igreja guarde o
sábado. Para os sabatistas, a passagem de Mt 24.20 é um texto de prova de que Cristo ordenou
a guarda do sábado.

Refutação.

Será que realmente Jesus Cristo está estabelecendo a guarda do sábado para a igreja em
Mt 24.20? O que diz a passagem? “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no
sábado”. Veja que além do sábado, Jesus fala no inverno. Se Jesus ordenou a guarda do sábado,
também ordenou que se observe o inverno, não? A referência ao sábado nada tem a ver com
uma suposta ordem para os cristãos observarem o preceito. Se a presença do “sábado” em Mt
24.20 significa a sua guarda obrigatória, então por semelhante modo a sua ausência em Mc
13.18 significa a sua não obrigatoriedade. Veja como é muito fácil desfazer os argumentos
ardilosos dos adventistas sobre a guarda do sábado.

Por que Jesus faz alusão ao sábado? Primeiro deve ser observado que Jesus fez alusão ao
sábado dentro de um discurso totalmente alheio a ideia de se estabelecer mandamentos para a
igreja. Jesus está profetizando sobre a grande aflição que se abaterá sobre o povo judeu (Mt
24.15-22). É neste contexto que o sábado é citado, sendo necessariamente nesse contexto que
se deve interpretar a alusão ao sábado. Vários fatores contribuiriam para dificultar uma fuga
em dia de sábado. No sábado todas as portas de Jerusalém eram fechadas (Ne 13:15,19-22; Jr
17:21,22). Jesus disse: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado”. De
acordo com certos mestres do judaísmo, uma fuga no sábado implicava na violação da lei. Para
Jesus, porém, uma fuga no sábado não implicava na violação da lei, pois tal ato tinha por
objetivo salvar a vida. Em parte alguma o Novo Testamento ensina que os cristãos devem
guardar o sábado. O sábado (e toda a lei de Moisés) foi cancelado na cruz de Cristo Jesus (Cl
2.14; Rm 10.4). O sábado foi ordenado exclusivamente para o povo judeu (Êx 20.8-11; 31.13-
17; Dt 5.12-15; Ez 20.12,20; Ne 9.1). Nos tratados judaicos encontramos que o sábado não foi
dado para as nações. O livro de Jubileus diz:

E ele nos disse: ‘Eis que eu separarei para mim um povo dentre todos os povos, e
esses deverão guardar o dia de Sábado, e eles serão meu povo santo, e Eu os
abençoarei porque Eu santifiquei o dia de Sábado. Assim como Eu santifiquei o
Sábado Eu santifiquei para mim mesmo este povo de modo que eu os abençoarei e
eles serão meu povo e eu serei o seu Deus. Eu escolhi a descendência de Jacó dentre
todos que eu vi, e escrevi-o como meu filho primogênito, e os santifiquei para Mim
por toda a eternidade; e eu os ensinarei o dia de sábado de modo que possam guardar
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o sábado de todo o trabalho. E o criador de todas as coisas abençoou isso, mas ele não
santificou todos os povos e nações para que guardassem o Sábado, mas somente
Israel: A eles somente Ele permitiu que comecem e bebessem e guardassem o Sábado
na terra’ (Jubileus 2.19,20, 31).

A declaração do livro de Jubileus representa oficialmente a posição judaica quanto a


guarda do sábado. Não passa de um argumento falacioso usar a passagem de Mt 24.20 para
defender a guarda do sábado.

O mandamento do sábado e os gentios

Os Adventistas ensinam que as passagens de Is 56.4; 66.23 prescreve aos gentios a guarda
do sábado (Estudos Bíblicos, p.366. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí-SP. 1991. 14ª edição)

Refutação.

Essas passagens, entendidas dentro de seu contexto, nos falam dos gentios que se
chegarem ao Senhor, dentro dos muros de Jerusalém (Is 56.5-7). Por que focar apenas a
observação do sábado pelos gentios, quando Isaías também fala que os mesmos trarão os seus
sacrifícios e seus holocaustos até o altar de Deus na casa (Templo) do Senhor (Is 56.7)? Se
Isaías está ordenando a igreja guardar o sábado, então é ordenado também pelo mesmo que se
faça ofertas de holocaustos e sacrifícios. Declaramos que não somente o sábado, mas também
os demais mandamentos da lei são ordenados aos gentios que os obedeçam dentro dos termos
de Israel (Ex 12.49; Lv 24.22; Nm 9.14; 15.29; Is 56.3-7). Também dizemos que se a passagem
de Is 66.23 está ordenando que os gentios guardem o sábado, por igual modo está ordenando a
guarda da lua nova. A passagem diz: “E acontecerá que desde uma lua2 nova até a outra, e
desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor”. Por que
os Adventistas não ensinam também que a passagem ensina a observação da lua nova? Se os
Adventistas querem guardar o sábado, também devem guardar os demais mandamentos da lei,
pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de
todos (Tg 2.10). Porque o mesmo que disse: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar”,
também disse: “No dia de sábado oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e dois
décimos de efa de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de cereais, com a sua oferta
de libação; é o holocausto de todos os sábados, além do holocausto contínuo e a sua oferta de
libação” (Nm 28.9-10). Queres guardar o sábado, ó adventista? Guarda como diz a lei de
Moisés. A lei não prescreve aos gentios apenas a guarda do sábado, mas de todas as ordenanças
da lei. “Congregai o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão dentro

2
O calendário religioso de Israel era lunar, ou seja, os meses começavam na lua nova. A lua nova era observada
com a ofertas de sacrifícios e holocaustos ao Senhor (Nm 28.14; Ez 45.17; 46.1,6; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; Ed 3.5; Ne
10.33). As trombetas eram tocadas na lua nova (Sl 81.3). A passagem de Is 66.23 não prescreve apenas a guarda
do sábado, mas também das luas novas, o que em ambas as comemorações se realizava a oferta de sacrifícios e
holocaustos no templo. De fato, Isaías profetiza a restauração do culto judaico, o que inclui as oferendas de
sacrifícios e holocaustos pelos sacerdotes e levitas ao Senhor em prol de Israel e dos estrangeiros que habitassem
nos termos de Israel (Is 66.21). A passagem de Is 66.23 está longe de estar falando aos cristãos. É ao povo de Israel
que Isaías está falando.
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das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham
cuidado de cumprir todas as palavras desta lei” (Dt 31.12). De acordo com o antigo testamento,
todos os mandamentos (não apenas o sábado) são obrigatórios para todos os que decidem viver
debaixo da lei (Êx 12.49; Lv 24.22; Nm 9.14; 15.14-16; 19.10). Os Adventistas são inimigos
da cruz de Cristo, querem colocar o jugo da lei sobre a cerviz da igreja, mas não vamos permitir
tal engano. A lei foi estabelecida apenas para os judeus (Jub 2:31-33; 3:14; Dt 4:10-15; Êx
31:18; Ml 4:4; Dt 5:1-3; Sl 147:19,20; 2 Cr 2:4; 1 Cr 9:4; Ê 31:13,16-18; Ef 2:11,12; Ne 8:1;
Et 3:8; Êx 34:27). Os adventistas ignoram totalmente não somente o que diz a Bíblia, mas
também a tradição judaica, a qual diz que o mandamento do sábado não foi dado para os gentios.
“Ele, porém, não santificou todos os povos e nações para que guardassem o sábado, mas
somente Israel: A eles somente Ele permitiu comer e beber e guardar o sábado sobre a terra”
(Jubileus 2.31). Não é verdade que Deus ordenou a guarda do sábado para a humanidade. O
Talmude diz que “um gentio que se dedica ao estudo da Torá está sujeito a receber a pena de
morte; como está declarado: ‘Moisés nos ordenou uma lei [ torá ], uma herança da congregação
de Jacó’, indicando que é uma herança para nós, e não para eles” (Sanhedrin 59a).

O sábado será santificado na nova terra?

Os Adventistas ensinam, com base na passagem de Is 66.22,23, que o sábado será


observado na nova terra para todo sempre (Estudos Bíblicos, p. 165).

Refutação.

O que diz Isaías? “E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro,
virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor” (Is 66.23). Veja que não apenas o sábado,
mas também a Lua Nova será observada. Se é para guardar o sábado, por que também não
guardar a Lua Nova? Por que também não incluir os sacrifícios de animais? Isaías também fala
que os sacrifícios e holocaustos serão oferecidos eternamente (Is 56.7). No antigo testamento
está escrito que as portas de Jerusalém não eram abertas no dia de sábado (Ne 13.15,19,22).
Essa observação referente ao dia de sábado não mais existirá na nova Jerusalém, “porque as
suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite” (Ap 21.25). “Então,
já não haverá noite...” (Ap 22.5). O livro de Apocalipse mostra claramente que na nova
Jerusalém não haverá noite, logo não haverá também sábado. Como se celebrará o sábado se
não haverá noite? A passagem de Is 66.22-23 visualiza o povo de Deus servindo a Deus na Era
do Messias aqui na terra. No estado eterno, na nova terra, não haverá templo, festas, feriados,
sacrifícios, sábados, lua nova etc. Todas estas coisas passaram (Ap 21.5). O Talmude diz que
todos os profetas profetizaram apenas sobre a era messiânica (Sanhedrin 99a). O quadro pintado
por Isaías mostra que não somente os salvos, mas também as nações servirão ao Senhor nos
tempos do Reino na “nova terra3”.

3
Do ponto de vista do autor do Apocalipse, a nova terra virá depois do Milênio, depois de ter sido realizado o
Juízo Final (Ap 21.1). “Esta profecia prediz o futuro Reino de Deus na terra. Isaías fala a um só tempo da era da
eternidade...e da era messiânica (i, e., o reio milenial) que a antecede” (Bíblia de Estudo Pentecostal, p.1071).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 19

Eu conheço as suas obras e a sua imaginação. Irei reunir todas as nações e línguas,
elas virão e verão a minha glória. Colocarei um sinal sobre eles, e enviarei os que
escaparam deles para as nações: Társis, Pul, Lude, Meseque, Tubal, Grécia, e também
para as ilhas mais distantes, ao encontro daqueles que não ouviram o meu nome nem
viram a minha glória. E anunciarão a minha glória entre os gentios. Trarão eles os
vossos irmãos, dentre todas as nações, como um presente para o Senhor, com cavalos
e carros, e em liteiras com toldos puxadas por mulas, para a cidade santa de Jerusalém,
diz o Senhor, como quando os filhos de Israel trazem os seus sacrifícios para mim
com salmos, para a casa do Senhor. E tomarei deles sacerdotes e levitas, diz o Senhor.
Porquanto, tal como o novo céu e a nova terra que eu faço permanecem diante de mim,
diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome permanecerá. E virá a
acontecer que de mês a mês, e de sábado a sábado, virá toda a carne a adorar perante
mim em Jerusalém, diz o Senhor. Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que
transgrediram contra mim; porquanto o seu verme nunca morrerá, e o seu fogo jamais
se apagará. E serão, eles, um espetáculo para toda a carne (Is 66.18-24, LXX).

A citação supracitada é a partir do texto da Septuaginta. Isaías está falando da nação de


Israel dominando as nações no Milênio. A ideia proposta por Isaías é a plena restauração do
judaísmo, não apenas a guarda do sábado. Para os Adventistas, na nova terra habitará apenas
os salvos. Na visão de Isaías, a nação de Israel é vista a dominar as nações. Isaías diz que virá
toda a carne a adorar ao Senhor em Jerusalém. Isaías falou mais sobre este tempo do Reio de
Deus a terra. “Palavra que veio a Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém. Eis
que nos últimos dias o monte do Senhor será glorioso, e a casa de Deus deverá estar no topo
das montanhas, elevando-se por cima dos outeiros; e todas as nações virão à ela. Muitas nações
virão, dizendo: Vinde, subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó. Ele irá mostrar-
nos o seu caminho, e andaremos nele. Porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor virá de
Jerusalém. Ele julgará entre as nações e repreenderá a muitos povos; moldarão as suas espadas
em arados e as suas lanças em foices; uma nação não tomará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerrear (Is 2.1-4, LXX). Também sobre este tempo falou Zacarias (Zc
14.10-21). Veja que todas essas passagens4 mostram não apenas a observação do sábado nos
tempos do Reio aqui na terra, mas também a observação de toda a lei de Moisés.

O fim do sábado na nova aliança na morte de Cristo

O Novo Testamento ensina a abolição do sábado? Sim. Paulo em vários momentos


mostrou que o sábado foi abolido na morte de Cristo (Rm 10.4; 2 Co 5.14; Gl 3.19,23-25; Ef
2.15; Cl 2.16,17). Porventura o sábado não está incluso na lei que Paulo diz que findou na morte
de Cristo? Com o fim da lei na morte de Cristo (Rm 10.4), o sábado se tornou um mandamento
obsoleto, de sorte que se torna um trabalho vão a guarda do sábado na nova aliança (Gl 4.10,11).
O sábado faz parte das “coisas velhas” que Paulo diz já terem passado na morte de Cristo (2 Co
5.17). É verdade que Jesus Cristo não aboliu a nenhum dos mandamentos da lei no seu

4
A passagem de Mq 4.1-8 pinta um quadro paralelo ao de Is 2.1-4.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 20

ministério (Mt 5.17-20. Mas a mesma Bíblia mostra que na morte de Cristo a lei em sua
totalidade foi abolida (2 Co 3.14; Rm 10.4; Ef 2.15). O sábado está incluso nas “sombras” da
lei de Moisés, que na morte de Cristo Jesus foram abolidas (Cl 2.16,17; Hb 8.5; 10.1). Paulo na
epístola aos Hebreus diz que os sacerdotes oferecem os dons segundo a lei, os quais ministram
em figura e sombra das coisas celestes (Hb 8.4,5). O sábado está incluso nas “sombras” da lei.
Paulo de forma muito clara diz que a lei teve um ministério passageiro, sendo a mesma abolida
na morte de Cristo (2 Co 3.7,9,10,11,14). É obvio que o sábado como mandamento da lei foi
incluso nos mandamentos abolidos na morte de Cristo.

O sábado como sombra da lei

Os sabatistas ensinam que os sábados em Cl 2.16 não são os sábados semanais (o sábado
dos dez mandamentos), mas sim os sábados cerimoniais, isto é, as festas judaicas.

Refutação.

Paulo classifica as festas, lua nova e os sábados como sombras da lei, isto é, coisas que
passaram (Cl 2.16; Hb 8.5; 10.1). A lista feita por Paulo em Cl 2.16, que faz menção as festas,
lua nova e aos sábados, tem muitos paralelos na Bíblia judaica (1 Cr 23.31;2 Cr 2.4;8.13;31.3;
Ne 10.33; Is 1.13; Ez 44.24; 45.17;46.3; Os 2.11). O texto grego em Cl 2.16 diz σαββάτων
(sabbatôn), literalmente traduzido como sábados. Dizer que a palavra “sábados” em Cl 2.16
não aponta para os sábados semanais não passa de um argumento muito fraco. A bíblia usa a
palavra “sábados” em muitos lugares para o sábado semanal (Êx 31.13; Ez 20.12,13, 16, 20,
21,24; 22 8,26; 23.38; 44.24; 45.17; 46.3; Os 2.11; Mt 12.5; Êx 31.13; Lv.19.3,30;23
38;26.2,34,35,43;1Cr 9.32;23.31; 2 Cr.2 4;8.13;31.3;36.21; Ne 10.33; Is 1.13;56.4; Ez
20.12,13,16,20,21,24;22.8,26;23.38;44.24;45.17;46.3; Os 2.11; Mt 12.5,10,12; Lc 4.31;6.2,9;
At 13 27;17.2;18 4). As festas mencionadas por Paulo em Cl 2.16 são as festas judaicas: Páscoa
(Êx 12.1-14; Lv 23.5), Ázimos (Êx 12.15-20), Primícias (Lv 23.9-14), Pentecostes (Êx 23.16;
Lv 23.15-21), Trombetas (Lv 23.23- 25; Nm 29.1-6), Expiação (Lv 16.26-32; Hb 9.7),
Tabernáculos (Lv 23.33-36,39-43). De nada adianta os Adventistas distorcerem a palavra
sábados, negando que esteja em foco o sábado semanal. Ainda que a palavra sábados em Cl
2.16 apontasse para as festas judaicas, nem por isso o sábado semanal ficaria de fora. Filon de
Alexandria diz: “A segunda festa é o sétimo dia, que os hebreus em sua língua nativa chamam
de sábado” (As Leis Especiais II. XI). Temos sete festas no capítulo 23 de Levítico, mas havia
mais festas em Israel que foram acrescentadas no calendário judaico. Os Adventistas estão
totalmente errados em ensinar que os sábados em Cl 2.16 são as festas de Israel. A Septuaginta
usa a expressão “sábados” (σαββάτων) em Êx 20.8; 35.3 e Dt 5.12,15 para o sábado semanal.
O argumento dos sabatistas é totalmente arbitrário.

Adão e a guarda do sábado


Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 21

A Sra. White diz: “O sábado foi confiado a Adão, pai e representante de toda a família
humana. Assim, a instituição era inteiramente comemorativa, e foi dada a toda a humanidade.
Nada havia nela prefigurativo, ou de aplicação restrita a qualquer povo” (Ellen G. White.
Patriarcas e Profetas, p.19).

Refutação

Dois erros crassos e contrários ao que diz a Bíblia são cometidos pela Sra. White. Primeiro
ela afirma que o sábado não é uma prefiguração; e em segundo lugar, diz que o sábado foi dado
para todas as nações. Paulo diz categoricamente em Cl 2.16 que os sábados são sombras das
coisas futuras. A expressão “coisas futuras” aponta para as coisas celestiais, que dizem respeito
as coisas cristãs (Hb 8.5; 9.23). “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que
são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e
não nas que são da terra” (Cl 3:1-2). O sábado faz parte das coisas terrenas e passageiras da lei
de Moisés (Hb 9.23). Veja ainda o que Paulo nos falou sob a inspiração do Espírito Santo:
“Como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos
publicamente e de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos, o arrependimento
para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus. Porque não me esquivei de vos anunciar todo o
conselho de Deus” (At 20:20,21,27). Teria Paulo esquecido de anunciar o quarto mandamento?
Não. E por que Paulo não mandou guardar o sábado? Porque o sábado era apenas uma sombra
do verdadeiro descanso em Cristo Jesus nosso Senhor (Cl 2:16,17). Toda sombra passa com o
tempo, mas o que é real permanece, e Cristo é o verdadeiro sábado, é nele que descasamos
todos os dias (Mt 11:28-30). Sobre Adão ter supostamente recebido o mandamento do sábado,
convém dizer que não se ler na Bíblia que Adão recebeu o mandamento do sábado para guardar.
A ideia de que toda a humanidade está representada em Adão e por isso deve guardar o sábado,
simplesmente não funciona em relação a guarda do sábado. A verdade é que nada na Bíblia
indica que Adão recebeu o mandamento do sábado. Mesmo que Adão tivesse recebido uma
ordem para observar o sábado, isso em nada tocaria para a igreja.

Deve ser o sábado guardado por ser um mandamento perpétuo?

Os Adventistas dizem que a guarda do sábado é obrigatória para a igreja, porque foi dado
como um mandamento perpétuo (Êx 31.13,16; Lv 16.31).

Refutação

Se o sábado deve ser observado por ser um “mandamento perpétuo”, então por que não
observar também os demais mandamentos da lei? Não são eles “mandamentos perpétuos”? (Nm
10:8;19.10; Lv 23:14,21,41; 16:29,31,34; 17.7; Êx 12:14-17,24; 25:30; 27:21; 28:43; 29:9;
30:21). Tudo o que Deus ordenou a Israel foi dado na categoria de “mandamento perpétuo”.
Por que ensinar que apenas o sábado é “perpétuo”, sendo que a Bíblia diz que todos os
mandamentos da Torá, escritos por Moisés, foram dados para serem observados para sempre?
O preceito da circuncisão é tão “perpétuo” quanto o shabbat. No cristianismo, a circuncisão não
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 22

tem peso algum (1 Co 7.19; Gl 5.6, 11, 15; Fp 3.2,3; Cl 2.11; 3.11). Ora, se a circuncisão, maior
que o shabbat, foi cancelada na morte de Cristo, então não é coerente se ensinar a observância
do shabbat. A abolição de um mandamento maior implica na abolição de mandamentos
menores. Por semelhante modo, a obediência a mandamentos menores implica na obediência a
mandamentos maiores (Mt 5.17-20). Sobre a ordem de se guardar o sábado, o texto deixa bem
claro que foi dado para a ação de Israel. “O Senhor disse a Moisés: ‘Dize aos israelitas:
observareis os meus sábados, porque este é um sinal perpétuo entre mim e vós, para que saibais
que eu sou o Senhor, que vos santifico. Guardareis o sábado, pois ele vos deve ser sagrado.
Aquele que o violar será morto; quem fizer naquele dia uma obra qualquer será cortado do meio
do seu povo. Trabalhar-se-á durante seis dias, mas o sétimo dia será um dia de repouso completo
consagrado ao Senhor. Se alguém trabalhar no dia de sábado será punido de morte. Os israelitas
guardarão o sábado, celebrando-o de idade em idade com um pacto perpétuo. Este será um sinal
perpétuo entre mim e os israelitas, porque o Senhor fez o céu e a terra em seis dias e no sétimo
dia ele cessou de trabalhar e descansou’” (Ex 31.12-17).

O sábado é o sinal de Deus nos salvos?

A Sra. Ellen White escreveu: “Os que querem ter o selo de Deus na testa precisam
guardar o sábado do quarto mandamento. A verdadeira observância do sábado é o sinal de
lealdade a Deus” (Ellen G. White. Eventos Finais, p.166). “O sábado é um elo de ouro que une
a Deus o Seu povo” (Testemunhos Seletos, p. 10). “O sinal, ou selo, de Deus é revelado na
observância do sábado do sétimo dia — o memorial divino da criação. ‘Falou mais o Senhor a
Moisés, dizendo: Tu pois fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis Meus
sábados; porquanto isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que
Eu sou o Senhor, que vos santifica’ Êxodo 31:12, 13. O sábado é aí claramente apresentado
como um sinal entre Deus e Seu povo. A marca da besta é o oposto disso — a observância do
primeiro dia da semana. Essa marca distingue dos que reconhecem a supremacia da autoridade
papal, os que aceitam a autoridade de Deus” (Ellen G. White. Testemunhos Seletos 3, p. 164).
“Caso os pais permitam seus filhos se educarem com o mundo, e tornarem o sábado um dia
comum, então o selo de Deus não pode ser colocado sobre eles” (Testemunhos Seletos 2, p.
182).

Refutação

Veja como claramente a Sra. White afirma que a observância do sábado implica em
salvação. O selo de Deus em Ap 7.2 de forma alguma está relacionado com a guarda do sábado.
O selo de Deus na Nova Aliança é o Espírito Santo (Jo 6.27; Ef 1:13; 4:30; 2 Tm 2.19). Paulo
faz clara relação do selo de Deus com o Espírito Santo: “Em quem também vós, depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13). Não é a guarda do sábado que garante a
redenção da igreja, mas sim o estar selado com o Espírito Santo para o dia da redenção (Ef
4.30). O crente recebe o selo de Deus no momento em que pela fé aceita a Jesus Cristo. A Sra.
White contradiz a Bíblia ao dizer que “o sábado é um elo de ouro que une a Deus o Seu povo
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 23

[...]. Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna” (Testemunhos Seletos, p. 10,
13). Outra ideia errônea de Ellen G. White é afirma que “o sábado é um sinal do poder de Cristo
para nos fazer santos. E é dado a todos quantos Cristo santifica. Como sinal de Seu poder
santificador, o sábado é dado a todos quantos, por meio de Cristo, se tornam parte do Israel de
Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p.160, 163). Tal afirmação é claramente um grande
equívoco, confronta totalmente os sacros ensinos do nosso Mestre único. Cristo Jesus é o Poder
de Deus e o Espírito Santo é o Sinal desse Poder (Mt 12.28; Lc 1.35; 11.20; At 10.38; Rm 1.4;
1 Co 1.24). No Tratado do Shabbat está escrito: “O Santo, Bendito seja Ele, disse ao anjo
Gabriel: Vai e inscreve um tav de tinta nas testas dos justos como um sinal para que os anjos
da destruição não tenham domínio sobre eles. E inscreva um tav de sangue nas testas dos ímpios
como um sinal para que os anjos da destruição tenham domínio sobre eles” (Talmud. Shabbat,
55a). O sinal do tav na fronte dos adoradores assegurava proteção aos que guardavam a torá.
Teriam pecado menos os adventistas se tivessem identificado o sinal de Deus com a torá. No
profeta Isaías se ler que a Torá é selada nos fiéis “Liga o testemunho e sela a lei entre os meus
discípulos” (Isaías 8:16). A lei em questão não é apenas os dez mandamentos, mas tudo o que
foi escrito por Moisés.

O Rev. D. M. Conrigth em seu livro O Adventismo do Sétimo Dia Renunciado faz


um excelente comentário apologético contra os adventistas. Eis o que escreveu Conrigth:

1. A Bíblia diz que o sábado é o selo de Deus? Não! Esta é outra suposição adventista,
que eles alegam provar através de um conjunto rebuscado de inferências longas,
cheias de rodeios. É necessária uma hora, para um de seus mais hábeis oradores fazer
a teoria parecer plausível, mesmo não tendo alguém lhe opondo. Mesmo assim,
poucos conseguem se convencer. 2. A palavra “selo”, como um substantivo e um
verbo, é usado sessenta e cinco vezes na Bíblia, mas nenhuma vez, ela diz ser ele o
sábado. 3. Eles argumentam que SINAL e SELO são termos sinônimos, significando
a mesma coisa, e como o sábado é chamado um sinal (Ex. 31:17), é, portanto, um selo.
Eu discordo disso, porque (1) SELO nunca é definido pela palavra SINAL, nem
SINAL pela palavra SELO. Nunca é um termo dado como sendo o sinônimo do outro.
Examinei cuidadosamente catorze dicionários diferentes, léxicos e enciclopédias, e
não encontrei nenhuma exceção a esta declaração. (2) O termo original para selo (em
hebraico, chotham, e em grego, Sphragis) nunca é interpretado como sinal. (3) A
palavra original para o sinal (em hebraico, oth e em grego, semeion) nunca é
interpretado como selo. Portanto, eles não são termos sinônimos. 4. Rom. 4:11 é usado
para provar que um sinal é um selo; mas este texto não prova isso. Qualquer coisa
pode ser utilizada para duas funções completamente diferentes, assim como eu posso
utilizar uma vara como uma bengala ou um bastão, mas é, portanto, a bengala e o
bastão a mesma coisa? Não. Em Rom. 4:11, a circuncisão foi usada como um sinal e
também como um selo; mas isso não prova que um sinal é um selo. Assim, o sábado
é um sinal. Ex. 31:17 Possivelmente Deus também poderia tê-lo utilizado como um
selo, mas ele o fez? Onde está a prova? Em lugar algum! 5. O sábado era um sinal
entre Deus e os filhos de Israel. Ex. 31:17. Assim era a circuncisão. Rom. 4:11. Mas
nenhum dos dois é sinal para os cristãos. (D. M. Conrigth).

Também deve ser observado que um selo não pode ser violado (Dn 6.18; Et 8.8). O
sábado era violado pelos sacerdotes no Templo e ficavam sem culpa (Mt 12.5). Se o sábado
fosse realmente o selo de Deus jamais poderia ser violado, sob hipótese alguma. Veja que a
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 24

circuncisão era um selo, e como tal não poderia ser violada. Jesus disse aos fariseus: “Pelo
motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado
circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés
não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque, no sábado, curei de todo um homem?
(João 7:22,23). Perceba que a circuncisão tinha mais autoridade que o sábado. O Talmude diz:
“Qualquer um que viola o sábado, despreza os festivais, desconsidera a circuncisão ou tenta
revelar as falhas da Torá, mesmo que ele possa ser instruído na Torá e ter feito muitas boas
ações, ele não tem parte no mundo vindouro” (Talmude. Avot D'Rabbi Natan 26). Veja que
para os judeus do Talmude era questão de salvação ou condenação a negligência não somente
do shabbat, mas também da circuncisão. De acordo com a Lei, os sabatistas precisam se
circuncidarem para poderem guardar o shabbat.

A Lei Em Rm 3.31 é a apenas a lei dos dez mandamentos?

“Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei” (Romanos
3:31). Com base nesta passagem, os adventistas ensinam que o sábado ainda deve ser observado
pelos cristãos. Eles entendem que a expressão “lei” aponta para a lei dos dez mandamentos dada
no Siai.

Refutação

Os adventistas usam Rm 3.31 como texto de prova da guarda do sábado. Será que está
em foco apenas os dez mandamentos? Toda a lei escrita por Moisés no Pentateuco está em foco.
Não é difícil se demonstrar que a lei em Rm 3.31 diz respeito a tudo o que escreveu Moisés no
Pentateuco para os filhos de Israel. Basta compararmos a lei em Rm 3.31 com Rm 3.21. Diz
Paulo: “Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e
dos Profetas” (Rm 3:21). A expressão “Lei e Profetas” é uma alusão ao Antigo Testamento (Mt
5.17; 7.12; 11.13; 22.40; Lc 16.16; 24.27; Jo 1.45; At 13.15; 24.6,14; 28.23). Feita essa
observação, então de forma alguma é sadio se pensar que a lei em Rm 3.31 é apenas a lei dos
dez mandamentos. Leia a passagem de Rm 3.19-21 e verá que de forma alguma faz sentido se
entender por “lei” apenas a lei dos dez mandamentos. Paulo usa a palavra “lei” no sentido amplo
(Rm 2.12-15,17,18,20,25,26,27; 3.19-21,27,28). Nenhum estudante sério afirmará que apenas
os dez mandamentos estão em vista. O grande problema é que Ellen G. White quer convencer
os seus leitores de que a lei em Rm 3.31 é apenas a lei dos dez mandamentos (Ellen G. White.
O Conflito dos Séculos. p. 469).

Em Rm 3.31 Paulo usa a palavra grega histánomen (ἱστάνοµεν). A ARA traduz por
“confirmamos”. A ACR diz “estabelecemos”. Em ambos os casos o sentido é o mesmo. A
primeira coisa que se deve ter em mente é que o termo “lei” em Rm 3.31 não diz respeito apenas
aos dez mandamentos, mas a toda a lei escrita por Moisés. A segunda observação a se fazer é
que Paulo ao usar o termo “lei” abrange até mesmo os escritos dos Profetas. Não erramos em
dizer que Paulo está dizendo que a “Lei e os Profetas” são confirmados pela fé na obra de Cristo
Jesus (Rm 3.21). Diz Paulo que agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 25

pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos
os que creem; porque não há distinção (Rm 3.21-22). Paulo não está dizendo que a igreja deve
andar debaixo da lei de Moisés, mas sim que a lei foi confirmada na justificação de judeus e
gentios pela graça na fé em Jesus Cristo. De forma alguma a lei foi anulada pela fé, pois a
salvação tanto antes quanto depois da cruz é alcançada pela graça mediante a fé em Jesus Cristo
(Ef 2.8,9). A Lei e os Profetas testemunham da justificação pela fé na obra de Cristo, de sorte
que todos os que aceitam a Jesus Cristo confirmam a lei.

O maior mandamento da Lei

Ellen G. White diz que o sábado é o maior mandamento da Lei. Ela disse: “O papa mudou
o dia de repouso do sétimo para o primeiro dia da semana. Ele imaginou mudar o próprio
mandamento que foi dado para levar o homem a lembrar-se do seu Criador. Pensou mudar o
maior mandamento do decálogo” (Primeiros Escritos, p.38). “Jesus levantou então a tampa da
arca, e eis as tábuas de pedra com os Dez Mandamentos sobre elas escritos. Examinam os
vívidos oráculos, mas a tremer recuam quando veem o quarto mandamento entre os dez santos
preceitos, com uma luz a resplandecer sobre ele, mais brilhante do que havia sobre os outros
nove, e uma auréola de glória em redor dele” (Primeiros Escritos, p. 256)

Refutação

Será que o sábado é realmente o maior mandamento da Lei de Deus na visão de Jesus
Cristo? Não, de forma alguma! Mateus escreveu: “E um deles, intérprete da Lei,
experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe
Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas” (Mt 22.35-40). Além desta passagem há outras que mostram a mesma coisa sobre o
grande mandamento da Lei (Mc 12.28-34; Lc 10.25-28). É bastante sugestivo que Jesus nunca
citou o sábado entre os mandamentos essências para se alcançar a vida eterna pela fé na sua
pessoa (Mt 19.16-19; Mc 10.19; Lc 18.20). Os adventistas seguem a ideia errônea de Ellen
White, não o que diz a Bíblia. Os enensinos de Ellen White devem ser duramente combatidos
à luz da Bíblia. Note também que a sra. White diz que o mandamento mais importante da lei
está no decálogo. Mais uma vez vemos que White contraria os ensinamentos ortodoxos de Jesus
Cristo. Os dois maiores mandamentos citados por Jesus Cristo não se encontram no decálogo,
mas sim nos escritos de Moisés (Lv 19.18; Dt 6.4,5). Os Adventistas ensinam haver duas leis,
uma de Moisés e outra de Deus (Arnaldo B. Christianini. Subtilezas do Erro, p.77 [em pdf];
Ellen G. White. O Grande Conflito, p.228, em pdf). A sra. White diz que o sábado é o maior e
mais glorioso mandamento da lei: “Jesus levantou então a tampa da arca, e eis as tábuas de
pedra com os Dez Mandamentos sobre elas escritos. Examinam os vívidos oráculos, mas a
tremer recuam quando veem o quarto mandamento entre os dez santos preceitos, com uma luz
a resplandecer sobre ele, mais brilhante do que havia sobre os outros nove, e uma auréola de
glória em redor dele. Nada acham ali que os informe de que o sábado fora abolido, ou mudado
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para o primeiro dia da semana” (Primeiros Escritos, p. 256). A Sra. White diz mais: “Os que
querem ter o selo de Deus na testa precisam guardar o sábado do quarto mandamento [...] A
verdadeira observância do sábado é o sinal de lealdade a Deus” (Eventos Finais, p.136). Você
vai ficar com a sacra doutrina de Cristo ou com o ensino da papisa dos Adventistas?

Mandamentos e sentenças da Torá

Os sabatistas dizem: “a Bíblia indica que – enquanto a morte de Cristo aboliu a lei
cerimonial – essa mesma morte afirmou a contínua validade da lei moral. Quando Cristo
morreu, cumpriu os simbolismos proféticos do sistema sacrifical. O tipo encontrou o antítipo,
e as leis cerimoniais chegaram ao fim” (Nisto Cremos, p.323,324).

Refutação.

Obviamente trata-se de um embuste dos adventistas apelarem para a natureza moral dos
dez mandamentos. Nenhum dos mandamentos da lei eram imorais, todos eram morais. Mesmo
os mandamentos da circuncisão, da páscoa, dos sacrifícios e das festas eram vistos como de
caráter moral na perspectiva judaica. Moisés escreveu: “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos
e os juízos (mishpatim) que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e
possuais a terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá” (Deuteronômio 4:1). Nenhum
código de leis contém apenas mandamentos. Se os dez mandamentos ainda são válidos, também
são válidas as sentenças decretadas para os transgressores. É sem sentido manter de pé a lei dos
dez mandamentos e não manter também as sentenças decretadas contra os violadores. Ora, se
não há sentença decretada contra os transgressores dos dez mandamentos, também não há os
dez mandamentos. Deus não deu apenas mandamentos, mas sentenças. O termo hebraico
“mishpat” é traduzido na ARA (em 1 Rs 20.40) como “sentença”. A palavra é derivada do verbo
hebraico shafat (‫שפַט‬ָ ). É traduzida como “julgar”, “executar o julgamento”, “decidir”,
“castigar”, “condenar”, “vingar” ou “governar”.
(Fonte:https://www.hebraico.pro.br/dicionario/resposta.asp?qs_idioma=HEBRAICO&qs_pala
vra=:~yjpXmw).

A palavra é usada várias vezes no Pentateuco (Lv 18.4,5; Dt 4.1,5,8,14,45; 5.1,31;


6.1,20; 7.11; 8.11; 11.1, 32). A Torá é composta de mandamentos e sentenças, de sorte que
remover as sentenças incorre em tirar da lei algo decretado por Deus. Jesus disse: “Porque em
verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um iota ou um til se omitirá da lei
sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5:18). Os sabatistas estão ensinando contra a lei de Deus
ao dizerem que os dez mandamentos são eternos, mas os demais mandamentos foram abolidos
na cruz de Cristo. Não há mandamento sem sentença. De acordo com a lei, quem violasse
mandamentos como a circuncisão e o sábado eram sentenciados a morte. A quebra de muitos
dos dez mandamentos da Torá incorria em pena de morte.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 27

A Torá é composta de ‫( חֻקים‬chuqym) e ‫שפָטים‬ ְׁ ‫( מ‬mishëpåtym), conforme diz Malaquias:


“Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, e
que são os estatutos e juízos” (Ml 4.6). Conforme já falamos, o termo hebraico ‫ משְׁ פָט‬é
traduzido corretamente por “sentença” em várias ocorrências. A ‫ּתֹורת מֹשֶׁה‬
ַ (tôrá Moshé) em Ml
4.6 é uma clara alusão a lei do Sinai, o que inclui os dez mandamentos. Os juízos (‫שפָטים‬ ְׁ ‫ )מ‬são
na verdade “sentenças” aplicadas aos transgressores da lei. Claro que ‫שפָט‬ ְׁ ‫( מ‬mishepat) tem uma
aplicação bem ampla, por isso é corretamente traduzido por “juízo”. Esta é a nossa refutação
contra a teoria adventista. As palavras ‫( חֻקים‬chuqym) e ‫שפָטים‬
ְׁ ‫( מ‬mishëpatym) pode ser traduzida
respectivamente como mandamentos e sentenças.

CAPÍTULO II

Sobre a natureza humana de Cristo

Em vários escritos de Ellen White ela diz categoricamente que Cristo tinha natureza
pecaminosa, caída (Ellen White. História da Redenção, pp.44, 45, 46; Primeiros Escritos, pp.
150, 152; Mensagens Escolhidas, pp. 97, 268; O Desejado das Nações, pp.80, 97, 102). Vamos
citar textualmente as suas palavras: “Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido
enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os
resultados da operação da grande lei da hereditariedade” (O Desejado das Nações, p.28, pdf).
“Que Ele tomaria a natureza decaída do homem, e Sua força não seria nem mesmo igual à
deles” (A História da Redenção. 44; Primeiros Sonhos e Visões, p.71; Primeiros Escritos [pdf],
p.162). “Cristo, não obstante a humilhação de tomar sobre Si nossa natureza decaída, a voz
declarou ser Ele o Filho do Eterno” (O Desejado das Nações, p. 80). Nestes escritos comprova-
se o errôneo ensino da sra. White.

Refutação.

A Bíblia jamais ensina que Cristo herdou uma natureza pecaminosa, caída. A Bíblia diz
que Cristo em "tudo foi tentado", mas sem pecado (Hb 4.15). A Bíblia não diz que Cristo
participou da "natureza pecaminosa", diz sim que ele "participou da carne e do sangue"(Hb
2.14). É verdade que a Bíblia diz que Cristo "foi semelhante aos irmãos"(Hb 2.14). Mas em que
sentido? Não no sentido de ter herdado uma "natureza pecaminosa", mas sim no sentido de se
ter feito carne e sangue, participando das mesmas coisas que nós. Por que Cristo não herdou
uma natureza pecaminosa? Porque foi gerado pelo Espírito Santo. Uma coisa é dizer que Cristo
tinha natureza humana, outra totalmente diferente é dizer que Cristo tinha uma natureza humana
pecaminosa, caída. Deus enviou seu Filho na "semelhança" da carne do pecado para destruir na
sua carne o pedado (Rm 8.3). Ele tinha uma carne na "semelhança da carne do pecado", mas
jamais pecou, pois não foi gerado no pecado. Os nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram
formados sem pecado, totalmente livres de uma natureza pecaminosa, caída (Ec 7.29; Sb 2.23;
Ez 28.15). O primeiro Adão pecou não por que tivesse (não tinha) natureza pecaminosa, mas
sim porque foi feito livre para escolher o bem ou o mal (Gn 2.16, 17). Assim como Adão e Eva
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 28

foram criados totalmente isentos de qualquer pecado da mesma forma se deu com Cristo Jesus.
Então podemos dizer que Cristo não pecou porque decidiu fazer totalmente a vontade de Deus?
Sim. Jesus Cristo não tinha natureza pecaminosa, mas ele era livre para escolher o bem ou o
mal. Escolheu ser obediente a vontade de Deus Pai (Hb 10.7-9). Claro que a geração de Adão
é da terra, enquanto que a de Cristo é do céu (1 Co 15.45,47). Não podemos aceitar tais ensinos,
pois as Escrituras jamais ensinam que Cristo tinha natureza humana pecaminosa, caída. Jesus
disse: “Quem dentre vós me convence de pecado? ” (Jo 8.46). Jesus foi gerado do Espírito
Santo, totalmente isento de pecado (Mt 1.18,20). Jesus foi declarado Santo, por isso foi
chamado de Filho de Deus (Lc 1.35). Se Cristo tivesse herdado uma natureza caída não teria
sido contrastado com Adão. Assim escreveu Paulo: “Pois assim está escrito: O primeiro
homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é
primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, formado da terra,
é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também
os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim
como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1
Co 15.45-49). Entendamos que Paulo não está falado apenas do Cristo ressuscitado, mas
também do Cristo gerado do Espírito Santo.

A lei foi dada para salvar os homens?

“Foi porque a lei é imutável, porque o homem só se pode salvar mediante a obediência a seus
preceitos, que Jesus foi erguido na cruz” (Ellen G. White, O Desejado das Nações, 450).

Refutação

O ensino da Sra. White sobre o propósito da lei ter sido dada é totalmente contrário ao
que diz a Bíblia. O que diz Paulo? “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa
das transgressões, até que viesse o Descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada
por meio de anjos, pela mão de um mediador. É, porventura, a lei contrária às promessas de
Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça,
na verdade, seria procedente de lei” (Gl 3.19, 21). Erram os Adventistas em dizerem que Cristo
veio morrer pela humanidade para cancelar a maldição decorrente da transgressão da lei. E os
que pecaram sem a lei (Rm 2.12-14), Cristo não morreu por eles? É certo que os gentios estão
debaixo de maldição, mas não porque transgrediram lei de Moisés, mas sim porque já nascem
debaixo da maldição decorrente do pecado de Adão (Sl 51.5; Rm 5.12-14). A humanidade está
debaixo da condenação por herdar a natureza caída de Adão e também o seu pecado.

Cristo na sua morte e ressurreição resgatou a todos do pecado, mas apenas os judeus
estavam debaixo da maldição da lei. A Sra. diz Ellen White de que “o homem só pode se salvar
mediante a obediência a seus preceitos”. Esta declaração é totalmente herética, contrária ao que
diz o novo testamento. É um engano ensinar que Cristo morreu para cumprir a lei em nosso
lugar para nos salvar. Onde está escrito isso? Onde está escrito que nenhum homem foi capaz
de guardar a lei? Onde está escrito que Cristo veio cumprir a lei em nosso lugar? Onde está
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 29

escrito que para o homem ser salvo Cristo teve que guardar a lei? Não há na Bíblia uma só
passagem que ensine tal ideia. Deus deu a lei para cada homem obedecê-la na íntegra. Cada
homem é responsável perante Deus pelos seus atos (Mt 12.36,37). O profeta Ezequiel diz que
nenhum homem é justificado pela justiça (decorrente da prática da lei) de outro (Ez
14.14,16,18,20; 18.4-20). Jeremias diz a mesma coisa (Jr 15.1). Diz Paulo que a lei não foi dada
para salvar o homem (Gl 2.16,21; 3.21). Diz Paulo: “Visto que ninguém será justificado diante
dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora,
sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção”
(Rm 3:20-22). Diz mais: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela
carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no
tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (Rm 8:3). Era impossível
à lei salvar a humanidade de sua condenação, por isso Deus enviou o seu Filho para nos salvar.

O que significa estar debaixo da lei?

Os Adventistas dizem: “Portanto, não estar debaixo da lei, é não estar sob sua condenação
– os ímpios, os pecadores não são guiados pelo Espírito, portanto estão debaixo da lei, da sua
condenação, porque a transgridem” (Subtilezas do Erro, página 98).

Refutação

Se a expressão “estar debaixo da lei” significa estar debaixo da sua condenação por
transgredi-la, então Jesus foi o maior pecador, o transgressor número um da lei. Mas não é essa
a definição de Paulo. Diz ele: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei...”
(Gal 4:4,5). Você acha que Jesus transgrediu a lei? Outrossim, se estar debaixo da lei é
transgredi-la, então “estar debaixo da graça” significa não guardar os mandamentos de Cristo
(Rom 6:14,15). Está correto? Claro que não. A expressão “estar debaixo da lei” significa viver
de acordo com os princípios da lei, andar de acordo com as suas normas, guardá-la, aceitar o
seu jugo, ser obediente aos seus mandamentos. Paulo classifica a humanidade em três classes:

1. Os que vivem sob a lei (os judeus)


2. Os gentios, que vivem sem lei
3. E os (cristãos) que não estão debaixo da lei de Moisés, mas sim debaixo da lei de Cristo
(1 Co 9.20,21)

Apenas os judeus vivem debaixo da lei, pois a eles foi outorgada (Sl 147:19,20; Dt 4:6-
8; 2 Cor 2:4; Ml 4:4; 1 Co 9:4). As demais nações não estão debaixo da lei (Ef 2:11,12). Uma
coisa é comum a judeus e gentios, que ambos estão debaixo da condenação, porque todos estão
no pecado. Os judeus pecaram debaixo da lei, e os gentios pecaram sem lei. (1 Cor 9:20,21;
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Rom 2:12-14; 3:9-20). É claro que os que estão debaixo da lei estão debaixo da condenação,
mas daí não se segue que os que vivem debaixo da lei não conseguem guardar a lei.

A igreja não está debaixo da lei, pois Cristo em sua morte a aboliu por total (Rm 10:4; Gl
3:24,25; Ef 2:14,15; Cl 2:14-17; Hb 7:11,12,18,19; 8:7; 10:9). Paulo diz: “Nós pela lei
morremos para a lei, e assim não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14,15).
O “nós” de Paulo aponta para os judeus, não para todos os homens. Paulo deixou bem claro
que, quem quiser guardar a lei, separado está de Cristo, e anula a graça. (Gl 5:3,4; 2:21). Os
gentios não têm a lei, por isso não vivem debaixo da lei. Lembramo-nos que o Antigo
Testamento só foi estabelecido entre Deus e os filhos de Israel (Dt 4:23,45; 5:1,2). “Ele revela
a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez assim a nenhuma
das outras nações e, quanto às suas ordenanças, elas não as conhecem” (Sl 147:19,20). Os
gentios não estão nem debaixo da lei de Moisés e nem debaixo da lei de Cristo. Estão destituídos
da graça de Deus, e são tão pecadores quanto os judeus que estão debaixo da lei (Rm 12:12-14;
3:9,10; Ef 2:11,12; Cl 2:13). Erram os Adventistas quando dizem que estar debaixo da lei é
transgredi-la, pois Paulo disse que os que fazem a vontade da carne não estão sujeitos a lei de
Deus. Ora, se não estão sujeitos a lei de Deus, como podem estar debaixo da lei, como
erroneamente ensinam os Adventistas? (Rm 8:7,8). Os judeus quando não guardavam os
preceitos da lei de Deus eram reputados como incircuncisos, ou seja, eram tão pecadores quanto
os gentios, que não tem a lei (Rm 2:11-14,17,18,21-23,25-29). Estar debaixo da lei é viver de
acordo com as normas da lei, é viver segundo a lei. Paulo antes de conhecer a Cristo vivia
debaixo da lei. Ele não diz que era transgressor, mas sim um zeloso observador da lei (Fp 3:5,6;
Gl 1:14; At 22:3). Outro exemplo de quem viveu debaixo da lei em obediência a todos os
mandamentos e preceitos do Senhor foi o sacerdote Zacarias e sua esposa, os pais do profeta
João Batista (Lc 1.5,6).

Paulo diz que não há justo, nem um sequer, pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus (Rm 3.10, 23). Esta declaração não significa que todos pecaram porque transgrediram a
lei de Deus, mas sim porque todos já nascem no pecado original (Rm 5.12, 16-19). Estaria Paulo
se contradizendo se tivesse ensinado que todos pecaram porque transgrediram a lei. Ele mesmo
declarou abertamente: “Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão;
e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados” (Rm 2.12).

Lei de Deus e lei de Moisés

Os Adventistas dizem que há duas leis, uma de Deus (moral) e outra de Moisés
(cerimonial).

Refutação

Os termos “lei de Moisés” e “lei de Deus” falam da mesma lei (Ed 7:6,10,12,21,25,26;
Ne 8:14; 10:29; Lc 2.22-24, 39) Compare Mt 15:4 com Mar 7:10. A lei de Deus foi escrita por
Moisés em um livro (Êx 24:4; Dt 31:9). Este livro é denominado de:
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 31

• Livro da lei (Dt 31:26; Ne 8:3; 2 Re 22:8; 2 Cr 34:15)


• Livro da lei de Deus (Ne 8:8,18)
• Livro da lei do Senhor (2Cr 34:14; Ne 9.3)
• Livro da lei de Moisés (Ne 8:1)
• Livro do Pacto (Êx 24:7)
• Livro de Moisés (Ne 13.1)

Será que existem mais de um livro da lei, um de Moisés e outro do Senhor? É óbvio que
não. As passagens supracitadas demonstram que há apenas uma lei. Para demonstrar o que
estamos dizendo vamos transcrever o relato de Lucas: “Passados os dias da purificação deles
segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme o
que está escrito na Lei do Senhor: Todo primogênito ao Senhor será consagrado; e para
oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida Lei: Um par de rolas ou dois
pombinhos. Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor” (Lc 2.22-24, 39). Para
o profeta Daniel a lei de Moisés é a lei de Deus (Dn 9.11,13). O que diz o Talmude? “É ensinado
em outro baraita: ‘Porque ele desprezou a palavra do Senhor’; esta é uma referência a quem diz
que a Torá não se originou do céu. E mesmo se alguém disser que toda a Torá se originou do
Céu, exceto por este versículo, ou seja, qualquer versículo, alegando que o Santo, Bendito seja
Ele, não disse isso, mas o próprio Moisés disse por si mesmo, isso está incluído no categoria
de: ‘Porque ele desprezou a palavra do Senhor. ’ E mesmo que alguém diga que toda a Torá se
originou do Céu, exceto por esta inferência inferida pelos Sábios, ou exceto por esta inferência
a fortiori, ou exceto por esta analogia verbal, isso está incluído na categoria de: ‘Porque ele
desprezou a palavra do Senhor’” (Sanhedrin 99A). Os sabatistas não interpretam corretamente
a Bíblia, quer seja no Antigo Testamento ou no Novo. Ou não conhecem o que reza a tradição
judaica no Talmude ou de propósito a ignoram.

Os dez mandamentos são lei de Moisés?

Os Adventistas dizem que em nenhuma parte da Bíblia os dez mandamentos são


chamados de lei de Moisés.

Refutação

Será que Malaquias não inclui os dez mandamentos quando diz: “Lembrai-vos da lei de
Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e
ordenanças” (Ml 4.4)? Será que a lei de Moisés em Ml 4.4 não é a mesma referida em Dt 4:10-
15; 5.1-22? Não foi no monte Horebe que Deus fez aliança com o povo e anunciou as dez
palavras (Dt 4:10-15; 5.1-22; Êx 31:18)? Não foi a lei dos dez mandamentos dada para todo o
Israel (Dt 4:6-8,23,44,45; 5:1; Sl 147:19,20; 2 Cr 2:4; 1 Cr 9:4; Êx 31:13,16-18; Ef 2:11,12; Ne
8:1)? Será que os “estatutos” e “ordenanças” ordenados por Moisés não incluem os dez
mandamentos (Lv 18:4,5,26;20:8,22; Dt 4:1,2,5,6,8,10,13,14,40,44,45; 5:1-4,31; 6:1,17,24,25;
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7:11; 11.1)? Uma leitura das passagens de Mt 15.4 e Mc 7.10 mostra que os dez mandamentos
são atribuídos tanto a Deus quanto a Moisés. Mateus escreveu: “Porque Deus ordenou: Honra
a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte” (Mateus
15:4). Agora vejamos como Marcos escreveu: “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe;
e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte” (Marcos 7:10). Se Moisés
ordenou acerca do quinto mandamento do decálogo, então também ordenou acerca de todos os
dez mandamentos. O relato sobre a mulher apanhada em adultério mostra que os escribas e
fariseus classificavam os dez mandamentos como lei de Moisés: “Os escribas e fariseus
trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no
meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na
lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? ” (Jo 8:3-5).
O mandamento violado pertencia ou não aos dez mandamentos? É totalmente falaciosa a ideia
adventista que diz ser a expressão “lei de Moisés” inaplicável aos dez mandamentos. Os
adventistas para se saírem dessa saia justa dizem que a lei de Deus nos dez mandamentos
ordena, ao passo que a lei de Moisés condena. Veja até que ponto chega a desonestidade e
incoerência da falácia dos adventistas. É totalmente ridículo dizer que uma lei ordena e outra
condena. A lei que ordena é a mesma que condena o transgressor. Este princípio é válido para
todos os códigos de leis.

A circuncisão faz parte da lei de Moisés ou da lei do Senhor?

Vejamos o que a Bíblia diz: “Completados oito dias para ser circuncidado o menino,
deram-lhe o nome de Jesus, como lhe chamara o anjo, antes de ser concebido. Passados os dias
da purificação deles segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao
Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: Todo primogênito ao Senhor será
consagrado; e para oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida Lei: Um par
de rolas ou dois pombinhos. Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram
para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré” (Lc 2.21-24, 39). Conforme a leitura do fragmento
lucano, não só o mandamento da circuncisão, mas os demais ritos são reputados como “Lei do
Senhor”. De forma intercambiável Lucas usa as expressões “Lei de Moisés” e Lei do Senhor”
para a mesma lei. Pergunte para os Adventistas: A festa das Cabanas, fazia parte da lei de
Moisés ou da lei do Senhor? (Ne 8:1,8,14,18; Lev 23:34-37). Os Holocaustos da manhã e da
tarde, dos sábados, dos dias de lua nova e das festividades, eram mandamentos da lei de Moisés
ou da lei de Deus? (2 Cr 31:3; Ne 28:14; 1 Cr 16:40). As ofertas alçadas (que os israelitas davam
aos levitas e sacerdotes), eram ordenanças da lei de Moisés ou da lei do Senhor? (2 Cr 31:3; Ne
18:8,9). Entre a circuncisão e o sábado, qual desses dois mandamentos é o maior? (Jo 17:22,23).
A Lei tinha mandamentos “maiores” e “menores” (Mt 5:19; 22:36,38-40). O mandamento da
circuncisão era maior que o sábado. No dia de sábado nenhuma obra era permitida se fazer, no
entanto, naquele dia, se praticava a circuncisão, para que a lei de Moisés não fosse violada. Ora,
se o sábado tivesse um caráter moral, jamais o sábado poderia ser violado por um mandamento
cerimonial. Conclusão: Se devemos guardar o sábado, então devemos praticar a circuncisão.
Mas se a circuncisão, que era maior do que o sábado, foi abolida, por que devemos guardar o
sábado? Cristo é o fim da lei (Rm 10.4) em sua totalidade.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 33

Por que os cristãos não estão debaixo da lei?

Não estamos debaixo da lei, porque Cristo é o fim da lei (Rm 10:4; Ef 2.14,15; Cl 2:14;
2 Co 3:14). Os judeus foram por Cristo resgatados da maldição da Lei Gl 3:13). Apenas os
judeus foram resgatados de debaixo da lei, porque a lei foi dada apenas para eles. Cristo
resgatou os (os judeus) que estavam debaixo da lei pela sua morte. (Gl 4:4,5) Está Cristo
debaixo da lei? Não! E como podemos nós estarmos debaixo da lei? (1 Co 11:3; Ef 5:23; Rm
7:1,4). Se Cristo não está debaixo da lei também não está o seu Corpo. Não estamos debaixo da
lei, porque fomos crucificados, mortos e sepultados com Cristo (Rm 6:4-8; Gl 2:20; Cl 2:12).
Já ressuscitamos com Cristo, por isso não estamos debaixo da lei (Cl 3:1; 2:12). Em Cristo
morremos para o pecado. Tem a lei algum poder sobre o morto? De forma alguma! (Rm 6:7,11;
7:1-4). Se estás crucificado com Cristo, estás livre da lei.

O sábado não faz parte da lei de Cristo

Os Adventistas dizem: “A muitos sinceros cristãos nunca foi revelado o pecado de violar
o quarto mandamento da lei moral, e são, portanto, tidos por justificados aos olhos de Deus e
perfeitamente dignos de um lugar no céu. Aqueles, porém, que tiveram tal conhecimento, e o
rejeitaram, ficam sob a condenação” (Subtilezas do Erro, página 149).

Refutação

A Todos os cristãos que não guardaram o sábado assim fizeram porque lhes foi revelado
que quem está em cristo, nova criatura é, as coisas velhas (pecado e legalismo) já passaram, e
eis que tudo se tornou novo (2 Co 5.17). Os crentes da nova aliança têm a lei de Deus escrita
em seus corações (Hb 8:10; 10:16). A Bíblia ainda diz mais: “Mas o Ajudador, o Espírito Santo
a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto eu vos tenho dito (Jo 14:26). Quando vier, porém, aquele, o Espírito da Verdade,
ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e
vos anunciará as coisas vindoura” (João 16:13). Será que o Espírito Santo esqueceu de nos dizer
que o sábado faz parte da nova lei? Nós temos o Espírito de Cristo, e jamais o Espírito Santo
deixaria de anunciar qualquer palavra de Jesus a nós. (Rom 8:9,11,14,15,16,23,26; 9:1). Veja
ainda o que Paulo nos falou sob a inspiração do Espírito Santo: “Como não me esquivei de vos
anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa, testificando
tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.20,21,27). Teria
Paulo esquecido de anunciar o quarto mandamento? Por que Paulo não mandou guardar o
sábado? Porque o sábado foi cancelado na morte de Cristo (Rm 10.4). Era apenas uma sombra
do verdadeiro descanso, Cristo Jesus nosso Senhor (Cl 2.16,17). Toda sombra passa com o
correr do tempo, mas o que é real permanece, e cristo é o verdadeiro sábado, é nele que
descasamos todos os dias (Mt 11.28-30).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 34

O cumprimento da circuncisão e a violação do sábado

A circuncisão de crianças no sábado era uma violação do quanto mandamento (Êx 20:8-
11) ou não? Sim. Jesus diz que uma criança era circuncidada no sábado para que a lei de Moisés
não fosse quebrada (João 7:19-23). Os adventistas dizem que o sábado do decálogo não podia
ser violado. Perguntamos: Qual sábado era violado no templo pelos sacerdotes, o moral ou o
cerimonial? Leia Mt 12:5; Jo 7:19-23. Se os Adventistas disserem que era o sábado cerimonial,
então eles estão admitindo que o sábado do Decálogo é cerimonial. Se disserem que era o
sábado do Decálogo, então eles admitem que o quanto mandamento era violado. O Talmude
diz que o sábado era violado na circuncisão de crianças. “Qualquer trabalho proibido que possa
ser realizado na véspera do Shabat não anula o Shabat, incluindo o transporte do bisturi de
circuncisão. No entanto, qualquer trabalho proibido envolvido na mitzva da circuncisão em si
que não pode ser realizado na véspera do Shabat anula o Shabat” (Talmude. Tratado do Shabat,
130a). “Por fim, alguém pode realizar qualquer coisa necessária para a circuncisão no sábado”
(Tratado do Shabat). “E todos os requisitos da circuncisão podem ser realizados para um bebê
cujo oitavo dia de vida ocorre no Shabat” (Mishnah Berakhot,18). “Quando ocorre o oitavo dia
de vida de um bebê no Shabat, ele deve ser circuncidado nesse dia. Portanto, a pessoa realiza
todas as necessidades da circuncisão, mesmo no Shabat” (Mishnah Berakhot, 19).

Jesus e a violação do sábado no cumprimento da lei de Moisés

Os adventistas dizem que Jesus não violou o sábado. Eles ensinam que a passagem de
João 5.18 apresenta a opinião dos judeus em acusar Jesus de violar o sábado.

Refutação

O que diz João? “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não
somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus” (João 5:18). Será que João estava enganado sobre Jesus violar o sábado? Não creio. Os
adventistas dizem que era a opinião dos fariseus sobre Jesus, não a de João. É claro que em
João 9.16 temos a opinião dos fariseus: “Por isso, alguns dos fariseus diziam: Esse homem não
é de Deus, porque não guarda o sábado”. Só que em Jo 5.18 a opinião sobre Jesus violar o
sábado é do escritor João, não dos fariseus. Jesus transgrediu a lei ao violar o sábado? De forma
alguma. Como assim? Vamos exemplificar. Os sacerdotes no templo violavam o sábado, mas
não violavam a lei (Mt 12.5; Jo 7.22-23). Tal como salvar vidas em dia de sábado não constituía
uma violação da lei, embora fosse uma violação ao sábado, da mesma forma Jesus violava o
sábado sem quebrantar a lei de Deus.

O Senhor do sábado

Jesus declarou aos judeus ser o Senhor também do sábado (Mt 12.8; Mc 2.28). O que
essa declaração significa? Os adventistas dizem que Jesus está ratificando para a igreja a
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 35

autoridade do sábado como o dia do Senhor. Uma leitura contextualizada revela que Jesus
estava revelando a sua autoridade para realizar a obra de Deus até em dia de sábado. No antigo
testamento apenas os sacerdotes realizavam legalmente obras em dia de sábado. Tal como os
sacerdotes, Jesus recebeu autoridade para trabalhar até no sábado (Jo 5.16-18). A declaração de
Jesus como sendo o Senhor do sábado se estende para todos os mandamentos da lei; em outras
palavras, Jesus é o Senhor da lei.

O fim da lei cerimonial e moral na morte de Cristo

Os adventistas ensinam que a lei dos dez mandamentos permanece, enquanto que a lei
cerimonial (ou lei de Moisés) foi abolida na morte de Cristo (Estudos Bíblicos, p. 153).
“Quando Cristo morreu, cumpriu os simbolismos proféticos do sistema sacrifical. O tipo
encontrou o antítipo, e as leis cerimoniais chegaram ao fim. Na morte de Cristo, o véu do templo
foi rasgado de alto a baixo, em duas partes, por meios sobrenaturais (Mt 27:51), indicando o
fim do significado espiritual dos serviços do templo. Embora as leis cerimoniais
desempenhassem papel vital antes da morte de Cristo, eram deficientes sob vários aspectos,
representando apenas a “sombra dos bens vindouros” (Hb 10:1). Serviram a um propósito
temporário e foram concedidas ao povo de Deus até a vinda do “tempo oportuno de reforma”
(Hb 9:10; cf. Gl 3:19) – até o tempo em que Cristo morreu na qualidade de verdadeiro Cordeiro
de Deus. Na morte de Cristo, a vigência da lei cerimonial chegou ao fim” (Nisto Cremos, p.
323-324).

Refutação

Se apenas os dez mandamentos não foram abolidos, por que os adventistas guardam a lei
cerimonial referente aos animais puros e impuros? A lista sobre o que pode e o que não se pode
comer está em Deuteronômio 14:4-21 e Levíticos 11:1-47. Todos hão de convir que a lei
descrita em Dt 14.4-21 e Lv 11.1-47 não está no decálogo. A verdade é que o novo testamento
não proíbe a ingestão dos alimentos proibidos na lei (Mt 15:10,15-20; Mc 7:15,18,19; Lc 10:8;
At 10:9-16; Rm 14:2,3,14,20,23; 1 Co 10:25-29,31; Cl 2:20-22; Tt 1:15; Cl 2:16,17). É claro
que Jesus guardou toda a lei (1 Tim 4:4,5). O Mestre jamais ensinou a abolição de qualquer dos
mandamentos da lei (Mt 5.17-19). Só que devemos entender que na morte de Cristo toda a lei
foi abolida (Rm 10.4). O que Paulo diz sobre a lei em Gl 3.24-25 aplica-se a todos os
mandamentos dados aos filhos de Israel. A função passageira da lei é retratada por Paulo da
seguinte forma: “Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere
de escravo, posto que é ele senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo
predeterminado pelo pai. Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente
sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que
recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4:1-5).

A quebra da lei é a razão de todos estarem debaixo da maldição da lei?


Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 36

“Em virtude do pecado – a transgressão da lei de Deus – a humanidade defrontou-se com a


morte (Gn 2:17; 3:19; 1Jo 3:4; Rm 6:23) ” (Nisto Cremos, p. 50, pdf). “Com sua própria vida
Ele havia pago a penalidade que a violada lei de Deus requeria” (idem, p. 118). Também é
ensinado na obra ESTUDOS BÍBLICOS, p. 320). Estas referências mostram que os adventistas
ensinam que todos pecaram por terem transgredido a lei de Deus. Abaixo veremos os
argumentos ardilosos dos adventistas:

1. Qual a definição de pecado? João diz que o pecado é a transgressão da lei (1 Jo 3.4).
2. Por que todos os homens estão debaixo da maldição da lei? (Gl 3.10,19). Porque nenhum
homem foi capaz de guardar a lei por completo (Gl 3.10,11).
3. Cristo morreu para resgatar a humanidade da maldição da lei, porque todos transgrediram a
lei (Gl 3.10,19)
4. Qual a prova de que todos os homens transgrediram a lei de Deus? O pecado é a transgressão
da lei (1 Jo 3.4), e a Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.9, 23).
5. A Bíblia ensina que todos os homens estão debaixo da lei? Sim! A passagem de Rm 3.19 diz
que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz (Ver o Comentário Adventista
ESTUDOS BÍBLICOS. Pág. 324, ano 1991).

Refutação

Vamos refutar todos os pontos com base numa exegese correta das referidas passagens:

1. Realmente João define o pecado como sendo “a transgressão da lei” (1 Jo 3.4). Isso prova
que todos os homens são pecadores por que transgrediram a lei de Deus? Não. Há pelo menos
duas razoes porque não aceitamos a “lógica” adventista. A primeira é que Paulo ensina que
todos os homens já nascem no pecado (Rm 5.15, 17-19; 1 Co 15.21-22). A doutrina de Paulo é
muito clara ao declarar que todos os homens pecaram por serem filhos de Adão, não porque
transgrediram a lei de Moisés. A morte é o salário do pecado (Rm 6.23). As crianças que
morrem no ventre, morrem por que? Não porque transgrediram a lei de Deus, mas sim porque
já são formadas em pecado (Sl 51.5). Em segundo lugar se faz mister não esquecermos o que
diz Paulo em Rm 2.12,14; 1 Co 9.20-21, que de forma muito clara diz mostra que os gentios
não têm a lei de Moisés.

2. A passagem de Gl 3.10,19 ensina que todos os homens estão debaixo da maldição da lei? De
forma alguma. Como Paulo fala? “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição” (Gl 3.10). Paulo não está dizendo que todos os homens estão debaixo da maldição
da lei; apenas os judeus é que estão debaixo da maldição da lei, porque a lei foi dada apenas
para eles. Como poderia os gentios estarem debaixo da maldição da lei se os mesmos não têm
a lei de Deus (Rm 2.12,14; 1 Co 9.20-21)? Paulo fala aos que “são das obras da lei”, o que
aponta para um grupo específico, os judeus.

3. Paulo diz que Cristo morreu para resgatar a humanidade de debaixo da maldição da lei? De
forma alguma a passagem de Gl 3.10,13 ensina isso. Cristo morreu para salvar a humanidade
da condenação do pecado cometido por Adão (Rm 5.15, 17-19; 1 Co 15.21-22).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 37

4. Realmente a Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.9, 23). Mas a mesma Bíblia também diz
que apenas os judeus pecaram debaixo da lei (Rm 2.12-14; 3.9). Se todos os homens são
pecadores porque transgridem lei, como se explica a fala de Paulo em Rm 2.12-14? Paulo diz
que todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram
mediante lei serão julgados (Rm 2:12). Nas palavras de Paulo está claro que em todos pecaram
debaixo da lei de Moisés.

5. Já demonstramos que apenas os judeus receberam a lei, por isso é um erro se ensinar que
todos são pecadores por que transgridem a lei. É “aos que estão debaixo da lei”, isto é, os judeus,
é que Paulo diz que estão debaixo da maldição da lei (Rm 3.19). Os judeus é que foram
resgatados da lei por Cristo (Gl 4.4-5).

Transgressores e pecadores

João diz: “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado
é a transgressão da lei” (1 João 3:4). Os sabatistas dizem: “Este texto não diz que o pecado foi
ou era a transgressão da lei, mas que o é, demonstrando assim que a lei ainda está em vigor na
dispensação evangélica. ‘Todo aquele’, semelhantemente, mostra a universalidade de seus
reclamos obrigatórios. Quem quer que, de qualquer nação, raça ou povo, cometa pecado,
transgride a lei’” (Estudos Bíblicos, p. 324____ano de 1991).

Refutação

A partir da declaração de João os adventistas constroem os seus argumentos ardilosos


com o objetivo de impor a guarda do sábado aos cristãos. Obviamente que a declaração de João
está correta, o que não está correto é a ardilosa falácia dos adventistas. O profeta Isaías diz:
“Mas os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o
Senhor perecerão” (Is 1.28). Há categoricamente uma distinção entre “transgressores” e
“pecadores” no texto de Isaías. Em relação a lei de Deus dada por Moisés todo transgressor é
um pecador, mas nem todo pecador é um transgressor. Em geral na Bíblia os transgressores
são os que estão debaixo da lei (Rm 2.12-14; 1 Co 9.20-21). A lei foi dada aos judeus, por isso
os rebeldes entre eles são classificados como transgressores (Is 53.8, 12; Dn 9.11; Os 6.7; 8.1;
Mt 15.3; Lc 15.29). A Bíblia descreve os gentios, que não tem a lei de Deus, simplesmente
como “pecadores” (Gn 13.13; I Sm 15.18). A Bíblia faz clara distinção entre os transgressores
(judeus) e os pecadores, os gentios sem a lei (Gl 2.15; Sl 37.38; 51.13; 53.12). O pecado de
transgressão está relacionado a violação da lei de Deus (Tg 2.10). Os (judeus e prosélitos) que
abandonam a lei de Deus são classificados como pecadores (Sl 119.53). A definição que João
dar sobre ser o pecado a “transgressão da lei” (1 Jo 3.4) está correta, mas nem todo pecado é
decorrente da transgressão da lei. Apenas os judeus estão debaixo da lei (Et 3.8). Ainda deve
ser observado que a definição de João sobre o pecado ser “a transgressão da lei” deve ser
entendida sob um olhar cristão. Que lei João tem em mente? Não a lei de Moisés dada no Sinai
pertencente ao antigo pacto, mas sim a nova lei em Cristo Jesus pertencente ao novo pacto (Hb
7.11-12; 8.6-13; 2 Co 3.6-14; 1 Co 11.25; Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20). Devemos pensar na
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lei de Cristo (Rm 8.2; Gl 6.2; 1 Co 9.21). Os “mandamentos” referidos por João são
mandamentos da lei de Cristo (1 Jo 2.4; 3.22-24; 4.21; 5.1-3). Neste contexto o pecado é a
transgressão da lei de Cristo. Os adventistas dizem que a lei dos dez mandamentos dada no
Sinai e a lei de Cristo são a mesma coisa, mas tal ensino confronta o ensino de Paulo, o qual
deixa bem claro que a lei do Sinai e a lei de Cristo são coisas diferentes (2 Co 3.6-14; 1 Co
9.20-21). Todo o argumento falacioso dos adventistas tem por objetivo impor a guarda do
sábado para a igreja, mas Paulo diz que o sábado foi cancelado na morte de Cristo (Rm 10.4;
Ef 2.15; Cl 2.14,16). Os sabatistas insistem na ideia de que “o pecado é a transgressão da lei”,
mas apenas com o único objetivo de impor a guarda do sábado. O fato de João dizer que o
pecado é a “ transgressão da lei” (1 Jo 3.4) não significa que todo pecador é transgressor da lei
de Moisés.

CAPÍTULO III

A lei foi dada como aio até Cristo

Os adventistas ensinam: “Assim, pois, a lei nos indica a Cristo, o único que nos pode
ajudar a escapar de nossa desesperada condição. Foi nesse sentido que Paulo se referiu tanto à
lei moral quanto à lei cerimonial como sendo um tutor ou “aio”, cujo objetivo é “nos conduzir
a Cristo, a fim de que [sejamos] justificados por fé” (Gl 3:24) ______ (Nisto Cremos, p. 296)

Refutação

O que Paulo diz sobre a lei servir de aio tem relação com os judeus (Gl 3.23-25). A
declaração de Paulo parafraseada fica assim: “Mas, antes que viesse a fé, estávamos (os judeus)
sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De
maneira que a lei nos (os judeus) serviu de aio para nos (os judeus) conduzir a Cristo, a fim de
que fôssemos (os judeus) justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos (os
judeus) subordinados ao aio” (Gl 3.23-25).

No que diz respeito ao tempo vigente da lei, a declaração de Paulo é muito enfática ao
mostrar que a lei foi dada até que Cristo viesse, o que em outras palavras significa que Cristo é
o fim da lei (Rm 10.4). Sendo Cristo o fim da lei para a lei cerimonial também o é para a lei
dos dez mandamentos. Em momento algum Paulo diz que Cristo é o fim apenas da lei
cerimonial. A declaração de Paulo em Rm 10.4 abrange toda a lei. Os adventistas dizem que a
lei nos indica a Cristo. De que forma pode ser verdade que a lei indica Cristo ao mundo, se a
lei foi dada apenas para aos judeus?

Satanás é co-redentor na doutrina adventista.

Ellen White diz: “Ao completar-se a obra de expiação no santuário celestial, na presença
de Deus e dos anjos do Céu e do exército dos remidos, serão então postos sobre Satanás os
pecados do povo de Deus; declarar-se-á ser ele o culpado de todo o mal que os fez cometer. E
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assim como o bode emissário era enviado para uma terra não habitada, Satanás será banido para
a Terra desolada, que se encontrará como um deserto despovoado e horrendo” (o Grande
Conflito, p.664).

Refutação

Em nenhum lugar a Bíblia diz que o bode expiatório representa o Diabo. Aliás, a Bíblia
é muito clara em dizer que Cristo é o sacrifício expiatório pelos nossos pecados (1 Jo 2.2; 3.5;
4.10; Rm 3.25; Hb 2.17; Ef 5.2). Paulo diz que Cristo ofereceu um único sacrifício pelos
pecados (Hb 10.12). Será que o sacrifício único de Cristo não inclui o sacrifício do bode
expiatório? Isaías diz que o Messias tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores
levou sobre si (Is 53.4). A doutrina adventista é perniciosa e deve ser duramente combatida.

A perpetuidade dos dez mandamentos

“Os Dez Mandamentos foram pronunciados pelo próprio Deus, e por Sua própria mão foram
escritos” (Ellen G. White. O Grande Conflite, p. 8). “Foi para conservar esta verdade sempre
perante o espírito dos homens que Deus instituiu o sábado no Éden” (idem, p.438).

“A lei de Deus existia antes de o homem ser criado. Os anjos eram governados por ela. Satanás
caiu porque transgrediu os princípios do governo de Deus. Depois que Adão e Eva foram
criados, Deus os fez conhecer Sua lei. Ela não estava escrita, mas foi-lhes relatada por Jeová.
A lei de Deus O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Depois de haver
Deus feito o mundo e criado o homem sobre a Terra, fez o sábado para o homem. Após o pecado
e a queda de Adão, coisa alguma foi tirada da lei de Deus. Os princípios dos Dez
Mandamentos existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa
ordem de seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram
dados preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído” (Ellen
G. White. História da Redenção. pp. 114-115).

Refutação

Nada há de especial e superior nos dez por terem sido dados pelo próprio Deus em viva
voz aos ouvidos de todo o povo. Deus poderia ter falado toda a lei aos ouvidos do povo. Por
que não falou? Por causa do povo: “Todo o povo presenciou os trovões, e os relâmpagos, e o
clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se estremeceu e ficou de
longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que
não morramos” (Êx 20:18,19). Tudo o que Moisés recebeu no Sinai foi da boca do próprio
Deus, pelo que nenhuma diferença há entre os dez mandamentos e os demais que Deus falou
para Moisés. De acordo com o novo testamento, a Lei foi mediada por um anjo (At 7.38,53;
Gl 3.19; Hb 2.2). A mediação angelical inclui os dez mandamentos falados em viva voz ao povo
(At 7.38).
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 40

A Sra. White diz que o sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Sabemos
que a lei de Deus é desde o princípio (Gn 2.16-17), o que não vemos na Bíblia é a ordem de
Deus para Adão guardar o sábado. Mas se é verdade que Deus ordenou o sábado para Adão,
então algumas coisas referentes ao sábado precisam ser explicadas. O que diz o mandamento
do sábado? “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a
tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu,
nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o
forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o
mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de
sábado e o santificou” (Êx 20:8-11). O Deuteronômio diz: “Guarda o dia de sábado, para o
santificar, como te ordenou o Senhor, teu Deus. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra.
Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o
teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro das tuas portas para dentro, para que o teu servo e a
tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que
o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor,
teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Deuteronômio 5.12-15). Será por que os
adventistas não usam a passagem de Dt 5.15? É interessante se notar como os adventistas não
citam o mandamento do sábado conforme se ler em Deuteronômio. Bem, se o sábado foi
ordenado para Adão surge uma pergunta: Em que tempo Adão foi escravo na terra do Egito?
Qual relação tem a escravidão no Egito com Adão? Moisés diz: “lembrarás que foste servo na
terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido”. Os
adventistas poderão retrucar que esse detalhe foi acrescentado por Moisés ao que Deus
orginalmente ordenou ao povo. Mas o que diz Moisés? “Estas palavras falou o Senhor a toda a
vossa congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, e
nada acrescentou. Tendo-as escrito em duas tábuas de pedra, deu-mas a mim” (Dt 5:22).
Conforme Moisés, tudo o que lemos em Dt 5.6-21 foi falado originalmente por Deus ao povo
de Israel. As duas razoes para se guardar o shabbat está em Êx 20.11 e Dt 5.15. Validar uma e
invalidar a outra é desonestidade intelectual.

O quinto mandamento diz: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus
dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êx 20:12). Se é verdade que os dez mandamentos
foram dados para Adão, de que forma ele cumpriria o quinto mandamento? Será que os
adventistas vão dizer que não havia o quinto mandamentos na lei dada a Adão? A Sra. White
diz que “os princípios dos Dez Mandamentos existiam antes da queda e eram de caráter
apropriado à condição de uma santa ordem de seres. Depois da queda os princípios desses
preceitos não foram mudados” (Ellen G. White. História da Redenção, p. 146). A verdade é que
se trata de uma falácia ensinar que os dez mandamentos foram dados para Adão. Nenhuma
ordem é dada ao que não existe. Se Adão não tinha mãe, por que Deus o ordenou “honra teu
pai e tua mãe”?

O que diz o Talmude sobre a origem da guarda do sábado em relação aos judeus? “O
povo judeu foi ordenado a cumprir dez mitzvot quando eles estavam em Mara: Sete que os
descendentes de Noé aceitaram sobre si mesmos, e Deus acrescentou a eles as seguintes
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 41

mitzvot: Julgamento e Shabat, e honrar o pai e a mãe. A mitzva de julgamento foi dada em
Mara, como está escrito com relação a Mara: ‘Ali Ele fez para eles um estatuto e uma
ordenança’. O Shabat e a homenagem ao pai e à mãe foram dados em Mara, como está escrito
a respeito deles nos Dez Mandamentos: ‘Observai o dia do Shabat para santificá-lo, como o
Senhor vosso Deus vos ordenou’ (Talmude. Sanhedrin 56b). A mesma opinião é advogada no
Targum de Ionathan Ben Uziel. “E ali a Palavra do Senhor designou para ele a ordenança do
sábado e o estatuto de honrar o pai e a mãe, os julgamentos relativos a feridas e hematomas e
as punições com que os infratores são punidos” (Targ. Ionathan Ben Uziel-Shemot 15.25). A
passagem referida por esses tratados está em Êxodo 15.25. A verdade é que não se encontra na
Bíblia qualquer alusão a guarda do shabbat antes de Êx 15.25.

O Talmude diz que “Adão, o primeiro homem, foi criado na véspera do Shabat, no final
dos seis dias da Criação. Ele foi criado na véspera do Shabat para entrar na mitzva de observar
o Shabat imediatamente” (Sanhedrin 38a). No mesmo tratado (38b) se diz que na décima, ele
pecou. Na décima primeira, ele foi julgado. Na décima segunda, ele foi expulso e deixou o
Jardim do Éden”. Ainda de acordo com o Talmude, o sábado só foi ordenado para a nação de
Israel (Sanhedrin 56b).

Os dez mandamentos antes do Sinai

“Adão ensinou a seus descendentes a lei de Deus, que foi transmitida aos fiéis através de
sucessivas gerações. A contínua transgressão da lei de Deus atraiu um dilúvio de águas sobre a
Terra. A lei foi preservada por Noé e sua família, que, por procederem corretamente foram
salvos na arca por um milagre de Deus. Noé ensinou a seus descendentes os Dez Mandamentos.
O Senhor, desde Adão, preservou para Si um povo, em cujo coração estava Sua lei. Disse de
Abraão: ‘Porque Abraão obedeceu a Minha palavra, e guardou os Meus mandamentos, os Meus
preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis’” (Ellen White. História da Redenção. p. 146)

Refutação

Não negamos que antes do Sinai a lei de Deus já existia, a grande questão é que em
lugar algum a Bíblia diz que a igreja do novo testamento deve guardar o sábado. Antes do Sinai
não havia apenas os dez mandamentos, mas também mandamentos referentes a sacrifícios,
ofertas, holocaustos, circuncisão etc. Se é para guardar o sábado, por que não guardar também
a circuncisão e a lei dos sacrifícios e ofertas? Entre os mandamentos da lei de Deus praticados
por Adão e seus filhos Caim e Abel estavam os referentes a sacrifícios e ofertas (Gn 4.3-5). Os
adventistas dizem que a lei dos sacrifícios observada por Adão foi abolida na morte de Cristo.
Muito bem! Dizemos que não somente a lei dos sacrifícios, mas também os sábados, as luas
novas, as festas...toda a lei de Moisés (Rm 10.4; Cl 2.16,17). É muito temerário se afirmar que
Adão guardou o sábado, pois a Bíblia não diz isso.

A lei foi estabelecida antes da fundação do mundo


Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 42

A Sra. Ellen White diz que o sábado foi criado antes de Adão: “Na criação, quando
foram postos os fundamentos da Terra, os filhos de Deus olhavam com admiração para a
obra do Criador, e todo o exército celestial aclamava de alegria. Então foi que se lançara
o fundamento do sábado. No fim dos seis dias da criação, Deus repousou no sétimo dia de
toda a obra que fizera; e abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele repousara de toda a
Sua obra. O sábado foi instituído no Éden, antes da queda, e foi observado por Adão e Eva
e toda a hoste Celestial (Primeiros Escritos, pp. 217-18).

Refutação.

A Sra. White diz: “Na criação, quando foram postos os fundamentos da Terra, os filhos
de Deus olhavam com admiração para a obra do Criador, e todo o exército celestial aclamava
de alegria. Então foi que se lançara o fundamento do sábado”. Sem dúvida alguma a Sra. White
ensinou que o sábado foi instituído antes da criação do homem. O ensino whiteano é contrário
ao que ensina a Bíblia. O Gênesis diz que o sábado foi criado depois da criação de Adão (Gn
1.26-31; 2.12-3). Em outras obras a Sra. White ensina a mesma ideia, de que o sábado foi
instituído desde que foram lançados os fundamentos da terra (Vida e Ensinos, p.86; O Desejado
de Todas as Nações, p.159-60; História da Redenção, p.102; Primeiros Escritos, p.217). O livro
do Gênesis mostra que sábado foi criado depois de Adão. Como pode ser que o fundamento do
sábado foi lançado quando foram postos os fundamentos da Terra, se o mesmo foi criado depois
de Adão? O livro de Gênesis deixa claro que o shabbat foi criado no sétimo dia da criação. “E
havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de
toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele
descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (G 2.2,3). Qual foi a obra que Deus
criara no sétimo dia, senão o sábado? É totalmente inconsistente a ideia de que os fundamentos
do sábado foram estabelecidos antes da criação de Adão. Assim como os outros dias foram
criados por Deus, o sábado não é exceção. O sábado faz parte da criação de Deus, tendo sido o
mesmo criado no sétimo dia.

A lei dos dez mandamentos foi transmitida por Deus ou por anjos?

Os Adventistas dizem que a lei dos dez mandamentos foi dada pelo próprio Deus, eis a
razão de sua superioridade e eternidade (Estudos Bíblicos, pp. 142, 153).

Refutação

Sem dúvida alguma o antigo testamento diz que a lei foi dada pelo próprio Deus em voz
audível a todos (Êx 20.18-19; Dt 5.24-27). Os fariseus entendiam que Deus mesmo havia dado
a lei ao povo de Israel (Jo 9.29). Os escritores do novo testamento dizem que a lei de Deus foi
mediada por anjos a Moisés (At 7.38, 53; Gl 3.19; Hb 2.2). A ideia de que os anjos mediaram
a lei já era ensinada no judaísmo helenista bem antes do cristianismo (ver Jubileus 1:27,29;
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2:1,2,17-19). O Targum de Ionathan Ben Uziel (Shemoth 24.1) diz que foi o anjo Miguel quem
convocou a Moisés. A mesma ideia aparece no Apocalipse de Moisés.

Paulo e a Lei

Paulo diz que a Lei veio 430 anos após a promessa divina feita a Abraão (Gl 3:17; Êx
12:40,41; Gn 15:13). Paulo diz que a Lei foi dada aos hebreus por causa de suas transgressões
(Gl 3:19; 1 Tm 1:9; Gl 5:22,23). Conforme o pensamento de Paulo, a Lei foi dada aos judeus
até que o Senhor Jesus Cristo se manifestasse (Gl 3:17-25; Rom 10:4). A função da lei terminou
na morte de Cristo. Alei foi dada no Sinai exclusivamente aos filhos de Israel (Êx 19:16-20;
20:1-17; Dt 4:10-15; Êx 31:18; Ml 3:4; Dt 5:1-3; 4:6-8,23,44,45; 5:1; Sal 147:19,20; 2 Cr 2:4;
1 Cr 9:4; Êx 31:13,16-18; Ef 2:11,12; Ne 8:1). A lei não foi dada aos gentios (Rm 2:12,14,26,27;
1 Co 9:21; Sl 147.19,20; Et 3:8; Dt 4:8).

Os Adventistas dizem que a passagem de At 24.14 constitui uma prova de que Paulo
não ensinou abolição dos dez mandamentos. O que diz Paulo? “Porém confesso-te que, segundo
o Caminho, a que chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas
as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas” (At 24:14). A primeira
observação a ser feita é que a expressão “lei” não diz respeito apenas aos dez mandamentos (Mt
5.17; 7.12; 11.13; 22.40; Lc 16.16, 29, 31; 24.27, 44; Jo 1.45; At 13.15; 26.22, 23; 28.23; Rm
3.21). Observemos que Paulo não diz “guardando todas as coisas”, e sim acreditando em todas
as coisas. A ACR diz: crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas”. O que Paulo está
evocando contra os judeus é a sua fé em tudo o que diz a Lei e os Profetas. Se é para obedecer
aos mandamentos, então deve ser observado “todas as coisas” escritas na Lei e nos Profetas.
Por que os Adventistas não citam a passagem de At 28.23? “Havendo-lhe eles marcado um dia,
vieram em grande número ao encontro de Paulo na sua própria residência. Então, desde a manhã
até à tarde, lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus, procurando persuadi-los
a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas”. Os Adventistas admitem que
a lei de Moisés foi abolida na morte de Cristo, então como se explica que Paulo ensinava aos
judeus pela lei de Moisés? Em várias ocasiões Paulo usou a lei de Moisés para instruir e exortar
(At 26.22; 1 Co 9.9; 14.34). Não somente a “lei de Deus”, mas também a “lei de Moisés” foi
usada por Paulo para instruir a judeus e gentios. Demonstramos a falácia dos adventistas, que
de forma herética selecionam os textos que mostram Paulo fazendo uso da “lei de Deus”, mas
omitem de propósito os textos que mostram o mesmo Paulo citando a lei de Moisés. Lembrando
que lei de Deus e lei de Moisés é a mesma coisa, desenvolvemos esse raciocínio apenas para
refutar os adventistas.

O Juízo Investigativo

Eis o que diz a Sra. White: “Destarte, os que seguiram a luz da palavra profética viram
que, em vez de vir Cristo à Terra, ao terminarem os 2.300 dias em 1844, entrou Ele então no
lugar santíssimo do santuário celestial, na presença de Deus, para levar a efeito a obra
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final da expiação, preparatória para Sua vinda” (Ellen G. White. História da Redenção, p.264).
“Ao morrer Jesus no Calvário, clamou: ‘Está consumado’, e o véu do templo partiu-se de alto
a baixo. Isto deveria mostrar que o serviço no santuário terrestre estava para sempre
concluído, e que Deus não mais Se encontraria com os sacerdotes em seu templo terrestre, para
aceitar os seus sacrifícios. O sangue de Jesus foi então derramado, o qual deveria ser oferecido
por Ele mesmo no santuário nos Céus. Assim como o sacerdote entrava no lugar santíssimo
uma vez ao ano, para purificar o santuário terrestre, entrou Jesus no lugar santíssimo do
celestial, no fim dos 2.300 dias de Daniel 8, em 1844, para fazer uma expiação final por
todos os que pudessem ser beneficiados por Sua mediação, e assim purificar o santuário”
(Primeiros Escritos, p.254).

Refutação

Vamos refutar todos os pontos por ordem:

1. A Sra. White diz que “em vez de vir Cristo à Terra, ao terminarem os 2.300 dias em 1844,
entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celestial, na presença de Deus”. Será
que é verdade que Cristo entrou na presença do Pai apenas em 1844? De acordo com a Bíblia,
Cristo logo após ter ascendido ao céu entrou no Santíssimo e tomou assento a direita do Pai (Ef
1.20; Cl 3.1; Rm 8.34; Mc 16.19; At 7.56; Hb 1.3; 6.19-20; 9.24; 10.12; 12.2; 1 Pe 3.22; Ap
5.6-7). Todas essas referências atestam que Cristo se assentou a destra de Deus Pai logo que
penetrou no mais alto céu. A igreja Adventista é uma seita maligna e deve ser combatida à luz
da Palavra. Será que por durante dezoito séculos o Espírito Santo ocultou da igreja essa
“verdade” do Santuário Celestial e do juízo investigativo, deixando para revelar apenas a Ellen
G. White? Ou será que o Espírito Santo esqueceu de anunciar essa “verdade” a igreja (Jo 14.26;
16.13)? Nós temos o Espírito de Cristo, e jamais Ele deixaria de anunciar qualquer palavra de
Jesus a nós. (Rom 8:9,11,14,15,16,23,26; 9:1). Tal ensino jamais poderia ser ensinado pelo
Espírito Santo, porque é contrário a tudo o que foi anunciado na Lei, nos Profeta s e nos Salmos.
Você vai ficar com a Bíblia ou com a doutrina Advetista?

2. A Sra. White diz que “o sangue de Jesus foi então derramado, o qual deveria ser oferecido
por Ele mesmo no santuário nos Céus”. Você é capaz de aquilatar o tamanho e o peso dessa
pseudo ideia? Onde a Bíblia diz que o sangue de Cristo deveria ser oferecido no santuário nos
Céus? A Bíblia é muito clara em dizer que Cristo derramou o seu sangue aqui na terra, e nesta
terra ele concluiu a sua obra expiatória (Hb 1.3; 9.12, 26, 28; 10.12; 2 Pe 3.19; Rm 3.24; Ef 1.7;
Cl 1.14; 1 Pe 2.24; 3.18; Ap 1.5; Jo 19.30).

3. A Sra. White entende que a palavra de Cristo “está consumado” (Jo 19.30) diz respeito ao
serviço no santuário terrestre. Em outras palavras, Cristo estaria declarando a consumação (fim)
do cerimonialismo judaico com todos os seus sacrifícios, holocaustos e ofertas. Já
demonstramos que o sacrifício de Cristo foi completo na cruz, nada restou para 1844. As
palavras de Cristo em Jo 19.30 aplicam-se a consumação da sua obra expiatória no Calvário,
nada tem a ver com o fim do sistema cerimonial do culto judaico. É claro que na consumação
da obra de Cristo se deu o fim da lei (Rm 10.4) na sua totalidade, não apenas no que diz respeito
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ao cerimonialismo. Ellen G. White ensinou que Cristo não concluiu a obra soteriológica na cruz
(Vida e Ensinos, p. 56, 123). A Sra. White diz que Jesus entrou no lugar santíssimo do
celestial, no fim dos 2.300 dias de Daniel 8, em 1844, para fazer uma expiação final.
Expiação final! Veja que a Sra. White contradiz a palavra de Cristo: “Está consumado” (Jo
19.30).

A doutrina do Juízo Investigativo

“A obra do juízo investigativo e extinção dos pecados deve efetuar-se antes do segundo advento
do Senhor. Visto que os mortos são julgados pelas coisas escritas nos livros, é impossível que
os pecados dos homens sejam cancelados antes de concluído o juízo em que seu caso deve ser
investigado. Mas o apóstolo Pedro declara expressamente que os pecados dos crentes serão
apagados quando vierem ‘os tempos do refrigério pela presença do Senhor’, e Ele enviar a Jesus
Cristo. Atos 3:19, 20. Quando se encerrar o juízo de investigação, Cristo virá, e Seu
galardão estará com Ele para dar a cada um segundo for a sua obra. No culto típico, o
sumo sacerdote, havendo feito expiação por Israel, saía e abençoava a congregação. Assim
Cristo, no final de Sua obra de mediador, aparecerá ‘sem pecado, ... para salvação’ (Hebreus
9:28), a fim de abençoar com a vida eterna Seu povo que O espera. Como o sacerdote, ao
remover do santuário os pecados, confessava-os sobre a cabeça do bode emissário,
semelhantemente Cristo porá todos esses pecados sobre Satanás, o originador e instigador do
pecado. O bode emissário, levando os pecados de Israel, era enviado ‘à terra solitária’ (Levítico
16:22); de igual modo Satanás, levando a culpa de todos os pecados que induziu o povo de
Deus a cometer, estará durante mil anos circunscrito à Terra, que então se achará desolada, sem
moradores, e ele sofrerá finalmente a pena completa do pecado nos fogos que destruirão todos
os ímpios. Assim o grande plano da redenção atingirá seu cumprimento na extirpação final do
pecado e no livramento de todos os que estiverem dispostos a renunciar ao mal. No tempo
indicado para o juízo — o final dos 2.300 dias, em 1844—iniciou-se a obra de investigação e
apagamento dos pecados. Todos os que já professaram o nome de Cristo serão submetidos O
Grande Conflito àquele exame minucioso. Tanto os vivos como os mortos devem ser julgados
‘pelas coisas escritas nos livros, segundo as suas obras’” (O Grande Conflito, p. 488-89).

Refutação

Vamos refutar por partes as falsas revelações da papisa dos Adventistas do Sétimo Dia:

1. Ellen G. White diz que “a obra do juízo investigativo e extinção dos pecados deve efetuar-se
antes do segundo advento do Senhor”. Onde está escrito na Bíblia que a igreja será submetida
a qualquer julgamento antes vinda de Cristo? A Bíblia ensina categoricamente que será na vinda
de Cristo que os santos receberão o galardão (Ap 22.12). A extinção dos pecados se deu na
morte de Cristo, não depois de 1844 para cá. Cristo disse: “Está consumado” (Jo 19.30).
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2. “os mortos são julgados pelas coisas escritas nos livros”. O julgamento descrito em Dn 7.9
terá lugar após os mil anos do reinado de Cristo com a sua igreja aqui na terra sobre as nações
(Ap 20.4-6, 11-15). Entendemos que a visão de Dn 7.9-14 cobre um período de tempo que vai
desde a parousia de Cristo para implantar o seu domínio de mil anos sobre as nações até a juízo
final. Apenas os ímpios serão julgados (Ap 20.5). Nenhum juízo está acontecendo agora no céu
para avaliar as obras dos crentes. Os sabatistas ensinam que as almas na morte não têm
consciência, isto é, não existem. Para os sabatistas, o homem é simplesmente matéria, que na
morte se desfaz no pó da terra. A doutrina do Juízo Investigativo é totalmente infundada e
incoerente, pois nenhum julgamento acontece sem a presença do réu. Sempre que se fala no
julgamento dos homens, está relacionado a parousia de Cristo. Outra coisa, nenhum homem
será recompensado para herdar a vida eterna com Cristo ou condenado para o lago de fogo antes
da ressurreição do corpo (2 Co 5.10).

As duas vindas de Cristo

“Por ocasião da vinda de Cristo os ímpios são eliminados da face de toda a Terra:
consumidos pelo espírito de Sua boca, e destruídos pelo resplendor de Sua glória. Cristo leva o
Seu povo para a cidade de Deus, e a Terra é esvaziada de seus moradores. Ao fim dos mil anos,
Cristo volta novamente à Terra. É acompanhado pelo exército dos remidos, e seguido por um
cortejo de anjos. Descendo com grande majestade, ordena aos ímpios mortos que ressuscitem
para receber a condenação. Surgem estes como um grande exército, inumerável como a areia
do mar” (Grande Conflito, pp. 663, 669).

Refutação

Diz Paulo: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso,
o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” Hb 9:27,28). Dividir
a segunda vinda de Cristo em duas fases é um ensino totalmente estranho ao texto bíblico.
Todas as referências no novo testamento à vinda de Cristo dizem respeito ao momento em que
Ele descerá do céu para reunir o seu povo eleito de todas as nações (Mt 24.31; Mc 13.27; 1 Ts
4.15-17; 2 Ts 2.1). Neste momento se cumprirá o que diz Paulo:

Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a
vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares,
e assim estaremos sempre com o Senhor 1 Ts 4:15-17).

A vinda de Cristo inaugurará uma nova era: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles
aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo
testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 47

não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira
ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes
não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele
mil anos” Ap 20:4-6). Onde Cristo reinará nos mil anos, de acordo com a Bíblia? Diz a Bíblia
que Cristo e a igreja reinarão sobre as nações aqui na terra por mil anos (Ap 2.26-27; 5.10; 12.5;
15.4; 20.4-6). “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as
nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a
areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial
dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. E o diabo, que os enganava,
foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite
serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20:7-10). Em momento algum a Bíblia diz que
Cristo levará a sua igreja para o céu e lá ficará por mil anos. O Senhor Jesus reinará para sempre
aqui na terra (Lc 1.32-33). Paulo diz que “ convém que ELE reine até que haja posto a todos os
inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque
todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão
sujeitas, claro está que se excetua aquele que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas
lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe
sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15:25-28). Os Adventistas do Sétimo dizem
que os povos enganados por Satanás após os mil anos são ímpios ressuscitados (Ap 20.8-9). O
que diz a Bíblia? Cristo (e a igreja) reinará sobre as nações na terra por mil anos (Ap 2.26-27;
5.10; 11.15-17; 15.4; 20.4-6). É totalmente infundada a ideia adventista de que Cristo voltará
duas vezes, sendo a primeira antes dos mil anos e outra depois. É uma ideia contrária ao que
diz a Bíblia. Por que Ellen White diz que “ao fim dos mil anos, Cristo volta novamente à
Terra”? Porque ela parte da falsa hipótese de que Cristo reinará no céu com a igreja por mil
anos.

A doutrina do sono da alma.

Os Adventistas ensinam que a alma não é um ente imaterial, mas tão somente o fôlego de
vida, a respiração, a vida (Comentário Bíblico Adventista, p.205). Dizem que quando o homem
morre o seu espírito (fôlego de vida) volta a Deus e já não existe mais, pois não existe uma
parte imaterial no homem que sobreviva a morte do corpo (idem, pp.139,201,202). Passagens
com Ec 9.5 e Ez 18.4, 20 são interpretadas como ensinando que a alma morre com a morte do
corpo.

Refutação.

O que diz a Bíblia sobrea a alma? “Não temais os que matam o corpo e não podem matar
a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt
10:28). Onde neste versículo se encontra que a alma morre com o corpo? No Evangelho de
Lucas, Jesus diz: “Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois
disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que,
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depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer (Lc
12:4,5). Está muito claro que a alma e o corpo são coisas diferentes. O homem tem o poder de
matar apenas o corpo. Nem Mateus e nem Lucas dizem que Deus destrói a alma no inferno de
fogo eterno. Será que as passagens de Ec 9.5 e Ez 18.4, 20 realmente ensinam a morte da alma?
Tudo o que as passagens focalizam é o homem físico, sem qualquer alusão a alma imortal. A
palavra “alma” aparece algumas vezes nas Escrituras como significando o homem mortal. A
passagem de Lc 16.19-31 mostra mui claramente que a alma permanece totalmente viva e
consciente no Hades após a morte corporal do homem. Jesus diz que o mendigo foi levado pelos
anjos para o seio de Abraão. Se a alma não existe depois da morte do corpo, então os anjos
também não existem. Também lemos em 1 Pe 3.18-20 19 que o Senhor Jesus em espírito foi e
pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual
poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água. Cristo pregou aos mortos no Hades (1
Pe 4.6). O fato de Cristo ter pregado aos mortos no Hades mostra que as almas estão
conscientes. O que dizer da passagem de Ap 6.9-11, onde se diz que as almas dos mártires
clamam a Deus para que faça justiça contra os seus algozes que estão na terra? A Bíblia diz que
Moisés e Elias apareceram e conversaram com Jesus em glória (Mt 17.3-4; Mc 9.4-5; Lc 9.30-
33). No caso de Moisés a Bíblia diz que ele morreu e foi sepultado (Dt 34.6-8; Js 1.1-2). A
aparição de Moisés é uma prova de que a alma é imortal. Moisés e Elias não estavam em corpos
glorificados, mas em espírito. Ainda que Elias estivesse em corpo, não era um corpo glorificado.
Não é verdade que Moisés ressuscitou, logo a única alternativa é entendermos que o espírito de
Moisés apareceu a Jesus Cristo e aos seus três apóstolos. Se é verdade que a alma é destruída
com o corpo, como se explica que os mortos são descritos como quem está a dormir? (Mt 9.24;
Mc 5.39; Lc 8.52; Jo 11.11,12; At 7.60; 1 Co 11.30;15.6,20; 1 Ts 4.13,14). Se o homem dorme
então existe, pois só os que existem dormem. O que é que dorme na morte? Certamente o corpo
(Jo 11.11-13). É o homem corporal que dorme, enquanto que em seu espírito e alma está
totalmente lúcido no Hades (Lc 16.19-31). “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto,
assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2:26). Não é coerente com a teologia do novo
testamento interpretar “espírito” como fôlego” ou “respiração”. O espírito é uma entidade que
sobrevive a morte do corpo. A citação seguinte mostra que o espírito não é o fôlego de vida.
“Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja
convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas
ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração? Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24:36-39). Observe que Jesus não negou
a existência de espírito, tão somente declarou aos apóstolos que ele não era um espírito. Ao
fazermos uma fusão de Mt 10.28 com Lc 12.4,5 fica claro que o homem é composto de corpo
e alma imortal. “Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso,
nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois
de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lc 12.4,5).
Em Mateus se ler: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes,
aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28). Não há
nos textos qualquer ideia de aniquilamento da alma ou sono da alma. Se a alma morre com o
corpo, como se explica que o homem pode matar o corpo, mas não pode matar a alma? Pedro
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diz que o evangelho foi pregado também a mortos (1 Pedro 4:6). Como poderia esses mortos
terem ouvido a pregação do Evangelho no Hades, se não há alma consciente depois da morte?

Os sabatistas se servem de passagens como as de Ez 18.4,20 e Gn 2.7 para ensinar que a


alma morre. Para eles, a alma vivente nada mais é do que o fôlego de vida. Deus soprou em
Adam o fôlego de vida (‫שמַת חַיים‬ ְׁ ‫נ‬,) e Adam passou a ser alma vivente (‫)נֶׁפֶׁש ַחי ָה‬. Não é
exegeticamente correto transportar o conceito de alma imortal no cristianismo para os textos
judaicos nas passagens acima citadas. As passagens de Gn 2.7 e Ez 18.4, 20 tão somente olham
para o homem mortal. A ideia de uma alma imortal, distinta do corpo, é ensinada claramente
no novo testamento. A grande prova de que a alma em Ez 18.4 é a pessoa mortal e física reside
no fato de o profeta dizer que a “alma que pecar essa morrerá”. O que podemos entender dessa
declaração? O que se pode entender é que apenas as almas (pessoas) que pecam é que morrem.
Ora, caso o texto estivesse falando de almas como entidades espirituais, então daí poderíamos
concluir que apenas as almas que pecarem é que morrerão. Mas está claro que para Ezequiel a
alma é a pessoa, o homem mortal. Substituindo a palavra “alma” por pessoa fica a leitura assim:
“Eis que todas as pessoas são minhas; tanto a pessoa do pai, como a pessoa do filho é minha, a
pessoa que pecar essa morrerá” (Ez 18.4,20). Basta ler todo o capítulo 18 para ver que é
exatamente isso que Ezequiel tem em mente.

Agora vamos analisar o texto de Eclesiastes. “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito
(‫ )רּו ַח‬volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7). Os sabatistas ensinam que o ruach (‫ )רּו ַח‬é simplesmente
o sopro de vida, o fôlego. Sem dúvida alguma a passagem de Gn 2.7 é o que o escritor do livro
de Eclesiastes tem em mente. O livro de Eclesiastes descreve o homem apenas do ponto de vista
da matéria mortal. É o homem debaixo do céu que está em foco (Ec 1.3,9,14). Veja que o
escritor compara os homens aos animais.

Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede:
como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma
vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o
mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. Quem sabe se o fôlego de vida
dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?
(Ec 3.19-21).

Observe que o escritor diz que nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais. Esta
declaração só faz sentido se entendermos que Salomão está falando do homem simplesmente a
partir de sua estrutura corporal. É claro que sob uma ótica soteriológica o homem tem grade
vantagem sobre os animais. Na morte do corpo os homens e os animais são iguais. A palavra
hebraica ruach (‫ )רּו ַח‬neste caso significa simplesmente fôlego de vida, a respiração. Tenhamos
em mente, porém, que os “espíritos em prisão” em 1 Pe 3.19 são os espíritos dos homens que
foram mortos nas águas do dilúvio. Neste caso, os espíritos não podem ser vistos como sendo
fôlego, respiração. Ainda vale observar que os “espíritos em prisão” são de pessoas que já
estavam mortas quando Pedro escreveu a sua carta (1 Pe 4.6). A parte imaterial (alma) do
homem permanece viva e consciente no Hades, por isso é que Pedro diz que o Evangelho foi
pregado também aos mortos.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 50

Os mil anos na doutrina Adventista

A Sra. White disse: “Relativamente à condição da Terra ‘no princípio’, o relato bíblico
diz que ‘era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo. ’ Gênesis 1:2. A profecia
ensina que ela voltará, em parte ao menos, a esta condição. Olhando ao futuro para o grande
dia de Deus, declara o profeta Jeremias: ‘Observei a Terra, e eis que estava assolada e vazia; e
os céus, e não tinham a sua luz. Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os
outeiros estremeciam. Observei e vi que homem nenhum havia e que todas as aves do céu
tinham fugido. Vi também que a terra fértil era um deserto, e que todas as suas cidades estavam
derribadas. ’ Jeremias 4:23-26. Aqui deverá ser a morada de Satanás com seus anjos maus
durante mil anos. Restrito à Terra, não terá acesso a outros mundos, para tentar e molestar os
que jamais caíram. É neste sentido que ele está amarrado: ninguém ficou de resto, sobre quem
ele possa exercer seu poder. Está inteiramente separado da obra de engano e ruína que durante
tantos séculos foi seu único deleite (Ellen G. White. O Grande Conflito, p.574). Os adventistas,
com base em Ellen G. White, ensinam isso (Estudos Bíblicos, p.138).

Refutação

A passagem de Jr 4.23-26 está realmente apontando para a destruição da terra na vinda


de Cristo? O texto de Jr 4.23-26 tem a ver com a destruição da terra de Judá pelos babilônios
(Jr 1.14-18; 4.5-7). A leitura precisa ser contextualizada, para que realmente possamos entender
o pensamento correto do autor sagrado. Os adventistas dizem que a terra será totalmente
assolada na vinda de Cristo, mas ao lermos o versículo seguinte logo se ver que Jeremias não
ensina tal coisa: “Porque assim diz o Senhor: Toda esta terra será assolada; de todo, porém,
não a consumirei” (Jr 4.27). O profeta diz mais: “Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor,
não farei de vós uma destruição final” (Jr 5.18). Isaías, ao falar da mesma coisa, diz: “Por
isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela serão desolados; por isso, serão
queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão” (Is 24.6). Nem Jeremias e nem
Isaías estão profetizando a desolação total da terra na parousia de Cristo. Mesmo que fosse
verdade (mas não é) que Jeremias e Isaías estivessem falando da desolação da terra na vinda de
Cristo, ainda assim os textos não ensinam a destruição da humanidade. Tanto Jeremias quanto
Isaías dizem que “poucos homens restarão” na terra. Ora, se “poucos homens restarão” não
será a terra destruída totalmente.

O que diz a Bíblia sobre as nações na vinda de Cristo? “Quando vier o Filho do Homem
na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as
nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos
cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o
Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que
vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:31-34). O Apocalipse diz: “O sétimo
anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11:15). “Ao vencedor,
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 51

que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de
ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro” (Ap 2:26,27). “E para
o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Ap 5:10). Sob hipótese
alguma estas passagens fazem alusão ao estado eterno da igreja depois dos mil anos. Podemos
até assim ver, mas com a inclusão dos mil anos. A passagem de Ap 2:26,27 necessariamente
aponta para o domínio da igreja sobre as nações aqui na terra por mil anos (Ap 20.4-6).

Os mil anos serão no céu ou na terra?

A Sra. Ellen White diz: “Por ocasião da vinda de Cristo os ímpios são eliminados da
face de toda a Terra [...]. Cristo leva o Seu povo para a cidade de Deus, e a Terra é esvaziada
de seus moradores... [...] O escritor do Apocalipse prediz o banimento de Satanás, e a condição
de caos e desolação a que a Terra deve ser reduzida; e declara que tal condição existirá durante
mil anos [...] Aqui deverá ser a morada de Satanás com seus anjos maus durante mil anos” (O
Grande Conflito, pp. 663-664)

Refutação

De onde a sra. White tirou a ideia de que a terra ficará desolada dos seus moradores por
mil anos? Ela se serve (distorcendo) de alguns textos da Palavra de Deus para fundamentar a
sua heresia (Jr 4.23-26; Is 24.1 e Ap 6.14-17). Com base nas ideias da sra. White, a igreja
Adventista ensina que quando Cristo vier, os justos serão libertados e levados para o céu, e
todos os ímpios vivos serão subitamente destruídos, como o foram por ocasião do dilúvio. Para
mais prova, ver II Ts 1.7-9; Ap 6.14-17; 19.11-21; Jr 25.30-33. Não haverá a ressurreição geral
dos ímpios senão ao fim do milênio. Isso deixará a Terra desolada e sem um habitante humano
durante esse período (Estudos Bíblicos, p.308).

Será que a Bíblia realmente ensina que no milênio a terra ficará desolada e sem
habitantes? Devemos dar uma resposta com base na Bíblia, exegeticamente correto. A
passagem de Jr 4.23-26 está falando da desolação da terra de Judá pelos babilônios. “Talvez o
profeta Jeremias tenha usado o símbolo da destruição cósmica para enfatizar o total
aniquilamento de Judá, às mãos dos babilônios, a fim de que, no futuro, um novo ato de criação
trouxesse à existência o Novo Israel. Essa visão figurada parece preferível à suposição de que
temos diante de nós uma profecia escatológica da ordem de II Ped. 3.10” (Champlin, o Antigo
Testamento Interpretado vol. 3, p.2998). Que esta é a verdadeira interpretação é algo que pode
ser facilmente comprovado no próprio Jeremias: “Pois assim diz o Senhor: Toda a terra será
assolada; porém não a consumirei de todo” (Jr 4:27). Veja para quem Jeremias está
profetizando:

Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e Jerusalém: Lavrai para vós outros
campo novo e não semeeis entre espinhos. Circuncidai-vos para o Senhor, circuncidai
o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 52

não saia como fogo e arda, e não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas
obras. Anunciai em Judá, fazei ouvir em Jerusalém e dizei: Tocai a trombeta na terra!
Gritai em alta voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas! Arvorai
a bandeira rumo a Sião, fugi e não vos detenhais; porque eu faço vir do Norte um mal,
uma grande destruição. Já um leão subiu da sua ramada, um destruidor das nações;
ele já partiu, já deixou o seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que
as tuas cidades sejam destruídas, e ninguém as habite (Jr 4:3-7).

Toda a profecia de Jeremias é voltada para a destruição de Judá pelos babilônios. A


passagem de Jr 4.23-26 nada tem a ver com a destruição da terra na volta de Cristo. De forma
alguma a Bíblia ensina que no Milênio a terra ficará desolada de seus habitantes. O que diz a
Bíblia? No Milênio as nações serão governadas por o Senhor Jesus Cristo e pelos santos (Ap
2.26-27; 5.10; 11.15; 12.5; 15.4; 20.4-6). O Apocalipse diz que Satanás será preso no abismo
por mil anos para que não mais engane as nações até se completarem os mil anos. Depois disto,
é necessário que ele seja solto pouco tempo (Ap 20.2,3). Por que Satanás será preso? Para que
não mais engane as nações até se completarem os mil anos. Não faz sentido o que lemos que
Satanás será preso por mil anos para não mais enganar as nações se a terra ficará totalmente
desolada e desabitada de homens. Ellen G.White enganou os adventistas dizendo que teve
visões de Deus (Conflito dos Séculos, p. 663-66). Tão pouco é verdade que Cristo levará a
igreja para morar no céu por mil anos. Onde está isso escrito na Bíblia? Não devemos aceitar
esse pseudo ensino da sra. White.

O castigo dos ímpios no lago de fogo

Os Adventistas ensinam que os ímpios ressuscitarão para serem aniquilados na Geena


de fogo (Estudos Bíblicos, pp.139,207).

Refutação.

A Bíblia é muito clara em afirmar que os ímpios sofrerão eternamente no algo de fogo
(Mt 25.41,46; Mc 9.43-48; Ap 14.10,11;20.14,15; 21.8). Interessante notarmos que a besta e o
falso profeta foram lançados vivos no lago de fogo na parousia do Messias, e mil anos após
ainda estavam totalmente vivos e sofrendo (Ap 19.20; 20.10). “E os seguiu o terceiro anjo,
dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber o sinal na testa ou
na mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice
da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.
E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de
noite, os que adoram a besta e a sua imagem e aquele que receber o sinal do seu nome” (Ap
14:9-11). Onde na mensagem do anjo se diz de que os ímpios serão destruídos no fogo da
geenna? O Evangelho de Marcos diz: “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti
entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se
apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar,
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corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno,
no fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu
olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no Reino de Deus com um só olho
do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno, onde o seu bicho não morre, e o fogo
nunca se apaga” (Mc 9:43-48). Diz também: “Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e
recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará” (Mc 3:12).
A passagem de Mt 25.46 nos mostra que tanto o castigo quanto a vida eterna são eternos. Se o
castigo dos ímpios não é eterno, então a salvação dos santos também não é eterna.

CAPÍTULO IV

A circuncisão e a salvação

“Se o homem houvesse guardado a lei de Deus conforme fora dada a Adão depois de sua queda,
preservada por Noé e observada por Abraão; não teria havido necessidade de se ordenar a
circuncisão” (Ellen G. White. Patriarcas e Profetas, p. 220).

Refutação

Qual o objetivo de a Sra. White fazer tal declaração? Todo o raciocínio da Sra. White
parte do princípio de que o sábado foi instituído para todos os povos e é obrigatório ainda a sua
guarda (Patriarcas e Profetas, p. 19). Se, conforme diz a Sra. White, a circuncisão foi dada aos
homens devido não terem guardado a lei de Deus, por que tal preceito não foi dada logo para
Adão? Se é verdade que a circuncisão só foi dada por causa da desobediência, por que não foi
dada logo para Adão e seus descendentes? O que diz a Bíblia? De acordo com a Bíblia, Abraão
recebeu o pacto da circuncisão por ter sido obediente a voz de Deus. O que diz o Gênesis?

“E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois de ti em suas


gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de
ti. E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra
de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão:
Tu, porém, guardarás o meu concerto, tu e a tua semente depois de ti, nas suas
gerações. Este é o meu concerto, que guardareis entre mim e vós e a tua semente
depois de ti: Que todo macho será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso
prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós. O filho de oito dias, pois,
será circuncidado; todo macho nas vossas gerações, o nascido na casa e o comprado
por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente. Com efeito, será
circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; e estará o meu
concerto na vossa carne por concerto perpétuo. E o macho com prepúcio, cuja carne
do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada dos seus povos;
quebrantou o meu concerto” (Gn 17:7-14).
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A circuncisão foi dada como sinal do concerto de Deus com Abraão e a sua
descendência para sempre devido a sua obediência voz de Deus. Na teologia judaica a
circuncisão é a porta para se entra na aliança de Deus, sem a qual ninguém será salvo (At 15.1).
Para os judeus não há obediência a lei sem a circuncisão. “Porém, se algum estrangeiro se
hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo macho, e,
então, chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá
dela. Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós” (Êx
12:48,49). Os Adventista estão debaixo da maldição da lei por não observarem a circuncisão.
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está:
‘Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei,
para fazê-las’” (Gl 3:10). Para os judeus a circuncisão é mais importante do que o shabbat (Jo
7. 22-23). O Talmude ensina que a circuncisão tem prioridade em relação ao shabbat. “No
entanto, com relação à circuncisão em si, todos concordam que ela anula o Shabat” (Tratado
do Shabbat, 132a). De nada adianta observar o sábado e não observar a circuncisão. Observar
apenas parte da lei incorre em transgressão e em maldição (Tg 2.10; Gl 3.10). Se a não
observação do sábado implica em transgressão da lei, da mesma forma e com maior gravidade
implica em condenação a não observação da circuncisão. A morte de Cristo não pôs fim apenas
a circuncisão, mas também ao sábado (Rm 10.4; 2 Co 3.6-14). O que os judeus dizem sobre a
obrigação de se guardar a circuncisão antes do sábado é coisa que se pode facilmente
comprovar. O judeu Trifão disse a Justino Mártir: “Portanto, se queres ouvir o meu conselho,
pois eu te considero meu amigo, primeiro faze-te circuncidar e depois observa, segundo o nosso
costume, o sábado, as festas, as luas novas de Deus, cumprindo tudo o que está escrito na Lei”
(Justino de Roma-Diálogo com Trifão 8.4).

Violadores do sábado

“Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de
Jerusalém, à distância do caminho de um sábado” (At 1:12).

A Bíblia não diz a distância a ser percorrido no dia de sábado, mas isso não significa
que não exista. O Documento de Damasco diz que no sábado, ninguém andará fora de sua
cidade mais do que mil côvados (Documento de Damasco 13.7). O Targum de Ionathan Bem
Uziel também fala em dois mil metros: “Eis que, porque eu te dei o sábado, eu te dei no sexto
dia pão por dois dias. Todo homem fique em seu lugar, e não vagueie de uma localidade para
outra, além de quatro metros; nem permita que alguém ande além de dois mil metros no sétimo
dia” (Targum sobre Shemoth 16.29). O Sifrei Devarim diz que o caminho de um sábado é de
duas mil varas (Sifrei Devarim. Parágrafo 43.2. (Ver também Mishná Eruvim, 3.4,5;4.1,3,4,11;
5.2,4, 5,7,9). O tratado de Eruvin no Talmude diz que “é proibido andar mais de dois mil
côvados de uma cidade no Shabat” (Eruvin 21a 7). Em matéria de judaísmo são os judeus quem
ditam as regras, não os adventistas. Os Adventistas não observam esse requisito, por isso estão
debaixo de maldição (Gl 3.10). É óbvio que o “caminho de um sábado” não é igual ao dos
outros dias, pois se fosse, desnecessário e sem sentido seria Lucas ter destacado “caminho de
um sábado”. Será que os Adventistas guardam realmente o sábado conforme ordena a lei? O
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que ordena a lei? “Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso
ao Senhor; todo aquele que fizer obra nele morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das
vossas moradas no dia de sábado” (Êx 35:2,3). Eles acendem fogo no sábado, logo são
transgressores da lei, estando debaixo de condenação.
Os sábados do Senhor

“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto
isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que
vos santifica” (Êx 31.13).

A Sra White diz que “a guarda do sábado é um sinal de lealdade para com o verdadeiro
Deus” (O Grande Conflito, p. 439). “O sinal, ou selo, de Deus é revelado na observância do
sábado do sétimo dia — o memorial divino da criação. ‘Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:
Tu pois fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis Meus sábados; porquanto
isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o Senhor, que
vos santifica. ” Êxodo 31:12, 13. O sábado é aí claramente apresentado como um sinal entre
Deus e Seu povo” (Testemunhos Seletos 3, p. 164).

Refutação

Os Adventistas argumentam que uma das razões para se guardar o sábado é que nele
está o sinal entre Deus e o seu povo. Será que os “sábados” em Êx 31.13 (Ez 20.12,20) indica
apenas o sábado do sétimo dia? Será que apenas o sábado do sétimo dia servia de sinal entre
Deus e o seu povo? As Escrituras mostram que havia outros dias sagrados chamados de
“sábados”. O Dia da Expiação era um “sábado” (Lv 16.29-31; 23.27-32). O sábado do Dia da
Expiação era o mais sagrado de todos os sábados. A cada sete anos a terra guardava um
“sábado” ao Senhor (Lv 25.1-2; Êx 23. 10-11). A cada cinquenta ano era comemorado o ano
do Jubileu. Neste ano a terra guardava um sábado ao Senhor. “Também contarás sete semanas
de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta
e nove anos. Então, no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no Dia
da Expiação, fareis passar a trombeta por toda a vossa terra. E santificareis o ano quinquagésimo
e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; Ano de Jubileu vos será, e tornareis,
cada um à sua possessão, e tornareis, cada um à sua família. O ano quinquagésimo vos será
jubileu; não semeareis, nem segareis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as
uvas das vides não tratadas. Porque jubileu é, santo será para vós; a novidade do campo
comereis” (Lv 25:8-12). No cativeiro de setenta anos Israel guardou todos os sábados do
Senhor (Lv 26.33-35; 26.43; 1 Cr 36.21). “Devido ao pecado de relações sexuais proibidas e
adoração de ídolos, e falha em deixar a terra pousada durante os anos sabáticos e do jubileu, o
exílio vem ao mundo” (Talmude. Tratado sobre o Shabat, 33a). Havia outros “sábados” no
calendário judaico, mas por ora basta esses para exemplo. Será que nesses vários sábados não
havia também o sinal de Deus? Notemos que todas as vezes que se faz menção ao sábado como
um sinal de Deus sempre se ler “sábados” (Êx 31.13; Ez 20.12,20). A passagem de Mt 12.5
menciona os “sábados” e o “sábado” do sétimo dia. Em Cl 2.16 temos “sábados”, o que
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obviamente inclui o sábado do sétimo dia. Por que observar apenas o sábado do sétimo dia
quando na verdade todos os outros sábados serviam de sinal entre Deus e o seu povo? A verdade
é que os “sábados” foram abolidos na morte de Cristo (Cl 2.16,17; Rm 10.4). A abolição do
Dia da Expiação equivale ao fim de todos sacrifícios, festividades e sábados. Todos os dias
“sagrados” de Israel foram abolidos na morte de Cristo. Os próprios adventistas admitem a
existência de sete sábados (J. N. Andrews. História Sábado e do Primeiro Dia da Semana, p.
61). Os “meus sábados” constituem o sinal entre Deus e Israel (Êx 31.13; Ez 20.12,20).

Os meus sábados e os vossos sábados

O adventista John Nevin Andrews diz: “Um é chamado de ‘sábado do Senhor’, ‘Meus
sábados’, ‘Meu santo dia’ e assim por diante; os outros são chamados de “vossos sábados”,
“seus sábados” e expressões semelhantes. Um foi proclamado por Deus como um dos dez
mandamentos e escrito com Seu dedo no meio da lei moral sobre tábuas de pedra, e depositado
na arca embaixo do propiciatório; já os outros não faziam parte da lei moral, mas foram
codificados por Moisés, e por ele escritos à mão em forma de ordenanças, servindo de ‘sombra
dos bens vindouros’ [Hebreus 10:1]; A distinção entre as festas e os sábados do Senhor foi
cuidadosamente traçada por Deus quando Ele ordenou as festas e os sábados associados a elas.
Ele disse: ‘São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações [...],
além dos sábados do Senhor’. Os sábados anuais são apresentados por Isaías sob uma
perspectiva bem diferente da que ele adota ao abordar o sábado do Senhor” (J.N. Andrews,
p.62, pdf).

Refutação

Será que os “meus sábados” e os “vossos sábados” são coisas diferentes, ou será que se
trata dos mesmos sábados? Faz parte da falácia adventista ensinar que a expressão “meus
sábados” diz respeito aos sábados semanais, ao passo que “vossos sábados” aponta para os
sábados cerimoniais, abolidos na morte de Cristo (Alberto R. Timm. O Sábado na Bíblia, p.33).
Vamos começar pela expressão “vossas festas” (Is 1.14). Será que as festas abolidas na morte
de Cristo não eram festa do Senhor? O que diz o Levítico? “Fala aos filhos de Israel e dize-
lhes: As festas fixas do Senhor, que proclamareis, serão santas convocações; são estas as
minhas festas. Seis dias trabalhareis, mas o sétimo será o sábado do descanso solene, santa
convocação; nenhuma obra fareis; é sábado do Senhor em todas as vossas moradas.
São estas as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que proclamareis no seu tempo
determinado” (Levítico 23:2-4). Veja que as “vossas festas” em Is 1.14 são as mesmas festas
fixas do Senhor de Lv 23.2,4,5,6,39,44; Dt 16.1. O mesmo argumento usamos para os sábados,
que ora são chamados de “vossos sábados” ora de “meus sábados” (Is 1.13-14; Os 2.11; Lm
2.6). Sabe por que os adventistas dizem que os “sábados” e as “festas” em Is 1.13-14 são
preceitos cerimoniais? Por que Isaías anuncia o fim dos sábados e das festas. “Não continueis
a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os
sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao
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ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as
aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Isaías 1:13,14). Esta teoria adventista
é totalmente arbitrária. Nada na Bíblia indica que a expressão “vossos sábados” aponta para os
sábados cerimoniais e “meus sábados” aponta para o sábado semanal. Todos os sábados são os
“sábados do Senhor”. Os “sábados” abolidos na morte de Cristo inclui o sábado do sétimo dia
(Cl 2.16,17; Rm 10.4). Na morte de Cristo teve fim as festas, os sábados e os sacrifícios (Is
1.13-14; Os 2.11; Lm 2.6; Sl 40.6; Cl 2.16, 17). O sábado judaico é um memorial da antiga
criação (Êx 20.8-11), ao passo que o domingo é um memorial da nova criação em Cristo Jesus.
O sábado foi um sinal entre Deus e o seu povo até a vinda de Cristo, mas com a morte de Cristo
na cruz o sábado foi abolido (Rm 10.4; Ef 2.14,15). Na ressurreição de Cristo nasce uma nova
criação (2 Co 5.17). A moderna distinção que se faz entre “sábados cerimoniais” e “sábado
moral” não é bíblica. Para os judeus toda a lei é moral, espiritual, santa, justa e boa (Rm
7.12,14). Quem pensa que a declaração de Paulo em Rm 2.12, 14 limita-se aos dez
mandamentos está muito enganado.

Andrews diz que “os sábados anuais são apresentados por Isaías sob uma perspectiva
bem diferente da que ele adota ao abordar o sábado do Senhor”. A expressão “sábados do
Senhor” em Lv 23. 38 aparece dentro de um contexto onde Moisés fala de vários sábados do
Senhor (Lv 23.24,25,27-32,35,36,39; 25.2-4, 9-12). Não há qualquer base para se excluir os
“sábados cerimoniais” dos “sábados do Senhor”. A expressão “sábados do Senhor” cobre todos
os sábados. Outra coisa, todos os sábados ou são morais ou são cerimoniais. O sábado semanal
era celebrado pelos sacerdotes com sacrifícios próprios do santo dia, além dos sacrifícios diários
(Nm 28.9,10). Não há qualquer real diferença entre o sábado semanal e o sábado do Dia da
Expiação, exceto que o Dia da Expiação é muito superior (Lv 23.27-32).

O sábado foi observado por Adão e por todos os patriarcas até Jacó?

A Sra White diz que sim. “Santificado pelo descanso e bênção do Criador, o sábado foi
guardado por Adão em sua inocência no santo Éden; por Adão, depois de caído mas
arrependido, quando expulso de sua feliz morada. Foi guardado por todos os patriarcas, desde
Abel até o justo Noé, até Abraão, Jacó. Quando o povo escolhido esteve em cativeiro no Egito,
muitos, em meio da idolatria imperante, perderam o conhecimento da lei de Deus” (O Grande
Conflito, p. 455)

Refutação

Não é impossível que Adão tenha observado o sábado, mas deve ser feita algumas
observações. Primeiro que a Bíblia não diz nada sobre Adão ter recebido o mandamento do
sábado. Se é verdade que Adão guardava o sábado, por que também não é verdade que ele
oferecia sacrifícios e holocaustos no sábado? A lei determinava que no sábado os sacerdotes
realizassem serviços sagrados. “Porém, no dia de sábado, dois cordeiros de um ano, sem
mancha, e duas décimas de flor de farinha misturada com azeite, em oferta de manjares, com a
sua libação; holocausto é do sábado em cada sábado, além do holocausto contínuo e a sua
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libação” (Nm 28:9,10). O Adventista Andrews diz: “É importante chamar a atenção para uma
distinção que nunca se deve perder de vista. A apresentação do pão da proposição e a oferta de
holocaustos no dia de sábado, conforme ordenadas pela lei cerimonial, não faziam parte da
instituição sabática original. Afinal de contas, o sábado foi criado antes da queda do ser humano,
ao passo que os holocaustos e ritos cerimoniais do santuário foram introduzidos em
consequência da queda” (J. N. Andrews. História do Sábado, p. 68. pdf). Como sabes ó
Andrews que Adão não sacrificava no sábado, conforme prescrição da lei de Moisés? (Ez
46.1,4,12; 1 Cr 23.31; 2 Cr 2.4). A Bíblia mostra que ofertas, sacrifícios e holocaustos eram
realizados desde os dias de Adão (Gn 4.4; 7.2, 8; 8.20). Quem prova que Adão não sacrificava
no sábado? Se é para guardar o sábado porque Adão guardou, então também deve ser ofertado
animais para holocaustos no dia de sábado (Nm 28.9-10).

Neste ponto é importante se levar em conta o que diz o pensamento rabínico no Talmude
sobre a origem da guarda do sábado. “O povo judeu foi ordenado a cumprir dez mitzvot quando
eles estavam em Mara: Sete que os descendentes de Noé aceitaram sobre si mesmos, e Deus
acrescentou a eles as seguintes mitzvot: Julgamento e Shabat, e honrar o pai e a mãe. A mitzva
de julgamento foi dada em Mara [...]. O Shabat e a homenagem ao pai e à mãe foram dados
em Mara. [...] Rabi Yehuda diz: Adão, o primeiro homem, foi ordenado apenas com relação à
proibição da adoração de ídolos, como está declarado: ‘E o Senhor Deus ordenou ao homem’.
Rabino Yehuda ben Beteira diz: Ele também foi ordenado a respeito de abençoar o nome de
Deus. E alguns dizem que ele também foi ordenado a respeito do estabelecimento de tribunais
de julgamento” (Sanhedrin 56b). Veja que a teologia judaica do Talmude contraria totalmente
a doutrina de Ellen White. Qual a importância do Talmude nessa discussão? Toda. Entendemos
que a opinião dos judeus sobre o que aqui estamos discutindo tem muito mais peso do que a
opinião de Ellen White.

A igreja remanescente.

Eis o que diz a sra Ellen G. White: “Declara-se que Babilônia é ‘mãe das prostitutas’.
Como suas filhas devem ser simbolizadas as igrejas que se apegam às suas doutrinas e tradições,
seguindo-lhe o exemplo em sacrificar a verdade e a aprovação de Deus, a fim de estabelecer
uma aliança ilícita com o mundo. A mensagem de Apocalipse 14, anunciando a queda de
Babilônia, deve aplicar-se às organizações religiosas que se corromperam. Visto que esta
mensagem se segue à advertência acerca do juízo, deve ser proclamada nos últimos dias;
portanto, não se refere apenas à Igreja de Roma, pois que esta igreja tem estado em condição
decaída há muitos séculos” (Ellen G. White. O Conflito dos Séculos, p. 382). A sra. White ainda
diz: “Foi-me mostrado o modo por que o povo remanescente de Deus obteve seu nome.
Duas classes de pessoas me foram apresentadas. Uma abrangia as grandes corporações
de cristãos professos. Estes tripudiavam sobre a lei divina, inclinando-se diante de uma
instituição papal. Observavam o primeiro dia da semana em vez do sábado do Senhor. A
outra classe, posto que pequena em número, tributava obediência ao grande Legislador.
Estes guardavam o quarto mandamento. As feições peculiares e preeminentes de sua fé são
a observância do sétimo dia e a expectativa da volta de Cristo nas nuvens do céu. Não podemos
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 59

adotar outro nome mais apropriado do que esse que concorda com a nossa profissão, exprime
a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista do Sétimo Dia é uma
contínua exprobração ao mundo protestante. É aqui que está a linha divisória entre os que
adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal. O grande conflito é entre os
mandamentos de Deus e as exigências da besta. É porque os santos guardam todos os
mandamentos de Deus, que o dragão lhes move guerra. Se rebaixassem seu padrão e cedessem
nas particularidades de sua fé, o dragão estaria satisfeito; mas suscitam sua ira por ousarem
exaltar o padrão e desfraldar o estandarte de oposição ao mundo protestante que reverencia uma
instituição do papado” (A Igreja Remanescente, p.66).

Refutação

Nestes dois fragmentos de Ellen G. White está claro a sua posição herética. Os sabatistas
defendem que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é única igreja de Cristo. Eles são os maiores
inimigos da igreja de Cristo Jesus. Neste ponto a nossa refutação consiste apenas de rejeitar
essa herética posição. Qualquer denominação que se arrogue ser a única igreja verdadeira deve
ser peremptoriamente rechaçada.

O sábado é o dia do Senhor em Ap 1.10?

Os sabatistas dizem que o “dia do Senhor” em Ap 1.10 é o sábado judaico.

Refutação.

Diz Agostinho: “Ele sofreu voluntariamente, e assim pôde escolher Seu próprio tempo
para sofrer e ressuscitar, fez com que Seu corpo descansasse de todas as suas obras no sábado
na tumba, e que Sua ressurreição no terceiro dia, que chamamos de dia do Senhor, no dia
seguinte ao sábado e, portanto, no oitavo, provou que a circuncisão do oitavo dia também era
profética. Este é o mistério da circuncisão, que pela lei ocorreu no oitavo dia; e no oitavo dia,
o dia do Senhor, o dia após o sábado, foi cumprido em seu verdadeiro significado pelo Senhor”
(Agostinho. Contra Fausto, livro xvi. 29). Diz mais: “O que vocês chamam domingo chamamos
de dia do Senhor, e nele não adoramos o sol, mas a ressurreição do Senhor. E da mesma
maneira, os pais observaram o resto do sábado, não porque eles adoravam Saturno, mas porque
era uma época da época, pois havia uma sombra do que estava por vir, como testemunha o
apóstolo” (idem, livro xviii. 5). “Assim também o dia da nossa festa pascal não corresponde à
observância judaica, pois aproveitamos o dia do Senhor, no qual Cristo ressuscitou” (idem, livro
xxxii.11). O testemunho de Agostinho representa a doutrina oficial da igreja nos seus dois mil
anos. O fato de sempre ter havido grupos dentro do cristianismo que advogam a guarda do
sábado não significa que o novo testamento ensina a guarda do sábado. Depois do novo
testamento a mais antiga citação ao “dia do Senhor” se encontra no Didachê. “Reúnam-se no
dia do Senhor para partir o pão e agradecer” (14.1). A maioria esmagadora dos estudiosos,
COM EXCESSÃO DOS SABATISTAS, entendem que a expressão “dia do Senhor” remete ao
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domingo. Outra antiquíssima citação se encontra na carta de Inácio (107 d.C.) aos Magnésios.
“Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam
mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua
morte” (9.1). O adventista J.N. Andrews diz: “Mas o suposto dia do Senhor só é produzido por
meio de uma falsa tradução. Esta é a decisiva sentença: meketi sabbatizontes, alla kata kuriaken
zoen zontes; literalmente: “não mais sabatizando, mas vivendo de acordo com a vida do
Senhor” (O Sábado e o Domingo nos Primeiros Três Séculos, p.30-pdf). Caro leitor, você acha
mesmo que o simples fato de a expressão “dia do Senhor” não existir nas palavras de Inácio
anula a força do nosso argumento? As palavras----- “não observam mais o sábado”--- é o
suficiente para sabermos que Inácio não guardava o sábado. Ora, a simples palavra “não mais
sabatizando” por si indica que Inácio não defendia a guarda do sábado. Se Inácio não
sabatizava, a conclusão lógica é que ele observava o domingo. O Evangelho de Pedro usa a
expressão “dia do Senhor” para o primeiro dia da semana. “Pela manhã, ao despontar do sábado,
veio de Jerusalém e das vizinhanças uma multidão para ver o túmulo selado. Mas durante a
noite que precedeu o dia do Senhor, enquanto os soldados montavam guarda, por turno, dois
a dois, ressoou no céu uma voz forte” (Evangelho de Pedro 9.1). “Ao amanhecer do dia do
Senhor, Maria Madalena, discípula do Senhor, que, por medo dos judeus ardentes de cólera,
não havia feito na sepultura do Senhor tudo quanto as mulheres costumavam fazer pelos mortos
que lhes eram caros” (idem, 12.1). Lembrando que o Evangelho de Pedro foi escrito no século
II.

O sábado é o único mandamento que contém o nome de Deus?

“O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o
título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Assim contém
o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma” (Ellen G.
White. Patriarcas e Profetas, p.182).

Refutação

Será que é verdade que o quarto mandamento é o único de todos os dez em que se
encontra tanto o nome como o título do Legislador? Mais uma vez a Sra. White diz uma mentira.
Ao lermos Êxodo 20.2-12 verificamos que o nome SENHOR aparece nada menos de oito vezes.
Ainda que começássemos a contar apenas a partir de Êx 20.5, todavia teríamos sete vezes a
menção ao tetragrama (yhwh) nos mandamentos primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto.
O paralelo em Dt 5.6-16 registra dez vezes o nome SENHOR. Também destacamos que o maior
mandamento da lei não está no Decálogo, mas sim na lei de Moisés. “Ouve, Israel, o Senhor,
nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Deuteronômio 6:4,5).

O fim dos sábados, das luas novas, das festas e dos sacrifícios na morte de Cristo
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O antigo testamento prediz o fim dos sábados? Várias passagens do antigo testamento
são interpretadas desde os antigos pais da igreja como falando do fim dos sábados na morte de
Cristo. Isaías diz: “Não tragais mais ofertas debalde; o incenso é para mim abominação, e
também as Festas da Lua Nova, e os sábados, e a convocação das congregações; não posso
suportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solene” (Is 1:13). Jeremias diz: “E arrancou a
sua cabana com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu a sua congregação; o Senhor,
em Sião, pôs em esquecimento a solenidade e o sábado e, na indignação da sua ira, rejeitou com
desprezo o rei e o sacerdote” (Lm 2:6). Oseias diz: E farei cessar todo o seu gozo, e as suas
festas, e as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades” (Os 2:11). Todas
essas passagens sob uma ótica profética apontam para o fim do sábado na dispensação cristã.
Obviamente não ignoramos o sentido histórico para a época dos profetas. Paulo faz uso do
Salmo 40.6-8 aplicando ao Messias e ao fim dos sacrifícios e ofertas na sua morte. “Pelo que,
entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos
e oblações pelo pecado não te agradaram. Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro
está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e
holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem
segundo a lei). Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro,
para estabelecer o segundo” (Hb 10:5-9). Paulo se serve do método histórico-profético na
interpretação do Salmo 40.6-8. O mesmo método é usado na interpretação das passagens de Is
1.13; Lm 2.6; Os 2.11. Vitorino de Pettau (falecido em 303) escreveu: “No sétimo dia Ele
descansou de todas as Suas obras, abençoou-o e santificou-o. No primeiro dia, estamos
acostumados a jejuar rigorosamente, para que no dia do Senhor possamos sair ao nosso Pão
com ações de graças. E que a parasceve se torne um jejum rigoroso, para que não pareçamos
observar qualquer sábado com os judeus, o que o próprio Cristo, o Senhor do sábado, diz por
Seus profetas que Sua alma odeia; o sábado que Ele em Seu corpo aboliu”. (Vitorino. Sobre a
Criação do Mundo)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitorino_de_Pettau).

As Duas Tábuas da Lei e o Sábado

“Na arca estava a urna de ouro contendo o maná, a vara de Arão que florescera e as tábuas de
pedra que se fechavam como um livro. Jesus abriu-as, e eu vi os Dez Mandamentos nelas
escritos com o dedo de Deus. Numa das tábuas havia quatro mandamentos e na outra seis. Os
quatro da primeira tábua eram mais brilhantes que os seis da outra. Mas o quarto, o mandamento
do sábado, brilhava mais que os outros; pois o sábado foi separado para ser guardado em honra
do santo nome de Deus. O santo sábado tinha aparência gloriosa — um halo de glória o
circundava” (Ellen G. White. Cristo em Seu Santuário, p. 13-pdf).

Refutação.

A Sra. Ellen G. White diz que “numa das tábuas havia quatro mandamentos e na outra
seis”. Tal teoria é insustentável, pelo menos por dois motivos. Primeiro é que a Bíblia não diz
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 62

quantos mandamentos haviam em cada tábua. A segunda razão é que os rabinos e os pais da
igreja acreditavam que em cada uma das tábuas haviam cinco mandamentos. Josefo e Filo de
Alexandria defendiam a ideia de que as dez palavras foram escritas em duas tábuas, tendo em
cada uma cinco mandamentos (Josefo. Antiguidades I. 4.114; Filo. Decálogo xxxii, xxxiii; As
Leis Especiais, II. xlvii, xlviii). Irineu de Lião escreveu: “Moisés deu a Lei ao povo em cinco
livros; cada tábua da Lei que recebeu de Deus continha cinco mandamentos” (Irineu-Contra as
Heresias, livro II. 24.4). Se o que diz a Sra. White fosse apenas uma teoria não era algo mais
do que uma opinião, mas a partir do momento que ela diz ter recebido uma visão, então deve
ser encarado como heresia. A sra. White diz que “o quarto, o mandamento do sábado, brilhava
mais que os outros”. Tal declaração é uma aberta afronta ao que diz o Senhor Jesus Cristo sobre
o maior mandamento da lei.

E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o


grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande
e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus
22:35-40)

Com quem você vai ficar, com a sacra doutrina de Jesus ou com o enganoso ensino de
Elle White? As palavras da Sra. White são claramente antagônicas ao ensino de Jesus Cristo.

O sábado violado no Templo pelos sacerdotes

“Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam
sem culpa? Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo”. (Mt 12:5,6). “Pelo
motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado
circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés
não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque, no sábado, curei de todo um homem?
” (João 7:22,23).

Nestas duas passagens encontramos contra os sabatistas o que se chama o “calcanhar de


Aquiles”. Os sabatistas dizem que o sábado das tábuas é inviolável. Jesus mostrou contra os
fariseus que os sacerdotes no templo violavam o sábado e ficavam sem culpa. Qual sábado era
violado pelos sacerdotes no Templo? Os adventistas dizem que o sábado do Decálogo é moral,
logo não pode ser violado. Será? Mas foi exatamente ao sábado do Decálogo que Jesus fez
alusão como sendo violado pelos sacerdotes no Templo. E agora? Como os adventistas
explicam essa situação? Seja qual for a explicação que eles derem, a verdade é que dos
mandamentos do Decálogo, apenas o sábado era violado pelos sacerdotes. Jesus mostrou contra
os fariseus que os serviços do Templo eram mais importantes do que o shabbat. As leis relativas
aos sagrados serviços no Templo tinham mais autoridade do que a guarda do sábado. Já falamos
em outro lugar sobre isso, mas não faz mal falar novamente. “Quando o oitavo dia de vida de
um bebê ocorre no Shabat, ele deve ser circuncidado nesse dia. Portanto, a pessoa realiza todas
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as necessidades da circuncisão, mesmo no Shabat” (Seder Moed. Mishná Shabat 19). Está
provado que o sábado violado no templo pelos sacerdotes era o sábado do quarto mandamento.
Na mentalidade judaica, nenhum dos mandamentos da Torá passará (Mt 5.17-19), de sorte que
o fim dos sacrifícios e do Templo é também o fim do sábado. Para os judeus o Templo era
maior do que o sábado; logo o fim do Templo é também o fim do sábado. Jesus se declarou
maior do que o Templo e do que o sábado (Mt 12.6,8).

Evidencias de que Paulo não guardava o sábado

Os sabatistas se servem de certas passagens e ensinam que Paulo era um guardador do


sábado. Será? Vamos analisar certas passagens da Bíblia que nos levam a pensar que Paulo não
era um guardador do sábado.

1. “E dali, para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia e é uma colônia; e
estivemos alguns dias nesta cidade. No dia de sábado, saímos fora das portas, para a beira do
rio, onde julgávamos haver um lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que
ali se ajuntaram”. (Atos 16:12,13)

Esta passagem mostra que Paulo não guardava o sábado nas terras gentílicas. Observe
que o escritor sagrado diz: “No dia de sábado, saímos fora das portas”. Paulo e os discípulos se
encontravam em terra gentílica, na cidade de Filipos. O fato de Paulo e os discípulos terem
saído fora das portas é um indício de que eles não guardavam o sábado. Também no dia de
sábado Lídia foi batizada, ela e a sua casa (Atos 16:15). O ato batismal não pode ser realizado
no sábado, pois a lei proíbe expressamente se fazer qualquer obra no dia do sábado (Êx 20.8-
11). A Bíblia mostra que as cidades eram muradas (Dt 3.5; 28.52; Ez 26.4; H 11.30). Os rabinos
estabeleceram que no sábado não se caminhava mais do que dois mil metros (Mishná Eruvim,
3.4,5;4.1,3,4,11; 5.2,4, 5,7,9). Para evitar a profanação do shabbat, as autoridades dos judeus
mantinham as portas de Jerusalém fechadas (Ne 13.15-21; Jr 17.19-27). O ato de Paulo sair fora
das portas no dia de sábado mostra que os habitantes (gentios) de Filipos não observavam a lei
de Moisés. Não é verdade que a passagem de At 16.13 mostra que Paulo observava o sábado
em terras gentílicas. O livro de Atos mostra Paulo e os demais discípulos viajando de cidade
em cidade no dia de sábado (At 13.14; 17.1,2). O Talmude diz que não é permitido se viajar no
shabbat (Shabbat 19a; 128b). Disso se depreende que Paulo não observava o repouso do sábado
nas terras gentílicas.

2. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. (Romanos 10:4)

A declaração de Paulo sobre “o fim da lei é Cristo” inclui necessariamente o sábado. O


termo “lei” indica toda a legislação mosaica, não apenas uma parte. A ideia de que Paulo
ensinou a abolição de apenas uma parte da lei é totalmente falsa. A lei em seus 613
mandamentos foi dada a Moisés até a manifestação de Cristo (Gl 3.23-25). A declaração de
Paulo em Ef 2.15 diz respeito ao fim de toda a lei, incluindo os dez mandamentos. Jesus disse
que todos os Profetas e a Lei profetizaram até João (Mt 11:13). O último arauto da Lei foi João
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Batista. A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o
evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele (Lc 16:16).

3. “Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra
vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses,
e tempos, e anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco”. (Gálatas 4:9-
11).
A referência a “dias, e meses, e tempos, e anos” é uma óbvia alusão aos dias sagrados
do judaísmo. São eles: os sábados, lua nova, festas, dia da Expiação e tempos sabáticos. O
contexto sugere que Paulo tem em mente os feriados judaicos, pois foi contra os crentes
legalistas que ele escreveu. Nada há na carta aos Gálatas que favoreça a guarda do sábado por
parte de Paulo e da igreja verdadeira. A guarda dos sábados era um dos “rudimentos fracos e
pobres” do judaísmo, defendidos pelos crentes legalistas.

4. “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou
da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.
(Colossenses 2:16,17)

Conforme já comentamos, a expressão “sábados” faz alusão aos vários sábados de


Israel. Havia no calendário judeu vários dias denominados de sábado. Os “sábados” em Cl
2.16 não são as festas, porque a distinção entre sábados e festas é clara. O Dia da Expiação, o
Sétimo Ano e o Ano do Jubileu eram chamados de sábados (Lv 23.27-32; 25.2-4). Referente
ao ano sabático, diz Filo de Alexandria: “Alguns fazem referência ao que é chamado de ano
sabático, no qual é expressamente ordenado que o povo deve deixar toda a terra sem cultivo,
sem semear, nem arar, nem preservar as árvores, nem fazer qualquer outra das obras
relacionadas para a agricultura” (Filo. O Decálogo xxx.162).

Com se deve celebrar o dia da ressurreição de Cristo Jesus?

Assisti certo vídeo onde um pastor adventista dizia que o dia da ressurreição de Cristo
é celebrado no rito batismal, conforme descrito em Rm 6. 3-5. “Ou não sabeis que todos quantos
fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados
com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do
Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente
com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição”.

Refutação

Será que Paulo está realmente ensinando que o dia da ressurreição de Cristo é celebrado
no ato do batismo, não no primeiro dia da semana? Esta forma de interpretar não tem o aval dos
pais da igreja, muito menos da Bíblia. É claro que no batismo se faz lembrança da ressurreição
de Cristo, mas por semelhante modo se faz lembrança da sua morte. O batismo cristão fala não
somente da ressurreição de Cristo, mas também de sua morte. Outra coisa, no batismo em águas
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é simbolizado não apenas a morte e ressurreição de Cristo, mas a nossa também. O apóstolo
diz “que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte. De sorte
que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte”. No primeiro dia da semana se comemora
apenas a ressurreição de Cristo, ao passo que no batismo se faz alusão a morte e ressurreição
de Cristo e também a nós com ele.

A guarda do quarto mandamento para os judeus

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem
a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está
dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles
há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou” (Êxodo
20:8-11).

Os Adventistas do Sétimo Dia e outras igrejas de tendência legalista ensinam que a


observância do shabbat é obrigatória para a igreja. A proposta deste trabalho é também analisar e
investigar até que ponto a lei de Moisés tem relação com a igreja. Na mentalidade judaica, a guarda
do shabbat não é algo restrito ao descanso do homem a cada sétimo dia. Aqui vamos citar um
comentário de Filo de Alexandria sobre a questão da importância do sábado para os judeus. O
filósofo judeu Filon de Alexandria diz: “E o quarto mandamento, aquele sobre o sétimo dia, não
devemos olhar sob qualquer outra luz que não como um resumo de todas as leis relativas aos
festivais, e de todos os ritos purificatórios ordenados a serem observados em cada um deles” (Filo
de Alexandria. O Decálogo, cap. XXX). Veja que na opinião de Filo, a guarda do quarto
mandamento implica na observância de outros festivais relacionados ao shabbat. É por isso que
Paulo ao falar do fim das festas e da lua, também inclui o fim dos sábados (Cl 2.16,17). A guarda
do sábado do quarto mandamento abrange a guarda dos demais sábados do calendário judaico.
Curiosamente a Septuaginta em Êxodo 20. 8 diz: “Lembra-te do dia dos sábados (τῶν σαββάτων).
A mesma expressão se encontra em Dt 5.12. No texto hebraico se ler hashabbat (‫שבָת‬ ַ ‫) ַה‬, do sábado.
A Septuaginta diz τῶν σαββάτων (dos sábados). É quase certo que a tradução dos Setenta usou o
plural (sábados) pensando nos muitos sábados do calendário judaico. Os adventistas dizem que os
sábados (σαββάτων) em Cl 2.16 apontam para os sábados festivos, não para o sábado do sétimo
dia. Por que eles não aplicam a mesma eixegese para Êx 20.8, visto que lemos também σαββάτων
(sabbatôn)? Afirmamos que os mesmos sábados (σαββάτων) estão presentes tanto em Êxodo
quanto em Colossenses. Os sábados (σαββάτων) em Êxodo 20.8 são sombras, conforme diz Paulo
em Cl 2.16,17. Os “sábados” em Cl 2.16 são os mesmos “sábados” de Êx 20.8 (ler no texto dos
LXX). Ensinar o fim das festas e dos sacrifícios, mas não ensinar também o fim do sábado é
totalmente incoerente. Sob a ótica judaica, nenhum dos mandamentos da Torá passará (Mt 5.17-
20). Os sabatistas (pensando apenas nos dez mandamentos, mais especificamente no sábado)
argumentam que Jesus ordenou a se observar todos os mandamentos da lei, sem violar o menor
deles. De fato, assim Jesus falou, mas os mandamentos mencionados por Jesus não eram apenas
os dez mandamentos, mas todos os 613 dados a Moisés. Jesus ordenou a se observar todos os
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mandamentos (Mt 5.19). Por que a Igreja Adventista do Sétimo Dia ensina a observância de apenas
uma parte? Os sabatistas devem observar tudo o que a Torá ordena, não apenas o sábado.
Precisamos ter em mente que Jesus era judeu e pregou para judeus, logo a sua instrução em Mt
5.19,20 estava dentro de um parâmetro judaico. Enquanto Jesus estava em carne mortal era um
judeu, e foi para os judeus que ele deu instrução. Jesus jamais ensinou o fim de qualquer dos
mandamentos da Torá. Ele mesmo a todos cumpriu. As palavras de Jesus Cristo em Mt 5.17-20
não olham apenas para os dez mandamentos, mas para todos os mandamentos ordenados aos
judeus.

Conclusão

Esperamos ter alcançado o nosso objetivo, que é preparar os nossos irmãos para saberem
se defender aos ataques desferidos pela seita. Sentimos a necessidade de usar obras judaicas para
deixar mais claro certos pontos de nossa discussão. Acreditamos estar contribuindo para o
crescimento intelectual da igreja. Não podemos ficar calados diante das heresias tão propagadas
pela seita em nosso país. É o nosso dever servir aos amados da melhor forma possível com este
material. Esperamos sinceramente por meio desse material não somente armar os nossos irmãos
contra a seita e suas heresias, mas também dirimir as muitas dúvidas que pairam na mente de
alguns que se encontra na seita. O nosso agradecimento é ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, o
Deus único e verdadeiro, a quem devemos dar toda honra, glória e adoração. Amém.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 67

Bibliografia

Irineu de Lião. Contra as Heresias. Patrística, Vol.4. SP: Paullus - 2012.

Justino de Roma. Patrística, Vol. 3 -3ª Ed. SP: Paullus - 2010.

Novo Testamento Interlinear. Grego e Português. Barueri, São Paulo: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2004.

Arnaldo B. Christianini. Subtilezas do Erro. Casa Publicadora Brasileira. Santo André, São
Paulo. 1.ª Edição, 5.000 Exemplares 1965

Estudos Bíblicos. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí-SP. 1991. 14ª edição

Champlin, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado. Ed. SP: Hagnos - 2002.

Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.

Os Pais Apostólicos. Ciranda Cultura Editora e Distribuidora Ltda. 1ª edição em 2020

Talmude, Tratado sobre o Shabat.


Fonte: https://www.sefaria.org/Shabbat.4b.2-5a.1?lang=bi&with=all&lang2=em

Obras da igreja Adventista e de Ellen Gold White usadas neste trabalho

Ellen Gold White. Fé e Obras


Fonte: (http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/F%C3%A9%20e%20Obras.pdf)

________O Conflito dos Séculos. Casa publicadora brasileira. Santo André, São Paulo,
Brasil. Ano, 1983

________O Desejado das Nações. Casa publicadora brasileira. Tatuí-SP, 1995

________Eventos Finais. Casa publicadora brasileira. Tatuí-SP, 2015

________Patriarcas e Profetas. Casa publicadora brasileira. Tatuí-SP, 1995

________Atos dos Apóstolos. Casa publicadora brasileira. Tatuí-SP, 1995

________História da Redenção. Casa publicadora brasileira. Tatuí-SP, 2015

________ Primeiros Escritos


Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 68

Fonte: (http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Primeiros%20Escritos.pdf).

Talmud Bavli - San'hedrin Completo (3 volumes). Editora e livraria Sefer.

Sobre o Autor

Nataniel Mendes de Castro. É graduado em Bacharel em Teologia e Licenciatura Plena em


História. Tem Pós-graduação em Docência do Ensino Superior.
Autor do livro A LEI E O EVANGELHO, lançado pela Opção Editora.
Contato: WhatsApp: (86)98878-3083

Tudo o que tenho vem do Senhor, e pelo Senhor e para o Senhor Jesus Cristo.
Professor Nataniel Mendes de Castro P á g i n a | 69

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