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Análise Comparativa - Claúdia Fontinha LPriscila Nunes LVasco Alves
Análise Comparativa - Claúdia Fontinha LPriscila Nunes LVasco Alves
Sintra – Lisboa
Junho de 2023
Índice
Introdução……………………………………………………………………………………………………………………2
Análise Teórica……………………………………………………………………………………………………………..3
Conclusão…………………………………………………………………………………………………………………….6
Referências Bibliográficas……………………………………………………………………..........................7
Introdução
A União Europeia (UE) tem sido objeto de extenso debate no campo dos estudos de segurança
e política internacional. Na busca por entender a complexa dinâmica entre a UE e os desafios
globais, diversos acadêmicos têm explorado conceitos teóricos e abordagens analíticas para
analisar a atuação internacional da organização. Um exemplo interessante dessa abordagem é
primeiro capítulo do livro A União Europeia e o terrorismo transnacional, de Ana Paula
Brandão, no qual a autora aplica a teoria da securitização para examinar a resposta da UE ao
fenômeno do terrorismo transnacional. Além disso, o artigo de André Barrinha, intitulado
"Progressive realism and the EU's international actorness: towards a grand strategy?" pode ser
considerado um ponto de partida para a análise crítica da atuação internacional da UE. Neste
trabalho, o autor examina o realismo como uma lente teórica para compreender a projeção de
poder e a atuação internacional da UE. Neste ensaio procuramos criar uma análise
comparativa entre os dois textos e, para ampliar a nossa compreensão dos desafios
enfrentados pela UE enquanto ator internacional, explorar as visões de autores clássicos sobre
conceitos teóricos apresentados nesta análise, como o poder, a segurança e a ética na política
internacional.
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Análise Teórica
Por outro lado, o artigo de André Barrinha (2016), Progressive realism and the EU’s
international actorness: towards a grand strategy? adota uma abordagem mais pragmática e
política da atuação internacional da UE, defendendo a necessidade de adotar uma grande
estratégia para orientar as suas ações na arena global. O texto sugere que a atual abordagem
criada conforme necessidades temporárias e a falta de uma orientação estratégica clara
limitam a eficácia da UE enquanto ator internacional. Também discute a importância dessa
estratégia para definir os interesses vitais da UE e permitir que os cidadãos europeus
participem ativamente na definição do papel da UE no mundo.
Os dois textos abordam diferentes perspetivas sobre o realismo nas Relações Internacionais e
as suas aplicações ao contexto da União Europeia. Brandão (2010) destaca a predominância do
realismo como paradigma dominante nas Relações Internacionais, criticando a construção de
idealismos que obscurecem importantes distinções teóricas. Enfoca a versão do realismo
estrutural dos EUA como a mais aplicada à UE, descrevendo--a como sendo baseada no
equilíbrio interno do poder. A UE serve aos interesses económicos dos seus Estados membros
e atua como um repositório institucional para preocupações normativas de segunda ordem.
No entanto, argumenta-se que a UE é vista apenas como uma estrutura institucional com
poder limitado sobre questões de segurança, e a sua política externa é considerada como a
soma das ações dos seus Estados membros. Além disso, o texto destaca que a integração
europeia só foi possível devido à forte presença dos EUA no continente, e que a UE ainda é
uma concorrente abaixo do padrão em relação aos EUA.
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Barrinha (2016) introduz a perspetiva do realismo neoclássico como uma abordagem que
busca reconciliar aspetos do realismo clássico com o neorrealismo (realismo estrutural). O
realismo neoclássico enfatiza a motivação de sobrevivência dos Estados, combinando-a com a
dependência dos líderes políticos em relação à sociedade doméstica para recursos materiais e
apoio a objetivos de política externa e de defesa. Esta perspetiva reconhece que pessoas e
instituições influenciam a formulação de políticas, mediando entre pressões de poder e
agência estatal. Embora o realismo neoclássico seja considerado uma melhoria em relação ao
neorrealismo em termos de explicação das dinâmicas internas e externas da UE, a sua
capacidade de introduzir uma avaliação ética e política da UE enquanto ator internacional
ainda é limitada. Barrinha também destaca o realismo clássico como uma abordagem
normativa que busca entender a essência do mundo com a noção de poder, mas com
preocupações éticas em relação à evolução do sistema internacional. Alguns autores
mencionados como Morgenthau e Herz argumentam que o poder é limitado pela interação de
diferentes interesses nacionais e que a definição desses interesses é influenciada por um jogo
político envolvendo tomadas de decisão e opinião pública.
Embora os dois textos tratem o realismo e suas implicações para a UE, eles enfatizam aspetos
diferentes. Brandão (2010) centra-se na aplicação do neorrealismo à UE, enfatizando a visão
da organização como uma estrutura institucional limitada em questões de segurança e
destacando a dependência dos EUA para a viabilidade da integração europeia. Barrinha (2016),
por outro lado, apresenta perspetivas adicionais, como o realismo neoclássico e o realismo
clássico, ampliando a discussão para considerar outros aspetos das relações internacionais e a
natureza ética e normativa das interações internacionais
ideias de Weber sobre a burocracia e o monopólio da violência, pois tais mecanismos têm a
função de exercer autoridade legítima para coordenar as ações dos Estados membros no
combate ao terrorismo.
Segundo Brandão (2010), a dimensão normativa do discurso europeu enfatiza o respeito pelos
direitos humanos e pelo direito internacional na luta contra o terrorismo. Isso reflete a
importância atribuída a valores e normas na ação política, uma ideia presente nas teorias de
Weber sobre a ética da responsabilidade. No entanto, também é importante notar que o texto
menciona práticas europeias que não estão em consonância com o discurso normativo, o que
pode ser interpretado como uma tensão entre as intenções declaradas e a realidade política.
Esse aspeto pode ser relacionado à discussão de Maquiavel sobre a distinção entre o discurso
político idealizado e as ações necessárias para manter o poder.
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Conclusão
Em termos gerais, Brandão (2010) apresenta uma análise teórica do discurso de segurança da
UE, enquanto Barrinha (2016) adota uma abordagem mais prática e defende a necessidade de
uma grande estratégia global. Embora ambos os textos abordem a dimensão normativa da UE,
diferem no seu enfoque e nas perspetivas que trazem para a discussão. Brandão (2010) sugere
uma tensão entre a retórica normativa e a realidade das práticas da União Europeia, o que
pode ser interpretado como um desafio à dimensão normativa do ator europeu. Já Barrinha
(2016) destaca a importância de uma abordagem mais transparente, participativa e baseada
em interesses definidos para as relações externas da UE, a fim de garantir o futuro e a
sobrevivência do projeto europeu.
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Referências Bibliográficas
Barrinha, André. (2016). “Progressive realism and the EU´s international actorness: towards a
grand strategy?”. Journal of European Integration, 38(4), 441-454.
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/36341/1/Progressive%20realism%20and%20the
%20EU%20s%20international%20actorness%20towards%20a%20grand%20strategy.pdf
[consultado em 15/06/2023]
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