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Anatomia, Fisiologia, Embriologia e Histologia da Pele

­ Na epiderme, as células estão coladas umas a outras, não há substância amorfa. No encontro com a derme,
as células são chamadas de basais.
­ A derme é uma grande “gelatina”, basicamente composta de tecido conjuntivo, onde se encontram: pelo
(sempre conectado à glândula sebácea), vasos sanguíneos, glândulas, muitas fibras de colágeno
­ Tecido celular subcutâneo (adiposo)

● A pele: maior órgão do corpo, é o manto de revestimento do organismo


­ Equivalente a mais de 15% do peso corpóreo, as vezes excesso de peso é excesso de pele
­ Está em toda a superfície, como forma de proteger do meio externo.
­ Na superfície, há muitos sulcos e saliências (que podem ser identificados macroscopicamente, por exemplo,
nas nossas impressões digitais, os dermatóglifos)
­ A pele por si só pode dar diagnóstico de doenças genéticas (ex: rosto sindrômico → Síndrome de Down,
Turner)

o Cor:
­ A quantidade de melanina é muito responsável por fatores genético-raciais (inclusive, às vezes os orientais
parecem ser muito brancos, mas não são, podem pigmentar mais que os negros, por exemplo. Ao fazer um
procedimento estético, a cicatriz muitas vezes fica mais escura)
­ O ser humano apresenta aproximadamente a mesma quantidade de melanócitos, mas alguns pacientes
possuem mais melanina nos melanócitos, apresentando fototipo mais elevado
­ Fatores individuais, regionais e sexuais (depende da espessura dos componentes da pele)
­ Ex: tom rosado de pessoas muito brancas → dilatação dos vasos sanguíneos da derme

● Epiderme: tecido epitelial estratificado


­ Camada córnea: formada por queratina, ao fazer a
lâmina, os bolsões de gordura saem
­ As células estão todas juntas por desmossomos e
hemidesmossos, não há tecido amorfo entre elas, a
junção entre elas é por adesão, o que é característico de
epitélio
­ Variações na espessura de acordo com o local, de
0,04mm (pálpebra) a 1,6mm (palma da mão/sola do pé)
­ Composto por células: queratinócitos (principal tipo),
melanócito, células de Langerhans, células de Merkel
­ Os queratinócitos vão maturando na camada basal e
subindo de acordo com a maturação, até formar as
células mais superficiais, que formarão a camada córnea
­ Os queratinócitos vão maturando, núcleo se modificando, até se tornarem corneócitos (célula anucleada),
mais compostos por queratina, formando a camada córnea
­ As células de Langerhans (dendríticas, parece do SNC) está relacionada a defesa aos alérgenos
­ Melanócito habita na camada basal, possui pseudópodes pelos quais manda pigmento de melanina,
entregando aos queratinócitos
­ Célula de Merkel: importante para sensação (tato)

o Queratinócitos: 80% das células epidérmicas (desde a camada basal até se formar um corneócito)
­ Processo de maturação na camada basal à camada córnea é complexo e multifatorial
­ A mitose do queratinócito é na camada basal. A presença de um queratinócito em mitose no meio da camada
é muito indicativo de câncer
­ Tempo de maturação: em média, 4 semanas
­ À medida que o queratinócito vai se modificando para tornar-se um corneócito, o citoesqueleto vai
modificando e modificando suas citoqueratinas
▪ Maturação: vai havendo uma migração da base à superfície, vai havendo modificação do núcleo e do
citoplasma no caminho, até se formar uma célula anucleada
­ Algumas doenças mudam o tempo de maturação: acelerando, gerando
muita camada córnea → a pele começa a ter escama
­ Outras, retardam esse tempo, gerando pouca camada córnea
­ Camada basal → camada espinhosa → camada granulosa → camada
córnea
1. Camada basal: mais profunda, queratinócitos cuboides/colunares com
grandes núcleos. Presença de mitose, melanócitos e células de
Merkel.
2. Camada espinhosa: queratinócitos poliédricos
3. Camada granulosa: células achatadas, grande quantidade de
grânulos basofílicos
4. Camada córnea: células anucleadas, membranas celulares
espessadas

▪ Doenças de queratinócitos
­ Psoríase: placas eritematosas com escamas brancas, a maturação ocorre em menos de 4 semanas (maior
turnover celular), então há descamação porque tem acúmulo de muitas células anucleares (corneócitos) na
camada córnea
­ Carcinoma basocelular (CBC): câncer mais comum do mundo, ocorre nos queratinócitos da camada basal,
diante das mitoses e por agressão dos raios solares. Os núcleos se modificam e começam a formar células
que não tem apoptose, gerando lesão tumoral
­ Ictiose: dificuldade de descolamento das células cornificadas, há demora de formação de escamas, gerando
ectrópio (pele endurecida)

o Melanócitos: células com pseudópodes


­ Produz e envia os pigmentos de melanina para os queratinócitos (apesar de também manter melanina para
si)
­ Faz parte da camada basal
­ É uma célula dendrítica, não vem do tecido epitelial (ectoderma) e sim da crista
neural (neuroectoderma)
­ Não formam desmossomas (não é epitelial, é neuroepitelial)
­ Não proliferam nem migram em condições basais (exceto por estímulo UV, em que
pode haver maior produção de melanócito)
­ Está em outras estruturas do corpo, como nos olhos (retina e úvea), ouvido (stria
vascularis), leptomeninges, mucosas e pelos
­ Como produz muita melanina, precisa de muitas mitocôndrias

▪ Doença dos melanócitos


­ Melanoma: parece um sinal, mas é um câncer. Mais de uma cor, tem borda irregular
e é assimétrico.

o Células de Merkel: não se vê na microscopia óptica


­ Conectadas à terminação nervosa, presentes na camada basal, mas raras de se
encontrar
­ A origem é desconhecida
­ Encontrada em vários locais, mas principalmente lábios, dedos e folículos pilosos (locais de mais
sensibilidade)
­ Função: mecanorreceptor de adaptação lenta em locais de alta sensibilidade tátil

▪ Doença das células de Merkel


­ Carcinoma de célula de Merkel: pode ter mutação, não tendo mais apoptose, e tornar-se câncer.

o Células de Langerhans: possui pseudópodes, mas não está na camada basal, está no meio da epiderme
­ 2-8% das células epidérmicas
­ Podem ser encontradas, além da epiderme, na derme, nos linfáticos da derme, linfonodos e timo
­ Os pseudópodes, além de fazerem contato com as células ao redor, ajudam as células a migrarem
­ Células dendríticas apresentadoras de antígeno na pele: avisa ao linfócito que tem um corpo estranho (ex:
poeira em cima da pele → algum tempo depois, há coceira. Isso ocorreu mediante entrada de fragmento na
pele, captação pela cél. de Langerhans e apresentação aos linfócitos)
­ Origem na medula óssea

▪ Doença das células de Langerhans: mais rara, gengiva hipertrofiada, tratada como câncer apesar de
não ser neoplásica, é hiperplásica

o Junção Dermo-Epidérmica: zona da membrana basal, é o limite entre epiderme e derme


­ Permite conexão da epiderme (mais firme) com à derme (mais mole) mediante proteínas de ancoragem,
fazendo a adesão
­ Engloba das queratinas presentes no queratinócito basal às fibras de colágeno na derme papilar

▪ Doença da Membrana Basal


­ Se não tem essa adesão, forma um espaço vazio entre epiderme e derme, que puxa facilmente os fluidos,
formando bolhas com líquido e ar
­ Epidermólise bolhosa distrófica: doença genética com deficiência nas proteínas na zona da membrana
basal. Ao mínimo atrito/toque, há descolamento da pele (porque não há uma quantidade mínima de proteínas
na membrana basal que mantêm essa ancoragem), formando bolhas que estouram e formam feridas.

● Derme: tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, fibras colágenas


­ Ao redor do fio de cabelo, há derme perianexial
­ Espessura de 1 a 4 mm
­ Composta por várias estruturas e substâncias (95% da derme é colágeno, tecido conjuntivo)
­ Vasos, músculos e nervos na pele
­ Os vasos da pele são mais finos, por isso não há muito risco de sangramento importante ao fazer cirurgia
dermatológica porque se corta mais capilar, arteríola, vênula (os vasos mais calibrosos são mais profundos)
­ A pele é rica em terminações nervosas e corpúsculos nervosos, que são responsáveis pelas sensações tátil,
de pressão, térmica e dolorosa
­ Derme papilar: mais superficial, colágeno mais delicado
­ Derme reticular: mais profunda, colágeno mais espessado

▪ Doenças da Derme
­ Ehler-Danos: doença das fibras colágenas, pele que consegue se puxar além do normal. As fibras elásticas
estão intactas, então a pele volta pro lugar, mas a textura da pele é diferente.
­ Doença do músculo piloeretor: músculo piloeretor aumentado, espessado, gerando pápulas hipercrômicas
indolores e elásticas
OBS: quando a doença envolve pelo, é mais profunda; quando a doença é muito vasoproliferada, está fazendo
alteração dérmica.

● Tecido celular subcutâneo: (“hipoderme”), camada mais profunda da pele, espessura variável
­ Adipócitos agrupados em lóbulos, separados por septos conjuntivo-vasculares
­ Função: reservatório de calorias, isolante térmico, proteção contra trauma mecânico, mobilidade da pele, e
além disso, é um tecido hormonal, transforma andrógenos em estrógenos que atrapalham a fertilidade
(estrona, E1)

▪ Doença do Tecido Celular Subcutâneo: ex: paniculite, atrofia na pele

● Anexos cutâneos
o Glandulas sudoríparas: transpiração
­ Fundamentais para equilibrar a temperatura corporal e eliminação de toxinas
­ Glândula écrina: “independente”, tem seu conduto excretor desembocando diretamente na epiderme,
sozinha. Secreção incolor, inodora. É distribuída pelo corpo todo, mas principalmente na mão e no pé
(regiões que não têm pelo)
­ Glândula apócrina: desemboca no folículo piloso, secreção leitosa, geralmente tem cheiro
▪ Doença das glândulas sudoríparas: ex: hiperidrose palmar → das glândulas écrinas, já que não há
apócrina na palma da mão porque não existe pelo nessa área
o Folículo pilossebáceo: anexo que conecta o pelo à glândula sebácea
­ A oleosidade gerada pode causar caspa, tanto na cabeça quanto no púbis
­ A glândula sebácea, formada por sebócitos, produz secreção holócrina (sebo, a partir dos
ácidos graxos) e é ativada por andrógenos
­ A epiderme que envolve o pelo tem melanócitos, responsáveis pela produção de melanina que
pigmentará o pelo
­ Locais que tem muito pelo cicatrizam melhor, porque há maior concentração de células-tronco
(ex: rosto, tem muito pelo)
­ Quanto mais lavar o rosto, mais oleosidade será produzida, porque a pele seca tem rachaduras
pelas quais entram microrganismos, havendo mais produção de sebo. (Lavar no máx. 3x/dia)
▪ Doença do Folículo Piloso: ex: furúnculo
o Unhas: lâminas queratinizadas muito perto da falange, por isso infecções da unha podem dar osteomielite
­ Pode ter uma doença da unha ou uma doença sistêmica que se manifesta na unha
● Principais funções da pele:
­ Proteção de barreira: mediante camada córnea, espessura da pele, locais onde tem mais espessura é onde
tem mais atrito
­ Proteção imunológica: células de Langerhans, que se comunicam com linfócitos
­ Hemo/termorregulação: termorregulação especialmente pelo músculo piloeretor, além de que os vasos da
derme são importantes para perder calor
­ Percepção: terminações nervosas no órgão todo
­ Secreção e excreção: tanto sebácea/oleosa quanto sudorípara (libera toxinas e melhora temperatura
corporal)
­ Metabolização: produção de estrona pelo tecido adiposo

Semiologia da Pele
o Anamnese:
­ Identificação: nome, idade, sexo, natural e procedente (regiões endêmicas), ofício, fototipo (relacionado à cor
e não raça)
­ Amazonas: pápulas que coalescem (mão/pavilhão auricular) → Doença de Jorge Lobo
­ São Paulo: nódulo com úlcera no centro → Paracoccidioidomicose
­ Pernambuco: mácula hipocrômica, localizada no dorso, sem sensação da lesão → Hanseníase
­ QPD e HDA: perguntar sobre a evolução da lesão; sintomas associados (dor, queimor, ardor, prurido); fatores
agravantes ou desencadeantes (ex: ingestão de álcool piora psoríase); se usou medicações; fatores de
melhora
­ Antecedentes pessoais: câncer de pele, exposição solar, hanseníase, tuberculose; alergias; uso de
medicações
­ Antecedentes familiares

● Lesões elementares
o Alterações de cor
▪ Mácula/mancha: não há relevo ou depressão na pele, podem ser fixas ou desaparecer à digitopressão.
Pode ser hipercrômica ou hipocrômica.
❖ Máculas vásculo-sanguíneas:
­ Eritema: mancha avermelhada;
­ Cianose: mancha hipercrômica violácea;
­ Rubor: face avermelhada
­ Enantema: mancha avermelhada, mas na mucosa
­ Mancha lívida: cor plúmbea, do pálido ao azul, ajuda na necrópsia
­ Exantema ou rash: pode ser (a) morbiliforme/rubeoliforme: manchas eritematosas entremeadas por pele sã;
ou (b) escarlatiniforme: todo vermelho
­ Mancha angiomatosa: mal formações dos vasos decorrentes de patologia (mancha vinho do porto, mancha
eritematosa)
­ Mancha anêmica: mais clara que a pele normal devido à agenesia vascular naquela região (“sinal de
nascença”)
­ Púrpura: extravasamento de hemácias. Pode ser petéquia (até 1 cm), equimose (> 1 cm) ou víbice (linear)

❖ Manchas Pigmentares
­ Leucodermia: hipocromia e acromia (ex: vitiligo, pano branco) – uso de lâmpada de Wood para diagnóstico
diferencial
­ Hipercromia: melanodermia (ex: efélides/sardas, melasma), nevo diota
­ Pigmentação externa: tatuagem

OBS: se escreve no exame físico a descrição (ex: ao diagnosticar efélide, caracterizar manchas pigmentares
hipercrômicas disseminadas pelo dorso nasal e regiões genianas)

o Elevações edematosas:

▪ Urtica: pápulas ou placas eritematosas elevadas, com edema na derme (em casca de laranja). Elevação
efêmera, irregular na forma e na extensão, cor variável do branco-róseo ao vermelho e pruriginosa (ex:
mordida de inseto)

▪ Edema angioneurótico: bocas e olhos inchados (ex: devido a alergias)

o Formações sólidas
­ Pápula: < 1 cm
­ Nódulo: de 1 cm até 3 cm
­ Tumor: > 3 cm
­ Goma: nódulo ou tumor que se liquefaz (amolecido/fistuliza)
­ Vegetação: pedunculada ou com aspecto de couve-flor (ex: HPV)
­ Verrucosidade: superfície dura, áspera, inelástica e amarelada por hiperqueratose

o Coleções líquidas: conteúdo seroso (claro), hemorrágico (sangue) e purulento (turvo)


­ Vesícula: até 1 cm
­ Bolha/flictena: > 1 cm
­ Pústula: até 1 cm, conteúdo purulento
­ Abscesso: tamanho variável com sinais flogísticos
­ Hematoma: forma cavidade de sangue

OBS: pústula é uma vesícula com pus, se houver pus e > 1 cm, é uma bolha de composição purulenta.

o Alterações de espessura:
­ Queratose/ceratose: espessamento da pele, dura e inelástica, por aumento da camada córnea
­ Liquenificação: espessamento da pele com proeminência dos sulcos e da cor própria. É devido,
principalmente, ao aumento da camada espinhosa.
­ Edema: aumento da espessura, depressível, por extravasamento de líquido na
derme ou TCSC
­ Infiltração: alteração da espessura e aumento da consistência da pele, limites
imprecisos
­ Esclerose: alteração da espessura com aumento da consistência da pele, que
se torna coriácea. O pregueamento é difícil. Pode haver hiper ou hipocromia,
resulta da fibrose do colágeno (ex: esclerodermia)
­ Atrofia: diminuição da espessura que se torna pregueável e adelgaçada,
redução do número e do volume dos constituintes teciduais
o Perdas e reparações teciduais
­ Escamas: exemplo de psoríase, caspa, etc
­ Erosão ou exulceração: perda superficial somente da epiderme
­ Ulceração: perda circunscrita de epiderme e derme, podendo atingir TCSC e tecidos subjacentes
­ Escoriação: erosão traumática
­ Úlcera: ulceração crônica
­ Fissura/ragádia: perda linear da epiderme e derme em orifícios naturais, ou em áreas de dobras/pregas
­ Crosta: concreção que se forma em área de perda tecidual (casca)
­ Escara: área de cor escurecida, limitada por necrose tecidual (geralmente
associada a decúbito do paciente – quando o paciente está acamado por
muito tempo, compressão da pele sobre o colchão)
­ Cicatriz: pode ser elevada ou deprimida, não tem sulcos, poros e pelos;
↳ Hipertrófica: elevada, mas respeita a linha do corte (queloide não respeita a
linha)
↳ Atrófica: deprimida (ex: cicatriz no rosto devido a espinhas antigas)

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