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MORFOFUNCIONAL

ROTEIRO 1 – EAS 18
(DERMATOLOGIA)
Por Victor Santos, Breno
Brito, Lucas Blans
A pele é um órgão que faz parte do sistema tegumentar, é uma capa protectora sem a qual a vida se tornaria impossível.
A pele não é uniforme em toda a superfície cutânea, uma vez que se adapta, segundo as zonas e as funções que tem que
desempenhar.

A pele é composta por três camadas :


1. Epiderme
2. Derme
3. Hipoderme

Nas palmas das mãos e nas plantas dos pés a epiderme é muito espessa, possuindo uma grande camada córnea para poder
desempenhar a sua função protectora. Já nas pálpebras, a pele é muito mais fina e tem uma grande quantidade de
terminações nervosas que lhe conferem muita sensibilidade.
As funções básicas da pela são cinco :

1. Excretora
2. Protectora
3. De relação
4. Termorreguladora
5. Metabólica
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Pêlos: estruturas rica em queratina, renovado constantemente por um epitélio adjacente inervado e irrigado. O padrão de
pigmentação do pelo varia de acordo com o fenótipo. Os únicos locais sem pelo são as áreas de tecido queratinizado grosso
como as palmas da mão e dos pés.

Tipos de pelo (2 tipos): Pelos propriamente ditos são os pelos pigmentados de crescimento constante (couro cabeludo,
barba, sobrancelhas, região pubiana, axila) e os velos (penugens) que servem basicamente como receptores sensoriais (ex.:
fina camada de pelo na testa).

Ao redor do pelo existem as glanduolas sebáceas (aparelho pilo sebáceo – relação da raiz do pelo com a glândula sebácea) –
responsável pela lubrificação do pelo. O padrão de pelo seco e oleoso varia de pessoa para pessoa.

Padrão celular do pelo: Melanocitos (com o tempo diminuem o padrão de cor e o cabelo se torna branco)

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Elemento formador do pêlo

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Unha: Localizada na falange distal, se divide em corpo (aderido ao tegumento), borda livre (parte cortável) e lúnula (raiz e
matriz da unha, responsável pelo crescimento da unha).
O eponiquio e iponiquio são tecidos responsáveis pela proteção da unha, o eponiquio (mais distal) é o que chamamos de
cutícula.

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Chamam a atenção acúmulos de macrófagos em todos os níveis do derma, mais notadamente na porção superficial. Estas
células têm citoplasma claro, finamente vacuolado e limites imprecisos, sendo difícil individualizá-las. Nesta coloração (HE)
não é possível ver, mas estes macrófagos têm o citoplasma abarrotado de bacilos de Hansen formando acúmulos conhecidos
como globias. Raramente estas podem ser visualizadas como massas basófilas. O meio correto de ver os bacilos é com
a coloração de Ziehl-Neelsen, como na lâmina seguinte.
Os macrófagos fagocitam os bacilos e não conseguem destruí-los. Pelo contrário, os bacilos proliferam no seu citoplasma, já
que são parasitas intracelulares. Os macrófagos ricos em bacilos de Hansen são chamados células de Virchow e caracterizam
a forma virchowiana da hanseníase (antigamente chamada de lepra lepromatosa). Não ocorrem só na pele, mas também
em nervos periféricos (local preferencialmente acometido tanto na hanseníase virchowiana como na tuberculóide) e órgãos
internos como o baço (estes, só na forma virchowiana).
O termo 'leproma', hoje em desuso, foi substituido por hansenoma. Os hansenomas são o nome dado clinicamente aos
nódulos subcutâneos salientes, resultantes do acúmulo de células de Virchow. Ocorrem na face (dando um aspecto conhecido
como fácies leonina), tronco e membros. Há também alopécia (queda de pelos e cabelos) e madarose (perda dos supercílios).
Além das alterações na derme, notar que a epiderme está retificada (ou seja, o limite dermo-epidérmico, que normalmente é
ondulado, perde estas ondulações ficando plano; isto geralmente é evidência de atrofia da epiderme, no caso através de
compressão pelos hansenomas na derme). É freqüente a observação da chamada faixa de Unna: uma fina camada de colágeno
subepidérmica onde não há células de Virchow.

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Faixa de colágeno subepidérmica
onde não há células de virchow.

Células de virchow são os


macrófagos que fagocitaram os
bacilos de Hansen.
Globias: Aglomerados de
bacilos de Hansen no
interior das células de
virchow.
Globias
Hanseníase virchowiana da pele, na coloração de Ziehl-Neelsen. Os bacilos, que se coraram com a fucsina, não são
descorados pelo álcool acidulado e aparecem claramente em vermelho (daí o termo bacilos álcool-ácido resistentes ou
BAAR). O restante do tecido fica corado em azul pálido por azul de metileno. Os bacilos de Hansen são vistos isoladamente
ou em aglomerados chamados globias no citoplasma dos macrófagos (células de Virchow). Nas globias, os bacilos estão
unidos entre si por uma substância chamada gléia. A formação de globias é exclusiva da hanseníase virchowiana, não sendo
observada, por exemplo, na tuberculose ou em micobacterioses atípicas.
Os hansenomas são os
nódulos salientes na pele
formados pelo acúmulo de
células de virchow.

Observe em azul diversas células


de virchow.
Os bacilos de Hansen podem
estar agrupados em globias ou
isolados como mostra as setas
ao lado.

Em azul: Células de virchow

Globia é o nome dado ao


aglomerado de bacilos de
Hansen que são unidos
pela substância gléia.
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O acometimento de nervos periféricos é uma das manifestações mais comuns da hanseníase. Há preferência por nervos
superficiais por terem temperatura mais baixa, o que favorece o crescimento bacilar. Os nervos afetados, como os nervos
ulnar, mediano, facial, auricular posterior e sural, apresentam-se endurecidos e espessados. Na forma tuberculóide, há
granulomas com células epitelióides e gigantes, e necrose caseosa, o que pode levar a extensa perda da arquitetura do nervo.
Há intensa fibrose do epi- e do perinêurio. O encontro de bacilos com a coloração de Ziehl é difícil. Paradoxalmente, as
lesões da hanseníase virchowiana nos nervos são menos destrutivas que as da tuberculóide, por não haver necrose caseosa.
Apesar da presença de células de Virchow, pode haver ainda certa manutenção dos axônios e preservação da estrutura.
Clinicamente, há predomínio do acometimento sensitivo, com hipoestesia e anestesia afetando primeiro as sensibilidades
térmica e dolorosa. É freqüente que o paciente detecte sua anormalidade ao machucar-se sem sentir dor. As sensibilidades
táctil e proprioceptiva são atingidas mais tardiamente. As paralisias só se instalam quando a disfunção sensitiva já estiver
avançada.

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Área de necrose caseosa
Na hanseníase tuberculoide, o
granuloma epitelioide é
tipicamente circundado por um
halo denso de linfócitos.
Outras células, como mastócitos
e fibroblastos, existem em
número variável em granulomas,
desempenhando papel
importante na fibrose destes.

Necrose caseosa

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