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Morte de Cristo na Sexta-feira

Saudação aos irmãos e amigos que nos visitam. Que a paz e a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos.

Hoje vamos tratar de um tema que tem gerado dúvidas em algumas


pessoas quando se depararam com uma passagem na Bíblia. Essa
incompreensão levou um certo grupo religioso a propagar e ensinar
heresias como se fosse uma verdade absoluta e tem enganado muitas
pessoas que não encontraram uma explicação para o texto bíblico.

Esse texto só aparece uma única vez no Novo Testamento. O texto se


encontra em Mateus, capítulo 12, versículo 40, que diz:

Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no
coração da terra.

Criar uma doutrina bíblica com base num único verso da Bíblia, sem
considerar os demais textos que tratam do mesmo assunto, sem
considerar a época em que foi escrito e os costumes daquele tempo, leva
fatalmente à criação de muitas heresias. Como esta que analisaremos logo
depois de explicarmos o texto dentro de seu contexto verdadeiro e
bíblico. Ao lermos o texto à primeira vista, ele parece dar a entender que
se trata de três dias de 24 horas, ou seja, três dias seguidos que deveriam
conter uma sequência de noite e dia. Ao compararmos esse texto com os
acontecimentos da paixão de Cristo, nos perguntamos: Como harmonizar
as palavras de Cristo com os acontecimentos de Sua paixão? Segundo as
Escrituras, Cristo morreu numa tarde de sexta-feira e ressuscitou na
madrugada do primeiro dia da semana, que é o domingo. Se tomarmos o
texto literalmente, como entendemos hoje, não dará três dias de 24
horas, com uma noite e um dia seguidos. Pois Jesus foi sepultado numa
sexta-feira à tarde e ressuscitou na madrugada do primeiro dia da
semana. Fazendo a contagem a partir da sexta-feira, teríamos o seguinte:
Uma tarde de sexta-feira, uma noite e um dia de sábado e uma noite de
domingo. Assim, contaríamos uma tarde, duas noites e um dia.
Devemos tomar muito cuidado ao interpretar a Bíblia. Não devemos
interpretá-la de acordo com o que entendemos, de acordo com os
costumes do mundo em que vivemos hoje. Isso levaria a muitos erros e à
criação de heresias. Portanto, existe critério para interpretar a Bíblia. A
verdadeira exegese bíblica consiste em harmonizar os textos bíblicos e
não deturpá-los, de modo a quebrar essa harmonia. Convido você a nos
acompanhar na investigação desse assunto e verificar a maneira como
interpretamos os textos sagrados, pois acreditamos no que está escrito
em Segunda aos Timóteos 3:16., que diz:. Toda a Escritura é inspirada por
Deus. Veja a maneira séria como interpretamos a Palavra de Deus,
honrando, assim, a Deus e Sua Palavra. Pois, como afirmamos atrás: A
verdadeira exegese bíblica consiste em harmonizar os textos bíblicos.
Assim, vamos deixar que a própria Bíblia interprete ela mesma, buscando
nela a resposta para o texto em questão, conferindo os vários textos que
tratam do mesmo assunto, de maneira a harmonizá-los. Sem violentar ou
deturpar os textos sagrados. Vamos deixar que a Bíblia fale a verdade
como ela é, e não como achamos que deve ser.

Então, para entendermos o texto, precisamos entender as palavras de


Cristo no contexto dos tempos bíblicos. Para começarmos nossa
investigação, vamos atentar bem para as palavras de Cristo. Prestemos
bastante atenção no que Ele disse, pois aí está a chave para entendermos
o assunto. Ele disse:

Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no
coração da terra.

A primeira coisa que devemos investigar, é se os três dias e três noites


são dias de 24 horas, que tenham que conter uma noite e um dia.
Devemos chamar a atenção aqui, para o seguinte fato: Para que os três
dias e três noites sejam dias literais de 24 horas, a noite e o dia devem ser
completos, ou seja, deve conter 12 horas da noite e 12 horas do dia. Caso
contrário, os três dias e três noites não podem significar dias de 24 horas.
Outro fato importante que devemos destacar é a diferença de calendário
que existe entre o nosso calendário romano atual e o calendário judaico
dos tempos bíblicos. No nosso calendário romano, o dia começa a partir
de meia-noite ou zero hora. De maneira que, de meia-noite a meia-noite,
temos um dia completo de 24 horas.

No calendário judaico dos tempos bíblicos, o dia começa ao pôr do sol,


ou seja, ao pôr do sol começa a contagem de um novo dia, de maneira
que, de um pôr do sol a pôr do sol, temos um dia completo de 24 horas.

O que vale aqui, é o calendário judaico, pois era o calendário utilizado


nos tempos bíblicos. A Bíblia revela que Cristo foi sepultado numa tarde
de sexta-feira, antes do pôr do sol, e ressuscitado na madrugada do
primeiro dia da semana. Se a contagem dos três dias e três noites como
sendo de 24 horas não se aplicou a Cristo, é óbvio que não se aplicará a
Jonas, dentro do mesmo período de tempo, ou seja, se Jonas estivesse na
barriga do peixe numa tarde de sexta-feira e tivesse sido vomitado na
madrugada do primeiro dia da semana. A Bíblia não revela o dia nem a
hora em que Jonas foi engolido e vomitado pelo peixe. Mas só existe uma
única maneira de aplicar os três dias e três noites como dias de 24 horas,
tanto para Cristo como para Jonas. A única maneira é essa: Cristo teria
que ser sepultado ao pôr do sol de um dia e ser ressuscitado ao pôr do sol
do terceiro dia. Jonas também teria que ser engolido pelo peixe ao pôr do
sol de um dia e ser vomitado ao pôr do sol do terceiro dia.

Portanto, para que os três dias e três noites sejam períodos ou dias
exatos de 24 horas, eles teriam obrigatoriamente que começar ao pôr do
sol de um dia e terminar ao pôr do sol do terceiro dia. Pois, se começasse
antes do pôr do sol, o dia seria incompleto e teríamos uma fração do dia;
se começasse depois do pôr do sol, a noite seria incompleta e teríamos
uma fração da noite. Daí podemos eliminar a hipótese de que os três dias
e três noites sejam dias ou períodos exatos de 24 horas, pois todos os
eventos deveriam começar e terminar ao pôr do sol. E não é isso que a
Bíblia revela.

Vamos agora investigar o significado de três dias e três noites dentro


das Escrituras, comparando essa expressão com outras que tratam do
mesmo assunto ou a ele relacionado. Examinemos estas passagens no
Novo Testamento:

Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias.


Mateus 26:61.

Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti


mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! Mateus 27:40.

Disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que Aquele embusteiro,


enquanto vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Mateus 27:63.

Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do


Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três
dias, ressuscitasse. Marcos 8:31.

Porque ensinava os seus discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será


entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua
morte, ressuscitará. Marcos 9:31.

Hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas, depois de três


dias, ressuscitará. Marcos 10:34.

Oséias 6:2 Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos
levantará, e viveremos diante dele.

Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos


humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas.
Marcos 14:58.
Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo:
Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas! Marcos
15:29.

Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o


reconstruirei. João 2:19.

Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este


santuário, e tu, em três dias, o levantarás? João 2:20.

Viram aí? Porque assim como Jonas, Jesus disse. Não devemos aplicar a
expressão três dias e três noites somente para Cristo, mas para Jonas
também. Vamos verificar se Jonas esteve três dias e três noites exatos
dentro da barriga do peixe.

Para obtermos a resposta, precisamos fazer um paralelo entre Cristo e


Jonas. Como Cristo foi sepultado numa tarde de sexta-feira, vamos supor
que Jonas tenha sido engolido pelo peixe, também, numa tarde de sexta-
feira e tenha sido vomitado na madrugada do primeiro dia da semana. É
óbvio que não dará três dias e três noites exatos, assim como para Cristo
não deu. Então, vamos imaginar que Jonas tivesse sido engolido pelo
peixe numa manhã de uma sexta-feira e tivesse sido vomitado numa tarde
do primeiro dia da semana. Se Jonas estivesse dentro da barriga do peixe
numa manhã de sexta-feira, deveríamos fazer a contagem a partir daí.
Contando, então, a partir da manhã de sexta-feira, teríamos: Uma noite
de sábado, uma noite de domingo. Um dia de sexta, um dia de sábado e
um dia de domingo. Assim seriam três dias e duas noites, pois ficaria
faltando a noite de sexta-feira. Podemos fazer a contagem a partir de
qualquer parte da noite ou do dia que não dará os exatos três dias e três
noites.

Para que Jonas estivesse os exatos três dias e três noites dentro da
barriga do peixe, ele teria que ser engolido exatamente ao pôr do sol de
um dia e ser vomitado ao pôr do sol do terceiro dia.

Por exemplo: ele teria que ser engolido ao pôr do sol de quinta-feira e
ser vomitado ao pôr do sol de domingo, que seria a parte escura de
segunda-feira.

Se não for ao pôr do sol, essa contagem não dá certo, pois faltaria uma
parte do dia ou uma parte da noite.

A cada pôr do sol começa um novo dia, portanto, para que essa
contagem desse certo, deveria ser assim!

Ao pôr do sol de quinta, começa a parte escura de sexta-feira, a noite de


sexta e depois teríamos a manhã de sexta, o dia de sexta. Ao pôr do sol de
sexta, começa a parte escura do sábado, a noite do sábado e depois
teríamos a manhã de sábado, o dia de sábado.

Ao pôr do sol de sábado, começa a parte escura do domingo, a noite de


domingo e depois teríamos a manhã de domingo, o dia de domingo até o
pôr do sol e domingo.

Assim teríamos três dias completos de 24 horas, ou seja, exatos três dias
e três noites. Mas fora do pôr do sol, a noite ou o dia se tornam
incompletos. Pois depois do pôr do sol de sexta-feira se contarmos a partir
desse ponto, a noite de sexta-feira seria incompleta e teríamos três dias e
duas noites e mais uma fração da noite de sexta.
Assim Jonas não ficaria dentro da barriga do peixe três dias e três noites
exatos. Nem se contássemos a partir de antes do pôr do sol de um dia.

E nós sabemos que Jesus não foi sepultado ao pôr do sol. E nem
podemos imaginar que Jonas teria sido engolido e vomitado pelo peixe ao
pôr do sol.

Como vimos, esse cálculo de três dias e três noites exatos não se aplica a
Cristo nem a Jonas, pois três dias e três noites exatos deveria ser três dias
de um pôr do sol a pôr do sol cada um.

Daí percebemos que três dias e três noites não significam três dias de 24
horas ou que cada dia deva ter uma noite e um dia. Não devemos
entender as palavras de Cristo como entendemos hoje, mas devemos
entender de acordo como era entendida nos tempos bíblicos.

Agora vamos examinar esse texto comparando com outros e assim


seremos capazes de entender as palavras de Cristo e ver a harmonia que
há nas Escrituras Sagradas.

A verdadeira exegese bíblica consiste em harmonizar os textos bíblicos e


não deturpá-los, de modo a quebrar essa harmonia.

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